segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Com atuação relevante do Brasil, UIT aprova resolução sobre OTT com viés multistakeholder

Esta semana, durante a reunião Plenipotenciária da União Internacional de Telecomunicações (UIT), realizada em Dubai, foi aprovada a primeira resolução específica para o desenvolvimento do ambiente regulatório referente às relações entre telecomunicações e provedores de serviços de Internet (OTTs). O tema vem sendo tratado já em diversas reuniões e instâncias mais específicas no âmbito da UIT, mas pela primeira vez foi colocada como uma decisão de plenipotenciária (a mais alta esfera deliberativa da UIT). A resolução aprovada contou com a participação ativa do Brasil em sua formulação, numa espécie de coordenação informal. Havia seis propostas sobre o tema, uma delas a brasileira, considerada a mais neutra, o que acabou qualificando o país para ser o mediador do debate. O resultado final é bastante diferente de todas as propostas sugeridas pelos países.

O texto final aprovado reforça um movimento já presente em deliberações anteriores de outras instâncias inferiores da UIT no sentido de chamar a atenção e realizar estudos amplos sobre o ambiente das OTTs e seus impactos sobre o mercado de telecomunicações, no sentido de orientar os estados membros sobre alternativas regulatórias deste ambiente. Mas há alguns aspectos importantes na resolução aprovada pela Plenipotenciária. Um deles, apontado como essencial pelos participantes da reunião, é a resolução de que o esforço de ampliar a atenção e promover entendimento e diálogo para a viabilização do ambiente e ecossistema de OTT se dê entre os vários atores do mercado ("to raise awareness and promote a common understanding and dialogue among relevant stakeholders for enabling OTT environment and ecosystem within the remit of the ITU"). Indiretamente, o que está dito é que não apenas governos participarão deste debate.

A linha da resolução é no sentido de ampliar o debate sobre OTTs e disseminar este conhecimento entre os diferentes estados membros, que seguem autônomos em relação à forma como irão ou não regular o tema. À UIT cabe apenas, quando solicitada, ajudar os diferentes países a aplicar, quando for o caso, os resultados dos grupos de trabalho relacionados a OTTs. Também cabe à UIT promover a colaboração e o diálogo entre stakeholders relevantes.

Nos preâmbulos da resolução existe o entendimento de que os operadores de redes de telecomunicações e os OTTs são parte de um mesmo ecossistema; que o mercado de telecomunicações está cada vez mais interdependente e é cada vez mais movido pelos dados; e que o desenvolvimento de serviços OTT traz oportunidades e desafios.

A resolução considera que é necessário discutir as políticas e implicações econômicas dos serviços OTTs, inclusive no que diz respeito aos benefícios para o consumidor. Também considera que a cooperação entre os operadores de telecom e OTT pode ser um elemento de incentivo a modelos de negócio inovadores e sustentáveis, como papel positivo no desenvolvimento socieconômico. Além disso, a resolução considera que, dada a natureza global dos serviços OTT, deve ser encorajada a colaboração entre os diferentes países e setores envolvidos.

A implementação da resolução, a partir de agora, dependerá essencialmente da geopolítica e da composição dos diferentes grupos de trabalho e instâncias deliberativas da UIT. Este é um aspecto central, pois cada país tem uma abordagem diferente sobre o tema. Alguns, como Arábia Saudita e Rússia, tendem a ter posições no sentido de ações regulatórias bastante mais intervencionistas, ao passo que países como EUA buscam deixar a UIT o mais longe possível de qualquer esforço regulador do ambiente da Internet. De qualquer maneira, a reunião Plenipotenciária consolidou definitivamente um movimento que já vinha se desenhando de promover o tema e colocar os serviços OTT e sua relação com os serviços de telecomunicações no centro dos debates. A UIT tem forte influência sobre reguladores em todo o mundo, ainda que nem todas as suas posições sejam vinculantes, e a resolução aprovada terá, certamente, consequências sobre o desenvolvimento da resolução e das políticas setoriais no mundo. Também vale considerar que muitos dos países que participam da UIT não têm condições de realizar por conta própria estados e análises de mercado, e estão longe do centro de decisões das empresas e atores que disputam o mercado OTT, de modo que as diretrizes da UIT costumam ter mais peso para estas nações.

Fonte: Teletime News de 16 de novembro de 2018, por Samuel Possebon.

Anatel definirá valores de referência no mercado de atacado

A Anatel aprovou, nesta quarta-feira 14, proposta de atos que estabelecerão valores de referência para operadoras com Poder de Mercado Significativo (PMS) negociarem produtos de atacado: roaming de voz, dados e de SMS, aluguel de dutos, Bitstream e Full Unbundling, em mercados considerados pouco competitivos, onde a agencia deve atuar para quebrar as barreiras à entrada de novos players. Pela decisão aprovada, os valores propostos foram definidos usando a metodologia FAC-HCA,

O relator do processo no conselho, Emmanoel Campelo, reiterou que as medidas se destinam a municípios considerados pouco competitivos. "Foram identificados problemas, que limitam a competição no mercado de varejo, impedido acesso de empresa de menor porte no mercado. Esse cenário gerou a necessidade de medidas assimétrica, para se estabelecer uma competição justa, prevista no Plano Geral de Metas de Competição", afirmou. A previsão é de que os valores passem por uma revisão em dois anos.

O relator, em sua análise, também destacou que há significativas diferenças de valores em relação há alguns que são cobrados, especialmente no que se refere ao aluguel de dutos. "Parece impossível que haja compartilhamento de dutos com preços demonstrados como R$ 60 mil. O que vinha acontecendo nesse caso específico é que havia uma tentativa de se forçar uma reserva de mercado através do preço, o que impossibilitava o surgimento de novos competidores. O 5G vai demandar uma estrutura de fibra gigantesca, então nesse caso específico parece fundamental a intervenção da agência, até para viabilizar o 5G, que virá com uma demanda altíssima", concluiu.

Fonte: Teletime News de 14 de novembro de 2018, por André Silveira.

Confira os valores propostos:
Bitstream
VelocidadeAlgarTelefonicaOIValor referência
256 KbpsR$ 19,00     –R$ 29,17R$ 6,51
512 KbpsR$ 35,00     –R$ 29,17R$ 11,99
1024 KbpsR$ 40,00R$ 32,02R$ 29,17R$ 13,71
2048 KbpsR$ 48,00R$ 34,76R$ 37,06R$ 16,45
5 MbpsR$ 68,00      –R$ 44,01R$ 23,30
8 MbpsR$ 70,00R$ 44,31    –R$ 23,99
10 MbpsR$ 72,00     –R$ 48,65R$ 24,97

Unbundling
Prestadora com PMS UsoDisponibilidade da Extensão InternaTotal CobradoValores de referencia mensal por acesso
AlgarR$ 42,00R$ 3,00R$ 45,00R$ 15,40
TelefônicaR$ 30,20R$ 3,33R$ 33,53R$ 15,40
OiR$ 28,16R$ 9,05R$ 37,21R$ 15,40
Copel      –      –     –R$ 15,40

Dutos
PrestadoraORPA ATUALValores de referencia (mensal por km)
AlgarR$ 60.000,00R$ 176,27
OiR$ 3.340,00R$ 120,75
ClaroR$ 9.000,00R$ 254,48
TelefônicaR$ 57.630,00R$ 154,84

