quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Anatel aprova proposta de edital de venda da Sercomtel

O Conselho Diretor da Anatel aprovou em circuito deliberativo a proposta de edital de licitação para concessão de telefonia fixa (STFC) na modalidade local e autorização de STFC nas modalidades Longa Distância Nacional (LDN) e Longa Distância Internacional (LDI) da operadora paranaense Sercomtel. A proposta de edital estava desde junho no conselho e também compreende autorização de Serviço Móvel Pessoal (SMP), autorização de Serviço de Comunicação Multimídia (SCM), e autorização de uso de radiofrequências nas faixas de 800 MHz e 1.800 MHz. Todas as licenças são do setor 20 do Plano Geral de Outorgas (PGO), região que compreende os municípios de Londrina e Tamarana, no interior do Paraná.

De acordo com o acórdão, o edital, que passou por consulta pública, ainda passará por análise do Tribunal de Contas da União (TCU). Enquanto ocorrer o exame, os Processos Administrativos por Descumprimento de Obrigações (PADO) nos quais se discute a possível aplicação de caducidade na empresa, bem como a cassação das autorizações, permanecem suspensos até que a proposta de edital retorne do TCU. Uma vez retornada, a área técnica da agência também deverá elaborar proposta de formação da Comissão Especial de Licitação, a ser encaminhada para aprovação do presidente da agência, Leonardo Euler. A área técnica também finalizará o estudo para determinar o preço mínimo das outorgas a serem licitadas.

A decisão não foi unânime. Votaram a favor da proposta do edital, os conselheiros Emmanoel Campelo (relator), Moises Moreira e o presidente Leonardo Euler. Aníbal Diniz se manifestou contrário à proposta. Na visão de Diniz, a conversão do PLC 79/2016 em lei irá mudar consideravelmente a perspectiva sobre a qual se julga o mérito da discussão (caducidade da concessão da Sercomtel). "A possibilidade de conversão de sua concessão em autorização, nos termos do art. 144-A, especialmente no que tange ao seu inciso II, implica na real capacidade de modificar seus riscos e o valor futuro de seus fluxos de caixa, ao trocar desembolsos relacionados a um serviço, o STFC, que destrói valor, por investimentos em serviços que incorporam muito mais riqueza e rentabilidade". O entendimento, vencido, foi acompanhado pelo conselheiro Vicente Aquino.

Também em junho, foi aprovado em votação na Câmara Municipal de Londrina um projeto de lei que permitiu a privatização da Sercomtel: a composição acionária da estatal é de 55% da Prefeitura de Londrina e 45% da Copel.

Fonte: teletime News de 17 de setembro de 2019, por André Silveira.

Senadores querem que PL de Vanderlan tramite em outras comissões

Nesta terça-feira, 17, três requerimentos foram protocolados na Secretaria-Geral da Mesa (SGM) do Senado Federal pedindo que o PL 3.832/2019 tramite e seja discutido em outras comissões da casa. O projeto do senador Vanderlan Cardoso (PP-GO) altera a Lei 12.485/2011 (Lei do SeAC), propondo o fim das restrições à propriedade cruzada entre operadoras de telecomunicações e produtores de conteúdos.

O senador Nelsinho Trad (PSD-MS), pede que o projeto de lei de Vanderlan seja examinado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). O autor do segundo requerimento, senador Humberto Costa (PT-PE), por sua vez solicita o trâmite do projeto pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). A senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE) tem o mesmo entendimento do senador petista e também requereu que o projeto de lei tramite pela CE. O PL 3.832/2019 está como o primeiro item da pauta da reunião da quarta-feira, 18, da Comissão de na Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Inovação do Senado (CCT).

Segundo o regimento do Senado Federal, o senador Vanderlan Cardoso, que além de autor do projeto é também presidente da CCT, deve remeter o processado (autos) do projeto para a Secretaria-Geral da Mesa para que o seguimento da tramitação dos requerimentos.

Até o momento do fechamento desta matéria, a assessoria do senador Vanderlan não respondeu se o processado do projeto de lei foi enviado para a SGM.

Fonte: Teletime News de 17 de setembro de 2019, por Marcos Urupá

Vivo e Oi negam conhecimento de qualquer proposta de fusão

A Telefônica/Vivo e a Oi negaram em comunicados individuais conhecimento sobre qualquer tratativa de uma fusão no Brasil. Particularmente, a Vivo afirmou que está "tomando providências" para verificar junto à controladora espanhola se há de fato uma intenção de o grupo comprar total ou parcialmente a concorrente. A companhia fez a declaração ao responder nesta terça-feira, 17, a um questionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre o rumor da transação em matéria veiculada no jornal espanhol El Confidencial na segunda-feira.

A Vivo diz não ter conhecimento da "possível origem" das informações do periódico espanhol e que, por isso, entende não haver qualquer fato relevante a ser comunicado a respeito. Mas complementa: "Nada obstante, a companhia informa que está tomando providências para averiguar junto à Telefónica S.A., acerca do conhecimento de informações a respeito do referido assunto que deveriam ser divulgadas ao mercado. Caso receba manifestação por parte de sua controladora nesse sentido, a companhia procederá a devida divulgação, consoante a legislação aplicável".

No mesmo comunicado ao mercado, a Telefônica/Vivo ainda esclarece a respeito de um comentário citado em matéria da agência de notícias Broadcast, que menciona a atuação mais focada no estado de São Paulo da empresa e que isso a levaria a buscar a capilaridade da Oi no restante do País. Conforme explica a tele, essa ponderação é atribuída não à fonte citada pelo El Confidencial, mas a um gestor de investimentos, cuja declaração "não possui lastro em qualquer informação ou declaração por parte da companhia e/ou de seus administradores". 

Por sua vez, a Oi emitiu comunicado em resposta a questionamento da CVM ainda na noite da segunda-feira, 16, também negando conhecimento sobre a proposta de transação. "Em atendimento ao ofício em referência, a diretoria da Oi esclarece que desconhece por completo a informação veiculada na matéria da Agência Broadcast acerca de qualquer eventual proposta de compra dos ativos da companhia por parte da Telefônica Brasil", diz a empresa. 

