sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Ministério encaminha nome de Alexandre Freire para vaga na Anatel

O Ministério das Comunicações encaminha para a Casa Civil de Jair Bolsonaro nesta quarta, 9, o nome de Alexandre Freire para a vaga de conselheiro da Anatel, no lugar de Emmanoel Campelo, e com mandato de cinco anos. A Casa Civil é quem encaminhará (ou não) o nome para sabatina no Senado.

A informação foi antecipada pelo Blog Capital Digital e confirmada por este noticiário. Alexandre Freire foi indicado pelo ministro do Supremo Dias Toffoli, segundo fontes do Ministério das Comunicações. Toffoli já teve peso em indicações anteriores para o conselho da Anatel, como Otávio Rodrigues e, mais recentemente, Vicente Aquino.

Advogado, Alexandre Freire foi Sub-chefe adjunto substituto da Sub-Chefia para assuntos jurídicos da Presidência da República no governo Michel Temer e Secretário de Altos Estudos, Pesquisas Jurídicas e Gestão da Informação do Supremo Tribunal Federal. Hoje está na assessoria de gabinete de Toffoli. Segundo seu perfil no Linkedin, suas qualificações são as seguintes:


"Doutor em Direito pela PUC-SP. Mestre em Direito pela UFPR. Assessor de Ministro do STF. Diretor do Instituto Brasileiro de Direito Processual – IBDP. Membro da Associação Internacional de Direito Processual- IAPL. Membro do Comitê Executivo da Rede Nacional de Cooperação Judiciária do CNJ. Membro do Comitê Gestor da Conciliação do CNJ. Membro do Grupo de Trabalho do CNJ destinado à elaboração de estudos e de propostas voltadas ao fortalecimento dos precedentes no sistema jurídico. Membros do GT sobre ampliação do acesso à justiça, melhoria do regime de custas, taxas, despesas judiciais e gratuidade de justiça do CNJ. Professor instrutor no STF, CNJ, CJF e AGU. Professor dos cursos de pós-graduação em direito processual da PUC-Rio, PUC-SP e IDP/DF. Coordenador do Programa de Mestrado e Doutorado da Escola de Direito Nove de Julho (UniNove). Membro do grupo de apoio aos ministros membros da Comissão de Regimento Interno do STF. Membro do Comitê Gestor do Programa de Combate à Desinformação do STF. Conselheiro Editorial da Revista Suprema (STF). Ex-membro do Conselho Consultivo Nacional de inovação do Poder Judiciário do CNJ. Ex-Secretário de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação do STF. Ex-Editor Chefe da Revista Suprema do STF. Ex-Diretor da Cátedra Ministro Victor Nunes Leal do STF. Ex-Assessor Especial da Presidência do STF (Ministro Dias Toffoli). Ex-Subchefe Adjunto para assuntos jurídicos da Casa Civil da Presidência da República (substituto). Ex-coordenador-geral de políticas sociais da subchefia para assuntos jurídicos da Casa Civil da Presidência da República. Ex-Assessor da Subchefia para assuntos jurídicos da Casa Civil da Presidência da República. Ex-Assessor Parlamentar da Presidência da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional. Ex-Assessor Jurídico de Ministro do STF (Ministro Marco Aurélio). Finalista do Prêmio Jabuti de melhor livro jurídico (Câmara Brasileira do Livro)."

Fonte: Teletime News de 8 de novembro de 2022, por Samuel Possebon.

Ministério das Minas e Energia discute proposta que permite às concessionárias de energia lucrar com postes

Para o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Hailton Madureira de Almeida, a modelagem regulatória que Anatel e Aneel estão propondo para o compartilhamento de postes está indo no caminho certo. Almeida acredita que logo haverá convergência entre as duas agências, já que postes é um insumo importante tanto para energia quanto para telecomunicações, e defendeu que as distribuidoras de energia explorem um novo nicho de mercado com o compartilhamento.

"O uso dos postes tanto para energia quanto telecom é real. E vai acontecer cada vez mais. É um mercado existente, e acredito que vai se desenvolver mais", disse o representante do MME no evento Painel Telebrasil Talks, que aconteceu nesta terça-feira, 8, em Brasília. Para ele, a exploração dos postes pode ser lucrativa para as concessionárias.

Ele também defendeu que o compartilhamento de postes deve ser visto, no futuro, como um negócio para a distribuidoras de energia. "Acredito que o compartilhamento de postes é um mercado que vai se desenvolver e creio que as distribuidoras devem atuar cada vez mais nele. Espero que as distribuidoras possam atuar de maneira privada nesse mercado. Hoje a legislação inibe um pouco essa atuação, porque grande parte do lucro desses recursos vai para a modicidade tarifária. Queremos que postes seja um negócio para as distribuidoras", afirmou.

Sobre modicidade tarifária, Hailton Almeida falou que está em discussão uma revisão do assunto. A proposta é de que na renovação da concessão seja permitida a possibilidade da distribuidora ter receitas acessórias, garantindo às concessionárias de energia uma atuação no mercado de postes de maneira lucrativa. "A gente quer que as distribuidoras atuem privadamente nesse mercado, e que ganhem dinheiro com os postes", disse Hailton Almeida.

Marcos Ferrari, presidente executivo da Conexis, lembrou contudo que o assunto é complexo e que existe o lado das operadoras de telecomunicações a ser considerado. Por isso, disse Ferrari, é importante que haja muita discussão e que se consiga chegar a um novo desenho de mercado. "Ouvimos o contrário do lado de cá. Falta gestão e um desenho de mercado que reequilibrar o mercado para que fique bom dos dois lados e os custos sejam proporcionais a devida ocupação", disse o presidente da Conexis.

Moisés Moreira, conselheiro da Anatel, pontuou a questão dos postes como um dos itens prioritários da agência para a agenda regulatória de 2023, ao lago do RGC, da revisão do PGMC e do Plano Estrutural de Redes de Telecomunicações.

Fonte: Teletime News de 8 de novembro de 2022, por Marcos Urupá.

TIM intensifica desligamento de torres e de acessos inativos da Oi Móvel

A incorporação da parte da Oi Móvel ainda é uma grande tarefa a ser cumprida na TIM, e deverá se estender pelos próximos anos com o desligamento e descarte de torres e mesmo da base de usuários inativos. Ao comentar os resultados do trimestre nesta terça-feira, 8, o CEO da operadora, Alberto Griselli, não especificou o número de chips provenientes da Oi que serão desligados, mas confirmou que isso começa a ser feito já neste mês, prosseguindo ao longo de 2023.

No caso das torres, a expectativa é de "descomissionar" 4,7 mil sites até 2024. Ainda neste ano, pelo menos 400 sites deverão ser desativados, com a previsão de um total de 3 mil até o final de 2023. O critério é técnico: as estruturas que estejam sobrepondo a própria cobertura ou que tenham equipamentos legados (2G, por exemplo) deverão ser descartadas. Outros 2,5 mil sites serão mantidos pela operadora.

Esse número será impactado no cumprimento do remédio imposto pelo Cade para a aquisição da Oi Móvel, que obriga a operadora a colocar pelo menos 50% das torres em oferta ao mercado. A TIM iniciou esta oferta em abril, mas o prazo de seis meses foi estendido em mais dois e deverá terminar apenas no final deste ano.

Alberto Griselli, CEO da operadora, explica que pesa na equação o custo industrial do aluguel. "Eliminar o custo é uma grande oportunidade de aumentar a rentabilidade e a geração de caixa da empresa. Então esse é o plano, tirando uma linha de custo com afterlease que impacta de forma substancial o fluxo de caixa livre", declara.

Segundo o CTIO da TIM, Leonardo Capdeville, pelo menos um player já demonstrou interesse na oferta do ativo como equipamento, alegadamente para um mercado de segunda mão desse hardware. "A princípio ele tem interesse, estamos fazendo tratativa de contratuais para ver se tem ou não o 'punch' para isso", destacou o executivo.