Roaming
Produto OiTelefônica
AtualPropostaAtualProposta
Voz/minutoR$1,25R$0,04R$0,58R$0,07
Dados/MBR$6R$0,03R$1R$0,02
SMS/eventoR$0,07R$0,05R$10R$0,03

ProdutoClaroTim
AtualPropostaAtualProposta
Voz/minutoR$0,24R$0,07R$0,59R$0,08
Dados/MBR$0,20R$0,02R$2R$0,01
SMS/eventoR$0,03R$0,06R$0,07R$0,03


Transporte de alta capacidade (Valores por Mbps)

VelocidadeLocal
Regional
Nacional
> 1 GbpsR$2,36R$4,19R$7,89
>= 1 GbpsR$1,40R$2,50

R$4,72

Anatel autoriza Sercomtel a vender imóvel em Londrina

A maioria do Conselho Diretor da Anatel aprovou, nesta quarta-feira, 14, a autorização para a Sercomtel vender um imóvel em Londrina (PR), por entender que não tem relação com a prestação do serviço de telecomunicações. A medida é uma conclusão de um longo debate travado no conselho, que agora define a posição do órgão regulador para os casos sobre este tipo de bem. O pedido da concessionária ocorreu em função da crise que a prestadora vem passando. Este, aliás é um dos 26 imóveis que a operadora solicita anuência para vender. Desde setembro de 2017, há um processo de caducidade da prestadora tramitando na Anatel. Atualmente, a agência já analisa o edital de licitação das outorgas da empresa, que passou por consulta pública em outubro.

Debate

Este pedido de anuência dividiu o Conselho Diretor. O relator do processo, conselheiro Otávio Rodrigues, em seu volto, apresentou ressalvas e negou o pedido, no que havia sido acompanhado pelo voto do ex-presidente Juarez Quadros. Ambos sustentavam a tese da despatrimonialização da concessionária com a venda, mesmo em se tratando de imóvel não vinculado à concessão. Leonardo Euler de Morais já havia apresentado voto divergente, sustentando a tese de que um terreno em nada afeta a atuação da concessionária de telefonia. Em sua primeira reunião como presidente da agência, Euler conquistou o apoio de Aníbal Diniz e Emmanoel Campelo, que em seu voto destacou que "o tema já tomou tempo demais na agência. A alienação não vai desvalorizar a concessão. O bem inútil pode onerar a operação da empresa". Diniz, que relatou o processo referente ao edital de venda da concessionária (em consulta pública) reforçou a posição e destacou que a decisão "vai abrir caminho para o debate sobre situação sobre bens pertencentes às concessionarias que não são reversíveis, por não serem indispensáveis à prestação do serviço concedido".

Fonte: Teltime News de 14 de novembro 2018, por André Silveira.

Para Anatel, bloqueio da portas TCP/IP pode ocorrer em casos específicos

Clientes residenciais que usarem o acesso à Internet para desenvolvimento de projetos profissionais (provedores caseiros) poderão ter a porta TCP/IP bloqueada sem ferir o principio da neutralidade da rede previsto no Marco Civil da Internet. Este é a conclusão que o Conselho Diretor da Anatel chegou na reunião desta quarta-feira, 14, ao analisar prática de bloqueio promovida pela Claro junto a um usuário residencial, denunciada ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPF/RJ). A discussão foi pauta da reunião do Conselho porque a agência recebeu um pedido de manifestação daquele órgão sobre o tema.

Segundo o conselheiro relator, Otávio Rodrigues, além de defender a neutralidade da rede, o Marco Civil também permite a liberdade de modelo de negócio por parte das operadoras. Na avaliação dele, acompanhada por todos os demais conselheiros, o uso massivo da Internet pode comprometer a integridade da rede. Além disso, ao analisarem o caso, os conselheiros entenderam que a prestadora agiu de forma transparente com o reclamante. O conselheiro, no entanto, destacou que a posição não antecipa sua decisão sobre a franquia da banda larga fixa.

Fonte: Teletime News de 15 de novembro de 2018, por André Silveira.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Reforma do Fust deve manter arrecadação em curto prazo, diz subsecretário da Fazenda

Em meio à transição entre governos, que ainda traz incertezas às perspectivas do setor de telecomunicações, a reformulação no fundo de universalização dos serviços de telecomunicações (Fust) é um ponto sensível para as teles. Na opinião do subsecretário da Secretaria de Promoção da Produtividade e Advocacia da Concorrência, Ministério da Fazenda, Ângelo Duarte, uma eventual mudança não será drástica, sendo necessário passar por uma fase de transição no remodelo. "O importante é que a Fazenda tem que ter dois pilares para a solução: no curto prazo, precisa manter a arrecadação; e, na opinião cética do governo, a maioria das políticas setoriais não funciona na utilização dos fundos", disse ele durante painel no XI Seminário TelComp 2018.

Duarte entende que é preciso pragmatismo para mostrar que a utilização dos fundos de forma correta é possível e funciona. E em relação ao contingenciamento, ele explica que é necessário reconhecer como é a situação atual. "Não tenho medo de admitir que o Fust virou um tributo, e como tal, dada a situação fiscal, o Tesouro precisa desses recursos", diz. Segundo o subsecretário, a Fazenda realizou "algumas reuniões" com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e Anatel, além do consultor do Senado (e ex-conselheiro da agência) Igor Vilas Boas de Freitas, para discutir o redesenho dos fundos setoriais.

No entanto, a perspectiva em relação à carga tributária elevada não é otimista. "Não dou esperança que vai diminuir, tem muito incentivo para que governos estaduais supertributem a telecomunicação, e tem fácil fiscalização", explica. Ele enxerga que há uma possibilidade de reforma de PIS/Cofins, o que considera que já ajudaria em curto prazo.

Fonte: Teletime News de 13 de novembro de 2018, por Bruno do Amaral.

Mudança de comando da Telecom Italia não deve ter efeitos sobre estratégia da TIM Brasil no curto prazo

Ao que tudo indica, as mudanças de comando na telecom Italia não terão, pelo menos no curto prazo, nenhum impacto sobre as operações da TIM Brasil. As razões que levaram à queda de Amos Genish do comando da operadora italiana nesta terça 13, estão ligadas ao conflito societário entre a Vivendi e o fundo Elliot e a uma disputa com o governo italiano sobre a conformação da operadora de rede de fibra ótica que está sendo implementada na Itália. São questões, portanto, domésticas, e não relacionadas a visões conflitantes sobre as operações internacionais. A tendência, obviamente, é que assuma um CEO alinhado à maioria do conselho, eventualmente até mesmo um integrante do conselho de administração da companhia. Esta decisão deve ser tomada no próximo domingo, dia 18. As decisões estratégicas mais recentes, como a oferta para a compra da Nextel, foram emanadas justamente do conselho. O que significa que é pouco provável uma alteração nestas diretrizes.

Fonte: Teletime News de 13 de novembro de 2018, por Samuel Possebon.