A Oi voltou a afirmar compromisso com acionistas e mercado para divulgação de aspectos "relevantes e significativos" do negócio, mas também reiterou a mesma mensagem que tem colocado após outros rumores veiculados na mídia: "investidores e o mercado em geral devem pautar-se tão somente pelas divulgações oficiais realizadas pela companhia".

Fonte: Teletime News de 17 de setembro de 2019, por Bruno do Amaral.

CPI das Antenas quer aplicação de multa mensal de R$ 160 mil em ERB sem licença

Durante nova reunião da CPI das Antenas da Câmara Municipal de São Paulo, vereadores membros da comissão parlamentar afirmaram que a cidade deve "endurecer a fiscalização" sobre estações radiobase (ERBs) sem licenciamento junto ao município. Uma das medidas prometidas é a aplicação de multa de R$ 160 mil mensais para cada site irregular.

A este noticiário, o vereador Camilo Cristófaro (PSB) afirmou que tais sanções já deveriam estar sendo aplicadas, o que não ocorreria por "prevaricação" das prefeituras regionais. Segundo o parlamentar, uma minuta do relatório final da CPI está sendo finalizada em trabalho conjunto dele com o vereador relator da CPI, Isac Félix (PL), devendo "mudar as coisas" e instituir uma fiscalização mais ativa.

"Nós vamos endurecer o jogo", afirmou Cristófaro, em reunião realizada nesta terça-feira, 17. Na ocasião, vereadores paulistanos voltaram a destacar o débito das principais empresas do setor com a cidade; não necessariamente relacionados com a falta de licenciamento de ERBs, os valores inscritos em dívida ativa somam R$ 40,02 milhões. Já as multas nas quais ainda cabe contestação somam outros R$ 70,1 milhões (também não necessariamente vinculados à falta de licença para torres).

Uma das depoentes da reunião desta terça-feira, a American Tower, por exemplo, tem R$ 26,2 milhões em multas onde ainda cabe contestação e outros R$ 2,1 milhões já inscritos na dívida ativa (destes, afirma já ter pago R$ 413 mil). A gestora de infraestrutura (ou tower company) atua na cidade desde 2000.

A empresa também atualizou o número de torres detidas por ela na cidade de São Paulo (após primeira participação na CPI, realizada no mês de maio): são 1.235, incluindo 13 sites indoor instalados na capital paulista. Do total, 574 torres seguem sem licença, ou 46%.

Aos vereadores, o CEO da American Tower no Brasil, Flavio Cardoso, argumentou que apenas multas ou ordens para a retirada de ERBs sem licenciamento não resolveriam o problema da cidade. "A CPI tem deixado bem evidente que temos uma lei que está ultrapassada", afirmou o executivo, em referência à Lei das Antenas atual, datada de 2004.

De acordo com Cardoso, o arcabouço em São Paulo impossibilita a regularização das ERBs, o que significaria uma angústia sobretudo para o setor. "Nós queremos acertar, mas o processo é moroso, monocrático e complexo", afirmou. O CEO da American Tower ainda lembrou que a emissão do licenciamento na cidade dura entre 1,5 mil e 2 mil dias, na média. Membro da CPI, o vereador Fernando Holiday (DEM) fez duras críticas aos órgãos municipais responsáveis pelas licenças de ERBs

Telxius

Também depondo na reunião desta terça-feira, a Telxius (gestora de infraestrutura do grupo Telefónica) reportou 16 sites em operação em São Paulo. Até o momento, todos seguem "em licenciamento". Em sua participação, a empresa destacou a expectativa com a atualização da legislação da cidade e notou que em mercados internacionais, alguns modelos de ERB não necessitam mais de licença junto ao poder público.

Fonte: Teletime News de 17 de setembro de 2019, por Henrique Julião.

OneWeb e Iridium assinam MoU para oferta conjunta de serviços em LEO

As operadoras satelitais OneWeb e Iridium assinaram nesta terça-feira, 17, um memorando de entendimento (MoU) para viabilizar uma oferta conjunta de serviços. A ideia é combinar os produtos de banda L da Iridium com os de banda Ku da OneWeb em suas respectivas redes de órbita baixa (LEO) para "tornar mais fácil para os parceiros mútuos" oferecer oportunidades de marketing e do combo de serviços. 

O MoU também cria oportunidades para as companhias fabricarem terminais tanto para a OneWeb quanto para Iridium. Com isso, pretendem incluir pacotes adicionais para provedores poderem oferecer um equipamento combinado ou mesmo terminais novos de constelação dupla. Assim, as respectivas capacidades das bandas L e Ku serviriam de forma complementar para operações de missão crítica, como comunicação de chefes de estado, serviços táticos críticos, marítimos e de resposta a desastres.

A complementaridade dos serviços vem com as características físicas de cada espectro. Conforme explicam as companhias, a rede em banda Ku da OneWeb pode entregar conectividade de banda larga com transferência de grandes quantidades de dados, tornando-a ideal para comunicações em aeronaves e para redes de governo e marítimas que requerem uma cobertura global de alta velocidade e baixa latência. Com seis satélites já lançados, a rede da OneWeb demonstrou capacidade de 400 Mbps, com latência média de 32 milissegundos. A partir de dezembro, a operadora começará a efetuar lançamentos mensais de mais de 30 satélites para prover serviço parcial no final de 2020, e cobertura global em 2021.

Já a banda L da Iridium traz a conectividade global resistente a intempéries, levando a aplicações de serviços de segurança para navios, aeronaves, veículos e profissionais de campo, podendo ser uma "capacidade requerida por regulação". A tecnologia da plataforma Certus da Iridium foi lançada em janeiro de 2019, com ofertas flexíveis baseadas nas necessidades do usuário. 

Evento

O Congresso Latinoamericano de Satélites, que acontece nos próximos dias 26 e 27 de setembro, no Rio de Janeiro, terá na manhã do primeiro dia o painel "Novas órbitas, novos modelos", que vai procurar responder quais os modelos de negócio das constelações LEO e de que maneira elas devem afetar a indústria de satélites. Além disso, discutirá qual o espaço para as constelações de média órbita (MEO) e quais as lições aprendidas neste modelo. O debate terá participação de representantes da OneWeb, Eutelsat, SES/O3b e Telesat. Mais informações, a programação completa e as condições de inscrição estão disponíveis no site www.satelitesbrasil.com.br.