Capdeville explica que não há uma transferência de contrato com as torreiras em si, por isso o foco é nos equipamentos. "O que podemos fazer é provocar o mercado para passar o direito de uso, mas não posso obrigar a torreira a por um novo inquilino", diz. Existe uma negociação para que a operadora "possa sair sem grandes atritos" desses contratos, até por haver uma expectativa de manutenção desses 2,5 mil sites, ou 40% do total.

Desse total que será mantido, o CTIO contabiliza mil sites que não possuíam 4G, então haverá a atualização dos equipamentos para essa tecnologia. "Temos coisa bastante antiga da Oi, como 2G etc., porque ela estava fazendo investimento baixo na rede. A gente não tem interesse nisso, vamos fazer o descarte do material. Mas tem equipamentos mais recentes que podem ser reaproveitados na nossa rede, e vamos ver oportunidades de reinstalar."

Usuários

Alberto Griselli não revelou quantos chips da Oi serão desligados, mas mencionou que a Vivo já efetuou algo semelhante com a limpeza de 3 milhões de acessos – e que já foi refletido na base da Anatel de setembro. Ele disse, contudo, que "não será um número pequeno". No total, a TIM recebe 17 milhões de linhas, das quais 2,5 milhões já foram migradas para o sistema da operadora compradora.

"Temos um número material de clientes que estão inativos e não geram tráfego e nem usam serviços. Começando em novembro e, ao longo deste trimestre e no primeiro trimestre de 2023, vamos começar a desligar. É tirar o custo disso: de taxas e licenças", declarou o executivo. Esse custo é referente às taxas regulatórias de manutenção da base. Questionada por TELETIME, a TIM lembra que o Fistel para os acessos "humanos" é de R$ 13 anuais por chip, mas há ainda parte da base que migrou do M2M e que é isento da taxa.

Naturalmente, a TIM utilizará os critérios da Anatel para realizar a limpeza da base, mas existe ainda um período de carência no qual o usuário, após alertado do desligamento, pode efetuar uma recarga para manter o SIMcard ativo. A questão é que a taxa da TFF é paga no final do ano, então é seguro prever que um volume significativo de desligamentos já deverá acontecer antes disso. Segundo o diretor de relações institucionais, Mario Girasole, "a grande maioria dos desligamento será feita este ano".

Esses desligamentos deverão ter um efeito na receita média por usuário (ARPU), que observou uma queda no trimestre, uma vez que a base vinda da Oi Móvel tinha margem inferior à da TIM. Mesmo assim, com o volume total, a receita líquida da empresa aumentou, tanto de forma inorgânica quanto orgânica, segundo Alberto Griselli. "Na medida em que vamos cancelar as linhas, assim como o competidor [Vivo] já fez, isso vai aumentar o ARPU", disse.

Fonte: Teletime News de 8 de novembro de 2022, por Bruno do Amaral.

CEO da Telefónica é reeleito para presidir GSMA; confira conselho completo

CEO do grupo espanhol Telefónica (controladora da brasileira Vivo), José María Álvarez-Pallete foi reeleito para um mandato de dois anos à frente da entidade global de operadoras móveis GSMA.

O executivo ocupava o cargo de presidente do conselho da associação desde o começo do ano, até então com mandato expirando em dezembro de 2022. Como a renovação após eleição, Pallete deve supervisionar os trabalhos da GSMA até o final de 2024.

CEO da Bharti Airtel, o indiano Gopal Vittal foi o nome escolhido para a vice-presidência do órgão, substituindo Rima Qureshi, da Verizon. Em paralelo, 26 representantes de operadoras globais ou independentes foram apontados para compor o conselho.

Entre eles estão Pietro Labriola (ex-CEO da TIM e atualmente liderando a matriz italiana Grupo TIM) e Carlos Jarque (pela América Móvil, controladora da Claro). Diretor geral da GSMA, Mats Granryd também compõe o conselho. 

Veja todos os nomes:
Carlos M. Jarque (América Móvil)
Igal Elbaz (AT&T)
Dr. Hans Wijayasuriya (Axiata)
Gopal Vittal (Bharti Airtel)
Gao Tonqing (China Mobile Communications)
Li Jun (China Telecom)
China Unicom (nome não divulgado)
Dominique Leroy (Deutsche Telekom)
Hatem Dowidar (e&)
Frehiwot Tamru (Ethio Telecom)
Mats Granryd (GSMA)
Makoto Takahashi (KDDI)
Hyeonmo Ku (KT)
Jens Schulte-Bokum (MTN)
Michaël Trabbia (Orange)
Mathew Oommen (Reliance Jio)
Yuen Kuan Moon (Singtel)
Olayan M. Alwetaid (STC)
Roberto Daniel Nobile (Telecom Argentina)
Pietro Labriola (Telecom Italia)
José María Álvarez-Pallete López (Telefónica)
Sigve Brekke (Telenor)
Vicki Brady (Telstra)
Kaan Terzioglu (Veon)
Rima Qureshi (Verizon)
Ahmed Essam (Vodafone)

Fonte: Teletime News de 8 de novembro de 2022, pela Redação da Teletime.

Novo edital do STFC pode ter compensação com arbitragens e fim de bens reversíveis

O novo edital de concessão da telefonia fixa (STFC) em elaboração na Anatel pode trazer novidades como o fim da reversibilidade de bens e possibilidade de compensação de obrigações de investimento com as arbitragens das incumbentes dos serviços.

A sinalização foi feita pelo conselheiro da Anatel, Artur Coimbra, durante live promovida pelo portal Tele.Síntese nesta segunda-feira, 7. "Entendemos que a situação ideal seria que já tivesse visão clara dos valores de migração e decisão definitiva da arbitragem, mas isso não será possível", apontou o conselheiro, na ocasião. Os processos estão em curso porque as teles discordam do valor de migração calculado em R$ 22 bilhões pela agência.

Dessa forma, algo estudado pela Anatel seria uma cláusula com "mecanismo de compensação" e as primeiras obrigações de investimento da migração em data posterior às definições das arbitragens, caso estas tenham saldo positivo para as empresas. "Seria justamente para poder fazer uma compensação com as arbitragens antes do início das obrigações de investimento. É o melhor que podemos fazer, porque a data do fim das arbitragens é incerta".

Estima-se para 2023 ou 2024 o fim dos procedimentos, enquanto as concessões do STFC vencem em 2025. A previsão é que novo edital possa ter minuta enviada ao Conselho Diretor da Anatel este ano, para serem votados e colocados em consulta pública em 2023.

Bens reversíveis

Segundo Coimbra, outra novidade em avaliação para o documento é a retirada de bens considerados reversíveis dos novos contratos de concessão. O conselheiro entende que a possibilidade é admitida pela Lei de Geral de Telecomunicações (LGT) e que faria parte do esforço para tornar a concessão mais atrativa e à prova de futuro.

A leitura é que hoje haveria maior clareza sobre a reversibilidade e que a alteração traria menor carga regulatória para os dois lados. "Estamos tentando fazer edital que faça sentido do ponto de vista econômico. Temos os bens que serão levados [das concessões atuais], mas ele já não teria a reversibilidade", resumiu Coimbra. Já outras obrigações como atendimento de voz em área sem o serviço ainda devem fazer parte do edital, prosseguiu o conselheiro.

A valoração dos bens reversíveis ainda tem sido motivo de discussão – com o último capítulo envolvendo parecer da SeinfraCOM do TCU recomendando mudanças na metodologia empregada pela Anatel para o cálculo final da migração, estimado em R$ 22 bilhões.

Fonte: Teletime News de 7 de novembro de 2022, por Henrique Julião.

TV por assinatura segue tendência de queda em setembro

A TV por assinatura seguiu a tendência de curva no mês de setembro, de acordo com balanço da Anatel, fechando o mês com 12,68 milhões de assinantes, o que significa uma queda de 1,2% no mês. Em setembro, a região Nordeste, que vem apresentando crescimento constante, perdeu 0,6% de sua base, mas ainda com um crescimento de 8,2% no período de um ano.

