Controlador de um dos bancos mais tradicionais do país, o Grupo Safra ensaia retorno ao setor de telecomunicações, 15 anos depois de ter vendido sua participação na operadora BCP. A Anatel autorizou, na semana passada, a J.Safra Telecomunicações a explorar serviços de telecomunicações por meio de uma operadora móvel virtual. Esse tipo de operação não possui rede própria nem frequencias e utiliza a infraestrutura de outras empresas de telecomunicações. No caso da J.Safra, foi fechado contrato de dez anos para uso da rede da Claro, apurou o Valor. No mercado, essa iniciativa é vista como um esforço para alavancar a expansão da SafraPay, empresa de "maquininhas" de processamento de operações com cartão.
A autorização da Anatel abrange a prestação de serviço de telecomunicações móveis em todo o território nacional por tempo indeterminado.
A investida não é a primeira do grupo em telecomunicações. No Brasil, o banco fez parte do consórcio que arrematou em 1997 - antes mesmo da privatização do Sistema Telebras - a operadora de telefonia móvel BCP. Com atuação em São Paulo e no Nordeste, a BCP tinha como principais acionistas o Grupo Safra e a americana Bell South, cada uma como 42,5% do capital. A companhia acabou sendo vendida, em 2003, para o grupo mexicano Telmex, incorporado depois à holding América Móvel, que no Brasil engloba as marcas Claro, Embratel e Net.
Com ramificações em 22 países de três continentes, o grupo lançou em junho do ano passado sua empresa de meios pagamentos eletrônicos, a SafraPay, que oferece "maquininhas" terminais de processamento de operações com cartões.
No mercado, o recente movimento do Safra no segmento de telecomunicações é visto mais como um esforço para implusionar a expansão do terminal de pagamentos SafraPay do que como uma tentativa de estabelecer uma operadora móvel para disputar espaço com provedores tradicionais.
Na contramão do mercado de telefonia móvel, que desde o fim de 2015 já perdeu mais de 22 milhões de linhas, as operadoras de redes virtuais continuam a crescer. O total de linhas na base dessas empresas chegou a 925.500 em maio deste ano, o que representa uma expansão de 18,5% em relação ao montante registrado em dezembro de 2017. Os dados foram compilados pela consultoria Teleco, que estima um número de linhas em torno de 1 milhão quando forem computados os números do primeiro trimestre deste ano.
Fonte: Jornal O Valor de 11 de julho de 2018 - Página B7 - por Rodrigo Carro.
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