Fonte: Teletime News de 17 de setembro de 2019, por Bruno do Amaral.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Anatel adia consulta sobre alteração de regulamentação para facilitar IoT

A Anatel prorrogou por 30 dias o prazo da consulta pública de avaliação da regulamentação que visa reduzir as barreiras regulatórias à expansão da Internet das Coisas (IoT) no Brasil. Em princípio, o prazo de recebimento das contribuições iria até a próxima quarta-feira, 18. Agora, os interessados podem enviar sugestões até 18 de outubro. A agência publicou no Diário Oficial da União desta segunda-feira, 16, um acórdão para divulgar o adiamento.

A medida atende a um pedido do SindiTelebrasil (sindicato que representa as prestadoras). O argumento da entidade, aceito pelo Conselho Diretor, dá conta de que "além do texto da Consulta Pública ser bastante extenso, os temas tratados são de relevância para o setor, razão pela qual as associadas do SindiTelebrasil solicitaram que fosse elaborada uma contribuição de âmbito setorial, por esse sindicato patronal, para a consulta pública em questão". Em função disso, o sindicato argumenta que "o trabalho de construção de uma posição setorial de consenso, demanda tempo de debates e reflexões, que infelizmente não se concluirão no tempo prevista da consulta pública".

O SindiTelebrasil argumenta ainda que "necessitam de revisita a posicionamentos setoriais em momentos passados, tais com a tomada de subsídios da própria Anatel e a Consulta Pública da Câmara IoT".

Fonte: Teletime News de 16 de setembro de 2019, por André Silveira.

Oi volta a ter geração de caixa negativa, mas investimentos batem recorde na RJ

A Oi voltou a ter uma geração de caixa operacional líquida negativa em julho. Segundo informações divulgadas nesta segunda-feira, 16, pelo administrador da recuperação judicial, o Escritório de Advocacia Arnoldo Wald, houve registro negativo de R$ 540 milhões no mês. Trata-se de um aumento de mais de três vezes em relação ao registrado em junho, quando obteve geração negativa de R$ 177 milhões. A administração da operadora diz que o resultado está "em linha com o fluxo previsto" no plano da RJ.

Por outro lado, a empresa registrou no mês o recorde de investimento desde o início da RJ: R$ 702 milhões, um aumento de 29% em relação a junho. O Capex da Telemar foi de R$ 245 milhões (aumento de R$ 39 milhões); enquanto da Oi Móvel foi de R$ 374 milhões (avanço de R$ 90 milhões); e da Oi S.A. totalizou R$ 83 milhões (aumento de R$ 54 milhões). A administração afirma que esse resultado também está "dentro do plano estratégico de aceleração dos investimentos da companhia, principalmente em fibra ótica e de ampliação da rede móvel". 

O grupo ainda teve aumento de R$ 259 milhões em recebimentos, totalizando R$ 2,369 bilhões no mês. A rubrica clientes mostrou aumento de R$ 120 milhões, totalizando R$ 1,616 bilhão – segundo a Oi, por conta do maior número de dias úteis (23, contra 20 em junho). Os recebimentos em serviços de uso de rede tiveram alta de R$ 38 milhões e chegaram a R$ 43 milhões. 

Em pagamentos, houve avanço de R$ 464 milhões, totalizando R$ 2,207 bilhões. A companhia diz que a principal responsável pela maior saída de caixa foi por conta dos pagamentos a fornecedores de materiais/serviços – esse segmento cresceu R$ 528 milhões em relação a junho e totalizou R$ 1,640 bilhão. Isso aconteceu por aumento de pagamentos de interconexão entre as empresas da RJ, elevação de comissão intercompany para a Paggo Lojas por vendas realizadas dos serviços fixo e móvel, e pagamento de aluguéis com vencimentos em 29 e 30 de junho. 

Vale destacar, entretanto, que a empresa gastou menos com tributos no mês. Foram R$ 23 milhões a menos, totalizando R$ 478 milhões. Em depósitos judiciais, houve maior entrada de caixa, passando de R$ 32 milhões em junho para R$ 71 milhões em julho.

Assim, o saldo final do caixa financeiro foi de R$ 3,621 bilhões, uma queda de R$ 524 milhões, ou 12,6%. Essa redução, diz a Oi, está relacionada principalmente com o plano estratégico com aceleração de investimentos em fibra e na móvel (4G e 4,5G), aliado às menores receitas com redução de tráfego de voz, recuo de tarifas de interconexão VU-M e de ligações fixo-móvel, além do "baixo desempenho econômico do país". Por outro lado, um crescimento da receita de dados móveis, do FTTH residencial e do TI corporativo compensou parcialmente a redução.

Fonte: Teletime News de 16 de setembro de 2019, por Bruno do Amaral.

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Anatel abre consulta sobre 'guilhotina regulatória'

A Anatel lançou nesta sexta-feira, 13, a tomada de subsídio do projeto denominado "guilhotina regulatória", que pretende avaliar a necessidade de manutenção ou não de normativos da agência que podem ser desnecessários à regulação do setor. O objetivo é consultar a sociedade quanto à conveniência do projeto, entrando em detalhes dos próprios atos normativos em vigência para entender as percepções e contribuições de agentes setoriais e demais interessados.

As contribuições para a Consulta Pública n° 49 serão recebidas até o dia 11 de outubro e serão utilizadas na elaboração de uma Análise de Impacto Regulatório (AIR), que deve ser finalizada até dezembro. A AIR vai subsidiar o Conselho Diretor na tomada de decisão em relação à abertura de consulta pública sobre a guilhotina regulatória.

Segundo a Superintendência de Planejamento e Regulamentação da agência, o objetivo da guilhotina é rever a regulamentação setorial e eliminar ou substituir normativos obsoletos, insuficientes ou ineficientes, a fim de tornar a regulação mais próxima das demandas atuais da sociedade.

Ações similares têm sido conduzidas por instituições como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério da Economia. A Anatel ressalta que essas mudanças constam das boas práticas internacionais reconhecidas pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). (Com assessoria de imprensa)

Fonte: Teletime News de 13 de setembro de 2019, por André Silveira.