Os dados em relação à densidade do serviço mostram uma curva de queda ainda mais acentuada no último ano, o que sugere uma baixa adesão da TV por assinatura pela nova geração, pelo menos em seu modelo de distribuição tradicional. Enquanto a base encolheu 6,7% em um ano completo fechado no final de setembro, a queda na densidade foi de 14,3% em todo o território nacional. Mesmo na região Nordeste, onde o serviço ainda avança no médio prazo, a densidade caiu 13,3% em 12 meses.

As quatro maiores operadoras seguem com o grosso do serviço, representando 96,8% da base. Com 42% da base em setembro, a Claro se mantém com folga na liderança, mas tem perda acima da média do mercado. Com 5,32 milhões de assinantes, caiu 1,6% e 15,2% nos períodos de um e 12 meses, respectivamente.

Em segundo lugar com 32,2% de market share, a Sky fechou setembro com queda de 1,2% no mês, mas com crescimento de 1,7% no período de um ano, chegando a 4,08 milhões de clientes.

Na sequência, Oi e Vivo contam com 14,7% e 7,9% de market share, respectivamente, com bases de 1,87 milhão e 1 milhão de assinantes.

TV paga via streaming

Em agosto, as duas maiores operadoras de TV por assinatura do país apontaram, durante o Pay-TV Forum 2022, que as operadoras virtuais de TV já contam com uma base de algo entre 700 mil e 800 mil assinantes no País. Como a distribuição por streaming não é considerada SeAC, ou TV por assinatura tradicional, e sim um serviço de valor adicionado, sua base não é computada pela Anatel e nem mesmo revelada pelas prestadoras do serviço. Outra operadora que opera no modelo de streaming, a WatchTV, teria perto de 2 milhões de cadastrados (não necessariamente pagantes).

O "chute embasado" da Claro e da Vrio mostra que parte significativa do churn no serviço tradicional de TV, o SeAC, está migrando para um serviço semelhante em termos de modelo de negócio e que atua de forma semelhante às operações tradicionais na cadeia de valor do audiovisual.

Fonte: Teletime News de 7 de novembro de 2022, por Fernando Lauterjung.

Base migra para 5G standalone e 4G tem maior queda da história em setembro

Em setembro, o mercado de telefonia móvel tomou outra forma. Com o início da operação da faixa de 3,5 GHz e a consequente oferta do padrão 5G standalone em mais capitais, as operadoras migraram boa parte dos acessos antes contabilizados como não standalone (NSA, que também inclui o compartilhamento dinâmico de espectro – DSS). Somando as duas modalidades, contudo, percebe-se que o crescimento manteve o mesmo ritmo de meses anteriores.

Enquanto isso, o 4G, a geração dominante no País, apresentou a maior redução histórica – mais de 3 milhões de desligamentos -, desde quando a Anatel começou a contabilizar os dados da tecnologia, em abril de 2013. Assim, no final das contas, contabilizando todas as tecnologias, o mercado brasileiro voltou a cair, segundo dados divulgados pela agência nesta semana.

Com a reclassificação da base, o 5G SA passou a ser maior da quinta geração, com 2,222 milhões de acessos, contra uma soma de 316,8 mil em agosto. A Vivo, que antes não havia registrado nenhuma linha na tecnologia, apresentou 670 mil chips no padrão standalone em setembro. Já TIM, que só tinha contabilizado 130 acessos no mês anterior, agora mostra a maior base no padrão, com 821 mil linhas. A Claro dobrou o tamanho, com 731,7 mil acessos.

Isso é explicado com a debandada do padrão não standalone. No total, foram 1,475 milhão de acessos a menos em apenas um mês, totalizando 1,842 milhão de acessos. Todas as operadoras encolheram a base 5G NSA em decorrência.

Desta forma, somando os padrões, o 5G no total totalizou 4,065 milhões de acessos, um avanço de 11,84%. O crescimento líquido no mês foi de 430 mil acessos, em linha com o que a tecnologia já vinha apresentado nos últimos meses ainda como NSA. Confira abaixo a participação de mercado de cada operadora na soma de 5G SA e NSA.
4G em queda

O 4G é responsável por 79% do mercado brasileiro de telefonia móvel, e isso pouco mudou em setembro. Mas a redução de 3,065 milhões de acessos foi inédita. No total, essa base diminuiu 1,48%, para 203,384 milhões de linhas.

Essa redução aconteceu em todas as três grandes operadoras, mas especialmente com a redução da base da Vivo, que observou 2,202 milhões de desligamentos (queda de 2,90%) e totalizou 73,734 milhões de acessos. A Claro desligou 848 mil linhas (1,30% de queda), totalizando 64,246 milhões de acessos; enquanto a TIM reduziu em 302 mil (0,50%) a base, somando 59,612 milhões de chips.

Dentre as prestadoras de pequeno porte (PPPs), apenas a Surf Telecom apresentou redução (de 0,44%) significativa. A Algar é a maior neste grupo e avançou 2,16%, somando 4,158 milhões de acessos. Considerando todas as PPPs, foram 5,791 milhões de acessos, um aumento de 5,21%.

O que explica então essa redução? Segundo afirmou a Vivo no último balanço financeiro, houve uma limpeza de base de 3 milhões de acessos (de todas as tecnologias) adquiridos da Oi Móvel, uma vez que a operadora considerou os números inativos. Possivelmente, a Claro e a TIM fizeram algo semelhante. O fato é que antes de setembro, o 4G só havia apresentado redução na base em abril de 2020, no início da pandemia da covid-19. E mesmo nesse evento absolutamente atípico, a queda foi de 344 mil acessos (0,22%).

Em contrapartida, o 3G apresentou um aumento de 810,8 mil acessos, ou avanço de 3,09%, totalizando 27,094 milhões de linhas. Isso pela Claro, que cresceu pouco mais de um milhão de acessos somente em setembro e totalizou 15,543 milhões de linhas no padrão WCDMA. TIM e Vivo, em contrapartida, apresentaram queda.

O 2G entretanto continuou no ritmo normal, caindo 1,89% e totalizando 24,464 milhões de linhas.
Pré e pós-pago

Pelo mesmo fenômeno observado no 4G, o pré-pago também apresentou uma queda significativa, considerando o histórico. Foram 2,450 milhões de desconexões no mês (redução de 2,03%), totalizando 117,983 milhões de acessos. Por outro lado, o pós-pago mostrou um aumento de 0,11%, totalizando 141,024 milhões de linhas. Na prática, foram 154,7 mil adições no mês.

A base inteira, somando todas as tecnologias e modalidades do serviço móvel pessoal (SMP), estava com 259,008 milhões de acessos em setembro, uma redução de 0,88%.

Fonte: Teletime News de 4 de novembro de 2022, por Bruno do Amaral.

Canal da Senacon para denúncias de telemarketing abusivo atendeu 26,7 mil pessoas

Em 100 dias de funcionamento, o canal da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça, para denúncias de telemarketing abusivo registrou 26.674 atendimentos de usuários. A plataforma visa atender queixas das pessoas que não autorizaram empresas a ligar para suas casas, oferecendo produtos ou serviços.

De acordo com a Senacon, do total das denunciantes, 92% afirmaram não ter relação com as empresas, ou seja, não contrataram nenhum serviço. Quase a totalidade (99%) dos consumidores declararam não haver concedido permissão alguma para a empresa oferecer produtos e serviços via telefone.

O canal é de amplitude nacional, mas Minas Gerais foi o estado com maior número de denúncias: 8.800. Em seguida, aparecem São Paulo e Rio de Janeiro, com 6,3 mil e 1,1 mil, respectivamente. Bancos e operadoras de celular e TV por assinatura lideram as denúncias.

Para denunciar, o consumidor deve preencher o formulário eletrônico com a data e o número de origem da chamada com DDD (se houver), o nome do telemarketing ou qual empresa ele representa e se foi dada a permissão para oferta de produtos e serviços. As denúncias serão investigadas pela Senacon e encaminhadas aos Procons para análise e eventual abertura de processo administrativo pela prática abusiva.