Horizonte é propício para fusões no mercado de telecom, afirmam analistas

Com as novas regras de limite de espectro, a possível aprovação do PLC 79 no horizonte e a expansão de provedores regionais na mira de fundos de investimento, o setor de telecomunicações vislumbra a oportunidade para um cenário de fusões e aquisições como uma tempestade perfeita. Na opinião do analista e managing director da área de Equity Research do Santander, Valder Nogueira, as mudanças vão exigir uma autoconsciência das empresas para revisar o contexto na qual vão se inserir, avaliando qual a base de ativos que querem ter no futuro – seja para desinvestir, seja para adquirir. Sobretudo porque o modelo de consolidação pode ser diferente. "Em vez de ser entre empresas, pode ser entre infraestruturas", disse em conversa com jornalistas nesta terça, 13, após painel no Seminário TelComp em São Paulo.

Isso significa o potencial desmembramento das empresas, na avaliação do analista. Ele cita o caso da American Tower, que comprou ativos da Cemig Telecom. "Ela vai ter melhor interoperabilidade, mas ainda vai ter capacidade para vender acesso de fibra como player agnóstico", explica.

A mudança da legislação com a aprovação do PLC 79 poderá facilitar esse processo, o que influenciará até mesmo na companhia que pode ser consolidada total ou parcialmente. "Tem que levar em consideração aspectos fiscais: se eu divido a empresa em dois pedaços, vou estar sendo ineficiente fiscalmente? Tem que olhar, não é necessariamente desinvestir o ativo, mas definir a melhor alocação do capital."

"O PL 79 vai te dar um norte, depois vem os regulamentos subsequentes e várias discussões, incluindo TCU e Anatel, para onde vamos depois. Mas não será imediato", afirma. Nogueira estima que será necessário pelo menos um ano até que as regras sejam definidas, mas reitera que a mudança no marco proporcionará às empresas maior flexibilidade para a tomada de decisão. Um dos benefícios será a possibilidade de uso do saldo de conversão de concessão para autorização, uma vez que a empresa poderá otimizar a utilização dos recursos, aumentando a liquidez.

Da mesma forma, os novos limites de espectro não significam que todos esses ativos farão sentido no contexto diferente de cada operadora. "É preciso casar isso com o refarming que está fazendo no espectro, porque não necessariamente o disponível é o que você precisa", declara Nogueira. Isso envolve não apenas a faixa e a tecnologia, mas a localização também.

ISPs

Há ainda o avanço de fundos de investimento nos pequenos provedores, recebendo investimentos de empresas de private equities e venture capital. Valder Nogueira destaca que os ISPs precisam primeiro fazer o dever de casa para poder se expor no mercado. "Não adianta construir negócio se não tem base boa, com governança correta, números direitinhos e história para contar", diz.

"Não basta um plano de negócios de sucesso, todos têm uma história assim. A questão é como monetizar e perceber isso como algo sustentável", afirma o analista Bruno Lima, também do Santander. Ele elenca requisitos para que fundos de investimento se comprometam mais seriamente os aportes nas pequenas. Para ele, o ISP precisa estar preparado para enfrentar processo de due dilligence. Além disso, a empresa precisa ter estrutura societária simples, controle de processos internos, demonstrações financeiras auditadas, conformidade fiscal e trabalhista e conformidade de projetos de rede.

Fonte: Teletime News de 13 de novembro de 2018, por Bruno do Amaral.

Compartilhamento precisa ser incentivado em política pública, diz diretor da Nextel

O compartilhamento é necessário como política pública, com incentivos além do que já determina a Anatel. Foi o que sugeriu o diretor de assuntos regulatórios da Nextel, Luciano Stutz, durante participação no Seminário TelComp nesta terça-feira, 13, em São Paulo. "Há saturação de espectro mal aplicado, e é importante dizer que espectro também é rede", diz. "Não basta que a agência simplesmente homologue o contrato, tem de haver política de incentivo, desburocratizando e tendo o discurso da importância do compartilhamento."

Stutz explica que a resolução 571 da agência já traz elementos importantes como a dispensa de renovação da aprovação de contrato de compartilhamento em cidades abaixo de 30 mil habitantes, mas reclama que esse tipo de determinação precisa ficar mais em evidência. Segundo ele, a aprovação do contrato da Nextel com a Vivo demorou por volta de 65 dias, e essa demora pode impactar no cumprimento de outros compromissos. "Podia ser menos burocrático, com um formato pré-estabelecido de contrato para ter uma aprovação mais rápida", sugere. O contrato com a Telefônica, aliás, teve o pedido de renovação da anuência enviado à Anatel, após o fim do prazo de dois anos da anuência prévia dada pela agência.

O tipo de compartilhamento, explica o diretor da Nextel, não importa. Ele explica que as soluções tecnológicas discutidas na empresa passaram inclusive pelo Gateway Core Network (GWCN), mas que a escolha dependerá de caso a caso, como a região geográfica ou se será 3G ou 4G.

TAC e neutralidade

Carlos Franco, da TIM, defende o posicionamento da diretoria da operadora, que pede mais compartilhamento "por conta da função social" da banda larga. "A gente levou elementos do PERT e do PGMC e o compromisso de que a infraestrutura móvel habilitada estará disponível para compartilhamento com RAN Sharing como referência", declarou. Ele diz ainda ser necessário se preocupar com a gestão da rede, e isso esbarra no Marco Civil da Internet. "Temos a visão muito clara que é preciso enfrentar dogmas que a neutralidade de rede trouxe", opinou, comparando a prioridade de serviços distintos como o de telemedicina e o YouTube.

Outro mecanismo citado é o do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). "A gente tem sido coerente na negociação do TAC com a Anatel, e o processo está a caminho do Conselho Diretor."

Fonte: Teletime News de 13 de novembro de 2018, por Bruno do Amaral.

Governo derruba imposto de importação de equipamentos de informática e telecom

O governo publicou resolução no Diário Oficial da União nesta terça-feira, 13, em que reduz a zero a alíquota do imposto de importação de mais de 160 bens de capital e de alguns equipamentos de informática e telecomunicações. A mudança, autorizada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), vale até junho de 2020.

Vários dos itens são equipamentos para redes de fibra até a residência (FTTH), como dispositivos para divisão de sinal (splitters) transmitido por meio de fibras óticas, módulos transmissores e receptores óticos; módulos de estações radiobase (ERBs) para recepção em faixas de 703 a 2.570 MHz, e de transmissão de 758 a 2.690 MHz. Outros produtos que tiveram o imposto zerado incluem painéis de TV LED 4k interativas, impressoras e motores.

Os bens de capital são itens usados na fabricação de outros itens. Na prática, esse tipo de medida facilita a realização de investimentos, já que reduz o custo para empresas que precisam desenvolver itens que demandam maior nível de tecnologia, por exemplo.

Fonte: Teletime News de 13 de novembro de 2018, pela Redação.
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terça-feira, 13 de novembro de 2018

Telecom Italia afasta Amos Genish da presidência

Com o desempenho insatisfatório no terceiro trimestre divulgado na semana passada, a pressão interna no conselho de administração da Telecom Italia ficou insustentável e culminou na demissão de Amos Genish da presidência da companhia nesta terça-feira, 13. Em comunicado, a companhia afirma que, em reunião ocorrida pela manhã, a maioria da diretoria votou por revogar, com efeito imediato, todos os poderes conferidos ao executivo.

A controladora italiana da TIM Brasil será comandada de forma interina pelo chairman Fulvio Conti até uma nova reunião na próxima semana, dia 18, decidir o nome de um novo CEO. Em comunicado lacônico, a Telecom Italia diz: "A mesa de diretores agradece a Amos Genish pelo trabalho feito no interesse da companhia e todos os seus stakeholders nestes 14 meses de atividade intensa".