STJ define: devolução de cobrança indevida tem prazo de 10 anos

A devolução de valores cobrados indevidamente por empresa telefônica, relativos a serviços não contratados, deve seguir a norma geral do prazo de dez anos. A decisão é da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ). De acordo com informações do Tribunal, o entendimento segue a linha interpretativa estabelecida pelo STJ na súmula 412 para as tarifas de água e esgoto.

A decisão é fruto de embargos de divergência interpostos contra acórdão da Quarta Turma também do STJ, que entendeu que a cobrança indevida de serviços não contratados por empresa de telefonia configuraria enriquecimento sem causa e, portanto, o pedido de devolução estaria enquadrado no prazo de três anos fixado no artigo 206, parágrafo 3°, IV, do Código Civil.

A autora dos embargos apontou como paradigmas os acórdãos da Segunda Turma nos quais, nesse tipo de situação, foi aplicado o prazo de dez anos, seguindo o que foi definido pela Primeira Seção em 2009 no julgamento do resp 1.113.403, de relatoria do falecido ministro Teori Zavascki, submetido ao regime dos recursos repetitivos.

Na ocasião, a tese firmada foi a de que, ante a ausência de disposição específica sobre o prazo prescricional aplicável à prática comercial indevida de cobrança excessiva, incidem as normas gerais relativas à prescrição do Código Civil na ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto. Assim, o prazo aplicado é o de dez anos, de acordo com o artigo 205 do Código Civil.

Enriquecimento

Para o relator dos embargos, ministro Og Fernandes, a tese adotada no acórdão da Quarta Turma não é a mais adequada. Segundo ele, o enriquecimento sem causa (in rem verso) possui como requisitos: enriquecimento de alguém; empobrecimento correspondente de outrem; relação de causalidade entre ambos; ausência de causa jurídica e inexistência de ação específica. "Trata-se, portanto, de ação subsidiária que depende da inexistência de causa jurídica", afirmou.

O ministro ponderou que a discussão sobre a cobrança indevida de valores constantes de relação contratual e eventual repetição de indébito não se enquadra na hipótese do artigo 206, "seja porque a causa jurídica, em princípio, existe (relação contratual prévia em que se debate a legitimidade de cobrança), seja porque a ação de repetição de indébito é ação específica". Fernandes opinou também que o prazo prescricional de três anos do artigo 206 deve ser aplicado de forma mais restritiva, para os casos subsidiários de ação de enriquecimento sem causa.

Leia o acórdão. (Com informações da assessoria de imprensa)

Fonte: Teletime News de 13 de setembro de 2019, por André Silveira.

Depois da GM, mais três montadoras se preparam para lançar Wi-Fi nativo

A GM saiu na frente ao incluir Wi-Fi nativo em seus carros produzidos no Brasil, com conectividade fornecida pela Claro. Mas outras montadoras estão se mexendo para fazer o mesmo. Uma delas concluiu o processo de RFP e escolheu também a Claro como fornecedora de conectividade. E há RFPs em andamento de outras duas fabricantes de automóveis com o objetivo de adotar Wi-Fi nativo em seus carros via 4G, informa uma fonte para Mobile Time.

Como algumas montadoras que atuam no Brasil fabricam veículos para exportação, especialmente para o resto da América Latina, Claro e Vivo levam vantagem na disputa dos contratos por Wi-Fi nativo em razão de serem parte de grupos que operam em toda a região, explica a mesma fonte.

Fonte: Teletime News de 13 de setembro de 2019, por Fernando Paiva.

Abinee comemora aprovação do PLC e espera maiores investimentos

Assim como as operadoras e o setor de satélites, também a indústria comemorou a aprovação do PLC 79 no Senado Federal nesta semana. Em comunicado divulgado nesta sexta-feira, 13, a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) afirmou que o novo marco legal de telecomunicações "é fundamental para o crescimento das empresas do setor de TICs e para a implantação da tecnologia 5G no País, incentivando o processo de digitalização da economia brasileira". 

Segundo a associação, a possibilidade da migração dos contratos de concessão para o regime de autorização permitirá a redução da burocracia e propiciará o aumento de investimentos. "A expectativa é de que a medida, esperada pelo setor desde 2016, estimule o crescimento de R$ 20 bilhões no Capex das operadoras nos próximos cinco anos", afirma.

A Abinee diz ter sempre ressaltado a importância da atualização da Lei Geral de Telecomunicações (LGT), desde o início das discussões sobre o PLC 79. A entidade ressalta ainda que a legislação atual foi criada há mais de 20 anos, e que o novo marco permitirá "acompanhar o dinamismo do setor, permitindo a atração de novos players no mercado de telefonia fixa e a ampliação dos investimentos em banda larga".

Fonte: Teletime News de 13 de setembro de 2019, por Bruno do Amaral.

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Anatel celebra aprovação do novo modelo de telecomunicações

Voltando a mostrar posicionamento favorável ao projeto, a Anatel celebrou a aprovação no Plenário do Senado Federal do PLC 79/2016, que altera o marco legal das telecomunicações. Conforme o comunicado assinado pelo presidente da agência, Leonardo Euler, nesta quinta, 12, a aprovação "foi uma importante vitória para o setor de telecomunicações brasileiro". A proposta, que aguarda agora a sanção do presidente Jair Bolsonaro, altera a Lei nº 9.472/1997 (Lei Geral de Telecomunicações – LGT) e a Lei nº 9.998/2000, que instituiu do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust).

Na nota, o presidente do órgão regulador também reforça que o novo modelo corrige aspectos que ficaram defasados ao longo do tempo. "O PLC 79/2016 procura atualizar o anacrônico marco regulatório das telecomunicações, reorientando seu foco para a universalização e massificação do acesso à Internet em banda larga, reconhecidamente essencial para a plena realização da cidadania no século 21. Além disso, busca promover um ambiente regulatório seguro e moderno, favorável à inovação e ao investimento em infraestrutura de telecomunicações, insumo indispensável para o crescimento econômico sustentável de nosso País".