A iniciativa não tem ligação com as recentes ações da Anatel no combate ao telemarketing abusivo, ou com a plataforma do Sistema de Autorregulação das Telecomunicações (SART), o "Não Me Perturbe".

(Com informações da Senacon e Agência Brasil)

Fonte: Teletime News de 4 de novembro de 2022, pela Redação da Teletime.

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Código 0304 deve ser utilizado em ligações de cobrança, define Anatel

A Anatel destinou o código numérico 304 (0304) para ligações relacionadas à cobrança, nos moldes do que já foi feito com o prefixo 0303 para chamadas de telemarketing ativo. A decisão foi tomada em reunião do Conselho Diretor da reguladora nesta quinta-feira, 3.

O recurso de numeração específico para o segmento estava em avaliação na área técnica da agência e foi aprovado por unanimidade após relatoria do conselheiro da Anatel, Emmanoel Campelo. O ato é considerado mais um passo no combate da agência às chamadas abusivas.

Na sexta-feira, 4, a Anatel esclareceu que um procedimento operacional para a adoção do 0304 no setor de cobrança será tema de consulta pública durante 60 dias. Após a publicação definitiva do ato com a decisão, as empresas terão 180 dias para implementar a medida.

"Em termos de volume, a atividade de cobrança é ofensora em igual ou maior peso que o telemarketing", pontuou Campelo, que está se despedindo do colegiado após assumir a liderança na agência de temas relacionados ao consumidor. O mandato do advogado se encerra nesta sexta-feira, 4 de novembro.

A diferenciação entre os segmentos de telemarketing ativo e cobranças era um dos aspectos que preocupavam empresas do segmento, notaram profissionais da Anatel. Na ocasião, questionamentos de empresas à atuação da agência em relação aos recursos de numeração também foram rebatidos.

"As medidas adotadas foram todas desafiadas por ações judiciais, mais de uma dezena delas, e absolutamente nenhuma prevaceleu no sentido de obstar ações da agência", afirmou Campelo. A Anatel tem utilizado a gestão de recursos de numeração como arma no combate às ligações indesejadas. "De acordo com a Lei Geral de Telecomunicações (LGT), cabe à União, por intermédio do órgão regulador, disciplinar e fiscalizar o funcionamento das redes de telecomunicações", defende a agência.

"Não se trata de combate a setores, mas a condutas abusivas. Em nada serão prejudicadas empresas que atuam de forma séria", prosseguiu Campelo, recordando queda nas chamadas curtas por robocalls após a edição de medida cautelar para coibir a atividade.

Fonte: Teletime News de 3 de novembro de 2022, por Henrique Julião.

Anatel aprova novos valores de referência para uso de dutos e transporte de dados Por Bruno do Amaral -03/11/22, 16:24 Atualizado em 03/11/22, 23:580

A Anatel aprovou novos valores de referência para produtos de atacado – aluguel de dutos, bitstream, full unbundling e transporte de dados de alta capacidade – no âmbito do Plano Geral de Metas de Competição (PGMC). De relatoria do conselheiro Emmanoel Campelo, em última participação no cargo, a proposta foi apresentada na reunião do Conselho Diretor nesta quinta-feira, 3, e aprovada por unanimidade.

Além de novos valores, o texto de Campelo acolheu a proposta da área técnica de revisar esses preços a cada dois anos. "Dada a dinâmica dos mercados e do próprio PGMC, infere-se que os valores de referência devem ser reavaliados periodicamente", disse o conselheiro.

Outro ponto levantado pelo relator é que, devido à evolução tecnológica e do modelo de prestação de serviços, "pode não haver demanda pelo bitstream e full unbundling, pois mesmo com a medida de controle de preços, não teve comercialização". Ele também notou que não foi possível aplicar o modelo de preços topdown, considerando que alguns dos produtos não foram oferecidos pelas operadoras.

Os valores de referência ficaram da seguinte forma:

Full Unbundling 

Para essa modalidade de desagregação plena de enlace, o valor foi de R$ 21,01 por mês e por par metálico. O preço foi definido com base em resultados mais recentes do modelo e demais valores calculados a partir do modelo dos custos, despesas operacionais e custos de capital dos grupos com poder de mercado significativo (PMS). Segundo Campelo, apenas a Algar Telecom e a Telefônica Vivo ofereciam o produto, sendo que o modelo da operadora mineira acabou sendo desconsiderado por não apresentar as características de preço previstas no regulamento. Desta forma, o valor tomou como base nos resultados da Vivo. 

Bitstream

Embora exista equivalência direta no PGMC, nenhuma operadora oferece o produto de categoria de desagregação lógica da rede, segundo Emmanoel Campelo. Assim, adotou-se a utilização de valores de mercado, utilizando o full unbundling como parâmetro. Os preços ficaram da seguinte forma:

R$ 8,88256 kbps
R$ 16,36512 kbps
R$ 18,701.024 kbps
R$ 22,442.048 kbps
R$ 31,795 Mbps
R$ 32,738 Mbps
R$ 33,6610 Mbps
(mês/acesso)

Dutos e subdutos

Os valores médios a serem oferecidos pelas prestadoras com PMS foram calculados a partir dos custos, despesas operacionais e custo de capital apurados nas etapas de alocação intermediária e dos quantitativos físicos. Apenas a Claro apresentou o produto, mas o resultado do modelo de custos da empresa foi desconsiderado em favor da utilização do inciso III do §3º do art. 12. "Os valores relativos ao aluguel de dutos pagos a outras prestadoras foram excluídos do cálculo por causa de a obrigação das PMS ser apenas para dutos próprios", explicou Campelo.

AlgarR$ 107,37
OiR$ 74,77
ClaroR$ 143,28
Telefônica VivoR$ 83,82
(mês/Km)

Transporte de dados alta capacidade

Considerados como links acima dos 23 Mbps, entre dois ou mais endereços por meio de interfaces padronizadas em tráfego bidirecional, o produto só é oferecido pelas operadoras Claro, Ligga e Telefônica Vivo. No caso desta última, não foi considerada. Assim, os valores definidos foram com base no modelo de custos e demais valores calculados a partir dos custos, despesas operacionais e custo de capital apurados para outros grupos com PMS. Os valores da Ligga são diferenciados das operadoras com poder de mercado significativo:
LiggaDemais PMS
Nó localR$ 0,76R$ 1,91
Nó regionalR$ 5,04R$ 3,12
Nó nacionalR$ 6,75R$ 4,19

Emmanoel Campelo deixa o Conselho Diretor da Anatel

A reunião do Conselho Diretor desta quinta-feira, 3, foi a última do conselheiro Emmanoel Campelo na Anatel. Desde a nomeação em 2017 até esta data – oficialmente, o mandato termina na sexta, 4 -, o potiguar esteve a frente da relatoria de 725 processos na agência. Considerando os pedidos de vista, ele próprio somou 781 processos.

Segundo Campelo, o objetivo foi de sempre figurar como uma "voz ativa no caminho para conectar o País totalmente". O conselheiro destacou o fato de não ter deixado nenhum processo para o sucessor – que será, pela lista de substitutos, o superintendente de planejamento e regulação, Nilo Pasquali.

"Entrego o gabinete sem nenhum passivo", disse Campelo, complementando em seguida: "Tem a peculiaridade de não ter um processo sequer em diligência. O superintendente Nilo certamente se enche de jubile com essa passagem."

Dentre os processos que já relatou ou pediu vista, o conselheiro ressaltou o trabalho no Edital do 5G, no qual praticamente todos os conselheiros da época acabaram tendo grande papel – a exceção foi o conselheiro Artur Coimbra, à época ainda no Ministério das Comunicações. "É uma frase que será repetida por todos nós: o Edital do 5G foi o processo mais relevante e importante, até pelo potencial de evolução da tecnologia e do setor de telecomunicações", disse.

Porém, Emmanoel Campelo também se destaca no combate à prática de telemarketing abusivo, por robocalls ou por uso ilegal de recursos de numeração. "Sem dúvida nenhuma é o maior legado que você deixa para o Brasil. O País e a Anatel têm uma dívida com você", afirmou o presidente da agência, Carlos Baigorri.

