As oportunidades de negócios com o M2M (machine-to-machine) animam as operadoras de telecomunicações e os fornecedores da tecnologia, mas ainda há, segundo eles, um tempo para que essas aplicações virem, de fato, comerciais e rentáveis.
Talvez uma das vertentes mais avançadas de aplicação do M2M seja o que o mercado tem chamado de carro conectado. A BMW anunciou durante painel no Futurecom 2014 que está trazendo para o Brasil dois modelos de carros elétricos que ficam conectados à fábrica da companhia o tempo todo. Graças a esta conexão, a companhia pôde criar o BMW Teleservices.
“É uma unidade que monitora diversos sensores instalados no carro. Quando há algum problema, esses sensores enviam uma mensagem para a fábrica, que aciona a concessionária mais próxima. A concessionária entra em contato com o cliente, que muitas vezes não sabe do problema, já com sugestões de agenda para que o carro seja consertado”, explicou Carlos Eduardo Sampaio, executivo da montadora no Brasil.
Na prática, o serviço encanta, mas o executivo reconhece que ele tem esbarrado em algumas questões, como a privacidade. Muitos clientes questionam se a montadora poderá rastreá-los, por exemplo. “Pode, mas com o objetivo de salvar vidas e dar conveniência. Tudo vai depender de como a concessionária vai vender o serviço”, afirmou.
Neste caso, o serviço vem sendo prestado pela montadora, mas há iniciativas que, em tese, já deveriam estar sendo colocadas em prática pelo governo. Um exemplo é a resolução 245, do Denatran, que prevê a instalação de chips nos automóveis nacionais, possibilitando seu rastreamento e bloqueio. De acordo com Rogério Guerra, da Claro, o mercado fez investimentos pesados na ideia, mas o projeto ainda não saiu do papel. “Ele deve ficar engavetado por mais dois anos”, disse, lembrando que este é um setor onde está concentradas boa parte das oportunidades.
Elas não param por aí e devem surgir também em setores como saúde e energia. O ponto levantado por Guerra é de onde deve partir o desenvolvimento de soluções M2M. “Nós não temos a velocidade que o mercado vai exigir. O que deve acontecer é a formação de empresas menores, às quais poderemos nos associar”, ponderou.
Eduardo Takeshi, da Telefônica, concorda, e lembrou que uma visão fim a fim é fundamental para estabelecer uma estratégia. Ele citou como exemplo o mercado de utilities. “Imagine vender um medidor como serviço, conectado, atendendo fornecedores de água, luz e gás, tudo isso em uma mesma base de infraestrutura”, disse. Takeshi afirmou que a operadora vem trabalhando nas áreas residencial e de empresas, carro conectado e inovação, na qual a companhia tem uma área voltada especificamente à Internet das Coisas. Mesmo assim a Telefônica não abre mão das start-ups e para isso conta com o trabalho de sua incubadora, a Wayra.
Para Marise Luca, da Ericsson, o grande ponto não é a conexão das coisas. Para ela, isso hoje já acontece com o carro conectado, a carteira digital, a cidade inteligente ou a rodovia conectada. “Tudo isso já existe. As coisas conectadas estão aí, o que nos falta são as indústrias conectadas entre si, permitindo ofertas integradas de serviços e conveniência. Essa realidade ainda não conseguimos alcançar”, afirmou.
Fonte: Convergência Digital de 16 de outubro de 2014 por Fabio Barros.
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