A situação de Genish ficou insustentável na empresa após o desempenho da companhia no terceiro trimestre, no qual um efeito contábil de 2 bilhões de euros deixou a italiana com prejuízo de 0,8 bilhão de euros no período. O executivo foi indicado pela maior acionista da Telecom Italia, a francesa Vivendi, mas já havia descontentamento do segundo maior acionista (mas que controla o conselho), o fundo de investimentos norte-americano Elliot, que preferia uma política de desinvestimento de ativos, incluindo a possibilidade de separação da área de infraestrutura fixa na Itália. O turbilhão interno provocou um racha no conselho de administração, o que gerou rumores constantes da saída de Genish.

Ainda é cedo para determinar o impacto da saída do executivo da italiana na subsidiária TIM Brasil. O fundo Elliot já havia manifestado a preferência pela consolidação no mercado brasileiro, na época com a Oi como maior candidata. Mas mais recentemente, o conselho de administração da Telecom Italia anunciou que prepara uma proposta para adquirir a Nextel, agora que a Anatel aumentou o limite de espectro sub-1 GHz e sub-3 GHz. As frequências de 1.800 MHz e 2,1 GHz em 3G e 4G (além de 800 MHz ainda com outorga em serviço móvel especializado) são consideradas os principais ativos da Nextel, além da base de clientes.

Antes de assumir a Telecom Italia em setembro de 2017, Amos Genish atuava como diretor-executivo de conteúdo na Vivendi. O executivo israelense veio de uma bem-sucedida temporada no Brasil, onde presidiu a GVT (até então detida pela Vivendi) até sua incorporação pela Telefônica/Vivo. Genish passou então a presidir também a Vivo, liderando a operadora brasileira até 2016.

Fonte: Teletime News de 13 de novembro de 2018, por Bruno do Amaral.

Yahsat inicia vendas de serviço de banda larga via satélite

A Yahsat está lançando comercialmente nesta segunda, 12, seu serviço de banda larga via satélite em banda Ka. O ponto de início das vendas, depois de dois meses de testes operacionais, consiste na abertura do site comercial, liberação dos canais de atendimento e ações de vendas dos parceiros. São ao todo 137 parceiros neste primeiro momento. As vendas começam pelos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Norte, em um total de 234 municípios. Pernambuco deve ser o próximo estado a entrar no plano de vendas, até dezembro, com mais 72 municípios. Segundo Márcio Tiago, CEO da Yahsat no Brasil, o plano da empresa é até março do ano que vem estar com as vendas ativas em todos os municípios cobertos pelo satélite, em 22 estados. Como as vendas vão crescendo escalonadamente em função da ampliação da base geográfica, as ações de comunicação são localizadas neste primeiro momento, explica o executivo.

"Estamos fazendo uma grande aposta nos nossos parceiros, que ao longo do período de preparação foram selecionados e treinados para poderem não apenas vender e instalar, mas dar todo o suporte aos clientes", diz ele, explicando que também existe uma venda receptiva, que redireciona para os parceiros nas localidades. Segundo ele, a empresa deve passar em breve dos 137 parceiros já selecionados para cerca de 430. O foco da Yahsat é no mercado residencial individual e pequenas e médias empresas. Isso quer dizer que, neste momento, a empresa não está apostando em modelos de acesso compartilhado, para a populações de baixa renda, apesar de já ter um produto desenvolvido.

"Fomos muito surpreendidos pela demanda e pelo interesse no produto durante a fase de testes, acima das nossas projeções", diz ele, sem especificar se haverá a necessidade e ampliação da capacidade no curto prazo. A Yahsat terá foco no atendimento de áreas mal e não-atendidas, urbanas ou rurais. No caso das áreas rurais, quando houver necessidade, os parceiros poderão oferecer soluções de ampliação da cobertura por mio de WiFi. O equipamento instalado no assinante já oferece acesso à rede WiFi, mas com cobertura típica para ambientes residenciais.

As velocidades vão de 6 a 24 Mbps e as franquias variam de 20 GB a 40 GB, com bônus de igual volume no período da madrugada. Os valores variam de R$ 179,90 (mais um desconto promocional de R$ 60 no primeiro mês válido por seis meses) a R$ 329,90 (também com desconto de R$ 60 no primeiro mês válido por seis meses). O pacote adicional de 5 GB custa R$ 59,90. Confira abaixo a tabela com as condições:
PlanoMensalidade*Taxa de adesão**Vantagens
6 Mega
20GB a qualquer hora + 20GB
De 0h até 7h
De R$ 179,90
por R$ 119,9 promocionalmente nas primeiras 6 mensalidades com desconto de R$ 60
R$ 199,90 promocionalmente·       Roteador WiFi Incluido em comodato sem custo ao cliente

·       Suporte 24H ao cliente todos os dias

·       Visita técnica gratuita

·       Instalação Gratuita

·       Pacotes adicionais de dados a partir de R$ 59,90 (5GB)
12 Mega
30 GB a qualquer hora + 30 GB
De 0h até 7h
De R$ 229,90
por R$ 169,90
promocionalmente nas primeiras 6 mensalidades com desconto de R$ 60
R$ 99,90 promocionalmente
24 Mega
40 GB a qualquer hora + 40 GB
De 0h até 7h
[Lançamento em breve]
De R$ 329,90
por R$ 269,90
promocionalmente nas primeiras 6 mensalidades com desconto de R$ 60
R$ 99,90 promocionalmente
*Mensalidade com desconto de R$ 10 para consumidores que optarem por fatura digital e R$ 30 para meio de pagamento Cartão de crédito ou Débito Automático me Conta Corrente.
** Adesão promocional para consumidores que optarem por contratação pelo período de 12 meses.
Fonte: Teletime News de 12 de novembro de 2018, por Bruno do Amaral.

Rumores da transição: Comunicações no MCTIC e Ancine separada

Ainda é cedo para que se saiba definitivamente para onde vão as coisas no setor de comunicações do governo Bolsonaro. A última informação que transbordou dos gabinetes da transição aponta para uma tendência de manutenção da estrutura atual, em que as áreas de telecom e radiodifusão seriam mantidas sob a estrutura do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, como é hoje. Ou seja, tendo Marcos Pontes, ex-tenente-coronel da aeronáutica e único brasileiro a ir ao espaço, como ministro.

Ao que tudo indica, o que pesa em favor desta estrutura, e não de um modelo em que comunicações ficariam abaixo da área de infraestrutura, é a mudança substancial que o setor sofreu nos últimos anos. Hoje, a área vai além das redes de telecomunicações. Toda a estratégia digital, a Internet das Coisas e o desenvolvimento de serviços baseados nas novas tecnologias digitais estão já estruturas sob o MCTIC. Mas há problemas: o setor de comunicações rivaliza com o campo de desenvolvimento tecnológico em atenção e prioridade da pasta. Gilberto Kassab, o primeiro ministro a comandar esta estrutura, sentiu bem esta dificuldade. Com o agravante de que, no governo Bolsonaro, a gestão das universidades também ficaria sob responsabilidade do MCTIC, conforme anunciado.