Campelo encerrou o discurso afirmando que nunca teve apego a cargos ou instituições, mas que o trabalho na agência reguladora foi diferente. "Não vou ter saudades da Anatel como instituição, mas como pessoas. Daqui estou levando muitos amigos."

Fonte: Teletime News de 3 de novembro de 2022, por Bruno do Amaral.

Anatel segmenta espectro de segurança pública e libera faixa de 800 MHz

A Anatel aprovou por unanimidade na reunião desta quinta-feira, 3, a revisão da regulamentação de uso de espectro para os serviços fixo (STFC), móvel (SMP) e de banda larga (SCM). A proposta da agência traz a redefinição das destinações ao serviço limitado privado (SLP) e ao uso da faixa de 700 MHz para segurança pública e forças militares. Também foi avaliada a pertinência de revisar a destinação e canalização da faixa de 900 MHz para o SMP.

Segundo explicou no voto o relator, conselheiro Emmanoel Campelo, o tema passou pela área técnica – superintendências de Planejamento e Regulamentação (SPR) e de Outorga e Recursos à Prestação (SOR) – e pela Procuradoria Federal Especializada, além de ser objeto de tomada de subsídios. Foram 223 contribuições na consulta pública.

Confira abaixo o que muda. A minuta do regulamento aprovado pode ser lida clicando aqui.

800 MHz

Parte da faixa de 800 MHz foi retirada da segurança pública para ser destinada ao serviço móvel e à banda larga em caráter primário, além da telefonia fixa em caráter secundário.

Conforme exposto na análise de impacto regulatório acompanhada pelo conselheiro, a proposição feita por empresas por um alinhamento integral com a banda 26 (814-849 MHz / 859-894 MHz FDD) não foi acatada, uma vez que a composição do duplex de 10 + 10 MHz na faixa de segurança pública (809-819 MHz / 854-864 MHz FDD) foi considerada por Campelo "a que melhor equilibra as necessidades de espectro para aplicações de mercado e aplicações estratégicas para o Estado".

900 MHz

Para a faixa de 900 MHz, também houve contribuições sugerindo atribuir um duplex de 15 + 15 MHz, em vez dos 10 + 10 MHz apresentados pela Anatel. A agência também negou a proposta, entendendo que inviabilizaria o uso da faixa por equipamentos de radiação restrita. Assim, ficam destinadas as faixas de 905-907,5 MHz e de 950-952,5 MHz ao SMP, SCM e SLP, todos em caráter primário; e ao STFC em caráter secundário.

Ainda nos comentários sobre a faixa de 900 MHz, as contribuições questionaram a redução da destinação e um "alegado desalinhamento com mercados internacionais relevantes", como os Estados Unidos. A área técnica rechaçou os comentários, reiterando que o espectro mantém a mesma destinação ao SMP desde 2006. Conforme explica Campelo, a proposta foi "apenas" de reduzir a capacidade para equipamentos de radiação restrita dos atuais 18,5 MHz para 16 MHz, uma diminuição de 15,6%.

A ocupação de subfaixas da frequência por sistemas SMP, SCM, STFC e SLP aconteceria apenas a partir de 29 de abril de 2035, quando vence a última outorga de SMP atualmente na faixa de 900 MHz. Assim, a área técnica considerou ser "um prazo adequado para que ocorra a adaptação dos equipamentos de radiação restrita que operam na subfaixa de 905 MHz a 907,5 MHz dentro de um contexto de uma transição suave, permitindo que os atuais fabricantes de equipamentos que operam nessa subfaixa possam adaptar suas linhas de produção para a nova realidade, bem como permitir que os atuais usuários de sistemas baseados nesses equipamentos possam reconfigurar suas redes para a nova subfaixa resultante de 902 MHz a 905 MHz ou, caso não seja possível essa reconfiguração, efetuar a transição dos atuais equipamentos de radiação restrita para novos equipamentos adaptados de acordo com a presente proposta". As superintendências também entenderam que havia menos equipamentos homologados na subfaixa de 902-907,5 MHz e, por isso, haveria menos impacto na adequação ao SMP.

Redes privativas e segurança

A proposta da Anatel de flexibilizar o uso do bloco 1 da faixa de 700 MHz (703-708 MHz e 758-763 MHz) para aplicações de serviço limitado privado recebeu aprovação nas contribuições. A área técnica desconsiderou pedido da Petrobras de prazos adicionais para sistemas de 800 MHz ou proteção específica contra interferências. A justificativa é que isso ocorre depois da resolução aprovada, com negociação posterior.

A proposta acabou sendo muito criticada pelo setor de segurança pública, com "grande participação do Ministério da Defesa e de seus órgão subordinados", indo contra a flexibilização do uso do bloco 1 da faixa de 700 MHz. No entanto, a Anatel conseguiu negociar com os setores envolvidos. O que ficou acertado foi a segmentação de setores com necessidades específicas, revogando assim o art. 5 do regulamento original:809-814 MHz e 854-859 MHz: ficam destinadas ao SLP, em aplicações de segurança pública, defesa civil e defesa nacional, em caráter primário.
814-819 MHz e 859-864 MHz: ficam também ao SLP, em aplicações apenas de defesa nacional (exército), em caráter primário.

Também foi questionado o impacto, com eventuais custos de migração ou ressarcimento de sistemas existentes nas faixas de 700 MHz e 800 MHz. Mas a área técnica entendeu estar fora do escopo do processo.

Satélite

Houve apenas uma adequação do texto para "melhor esclarecer" que estações vinculadas ao serviço móvel global de satélite (SGMS) estão abarcadas no art. 28 do regulamento. Isso porque houve questionamentos a respeito de "eventual insegurança regulatória" nas faixas de 1.980-2010 MHz e 2.170-2.200 MHz. No entanto, as subfaixas manterão o status quo, conforme regulamentação da Resolução nº 733/2020. (Contribuiu Henrique Julião)

Fonte: Teletime News de 3 de novembro de 2022, por Bruno do Amaral.

Regulamento da adaptação tem novos projetos incluídos pela Anatel e fim da obrigação de reorganização societária

Com base em análise de impacto regulatório (AIR) da área técnica, o Conselho Diretor da Anatel aprovou a proposta de reavaliação pontual do Regulamento de Adaptação das Concessões de telefonia fixa. O relatório do conselheiro Moisés Moreira apresentou na reunião desta quinta-feira, 3, em particular nova condição para assinatura das adaptações de outorgas de mesmo grupo e a inclusão de quatro novos projetos de investimentos.

Neste último caso, há a atualização dos projetos atuais de backhaul com fibra (sedes ou localidades sem a tecnologia) e serviço em 4G em sedes, localidades e áreas rurais sem banda larga móvel, além de rodovias federais ou estaduais sem cobertura. Mas agora esses estão ligados aos novos projetos:
>banda larga fixa (setores censitários ou localidades; pontos de interesse);
>expansão de capacidade de backhaul;
>rotas de redundância em trechos vulneráveis; e
>ampliação de capacidade do SMP.

"Como os projetos são complementares, as operadoras só poderão pegar os novos se estiverem com os projetos atuais", explicou Moreira. Para o conselheiro, a alteração regulamentar garante que as obrigações continuem a ser executadas "sem esvaziamento". Essa alteração também atende ao item nº 30 da agenda regulatória 2021-2022, considerando projetos já incluídos no edital do 5G, em termos de ajustamento de conduta (TACs), obrigações de fazer e no PGMU V.

Já na simplificação da adaptação das concessões para o modelo de autorização, agora está prevista a possibilidade de que a assinatura do termo único seja feita sem a necessidade de reorganização societária de empresas de mesmo grupo. Isso porque o Regulamento de Adaptação de Concessões (Resolução nº 741, de 8 de fevereiro de 2021), trouxe insegurança jurídica por uma possibilidade de interpretação de que seria necessário a dissolução do grupo econômico.

