A TIM apresentou nesta quinta-feira, 3, em São Paulo, seu novo portfólio para pré-pago, controle e pós-pago em parceria com empresas over-the-top, incluindo recurso de chamadas de áudio ilimitadas pelo WhatsApp e franquia extra para reproduzir vídeos no YouTube. A estratégia de parcerias com provedores de serviços e conteúdo OTTs é um caminho natural para a operadora, mas não deixa de ser uma ruptura em relação ao posicionamento das teles de quase três anos atrás, quando o então presidente da Vivo e atual CEO da Telecom Italia (que é controladora da TIM Brasil), Amos Genish, chamou o aplicativo de "operadora pirata" por usar números e clientes "sem obrigações regulatórias, jurídicas e fiscais" enquanto competia com as teles tradicionais com o serviço de voz por IP. A mesma postura crítica chegou a ser adotada pelo governo na época.
De acordo com o COO da TIM Brasil, Pietro Labriola, as desavenças estão no passado. "Essa frase de que o WhatsApp era pirataria é de três anos atrás, não importa mais; em três anos o mercado muda muito", afirmou ele em coletiva de imprensa. "Não faz sentido ter briga sobre a modalidade que o cliente quer mais, e isso tem que ser um aprendizado para todas as operadoras de telecomunicações."
O contexto mudou não apenas para o aplicativo do Facebook. "Por essa razão, quatro ou cinco anos atrás poderíamos ler como algo que estava destruindo nosso modelo de negócio. Mas em 2011, a TIM foi 'pirataria de telecom' quando lançou oferta ilimitada de longa distância, não tínhamos nada a perder e ganhamos conta do mercado", compara Labriola.
Na prática, a parceria para oferecer o uso de VoIP ilimitado/zero rating acaba trazendo benefícios para a operadora. Isso porque o cliente que já tem recurso de voz tradicional ilimitada deixa de usar essa função para ligar via WhatsApp, gerando economia no custo de interconexão para a TIM. Nas contas da empresa, a economia ocorre no preço do custo da VU-M. "Para cada ligação que não vai na rede de outra operadora e que seja feita na rede do WhatsApp, teremos economia de R$ 0,05", declara. Segundo o executivo, tampouco a empresa está queimando receita com a iniciativa. "Não somos empresa que faz caridade, temos que lutar pelo resultado, [ter] o que o cliente quer e entregar [retorno] para o acionista."
O executivo confirma que as parcerias com OTTs não são de dados patrocinados. "Não é parceria comercial, eles não pagam para TIM e a TIM não paga para eles", declara. A estratégia é oferecer "mais por mais", repassando custos para o cliente em troca dos recursos. "O pacote de serviços precisa de R$ 20 adicionais, então o cliente vai pagar pelo serviço", conta. "O que é importante compartilhar é que coerentemente, o modelo de negócios é menos a competição no preço, é mais importante na fidelização do cliente", diz.
A parceria com OTTs não inclui apenas o VoIP no WhatsApp, mas também para os aplicativos Messenger (também do Facebook) e, futuramente, também com o Telegram – Labriola diz que gostaria de contar também com outros serviços, como Skype, mas não revelou se há negociações nessa direção. Há ainda a inclusão de redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter) e apps de mobilidade (Easy Taxi e Waze) no mesmo modelo de zero-rating. Para o pacote de vídeos, disponível para clientes pós em planos com franquia acima de 10 GB, a companhia incluiu o YouTube (além de Netflix, Looke, Esporte Interativo e Cartoon Network) no modelo de dobro de franquia para gastar com esses serviços.
Fonte: Teletime News de 3 de maio de 2018, por Bruno do Amaral.
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