Até aqui, os estudos que, voluntariosamente, foram apresentados à equipe de Bolsonaro referentes à área de infraestrutura estavam restritos à questão das redes e da finalização do processo e universalização da banda larga. Os dados apresentados à transição nada ou pouco traziam sobre políticas e serviços digitais e uso de soluções baseadas em tecnologias da informação, tanto pelo poder público como forma de desenvolvimento econômico científico. Alguns atores começam a se posicionar nesse sentido: levar à equipe de transição ideias para que o foco das políticas contemplem também a transformação digital da sociedade e não apenas infraestrutura de banda larga.

Radiodifusão

Não é de hoje que o setor de radiodifusão está deslocado sob a estrutura ministerial. Cada vez menos protagonista das questões de comunicação, apesar de ainda muito relevante, emissoras de rádio e TV vivem hoje basicamente de olho em um cartório tocado por uma secretaria de radiodifusão do MCTIC, cuja função é aprovar as mudanças de controle e projetos técnicos referentes ao setor. Pouco ou nada se faz em termos de políticas públicas de radiodifusão. Por isso, no processo de transição, volta a crescer a possibilidade já levantada no início do governo Temer: levar o cartório para a Anatel, que hoje já concentra boa parte do trabalho de fiscalização da radiodifusão, deixando para um ministério apenas a parte dos atos de outorga, que por lei precisam ficar no Poder Executivo. Kassab chegou a considerar essa hipótese no início de seu mandato como titular do MCTIC, mas dada a natureza extremamente política do cartório da radiodifusão, optou por deixar tudo como estava. A depender do grau de permeabilidade política de Marcos Pontes às reivindicações cotidianas ao cartório, principalmente por parte de parlamentares e grupos políticos com interesses em emissoras de rádio e TV, passar o abacaxi de vez para a Anatel, como querem as grandes empresas de radiodifusão, pode fazer sentido.

Audiovisual e Ancine

Ainda há pouca ou quase nenhuma discussão sobre o setor audiovisual na transição do governo Bolsonaro, mas uma primeira ideia começou a circular é de grande impacto, se vingar: acabar com a Ancine, passando a área de regulação do audiovisual para a Anatel e a parte de fomento para algum órgão ligado à área de desenvolvimento, eventualmente para o BNDES. São ideias que estão circulando com alguma consistência, mas longe de serem fatos consumados. Existe alguma lógica por trás desses rumores: primeiro é o fato de que a Ancine, em sua concepção original, chegou a ser imaginada ainda no governo FHC para funcionar sob o ministério do Desenvolvimento (que no governo Bolsonaro será uma parte do super-ministério de economia comandado por Paulo Guedes). A Ancine teve uma curta vida sob a Casa Civil e logo foi transferida para o Ministério da Cultura no início do governo Lula, de onde nunca mais saiu. Só que Bolsonaro já anunciou que o MinC será uma parte do Ministério da Educação, e a Ancine seria apenas mais uma das dezenas de autarquias ligadas a este super-ministério. Pesa a favor desta visão de levar a parte de fomento para a esfera de Paulo Guedes o fato de que atuam, na transição da área econômica, executivos como Carlos Alexandre da Costa, ex-diretor do BNDES e que tem pós-graduação na UCLA em pesquisas relacionadas ao mercado de entretenimento. Além disso, o Bozano Investimentos, de onde Paulo Guedes vem, é gestor de um fundo dedicado à área de tecnologia, o Criatec2, que tem investimentos no setor da economia digital. O próprio Paulo Guedes chegou a defender, em palestras no passado, o potencial econômico do audiovisual, sobretudo aplicado a áreas como educação.

Mas há muitos problemas para a ideia de separar a Ancine se materializar. Primeiro, o fato de que é uma agênia prevista em lei e com ramificações em muitas outras leis na área de fomento, TV por assinatura, fundos públicos, políticas culturais etc. Seria necessário mexer na lei para que ela deixasse de existir, e claramente redistribuir suas atribuições. Além disso, a Ancine tem uma diretoria com estabilidade e servidores com carreira específica que não se compatibilizam com a carreira da Anatel e muito menos do BNDES, caso a opção fosse por ai. Além disso, são dezenas de instruções normativas e processos já definido sob a estrutura atual. Desfazer tudo isso e remanejar para outros órgãos a atuação da Ancine é um movimento de extrema complexidade, para não falar da necessidade de manter o fluxo do Fundo Setorial do Audiovisual e do acompanhamento das obrigações regulatórias atuais.

Fonte: Teletime News de 12 de novembro de 2018, por Samuel Possebon.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Presidência do Gired ainda não está definida, diz Euler

Com a troca de presidência da Anatel decorrente da saída de Juarez Quadros e, agora, com o desligamento de Vítor Elísio Menezes da superintendência de espectro e órbita, é certo que o Gired (grupo que acompanha o processo de digitalização da TV analógica) passará por mudanças. Estas alterações acontecem em um momento crítico, já que o grupo terá que decidir, em breve, a destinação dos recursos de cerca e R$ 800 milhões que devem sobrar do orçamento da EAD (empresa responsável pela digitalização dos municípios onde está sendo feita a limpeza da faixa de 700 MHz). Leonardo Euler, novo presidente da Anatel, afirmou que uma decisão sobre como ficará a coordenação do Gired ainda não foi tomada e caberá o conselho diretor. Ele disse que, pessoalmente, não acha ideal que o presidente da agência acumule a função de presidente do Gired, como acontecia no mandato de Juarez Quadros, e tende a sugerir outro conselheiro para a questão. Perguntado se aguardaria a chegada de Moisés Moreira, atual secretário de radiodifusão e que está indicado para o conselho da agência, Euler diz ser um bom nome por já participar do Gired e ter conhecimento do assunto, mas afirma que não houve ainda conversa neste sentido. O novo presidente da Anatel também não descarta a hipótese de que outro conselheiro assuma a tarefa. A sabatina de Moisés Moreira na comissão de infraestrutura do Senado foi adida esta semana e não se sabe se ele permanecerá candidato ao conselho da agência agora que não mais ocupará a presidência, como indicado inicialmente pelo ministro Gilberto Kassab (indicação esta alterada diretamente pelo presidente Temer).

Fonte: Teletime News de 9 de novembro de 2018, por Samuel Possebon.

Euler promove mudanças nas superintendências da Anatel

Na próxima segunda, dia 9, a Anatel deverá passar pela sua primeira mudança de estrutura depois da troca de presidência. Leonardo Euler, que tomou posse esta semana, está escalando outros técnicos para algumas das superintendências, e mudando posições em outras. Na assessoria técnica, sai Marcos Paolucci e entra Humberto Bruno Pontes Silva. Na superintendência de espectro e órbita sai Vitor Elísio Menezes e entra Yroá Robledo Ferreira, que ocupava a gerência de outorga. Na superintendência de controle de obrigações, sai Osmar Bernardes e entra Carlos Baigorri, atual superintendente executivo. Esta função passa a ser desempenhada por Karla Crosara Rezende.

Fonte: Teletime News de 9 de novembro de 2018, por Samuel Possebon.

Telecom Italia confirma trabalhar em oferta para adquirir a Nextel

A TIM Brasil afirmou nesta semana que o foco da empresa é no crescimento orgânico, mas a controladora Telecom Italia confirmou nesta sexta-feira, 9, que está de fato analisando uma possível aquisição da Nextel, inclusive com uma intenção de oferta já em discussão no conselho de administração. Segundo o CEO do grupo italiano, Amos Genish, a prioridade é de fato continuar investindo na operação brasileira sem contar com a possível consolidação, mas o primeiro passo já foi dado. "Posso dizer que temos interesse nos ativos, estamos na fase que estamos chamando de inicial. O que quer que aconteça, é uma oferta 'non-biding' [não vinculante], e vamos perseguir outros passos para entender mais sobre a oportunidade", declarou ele durante teleconferência de resultados da companhia italiana.