Com a revisão, que seguiu a área técnica, a operacionalização dos termos únicos agora traz a assinatura de todas as prestadoras do grupo. "Na mesma AIR avaliou-se que todas as empresas do grupo fazem parte do termo, e isso não interfere na continuidade do serviço", destacou o conselheiro Moisés Moreira.

Fonte: Teletime News de 3 de novembro de 2022, por Bruno do Amaral.

Concessionária testa conectividade de carros inteligentes usando WiFi em rodovias

A Eixo SP, concessionária de rodovias que atua em São Paulo, fez uma parceria com a montadora chinesa BYD para testar a conectividade em carros inteligentes. A tecnologia usada envolve aplicações de comunicação via rede de WiFi, conhecidas como V2I (veículo-infraestrutura-veículo) em pontos de acesso na rodovia SP 310 – a rodovia Washington Luís, entre os município de Itirapina e São Carlos.

Nos testes de conectividade, foram usados o streaming de vídeo e aplicativos de navegação por GPS com o carro em movimento. Segundo a empresa, o dispositivo de multimídia de 15 polegadas do carro usado, o SUV Tan, desempenhou sem interferências as funções em multitarefas, a partir do uso simultâneo destas aplicações, inclusive da captação de imagens em 360 graus do veículo em movimento, transmitidas em tempo real por oito câmeras embarcadas no veículo.

"Foi uma parceria muito proveitosa que nos deu uma dimensão da capacidade de nossa rede, que compõe o maior corredor conectado da América Latina, em um sistema que iremos adotar em um futuro próximo. Hoje o usuário já utiliza esse sinal para obter informações e acesso aos serviços da Eixo SP, mas em breve veículos e viajantes conectados serão uma realidade", afirma Sergio Santillan, diretor-presidente da concessionária.

Energia verde

Além da conectividade, a Eixo SP também está se preparando para o fornecimento de energia limpa para a circulação de veículos elétricos pelas 12 rodovias que administra. Segundo a empresa, em breve as bases de atendimento ao usuário disponibilizarão os pontos de recarga abastecidos por usinas fotovoltaicas instaladas em cada prédio operacional e reforçada por uma fazenda solar que irá gerar 1,9 MW/h, na região de Garça (Oeste do estado).

Atualmente, todos os prédios operacionais da empresa concessionária já são abastecidos por energia solar. Os veículos que operam as balanças móveis já são 100% elétricos e em breve a concessionária começará a testar um guincho leve, também elétrico, em sua operação rodoviária. Estas iniciativas estão inseridas nas políticas ESG da corporação.

Fonte: Teletime News de 3 de novembro de 2022, por Marcos Urupá.

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Transição de governo começa na quinta-feira, 3, liderada por Alckmin

A primeira manifestação de Jair Bolsonaro após perder a eleição de presidente da República para Luís Inácio Lula da Silva reduziu incertezas sobre a transição de governo, que deve ser iniciada na próxima quinta-feira, 3, e coordenada pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin.

A sinalização foi feita pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, após o breve pronunciamento de Bolsonaro nesta terça-feira, 1º. Segundo o político do PP, o presidente em exercício "autorizou" o início do processo, que teve Alckmin apontado como coordenador pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também nesta terça-feira, 1º.

A indicação do vice-presidente de Lula deve ser formalizada na quinta-feira (após o feriado de Finados), ainda segundo Nogueira. A transição do governo é um ponto que vem sendo acompanhado de perto pelo mercado; a equipe coordenada por Alckmin poderá contar com até 50 integrantes, nomeados em comissão pela Casa Civil.

No Ministério das Comunicações, segundo apurou este noticiário, ainda não foram definidos os interlocutores que dialogarão com a equipe de transição. A expectativa é que isso seja discutido na próxima quinta, depois da formalização do início do processo junto à Casa Civil.

O time deve se inteirar sobre o funcionamento dos órgãos e entidades da administração pública federal, podendo requisitar dados sobre contas públicas, programas e projetos do governo federal. A equipe deve direcionar os primeiros atos do presidente eleito e poderá exercer funções até dez dias após a posse.


O processo está instituído no Brasil desde a transição de FHC para o primeiro mandato de Lula, por meio da Lei 10.609/2002 (e depois do decreto 7.221/2010). Na transição de governo entre Bolsonaro e Michel Temer, em 2018, 27 nomes foram apontados para a equipe de transição, na época liderada pelo então deputado federal e agora candidato derrotado ao governo do Rio Grande do Sul, Onyx Lorenzoni.

TCU

Neste ano, uma comissão do Tribunal de Contas da União (TCU) também deve acompanhar o processo. Um comitê para função foi anunciado na última segunda-feira, 31, e será coordenado pelo presidente em exercício do tribunal, Bruno Dantas. Os ministros Vital do Rêgo (relator das contas do presidente da República do primeiro ano do próximo governo), Jorge Oliveira (relator das contas do último ano do atual governo) e Antonio Anastasia (relator das contas da Casa Civil) são os outros nomes para o comitê.

Fonte: Teletime News de 1 de novembro de 2022, pela Redação da Teletime.

O que pensam os DPOs das principais operadoras de telecom brasileiras

Peça crucial na adequação das empresas à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), os encarregados de dados (DPOs) das principais operadoras de telecom brasileiras classificam como desafiador e de grande importância estratégica o processo de adaptação à legislação.

Nesta terça-feira, 1º, representantes dos departamentos na Claro, Vivo, Oi e TIM participaram de debate promovido pela entidade das operadoras móveis Conexis. Na ocasião, o código de boas práticas em proteção de dados do setor foi discutido.

Para a DPO da Vivo, Andrea Mattos, a vigência da LGPD e a recente autonomia para a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), que virou autarquia, representam um "marco divisor de uma série de novos diálogos" para a cadeia, até então centrada na Anatel.

"Privacidade é uma pauta permanente para todos os setores, mas o tema se destaca para empresas de telecom porque é cada vez mais intensivo o uso e tráfego de dados pessoais no mundo por meio das redes, que também são responsabilidade das empresas de telecom", sintetizou Mattos.

"Tanto é relevante o tema que uma Emenda Constitucional alterou a Constituição e colocou proteção e privacidade entre os direitos e garantias fundamentais". O desafio, nota a profissional, é ainda mais relevante considerando que setor detém base de dados da maior parte da população brasileira. Neste sentido, a LGPD e a atuação da ANPD seriam fundamentais para "trazer organização para o tema, com definições, responsabilidades e critérios" para novos modelos de negócios.

DPO da Claro, Maria Tereza David também citou amplas redes de clientes, fornecedores, parceiros e tecnologias como elementos que tornam o tema ainda mais complexo em telecom. "Novos produtos vão surgindo e novas problemáticas também", lembrou a profissional.

Para ela, um dos desafios atuais seria o de conciliar direitos previstos na LGPD com outros já existentes a partir de outros diplomas. Um segundo ponto seria a garantia de transparência para titulares de dados – inclusive para que estes possam alterar ou tenham visibilidade de quais informações são tratadas e para quais finalidades.

"É necessária linguagem acessível, centrada no usuário, e normativos internos para dar visibilidade de como os dados são tratados". Ainda segundo Maria Tereza David, a proteção de dados não deve ser encarada apenas como responsabilidade do encarregado de dados, mas de todos os departamentos das empresas.

Legítimo interesse

Pelo lado da Oi, o consultor executivo de privacidade e proteção de dados Christian Kratochwil mencionou o legítimo interesse como base legal relevante da LGPD para a cadeia de telecomunicações. Pela regra, dados podem ser tratados sem consentimento do titular, mediante critérios como necessidade, licitude e autodeterminação informativa.

"O legítimo interesse não é nem pode ser carta em branco. Ele comporta de forma propositada uma camada mais ampla da atividade de tratamento a partir de um ideal de autorregulação e prestação de contas que é caro para as leis de proteção de dados contemporâneas", afirmou Kratochwil.

Neste sentido, o DPO da TIM, Piero Formica, apontou que as adequações das operadoras envolveram a definição de atividades de "maior risco" dentro do cotidiano de negócios, para atuação em uma lógica de prevenção. "Cabe a cada DPO e a cada empresa entender a materialidade, volumetria, riscos e construir esses relatórios de impacto".

