Para a Associação Nacional dos Analistas de TI, o novo ataque a sistemas do Ministério da Saúde reforça os alertas da entidade sobre a necessidade de revisão dessa carreira no governo federal. Para o presidente da Anati, Thiago Lima, a administração pública não está sabendo reter, muito menos ampliar, pessoal qualificado em tecnologia da informação.
“Quando não se tem gente especializada em TI no governo, gestor especializado nas soluções, na gestão dos recursos de TI, quando não se tem isso de forma suficiente, é natural acontecer esse tipo de desastre. Enquanto não se investir na carreira de tecnologia, reestruturar esse cargo e remunerar de acordo com o mercado, vamos continuar como cachorro correndo atrás do rabo”, afirma Lima.
Desde a madrugada desta sexta, 10/12, vários sistemas do Ministério da Saúde estão inacessíveis. Hackers divulgaram um comunicado alegando se tratar de um ataque de ransomware, com sequestro de 50 TB de informações. O governo, porém, afirma que será possível recuperar os dados.
“Estamos com alguns sistemas temporariamente indisponíveis. O Departamento de Informática do SUS/Datasus está atuando com a máxima agilidade para o reestabelecimento das plataformas. O GSI e a Polícia Federal estão nos apoiando nas investigações deste incidente”, disse o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, por meio do Twitter.
Em entrevista à TV Globo em Belo Horizonte (MG), Queiroga afirmou que “esses dados não serão perdidos, o Ministério da Saúde tem todos os dados, é só uma questão de resgatar esses dados e colocá-los à disposição da sociedade”. Desde 1h desta sexta, o ataque tornou indisponíveis os sistemas e-SUS Notifica, Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI), ConecteSUS e funcionalidades como a emissão do Certificado Nacional de Vacinação Covid-19 e da Carteira Nacional de Vacinação Digital.
Para o presidente da Anati, o fato de mesmo em um órgão do porte do Datasus ser atingido evidencia os problemas. “Não tem gente suficiente, nem em um órgão do tamanho do Datasus. Pega o tamanho da estrutura do Datasus e compara com a iniciativa privada. Não tem gente. São poucas pessoas nos órgãos. Tem alguns órgãos com dois, três analistas de TI para fazer gestão de milhões em soluções de tecnologia e contratos. É complicado. A situação está caótica.”
“Sofremos um apagão da carreira de tecnologia em âmbito nacional. E enquanto a iniciativa privada cria mecanismos de atração de talentos, o Estado não está. Os últimos três concursos para analista de informação não conseguiram preencher o número de vagas”, completou. Segundo a Anati, o último concurso para analistas de TI, com exceção dos cargos temporários para digitalização de serviços, foi em 2015.
Fonte: Convergência Digital de 10 de dezembro de 2021, por Luis Osvaldo Grossmann.
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