A agência também deixa clara a expectativa de crescimento do setor e seu impacto na economia nacional. "A mudança do modelo setorial representa uma singular oportunidade para a realização de maciços investimentos de infraestrutura, concentrados e orientados para a expansão das redes de transporte e de acesso, em particular nos lugares mais distantes e com menor disponibilidade de soluções de conectividade. Outrossim, o novo marco traz importantes inovações para incentivar a competição nos mercados setoriais de varejo e atacado e o uso eficiente do espectro e das posições orbitais."

Por fim, a Anatel destaca o trabalho que irá desenvolver após a sanção presidencial. "O longo caminho percorrido pelo PLC 79/2016 até sua aprovação foi acompanhado de perto pela agência, que se mostrou sempre disposta e colaborativa. Agora, tão logo ocorra a sanção presidencial, terá início para a Anatel uma nova jornada, repleta de desafios. Além da adaptação das concessões de telefonia fixa para o novo regime, mediante a assunção de compromissos de investimento, o novo paradigma regulatório fornecerá as bases para a licitação de faixas de radiofrequência para a expansão da tecnologia 4G e a introdução da 5G no Brasil, pari passu às recentes evoluções tecnológicas e do mercado mundial".

O trabalho que a Anatel deverá ter após a promulgação da Lei envolve a conta da conversão das concessões de telefonia fixa (STFC) em autorizações, com a respectiva aplicação dos valores calculados a partir da transformação das outorgas em projetos de banda larga. Essa avaliação será feita pela agência e por uma auditoria externa, com a supervisão do TCU, num complexo processo de regulamentação, conforme detalhado nesta reportagem. Além disso, o regulador definirá as novas regras da renovação de espectro e de posições orbitais que virão com a atualização da legislação.

Fonte: Teletime News de 12 de setembro de 2019, por André Silveira.

Senado aprova novo modelo de telecomunicações

O plenário do Senado discutiu e votou na noite desta quarta, dia 11, o PLC 79/2016, que cria um novo modelo de telecomunicações a partir de alterações na Lei Geral de Telecomunicações. O projeto foi aprovado por unanimidade, com apenas uma abstenção, da Rede. A votação trouxe a surpresa de um acordo com o PT e PDT, partidos que lideram a oposição, que votaram a favor da matéria. O acordo prevê que será apresentado um novo projeto de lei para definir os critérios e prioridades de investimentos em banda larga a partir da conversão das concessões em autorizações.

O acordo foi anunciado pelo senador Fernando Bezerra (MDB/PE), líder do governo, e confirmado pelo senador Rogério Carvalho (PT/SE), durante suas manifestações na votação. Randolfe Rodrigues (Rede/AP) disse ainda que a a lei complementar será construída a várias mãos e terá a relatoria entregue para a oposição. Bezerra disse que o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações avalizou este acordo.

O projeto contou com muitas manifestações de apoio em plenário. Foi criticado apenas pelo senador Randolfe Rodrigues, que voltou a acusar o projeto de entregar patrimônio público para as teles, "num crime de lesa-pátria". A Rede optou por se abster sobre a matéria, mas participou do acordo para a nova proposta de lei.

Randolfe foi rebatido pelo senador Otto Alencar (PSD/BA) que destacou ter lido os pareceres e a auditoria do TCU sobre o tema e que tem confiança de que o projeto não tem nenhuma entrega de patrimônio. "Essa coisa de R$ 100 bilhões não existe em lugar nenhum. O que existe é um serviço em depreciação e que precisa ser modernizado", disse Alencar.

A senadora Daniella Ribeiro (PP/PB), relatora da matéria na Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Inovação (CCT), destacou que o projeto traz uma modernização importante do marco legal "de mais de 20 anos, que tinha como foco a telefonia fixa, para a era da banda larga e do 5G". O senador Flávio Bolsonaro (PSL/RJ) também se manifestou em apoio à matéria. Vanderlan Cardoso (PP/GO) destacou que o projeto é importante para criar uma agenda positiva que traga investimentos para o setor. "Ninguém vai fazer investimentos sem a garantia de retorno e segurança jurídica", disse Cardoso.

O ministro Marcos Pontes mandou uma mensagem por meio do senador Roberto Rocha (PSDB/MA) de congratulação ao Senado e elogiou a aprovação do projeto. O texto segue agora para a sanção do presidente Jair Bolsonaro.

O PLC 79 traz, em essência, quatro aspectos centrais:
Permite a conversão das concessões de telefonia fixa (STFC) em autorizações, com a respectiva aplicação dos valores calculados a partir da transformação das outorgas em projetos de banda larga. O projeto traz, nesse aspecto, uma maior clareza sobre a definição do conceito de bens reversíveis. Estas contas serão feitas pela Anatel e uma auditoria externa, com a supervisão do TCU, num complexo processo de regulamentação, conforme detalhado nesta reportagem.
Permite que os detentores de autorizações de uso do espectro possam ter suas outorgas renovadas sem a limitação atual, que é de apenas uma renovação. Com isso, as atuais operadoras de telefonia móvel poderão manter as frequências atuais. A renovação está condicionada a regras a serem definidas pela Anatel. Outro aspecto importante é que o PLC 79 permite o mercado secundário de espectro, ou seja, negociação direta entre os detentores de outorga, com a supervisão da Anatel.
Permite que as operadoras de satélite também possam ter o uso de posições orbitais renovadas sem o limite de apenas uma renovação, como está na legislação atual.
Por fim, o projeto prevê alterações na legislação do Fust para deixar claro que o serviço de radiodifusão não é obrigado a recolher o fundo.

Fonte: Teletime News de 11 de setembro de 2019, por Samuel Possebon.

CCT aprova relatório do PLC 79

A Comissão de Ciência, Tecnologia Comunicações e Inovação do Senado aprovou o relatório da senadora Daniella Ribeiro (PP/PB) sobre o PLC 79/2016, que cria o novo o marco das telecomunicações. A matéria segue com requerimento de urgência da comissão aprovado para o Plenário. Para a relatora, "(o projeto) é para termos o País no caminho do investimento e um novo tempo da internet em alta velocidade, e não mais no tempo da telefonia fixa e do orelhão, não mais no ano de 1997 mas em 2019". Daniella Ribeiro homenageou o autor do projeto, ex-deputado Daniel Vilela, que estava presente à votação.