Para Formica, possibilidades como esta tornam a LGPD ainda mais avançada que a GDPR, equivalente europeia para proteção de dados. Em paralelo, outro ponto vislumbrado pelas teles é o fato de empresa e setor que comprovarem boas práticas poderem contar como atenuantes em eventuais sanções, em algo considerado incentivo para a regulação responsiva.

Fonte: Teletime News de 1 de novembro de 2022, por Henrique Julião.

Conexis debate código de boas práticas de proteção de dados para telecom

A Conexis Brasil Digital debateu nesta terça-feira, 1, o Código de Boas Práticas de Proteção de Dados para o setor de telecomunicações. O documento, lançado originalmente em agosto, contém medidas, conceitos, protocolos e regras que devem servir de parâmetros para as operadoras seguirem, tendo como meta garantir a privacidade e a proteção de dados dos usuários dos serviços de telecomunicações.

Para Miriam Wimmer, diretora da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), a proposta vem no sentido de mostrar que o tema da proteção de dados avançou em um tempo relativamente rápido em diversos setores, sendo o de telecomunicações um deles.

Ela lembrou também que além da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), proteção de dados pessoais e o direito à privacidade agora são reconhecidamente direitos constitucionais. O documento elaborado pela Conexis, aponta Wimmer, indica uma postura de um setor regulado que manifesta a intenção de ter um "comportamento virtuoso" e de boa-fé na proteção de dados de seus usuários.

Laura Schertel, pesquisadora da Universidade de Brasília e integrante do Conselho Nacional de Proteção de Dados, destaca que foram um ano e meio de trabalho para tentar chegar ao resultado do documento que hoje é publicado. Ela apontou ainda a complexidade do setor, já que envolve uma grande cadeia produtiva, e com empresas com posturas internas diferentes. O ponto também foi citado por encarregados de dados (DPOs) das próprias teles, conforme apontado por TELETIME.

O documento

O Código de Boas Práticas de Proteção de Dados discutido nesta terça está dividido em duas partes. A primeira é a parte geral, que contém conceitos, definições da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e os marcos legais de proteção de dados que podem ser aplicados ao setor de telecomunicações.

A segunda parte contém os protocolos voltados para compartilhamento, processamento e armazenamento de dados dos clientes de telecomunicações. O documento também aponta quais são os protocolos que devem ser utilizados para a transferência internacional de dados e quais são os direitos dos titulares dos dados.

O grupo de trabalho capitaneado pela Conexis contou com DPOs de todas as operadoras, além de especialistas no assunto. A coordenação acadêmica da proposta foi de Laura Schertel. Pela Conexis, a coordenadora do grupo de trabalho foi de Natasha Nunes.

Veja o documento completo aqui.

Fonte: Teletime News de 1 de novembro de 2022, por Marcos Urupá.

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Governo Lula 3: um mundo bem diferente

As eleições terminaram e Luiz Inácio Lula da Silva voltará à presidência no dia 1 de janeiro de 2023 com uma realidade, pelo menos no que diz respeito ao ambiente das comunicações, bastante diferente daquela que encontrou 20 anos atrás e daquela encontrada quando o PT saiu do poder, em 2016. A boa notícia é que Lula, neste terceiro mandato, será o primeiro presidente que poderá tocar a pauta setorial olhando a maior parte do tempo para frente do que para o retrovisor, com uma agenda 95% renovada em relação ao modelo que foi estabelecido pela Lei Geral de Telecomunicações. Nos últimos 20 anos, as coisas evoluíram muito, e para melhor, ainda que os desafios continuem grandes.

No primeiro governo Lula a privatização do Sistema Telebrás, realizada em 1998, ainda era um fato recente, as cicatrizes daquele processo estavam ainda abertas e havia um considerável grau de revisionismo no ar. Hoje, obviamente, tudo isso já está muito distante no passado e resta apenas uma reflexão ainda necessária sobre o papel da Telebrás daqui para frente. A estatal foi reativada no contexto do Plano Nacional de Banda Larga de 2009, e desde então é uma empresa deficitária e sem foco. Hoje, tem como principal função operar o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (concebido no final do governo Lula, mas colocado em operação só na Era Temer). Desde o governo Dilma, a Telebrás deixou de ter papel de protagonista na implementação de políticas públicas. Essa tarefa tem sido exercida hoje principalmente pela RNP.

No primeiro governo Lula, o acesso à Internet em banda larga era uma tecnologia que começava a se desenvolver. Em 2003 eram poucos milhares de acessos. Os 14 anos de governo petista testemunharam um enorme avanço nesse setor, para pouco mais de 22 milhões de acessos. Mas nos seis anos seguintes, esse número dobrou e já passa dos 45 milhões de acessos. O fenômeno se deve à massificação da fibra ótica e atuação dos provedores de Internet locais e regionais. Eles tiveram papel central nesse crescimento, e o surgimento destes atores tem muito mais a ver com uma forte demanda de mercado e de medidas regulatórias do que de qualquer política pública específica.

No início do primeiro mandato de Lula, a tecnologia móvel que crescia era o GPRS (2G), com capacidade de transmissão de dados rudimentar. Ao final dos governos do PT, o 4G já era realidade e o 5G aparecia no horizonte. Hoje são 260 milhões de acessos, a maior parte 4G, e com um rápido crescimento do 5G, que potencialmente abre novas possibilidades técnicas, inclusive proporcionando políticas públicas específicas e focadas em aplicações, e não apenas nas redes.

Universalização encaminhada

Lula iniciará seu terceiro mandato, portanto, com o desafio de universalizar a banda larga praticamente resolvido, e as lacunas de cobertura ainda existentes estão endereçadas nos compromissos do 5G, Plano Geral de Metas de Universalização e outras políticas em curso. É certo que em 2021 ainda existiam cerca de 18% da população sem acesso, mas as causas não são decorrentes necessariamente da falta de rede ou cobertura. O desafio da universalização da banda larga, conforme dados da pesquisa TIC nos Domicílios, está principalmente ligado ao custo, acesso a dispositivos, falta de interesse ou familiaridade com o uso da tecnologia. O desafio que se coloca é, portanto, bem diferente dos que se colocaram durante os governos do PT, o que exigirá políticas públicas muito mais voltadas ao estímulo da demanda e de aplicações do que à ampliação ou gestão das redes.

Outra página que o terceiro governo Lula pegará virada é a da carga tributária, principalmente a do ICMS, um problema que por décadas dominou a pauta e que acabou sendo encaminhado no governo Bolsonaro, ainda que por vias indiretas. Com a Lei Complementar 194/2022, feita para estancar o aumento nos combustíveis, o setor de comunicações, assim como energia, foi classificado como serviço essencial. Desta forma, a alíquota saiu dos patamares exorbitantes praticados até então e entrou no mesmo patamar de outros serviços, na casa dos 17%. Não quer dizer que a carga tributária tenha ficado leve para as telecomunicações (como não é para nenhum setor da economia), mas pelo menos agora a perspectiva de uma reforma tributária mais ampla, que é defendida no programa de governo do presidente eleito, passa a ser um caminho mais fácil para resolver as distorções.

Fundos como oportunidade

No âmbito tributário, restam os desafios dos fundos setoriais, mas também nessa frente há boas notícias para o próximo governo. A utilização dos recursos do Fundo de Universalização de Telecomunicações, que durante todos os governos petistas esteve embarreirada, inclusive por limitações legais, está destravada desde 2021. Se o futuro governo tiver políticas e a visão de aplicar esses recursos em projetos para o setor, poderá dispor só ai de R$ 1,5 bilhão ao ano, caso abra espaço fiscal para isso. Já existe um Conselho Gestor criado e projetos encaminhados. Na linguagem política, Lula terá apenas o trabalho de inaugurar a obra pronta, ou de rapidamente estabelecer uma política sua. Na mesma frente, existe hoje uma quantidade significativa de recursos para educação conectada (estima-se em pelo menos R$ 8 bilhões), em diferentes programas em implantação no Ministério das Comunicações, Ministério da Educação e nas metas de 5G, que podem ser aproveitados imediatamente em políticas com impacto social relevante.