Genish reiterou que a prioridade no Brasil é a de crescimento contínuo e orgânico, especialmente com o desempenho em pós-pago e na banda larga fixa (além do impacto na geração de caixa com benefícios contábeis advindos da decisão do STJ sobre PIS/Cofins), mas também que a Nextel é uma "oportunidade" que está sendo avaliada. "Vemos estabilidade pós-eleição, com cenário macroeconômico melhorando. [A TIM Brasil] é claramente uma das melhores unidades no grupo e continuamos considerando ela estratégica. Qualquer fusão seria complementar para melhorar a nossa competitividade econômica", avalia o executivo. "A Nextel seria uma grande adição, mas não é mandatória".

Sem surpresas, Amos Genish considera que o ativo mais importante é o "espectro complementar" que a incorporação traria, com capacidade nas faixas de 1.800 MHz, 800 MHz (ainda que na outorga de SME) e 2,1 GHz, especialmente nas cidades de Rio de Janeiro e São Paulo. Mas ele também destacou que um eventual incremento em backbone e backhaul vindo de outras aquisições poderia ser interessante para a TIM Brasil, inclusive em futuras estratégias. "A infraestrutura fixa para maior convergência também é prioridade, embora não vejamos nenhum alvo grande nesta fase. Estamos falando [no conselho] agora de Nextel, estamos vendo como está, mas não há nesse quesito nada em vista além do crescimento orgânico", destaca.

Na quinta-feira, 8, a Nextel Brasil anunciou em seu balanço financeiro um resultado positivo no lucro operacional, mas com redução de receita. A empresa conseguiu finalizar no terceiro trimestre a operação na rede iDEN, e conta em seu planejamento estratégico com o refarming na faixa de 2,1 GHz para migrar clientes de 3G para 4G. Porém, a reutilização da faixa de 800 MHz em LTE ainda está em discussão, com o pagamento da migração de outorgas de SME para SMP em andamento, mas com uma baixa oferta de handsets compatíveis no mercado brasileiro.

Uma possível aquisição da Nextel se tornou possível graças às mudanças nas regras da Anatel para acúmulo de espectro em dois tipos: abaixo de 1 GHz, e de 1 GHz até 3 GHz. Agora, a regulação estabelece que uma mesma prestadora poderá deter faixas em caráter primário, considerando o limite para sub-1 GHz de até 35% o limite de concentração de espectro, podendo se estender até 40%, mediante condicionamento da agência. Para as faixas entre 1 GHz e 3 GHz, o limite é de até 30% de concentração, podendo estender-se até 40%, também mediante condicionamento do órgão regulador.

Fonte: Teletime News de 9 de novembro de 2018, por Bruno do Amaral.

Para Globosat, transição digital pode ser em acordo com operadores, mas vai acontecer

As declarações do presidente do grupo Claro Brasil, José Félix, questionando o modelo de TV por assinatura no Brasil e a relação com programadores, geraram reações no mercado. Félix questionou, por exemplo, o fato de canais como Fox e Premiére fazerem vendas diretas pela Internet. Alberto Pecegueiro, diretor geral da Globosat, maior programadora nacional, e controladora do Premiére, contesta este ponto. "O modelo de assinatura do Premiére não pode ser um problema. A gente foi o último programador a entrar na venda direta ao consumidor. Esporte Interativo, Fox, HBO, todas entraram muito antes", diz. Ele lembra que a própria Claro foi a primeira empresa tradicional de TV paga a ir para a Internet com o Claro Vídeo. "A nossa transição para o digital nós fizemos, e estamos fazendo, com um respeito enorme ao modelo dos operadores. Não temos nenhuma ilusão sobre a importância que as operadoras têm para nós. Não queremos destruir o negócio delas nem fazer nada predatório, e oferecemos o Premiére diretamente ao consumidor de Internet pelo mesmo preço direto que a operadora cobra".

Em relação ao questionamento feito por Félix de que a Lei do SeAC exigiria, para a transmissão de conteúdos ao vivo ou lineares, o enquadramento no serviço tradicional, Pecegueiro entende que a Internet está excluída da lei. "As teles nunca quiseram que a Internet fosse incluída no SeAC", diz Pecegueiro, lembrando que hoje os serviços que trafegam sobre a Internet são considerados Serviços de Valor Adicionado, por mais similares que sejam aos serviços tradicionais de telecomunicações. Pecegueiro comenta ainda outra afirmação de Félix: a de que Netflix e Amazon seriam apenas plataformas on-demand, e por isso estariam legais do ponto de vista jurídico. "Amazon, Hulu e Youtube já operam no modelo de pacotes nos EUA, uma hora isso chega aqui", diz ele, ressaltando que esse pode ser um modelo que a própria Net poderá acabar seguindo. "Essas discussões são pontuais, em um momento em que estamos avançando na estratégia digital, e eles também. A gente tem feito todos os esforços para uma estratégia concertada com eles e estamos assinando com outras operadoras".

Pecegueiro reconhece que a indústria ainda perderá base, e que isso afeta todos os programadores, mas não entende ser o preço de programação a causa da baixa rentabilidade de alguns assinantes. "Dos dois milhões de assinantes que a indústria perdeu nos últimos anos, 82% vieram da base de assinantes de DTH da Claro, que tinham, aparentemente, um problema específico". Na entrevista a este noticiário, Félix afirmou que o grupo promoverá um limpeza ainda mais acentuada de base, por considerar que muitos dos assinantes não são rentáveis.

"Acho que a Claro reconhece como é importante o negócio de vídeo", comemora Pecegueiro. Mas ele lembra que a equação do mercado de TV paga mudou "porque os programadores podem começar a vender direto ao assinante", assim como os operadores podem desenvolver produtos digitais, diz. "O meu pacote básico vendido diretamente pela Internet no digital será matador. Posso vender de maneira concertada com a operadora, e posso ir direto. É inevitável, esse bonde já partiu", disse o diretor geral da Globosat.

Ele ressalta também que para os programadores é essencial ter o controle e a relação direta com o assinante, algo que não existia no modelo tradicional. "A gente não abre mão disso, o que não quer dizer que a gente não vá compartilhar as informações com as operadoras que forem nossas parceiras".

Para o executivo, o fato de as operadoras também estarem incluindo o Netflix em seus pacotes não é um problema para a Globosat. "O Netflix paga em média 10% de comissionamento. Se for isso, para nós é excelente, porque será o nosso parâmetro de negociação dos nossos conteúdos no digital também". A Vivo já fechou com o Netflix e a Claro, segundo declarações do CEO da América Móvil, Daniel Hajj, está em processo de fazê-lo.

Por fim, Pecegueiro comenta a questão da necessidade de quebra do empacotamento colocada por José Félix. "Não sei no caso das outras programadoras, mas no nosso caso posso dizer que muitos canais relevantes entraram nos pacotes básicos inclusive sem custo e muitos canais que a gente gostaria de distribuir não estão entrando (nos pacotes básicos). Não acho que seja isso que esteja dificultando a formatação de custos do produto".