Fonte: Teletime News de 11 de setembro de 2019, por Samuel Possebon.

Com divergência sobre serviços OTT, mudança na lei de TV paga é adiada

Foi adiada para a próxima semana a votação na Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Inovação do Senado (CCT) do PL 3.832/2019, que altera o marco legal da TV paga para acabar com as restrições à propriedade cruzada entre operadoras de telecomunicações e produtores de conteúdos. Durante a votação, senadores acabaram trazendo novos argumentos e levantaram questões que até aqui não haviam entrado no debate, o que indica que a proposta terá mais dificuldades para avançar.

A reunião começou com o relator, senador Arolde de Oliveira (PSD/RJ), apresentando uma complementação ao seu relatório da semana passada para rejeitar a emenda 8, do senador Rogério Carvalho (PT/SE), apresentada após a última reunião e que previa trazer dispositivos concorrenciais para a Lei do SeAC, assegurando que em casos de concentração vertical houvesse isonomia de tratamento entre programadoras e operadoras. A emenda também abria a possibilidade para que os dispositivos da Lei do SeAC se aplicassem a qualquer forma de Comunicação por Acesso Condicionado, e não apenas ao serviço de TV por assinatura, o que poderia incluir a Internet a depender da interpretação. Arolde Oliveira rejeitou a emenda e manteve seu parecer como estava, pela revogação dos artigos 5 e 6 da Lei 12.485/2011 (os que criam as restrições à propriedade cruzada) mas também excluindo a Internet do escopo da legislação.

O senador e líder do PSL no Senado, Major Olímpio (PSL/SP), que havia pedido vistas na reunião, voltou com a matéria pedindo a votação de uma emenda em separador. Ele defendeu a emenda 7, que prevê que as emissoras de TV de caráter nacional, mesmo que já digitalizadas, conforme definidas na regulamentação do SeAC feita pela Anatel, sejam distribuídas em todas as plataformas de Serviço de Acesso Condicionado. Hoje a Lei do SeAC exige o carregamento das emissoras locais e, no caso de impossibilidade técnica, a Anatel criou alternativamente a figura das emissoras de caráter nacional, que são um conjunto de 16 emissoras de TV que atendem a determinados critérios estabelecidos na regulamentação. As operadoras de DTH já carregam estas 16 redes, mas as operadoras de cabo levam apenas as redes locais, de modo que haveria um impacto significativo. Em uma segunda intervenção, Major Olímpio foi um dos que propôs a retirada de pauta. "Diante da complexidade da questão… A questão da Internet precisa ser estudada. Temos que ter um regramento para isso. Estamos pedindo na Comissão de Assuntos Econômicos uma audiência pública para discutir o peso econômico do setor audiovisual. Para não matar o setor, e por isso pediria um adiamento para amadurecer nessa comissão o assunto. Temos um conjunto de senadores que podem chegar a uma posição", disse Olímpio.

Este noticiário questionou o senador Vanderlan Cardoso (PP/GO), autor do projeto e presidente da comissão, sobre o efetivo apoio do governo à matéria. Vanderlan disse acreditar que os sinais contraditórios que o governo tem dado se explicam pelo fato de o projeto ter tramitado rapidamente, o que geraria dúvidas. "(Por isso) estão havendo estas distorções nas falas de alguns interlocutores, mas acredito que esta semana isso será resolvido", disse o senador. Ele reiterou que não vê necessidade de uma medida provisória.

Dúvidas e confusões

Durante a discussão, alguns parlamentares mostraram-se reticentes em relação ao projeto. Para o senador Confúcio Moura (MDB/TO), o projeto é "um admirável mundo da maioria desconhecida" e que ele, como leigo, não se sente confortável em dizer se está tudo bem ou não com as propostas sendo apresentadas e que recebeu, da consultoria legislativa, um parecer de 25 páginas sobre o tema. "Vou votar a favor, mas quero que essa responsabilidade não fique conosco, com 12 parlamentares. Subscrevo para que esse projeto seja remetido para a apreciação do Plenário, onde certamente há outros especialistas. Há um recurso comigo, mas subscrevo qualquer um que aparecer", disse o senador. O projeto é terminativo na CCT, o que significa que uma vez aprovado iria diretamente para a Câmara, a não ser que haja redistribuição para outras comissões ou para o Plenário.

A fala mais contundente da oposição coube ao senador Jean Paul Prates (PT/RN). "Estamos tratando de um projeto de lei que elimina as restrições à concentração da propriedade. Não é para tratar de conteúdos e canais na Internet", disse o senador. "Estamos enxertando um dispositivo que não tem nada a ver. A verticalização o PT aceita, mas colocaram uma coisa que não tem nada a ver. É um parasita que entra numa lei", ponderou. Para o senador Jean Paul Prates, retirar a veiculação pela Internet de uma lei que trata de conteúdo, de produção independente, pode ser um grande problema. "A Internet está sendo excluída da lei, sendo que a humanidade vai para a Internet. Alguns podem ver isso como uma burla. O mercado de TV paga vai se dissolver, escorrer pelo ralo, para a Internet", ponderou. Para ele, ou se discute mais o projeto, "ou vamos fazer recurso (ao plenário). Não temos problema com a verticalização, mas esse enxerto é ruim, com consequência inclusive para a arrecadação tributária dos Estados. Podemos estar dando um tiro no pé (dos Estados) com redução significativa de arrecadação por uma mera filigrana. Ninguém fez essa conta". Prates lembrou ainda que há uma lei para regular streaming na Comissão de Assuntos Econômicos e que esta questão deveria ser tratada em lei específica, referindo-se ao PL 57/2018, do senador Humberto Costa (PT/PE), que trata da Condecine e que está na Comissão de Assuntos Econômicos sob a relatoria do senador Izalci Lucas (PSDB/DF). O projeto, contudo, é apenas para estabelecer um mecanismo de cobrança da Condecine sobre serviços de vídeo-sob-demanda. 

Na mesma linha foi o senador Paulo Rocha (PT/PA). "Votaríamos o projeto como veio (apenas revogando os artigos 5 e 6), mas nas emendas estamos nessa posição. Queremos dialogar pessoalmente com o relator com tempo, para aprofundar esta discussão. Do contrário, vamos votar contra e também apresentaremos requerimento ao plenário", disse o senador da oposição.