Ainda existe o desafio do Fistel, que onera excessivamente os serviços móveis, mas nessa frente há duas novidades em relação à realidade vivida pelos governos Lula e Dilma: a Anatel tem o seu orçamento (bancado pelo Fistel) relativamente blindado por determinação do TCU, e os serviços de IoT gozam de isenção das taxas de instalação e funcionamento, o que também era uma amarra que precisava ser vencida.

Existem ainda questões importantes relacionadas às contribuições setoriais que merecem reflexão: a CFRP, contribuição dedicada à radiodifusão pública, só fará sentido caso haja uma radiodifusão pública, visto que hoje o que existe é uma estatal dedicada à propaganda do Executivo; e a Condecine-Teles, que leva cerca de R$ 1 bilhão do setor, e que pode ser repensada à luz de novas políticas audiovisuais alinhadas com a nova realidade de consumo de conteúdos por streaming.

Caberá justamente ao próximo governo do PT dar um destino para a legislação atual de TV por assinatura, que foi gestada no segundo mandato de Lula e nasceu no primeiro governo Dilma. O mercado de TV paga hoje é muito diferente do que era nos governos petistas, quando chegou ao seu ápice de 20 milhões de usuários em 2014, consequência direta do aumento do poder de compra da classe C. Desde então, o setor perdeu mais de um terço de seu tamanho, os serviços de streaming ganharam protagonismo e aquelas políticas estabelecidas na Lei 12.485/2011 hoje fazem pouco ou nenhum sentido da forma como estão. Algumas das mais importantes e exitosas políticas, como as de estímulo ao conteúdo audiovisual nacional, perdem a validade em 2023. Caberá ao futuro governo Lula, que nos seus discursos enfatizou reiteradas vezes a importância que pretende dar ao setor cultural (e a um Congresso muito mais conservador), decidir o que fazer com essas políticas. São obrigações que afetam um mercado relevante como é o do audiovisual, mas que também tem peso tributário e regulatório pesados sobre as telecomunicações.

A agenda da transformação e da Internet

A agenda da transformação digital também teve avanços importantes nos últimos anos. Estes avanços precisam ser corretamente avaliados pelo futuro governo na hora de propor as políticas setoriais. Hoje o Estado já opera com base em múltiplas plataformas digitais, inclusive no atendimento ao cidadão. Não se pode negar os avanços nessa frente, mas ainda falta coordenação entre as diferentes iniciativas e atores governamentais, um diálogo cuidadoso às questões de proteção de dados pessoais e a ampliação do uso da tecnologia não apenas para o atendimento do cidadão, mas também para a própria eficiência do Estado.

Também faltam políticas públicas que possibilitem a indução do processo de transformação digital de maneira transversal na economia e em áreas estratégicas como educação, saúde, segurança e cidades inteligentes. Se estas políticas vierem, constituirão, definitivamente, uma agenda muito mais alinhada com as novas necessidades do País e em linha com o que se busca em outros países. Muito disso aparecia nos planejamentos feitos nos meses finais do governo Dilma, houve alguns avanços desde então e o próprio PT reconhece a importância dessa estratégia no conjunto de 13 medidas para a transformação digital elaborada na fase de campanha. Também é uma agenda perfeitamente alinhada às demandas setoriais atuais. Tudo converge para que esta seja uma agenda dominante.

Um dos grandes desafios nessa frente, contudo, será o de formar profissionais capacitados no volume necessário, considerando o atrofiamento das políticas de ciência e tecnologia nos últimos anos, e encontrar formas de estimular rapidamente o desenvolvimento do ecossistema de aplicações, conectividade e integração.

Há ainda uma agenda nova que se coloca para o terceiro governo Lula, que não aparecia no horizonte de maneira relevante nos seus dois primeiros mandatos de Lula e apenas começaram a se esboçar como desafios no final do governo Dilma: o papel dos grandes atores de Internet no cenário econômico, concorrencial e também político. A marca final dos governos do PT nessa frente foi o Marco Civil da Internet, que endereçou um pedaço do problema, mas que hoje parece insuficiente para dar conta dos novos desafios.

De maneira simplificada, a chamada "Regulação das Plataformas" é um desafio comum em diferentes países, que seguem diferentes abordagens. No Brasil, o debate ficou praticamente interditado durante o governo Bolsonaro, pela falta de iniciativas do Executivo e do Legislativo. Ao anunciar o resultado das eleições, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, trouxe uma perspectiva para o problema: as empresas de Internet não podem ser vistas apenas como plataformas tecnológicas, mas como veículos de comunicação, com deveres e responsabilidades. Não é a única perspectiva sobre o tema, nenhum dos caminhos existentes é simples, e há muitas outras dimensões para além das questões de desinformação trazidas pelo presidente do TSE. Por exemplo, a dimensão concorrencial, as assimetrias regulatórias e tributárias e as questões de segurança cibernética. No Brasil, a Anatel tem dado alguns passos no sentido de iniciar o debate, mas certamente esse será um tema a ser enfrentado pelo próximo governo Lula de maneira muito mais ampla.

O esqueleto no armário

Mas nem tudo será novo para o novo governo Lula. Entre os esqueletos no armário setorial e que perfazem ainda a "pauta velha" com que o presidente eleito precisará se preocupar está o fim das concessões de telefonia fixa. Não deixa de ser irônico que esta bomba tenha caído no colo de Lula, de novo. Em seu segundo mandato, o agora futuro presidente promoveu uma das mais agressivas intervenções no modelo para permitir a fusão da Oi com a Brasil Telecom, na busca de fomentar um grande campão nacional. Deu tudo errado. A Oi é hoje uma fração minúscula do que chegou a ser, enfrenta um processo de recuperação judicial que começou quando o governo Dilma Rousseff terminava, e o futuro da operadora é absolutamente incerto diante do cenário regulatório e financeiro.

Se der tudo certo para a Oi, ela será uma operadora sem rede própria, focada em serviços de Internet residenciais e serviços corporativos. Mas para isso acontecer, precisa conseguir migrar sua concessão de telefonia fica para o modelo de autorização, precisa ter saúde financeira para pagar seus compromissos pós-recuperação judicial e se manter competitiva sem ter uma rede móvel própria. O "tudo certo" passa pela Anatel conseguir fechar um modelo de migração da concessão que seja viável para a Oi (hoje a proposta da Anatel prevê uma contrapartida em investimentos de R$ 12 bilhões, o que para a Oi está fora de cogitação), esse modelo precisa passar pelo crivo do TCU, e é preciso saber qual será o final do processo de arbitragem entre a operadora e o governo, pelo qual a Oi pede R$ 16 bilhões em reparações. Se nada disso der certo, o governo Lula precisará assumir a operação de telefonia fixa, ou tentar licitá-la novamente, e certamente haverá uma longa batalha judicial entre a Oi e o governo.

Sem a complicação do processo de recuperação judicial da Oi, o mesmo problema está colocado em relação aos demais concessionários de telefonia fixa: Telefônica, Claro (na longa distância), Algar e Sercomtel (hoje Ligga Telecom). Em todos os casos o dilema do governo é: o que fazer em 2025, quando acabam os contratos de concessão atual, e o que colocar no lugar. Mas com certeza, telefonia fixa é um serviço irrelevante como serviço público, pouco atrativo do ponto de vista comercial e oneroso caso o Estado tenha que operá-lo.

O que fica evidente é que os desafios setoriais a serem enfrentados pelo terceiro governo Lula a partir de 2023 diferem, em muito, daqueles enfrentados nas demais gestões petistas. Ainda há heranças e espólios daquela época, mas os tempos são outros, com um mercado bem diferente, desafios completamente novos e políticas que se consolidaram nos últimos seis anos bastante diferentes do que se tinha. É com isso que o novo governo precisará lidar.

Fonte: Teletime News de 31 de outubro de 2022, por Samuel Possebon.