Fonte: Teletime News de 9 de novembro de 2018, por Samuel Possebon.

CommScope anuncia compra da Arris

A CommScope anunciou o processo de aquisição da Arris International, uma das principais fornecedoras de equipamentos para banda larga e TV paga do mundo, em uma transação em dinheiro de US$ 31,75 por ação, um total de aproximadamente US$ 7,4 bilhões, incluindo o pagamento da dívida.

Além disso, o gestor de ativos Carlyle Group restabeleceu posição de propriedade na CommScope através de um investimento de capital minoritário de US$ 1 bilhão, como parte do financiamento da transação pela CommScope.

A expectativa é que a combinação da CommScope e da Arris crie uma empresa com receita de aproximadamente US$ 11,3 bilhões e EBITDA ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de aproximadamente US$ 1,8 bilhão.

A Arris tem forte posição nos três segmentos em que atua: Customer Premises Equipment (CPE), com dispositivos de acesso, como modems de banda larga, gateways e roteadores e set-tops e gateways de vídeo; Network & Cloud (N&C), que combina infra-estrutura de banda larga e vídeo com soluções de software baseadas em nuvem; e Enterprise Networks, incorporando os recém-adquiridos negócios Ruckus Wireless e ICX Switch, e enfocando a conectividade sem fio e com fio.

Para os 12 meses encerrados em 30 de setembro de 2018, a Arris gerou receitas de aproximadamente US$ 6,7 bilhões, consistindo em US$ 3,9 bilhões da CPE, US$ 2,2 bilhões da N&C e US $ 568 milhões da Enterprise Networks (refletindo apenas um ano parcial da Ruckus desde sua aquisição em dezembro de 2017) .

Após a conclusão da combinação, Eddie Edwards continuará em sua função como presidente e diretor executivo da CommScope, com Bruce McClelland e outros membros da equipe de liderança da Arris se juntando à empresa combinada.

A transação deverá ser concluída no primeiro semestre de 2019, após a provação das condições habituais de fechamento.

Fonte: Teletime News de 9 de novembro de 2018, pela Redação.

Anatel publica Consulta Pública da revisão do regulamento da faixa de 3,5 GHz

A Anatel publicou na edição do Diário Oficial da União desta sexta-feira, 9, a Consulta Pública do regulamento de condições de uso da faixa de 3,5 GHz, conforme definido na reunião do Conselho Diretor realizada na semana passada. A agência receberá comentários pelo período de 30 dias. O objetivo é viabilizar a implantação da tecnologia 5G no Brasil.

As contribuições serão sobre: relatório de Análise de Impacto Regulatório (AIR) do projeto de revisão da regulamentação associada à faixa; proposta de destinar ao Serviço Limitado Privado (SLP) em caráter primário, sem exclusividade, a subfaixa de radiofrequências de 3.400 MHz a 3.600 MHz, mantendo-se a destinação ao Serviço de Comunicação Multimídia (SCM), ao Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) e ao Serviço Móvel Pessoal (SMP); bem como a proposta de revisão do regulamento sobre condições de uso da faixa. A Consulta Pública também pretende definir resolução para regularizar a situação da faixa para a prestação do Serviço Limitado Privado (SLP).

Fonte: Teletime News de 9 de novembro de 2018, pela Redação.

Anatel convoca vencedores do leilão de sobras da faixa de 2,5 GHz

A Anatel publicou, no Diário Oficial da União desta sexta-feira, 9, edital de convocação dos vencedores da licitação de sobras da faixa de 2,5 GHz, ocorrida em novembro de 2015. De acordo com o ato, as empresas terão até dez dias úteis para assinar o termo de autorização.

A assinatura será por meio digital. As instruções para cadastramento de usuário externo com vistas a permitir a assinatura digital pelos representantes das empresas encontra-se no site da Anatel, na aba "Licitação de Radiofrequências".

As vencedoras também deverão providenciar o pagamento das licenças. De acordo com o edital, os boletos para pagamento do valor total (ou no mínimo) de 10% o do valor ofertado serão disponibilizados por meio do Sistema Boleto. A agência considera os prazos de compensação bancária, estabelecendo o vencimento dos boletos para o próximo dia 23 de novembro.

A agência recomenda que seja enviado imediatamente por e-mail a indicação da razão social da proponente e da qualificação completa (nome, profissão, estado civil, endereço, naturalidade, RG e CPF) do representante da empresa que assinará o Termo de Autorização, bem como opção da forma de pagamento do valor ofertado. A lista das proponentes convocadas consta no edital.

Fonte: Teletime News de 9 de novembro de 2018, pela Redação.

Modelo legal e empacotamento da TV paga precisam mudar, diz CEO da Claro Brasil

Com mais de 8,8 milhões de assinantes de TV paga, o grupo Claro Brasil, somando a Net Serviços e a Claro TV, é de longe o maior player de TV por assinatura. É, portanto, o player com maior poder de influência no mercado. E a Claro acha que chegou a hora de dar uma "sacolejada" no setor de TV paga, mudar radicalmente o modelo existente, rever alguns pilares que há décadas sustentam a indústria. Em conversa com este noticiário, José Félix, CEO do grupo no Brasil, foi categórico: "vai doer".

Primeiro, ele faz um alerta sobre a perda de base que desde o final de 2015 vem drenando o mercado de TV por assinatura no Brasil. "Resolvemos limpar a nossa base de assinantes. Não vamos pagar para ter gente na base. E a cada decisão desta alguém vai perder dinheiro. É um processo que está em curso e que vamos fazer mais, vamos propositadamente acelerar. A TV por assinatura vai perder mais base, porque não podemos ficar pagando programador e imposto para assinantes que trazem prejuízo, só para dizer que é maior. Vai doer", diz o executivo. "Se a gente não começar a consertar essa realidade, vamos virar reféns dos gigantes (de Internet)", alerta.

E qual é a realidade que Félix entende que precisa ser consertada? Para o presidente do grupo Claro Brasil há duas questões críticas: o modelo legal da TV por assinatura e a política de empacotamentos de canais.

O inconformismo com o modelo legal nasce da constatação de que há provedores de conteúdos lineares tradicionais da TV paga que estão partindo diretamente para a oferta de serviços pela Internet. "Vejo Fox, Première, NFL, todo mundo indo direto para a Internet. Não está previsto em lei o que eles estão fazendo. Aliás, está previsto em lei: na Lei do SeAC. Quer fazer? Precisa ser SeAC, com todas as obrigações. Se você está fazendo alguma coisa que está embaixo da legislação, tem que cumprir a lei. Pode gostar ou não (da lei), pode trabalhar para revogá-la, mas é a que existe e está sendo descaradamente infringida e ninguém fala nada". O problema com estes canais, diz, é que não são ofertas sob demanda, mas os mesmos conteúdos ofertados nos canais pagos, simultaneamente à oferta linear. Para Félix, existem dois caminhos a serem seguidos paralelamente para resolver esse problema. "Tem que mudar a lei, mas, até lá, não pode fazer".