Já o senador Carlos Viana (PSD/MG) trouxe um argumento novo para o debate: o suposto impacto do PL 3.832/2019 no Fundo Setorial do Audiovisual. Segundo a análise do senador, o projeto permitiria às empresas estrangeiras terem acesso ao fundo. "O FSA tem R$ 724 milhões. O setor precisa de proteção e incentivo. A minha sugestão é que incluam os no projeto que o FSA seja restrito ao conteúdo nacional. Não podemos deixar que as gigantes internacionais acessem esse recurso", disse. A proposta em discussão, contudo, não muda nenhuma regra de acesso ao Fundo Setorial do Audiovisual. As emissoras de TV chegaram a cogitar uma emenda para que elas pudessem ter acesso aos recursos, hoje restritos a programadoras independentes, mas nenhuma proposta neste sentido foi efetivada até aqui. 

Em conversas informais, vários atores interessados no PL 3.832/2016 já confidenciam que é improvável que ele seja aprovado com qualquer mudança além da proposta original, de acabar com as restrições de propriedade cruzada. Sobre este aspecto, não existe maiores resistências, mas a exclusão dos serviços de Internet do escopo da Lei do SeAC é fortemente questionada pela Claro e por programadores independentes, e há uma divergência entre radiodifusores sobre incluir ou não regras concorrenciais para programação. A sinalização do senador Major Olímpio de que apoiaria uma emenda da radiodifusão (para obrigar o carregamento de canais digitais de emissoras que operam nacionalmente) mostra que não existe, no governo, uma orientação clara sobre como o projeto deve sair. A disposição de vários parlamentares no sentido de levar a proposta à análise desta semana será crucial para que se defina se o PL 3.832/2019 tem chance de prosperar no Senado.

Fonte: Teletime News de 11 de setembro de 2019, por Samuel Possebon.

IoT precisa ser SVA para prosperar, argumenta diretor da Ericsson

Debatida na terça-feira, 10, em audiência pública na Anatel, a proposta da agência (aberta à consulta pública até o dia 18) de redução de barreiras regulatórias à expansão da Internet das Coisas sugere um caminho para a tecnologia sem a necessidade de criação de um novo serviço ou destinação de espectro específica. Superintendente de Planejamento e Regulação do órgão regulador, Nilo Pasquali manifestou na ocasião que a IoT "sempre" será classificada como serviço de valor adicionado (SVA). Esta também é a posição do diretor de regulações governamentais da Ericsson, Tiago Machado, mas com uma ressalva: essa adequação ou não ao SVA é algo que ainda traz insegurança. 

Em entrevista a este noticiário, Machado explica que o próprio decreto do presidente Jair Bolsonaro e do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) do Plano Nacional de IoT em junho classifica a IoT como infraestrutura que integra a prestação do serviço – ou seja, como um serviço de valor adicionado, que está sempre associado a um serviço de telecomunicações. "Se é SVA sobre SMP [serviço móvel pessoal], a pergunta é: quantos porcento são SVA e quanto é SMP?", indaga. De qualquer modo, ele sugere que a Anatel possa ofertar IoT sendo tributado totalmente como SVA. "Essa previsibilidade e segurança jurídica de que o SVA possa caracterizar 100%, ainda que tenha SMP, permitiria eliminar o ICMS e seria um fomento à adoção da IoT", analisa.

A falta de uma definição mais clara sobre essa proporção do serviço com o de SMP, contudo, é o ponto de desequilíbrio. "Acho que sim, traz insegurança, pois o decreto define o serviço como SVA, mas a LGT define sem confusão entre os dois. Isso se traduz em SVA associado a um serviço de telecom. E a Anatel tem que criar segurança jurídica – é justamente a previsão de que, lá na ponta, quando alguém contratar um serviço de IoT, 100% da receita possa ser alocada como SVA", afirma. Ele lembra que, permanecendo alguma parte como telecom, haverá incidência de ICMS, o que poderia inviabilizar o serviço. 

"Isso teria de ser analisado caso a caso: poderia ser editado uma resolução, ato, portaria ou um instrumento que dê previsibilidade", sugere. Em consequência, haveria uma categoria restrita à prestação de serviço de SMP sem custo, com o IoT em cima como SVA. "Teria de ser exclusivo para IoT, para evitar alteração profunda [na regulação], mas certamente provocaria reações." Machado entende que essa previsão poderia ser criada pela Anatel, uma vez que o serviço ainda estaria associado ao SMP.

Além do debate que poderia excluir a incidência do ICMS, a Internet das Coisas ainda tem outra questão tributária: a da taxa de fiscalização e instalação. Como isso não poderia ser resolvido no Plano Nacional de IoT, um projeto para isentar a cobrança de Fistel seria fundamental para ajudar nessa situação. O PL 7.656/2017, do deputado Vitor Lippi (PSD/SP), reduz a zero o valor da Taxa de Fiscalização de Instalação (TFI), da Taxa de Fiscalização de Funcionamento (TFF), da Contribuição para o Fomento da Radiodifusão Pública (CFRP) e da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica (Condecine) para a IoT. 

Tiago Machado ressalta que, ao contrário do que o Ministério da Economia pode argumentar (que haveria perda de arrecadação), a receita com recolhimento do Fistel também pode ser inexistente caso o projeto não seja aprovado, uma vez que inviabiliza o modelo de negócios. "Acontece que, em um dos cenários, o Brasil não se beneficia. Essa arrecadação de valores arbitrários inviabiliza todas as aplicações massivas em grande escala", declara. "É quase paradoxal."

Roaming permanente

Uma das questões que sempre pairam sobre o modelo de negócios da Internet das Coisas é o roaming permanente. Para Machado, no entanto, isso cria assimetria regulatória, de custos e tributária. "Acho que, com o tamanho e complexidade do ambiente regulatório, para o bem ou para o mal, é bastante complicado acabar com esse bloqueio", argumenta. A ideia sugerida é de fazer com que as regras sobre operadoras móveis virtuais (MVNOs) sejam mais flexível, permitindo modelos de negócios mais formatados para aplicações. "A proibição do roaming permanente não é obstáculo à adoção do IoT, mas pode incentivar que se modernize a regulação de MVNO para aquele que queira ofertar os serviços", destaca. 