Félix não vê o mesmo problema nem com Netflix, nem com Amazon nem com os canais pagos que colocam os conteúdos on-demand. "Do ponto de vista da execução da transmissão da programação, eles não transmitem futebol, eles não fazem nada ao vivo, é tudo não-linear, aí está ok. São concorrentes que amanhã podem ser aliados, porque produzem programação como qualquer outro". O problema, para Félix, é o conteúdo linear e ao vivo, sobretudo o esportivo, distribuído no modelo OTT. "Tem uma premissa ideológica de que na Internet pode tudo, tem que ser 100% livre", diz. Segundo o presidente do grupo Claro Brasil, a empresa já analisou juridicamente a questão e entende que se a oferta é linear, pela Internet, o provedor de conteúdo teria que seguir as regras do SeAC.

"Há outras questões que têm que ser vistas, porque pode vir gente muito poderosa, como a Amazon, que tem por trás um business mais importante e para quem a TV paga é só uma forma de alavancar o verdadeiro ganha-pão. O Netflix uma hora terá que ser rentável como operação de TV, mas a Amazon não. Talvez o Cade ou outra instância terão que discutir isso no futuro", diz.

Tordesilhas

Félix levanta ainda um segundo problema: a Lei do SeAC impede que empresas de conteúdo sejam distribuidoras e empresas de distribuição sejam produtoras de conteúdo. O mecanismo foi apelidado de Tratado de Tordesilhas para ilustrar a regra de propriedade cruzada presente nos Artigos 5 e 6 da Lei do SeAC. "Não acho que seja a melhor lei do mundo, mas lei é lei. Para mim, isso é um problema sério que precisa ser atacado. Acaba com essa reserva de mercado, porque eles (os programadores) estão distribuindo o conteúdo que eles fazem", diz. "O grupo Claro tem conteúdos próprios em outros países, mas não tem no Brasil, porque a gente cumpre a lei. A lei nos proíbe de fazer conteúdo, porque fazemos distribuição. Desligamos um canal local um mês depois da Lei do SeAC. Se agora mudasse a Lei a gente ia querer ter conteúdo próprio no Brasil com certeza. Exclusividade de conteúdo é um diferencial. Já vimos isso no começo da indústria. A exclusividade da Globosat era um tremendo diferencial das operações da Net", relembra, referindo-se ao modelo comercial que vigorou até meados dos anos 2000, quando os canais Globosat eram exclusivos das operadoras Net e Sky. "Se eu for produzir conteúdo, posso fazer algo exclusivo para mim, como fazem os outros (de Internet). Nada me proíbe de ter conteúdo exclusivo. Conteúdo é importante para o nosso futuro. Boa parte de nossa receita vem disso", diz José Félix.

Para o presidente do grupo Claro Brasil, "enquanto não se muda a lei, e eu acho que tem que ser mudada, todos têm que se enquadrar. A lei é protecionista, é anticoncorrencial, faz uma reserva de mercado (para os grupos nacionais). É uma lei esdrúxula que veio para acomodar algumas situações. Passou, todo mundo viu o que deu certo e o que deu errado. Gerou distorção e é hora de resolver".

Félix lembra que hoje o grupo tem o Now e o ClaroVídeo como plataformas de vídeo sob demanda e distribuição OTT. "Teoricamente, o que me impede de vender esses negócios na Internet independente da TV a cabo? Nada. Que imposto eu pagaria? O ISS. Portanto, em teoria, não existe um desequilíbrio com os OTTs", diz ele, falando sobre a situação de possível assimetria com Netflix, mas ele lembra que as empresas de Internet podem produzir conteúdo, e estão fazendo isso livremente. "Não tem uma ideologia por trás, não estou com medo, só quero igualdade de condições. O modelo de TV por assinatura está mudando", alerta.

Para ele, o modelo regulatório é um problema concreto, que inibe a competição e a inovação. "Esta reserva de mercado está cômoda. Só que está vindo um povaréu por fora que não está a fim dessa acomodação, que quer sacolejar tudo. E queremos estar junto desse movimento. E tem que ser um movimento dentro da lei". Ele admite que está, de certa forma, alinhado à tese que a Sky vem defendendo para tentar aprovar a fusão entre AT&T e Time Warner no Brasil. "Eu jogo em favor da Sky com essa posição, mas está todo mundo nessa briga. Se muda a lei, isso está resolvido para eles".

"O cliente, a pessoa comum, quer o agora, ninguém está preocupado se o Brasil vai ser invadido por empresas estrangeiras de Internet. Ele está preocupado em receber um produto bacana pagando barato, e ele está certo. A gente coloca ideias numa lei e isso fica incoerente com a realidade", afirma Félix. Para ele, o receio que havia de que as empresas de telecomunicações atropelariam as empresas de conteúdo quando a Lei do SeAC foi elaborada, entre 2007 e 2011, hoje está se materializando na Internet.

Empacotamento

Mas não é só a legislação de TV paga e o impedimento para que empresas de telecomunicações produzam ou tenham direitos sobre conteúdos que incomoda o CEO do grupo Claro Brasil. Ele retoma uma discussão que há décadas é colocada na mesa e que sempre se mostrou de difícil resolução, até porque é o modelo que hoje garante a viabilidade econômica da grande oferta de conteúdos existentes nos diferentes canais pagos: o empacotamento de canais.

"O assinante quer contratar e pagar pelos canais que gosta. Pode inclusive pagar pela cauda longa, porque as pessoas têm gostos variados. Há canais de baixíssima audiência, mas que despertam o interesse de um público e precisam ser oferecidos, valoriza a nossa oferta. Mas do jeito que as coisas são hoje, não dá para fazer, porque somos obrigados pelo programador a levar um monte de canais para todo mundo, mesmo que o cliente queira só canal A ou B", diz o executivo. "Com isso eu empurro para o cliente um monte de canal que ele não quer, porque não tenho opção".

Félix conhece bem a indústria de TV paga no Brasil desde que ela nasceu, há quase 30 anos, e reconhece que esta conversa é difícil para os programadores. "Mas o fato é que alguns canais não deveriam existir, ou deveriam ser sustentados pela propaganda. Temos um modelo que precisa ser mexido visando essa realidade que está vindo por aí. É diferente da realidade de décadas atrás".

Ele reforça que o Brasil tem uma população de baixa renda e uma classe C, D e E gigantescas. "São milhões de pessoas. Mas só quem pode pagar pelo modelo atual é a classe A e B. Há gente de classe C que paga porque adora, mas se o modelo fosse mais adequado, se teria muito mais assinante", pondera. "Vejo todo mundo procurar o famoso pacote de baixo custo, há décadas, mas isso não existe, por causa do modelo. Por causa do SeAC. Por causa da reserva de mercado. Só consigo dar o pacote de baixo custo o que o cliente não quer. Nem canal aberto mais é de graça. Tem que sacolejar, acordar o mercado", analisa o executivo.

Aproximação

Félix diz que a tendência é que as suas operações de TV paga incorporem todos os provedores de conteúdo que estão hoje atuando na Internet, como Amazon, Netflix e Youtube. Todos acabarão entrando na oferta da Net e da Claro TV, quando os acertos comerciais e técnicos forem feitos. "Vai ser um mundo dominado por estrangeiros, e eu não tenho nada contra. Não somos nós (operadoras) que vamos sofrer, quem vai sofrer é o conteúdo nacional". Ele reconhece que a Lei do SeAC valorizou a oferta de conteúdos brasileiros nos canais pagos, mas lembra que o cenário competitivo mudou, e que a TV por assinatura precisa mudar suas bases tradicionais.

Fonte: Teletime News de 8 de novembro de 2018, por Samuel Possebon.