Machado entende que a regulação de MVNOs para IoT poderia ser ampliada até para outras outorgas além do SMP – como SCM e STFC – para "ter harmonização regulatória desses serviços com ótica over-the-top que equilibre a conta para todo mundo". A justificativa é que, pensando em agronegócio e logística como exemplos, há uma cadeia de serviços para além da conexão pura de sensores. 

Nilo Pasquali, da Anatel, também já havia levantado outra questão durante o Painel Telebrasil em maio deste ano: a de que o eSIM acabaria com a necessidade do roaming permanente. Tiago Machado, entretanto, mostrou-se reticente. "Não acho que uma tecnologia resolva ou não", afirma. Ele argumenta que a única razão para a existência do instrumento de roaming permanente é a assimetria tributária e regulatória, o que seria incompatível com a complexidade do mercado brasileiro. "Eu tendo a concordar com a posição da Anatel, de que é melhor não criar assimetria."

Espectro

A Anatel mantém em sua proposta que não é necessário uma destinação de espectro específica para IoT, uma vez que isso poderia ser adequado às outorgas existentes. Machado entende que a discussão de barreiras é oportuna, pois é preciso começar a discutir um roadmap de espectro, olhando questões de outorgas de maneira mais segmentada. "A banda de 28 GHz poderia ser usada em aplicações indoor sem problemas com o satélite [em banda Ka]", exemplifica. Ele sugere que se estabeleçam "horizontes" para o espaço de investimentos em redes fechadas para 4G e 5G em IoT, com a Anatel permitindo adoção de tecnologias de diferentes setores – por exemplo, dedicando banda de 450 MHz ou 600 MHz para agricultura e pecuária conectada, nas quais há necessidade de banda baixa para ampliar a cobertura. Ele também fala em disponibilização mais eficiente de espectro em caráter primário e secundário sob demanda. "Sem espectro e sem flexibilidade regulatória para outorgas, não vai ter mineração conectada, plataforma de petróleo e série de ambientes com aplicação de IoT", afirma. 

Por outro lado, o diretor da Ericsson não acredita que a banda L (faixa de 1,5 GHz) deve ser dedicada para o serviço limitado privado (SLP), como sugeriram fornecedores na consulta pública do leilão de 5G do MCTIC. Pelo contrário, ele entende que não se deveria ter nenhuma banda exclusiva serviço. Em compensação, entende que poderia haver uso segmentado, como o da faixa de 28 GHz em ambiente indoor, sempre com o SMP com caráter primário. "Se a faixa de 28 GHz foi destinada para satélite, me parece que é sim bastante adequada para o SLP", declara. 

Indicadores e numeração

Outros pontos citados pelo diretor regulatório da Ericsson são a questão de indicadores. Como a Internet das Coisas vai se basear em milhões de conexões de dispositivos, muitas vezes com baixo consumo de tráfego e sem necessidade de comunicação em tempo real, o argumento da proposta da Anatel é que a imposição de metas de qualidade não é necessária para a tecnologia. Machado concorda e lembra que, mesmo para o SMP comum, o regulamento de qualidade já está passando por revisão. "Não tem de se pensar em taxa de queda de chamada onde isso não entra no mérito. Em maneira mais simplificada, sem a carga regulatória impositiva e custosa, acho que é uma vitória enorme para a IoT. A Anatel está correta nessa leitura, não faz sentido ter obrigações e KPIs para esse serviço."

A abordagem da agência em relação à numeração também é algo que chamou a atenção do diretor da Ericsson. Para ele, como haverá casos em que um dispositivo não precisa ser encontrado ou estar disponível publicamente, não é necessário numeração telefônica, mas de IP. "Faço a provocação de que nem todo dispositivo precisa ter IP público", diz. "Nem todos precisam estar alcançáveis no mundo inteiro. E também não precisariam necessariamente usar o IPv6 – poderia ser IPv4, porque economizaria também o cabeçalho, com o quanto de informação que se coloca a mais, já que o endereçamento é menor", argumenta. 

A homologação também é algo que poderia passar por um processo mais econômico. Como haverá um grande volume de equipamentos, a agência teria problemas de escala se procedesse da maneira atual. Machado entende que isso cria gargalo para a inovação. "Acho que a Anatel faz uma leitura avançada do que é o gargalo, mas precisamos avançar com a homologação só de módulos, dos chipsets e elementos comuns que vão ser usados para terminais, sensores." Ou seja: a agência só precisaria homologar alguns componentes que estariam presente em vários equipamentos, não sendo necessário repetir o processo para cada dispositivo que compartilhe esses componentes.

Ele observa ainda que a Anatel está sinalizando para o avanço na autorregulação do setor, como no aspecto de segurança. Nessa área, ele vê uma oportunidade para dispositivos de IoT, sugerindo a criação de selos de segurança. "Talvez seja melhor do que uma imposição de norma ou ensaio", pondera.

Fonte: Teletime News de 11 de setembro de 2019, por Bruno do Amaral.

Telefónica anuncia plano para monetizar sites, inclusive no Brasil

O Grupo Telefónica está acelerando seu programa de exploração da infraestrutura móvel globalmente, incluindo no mercado brasileiro, onde opera com a Vivo. A empresa anunciou na terça-feira, 10, que pretende capitalizar seus ativos e analisar "opções diferentes para monetizar o portfólio adicional de sites nos próximos 12 meses". Sem considerar os 18 mil sites da subsidiária Telxius, a companhia espanhola possui cerca de 50 mil sites, que ela afirma poder gerar um lucro operacional antes de depreciação e amortização (OIBDA) de algo em torno de 360 milhões de euros, além de receita de 830 milhões de euros e Capex de 25 milhões de euros.

A empresa não fala diretamente em vender, mas diz que pretende capturar mais sinergias por meio de compartilhamento de rede, assim como capitalizar no interesse na infraestrutura entre participantes públicos e privados. "A intenção da Telefónica é monetizar um portfólio adicional de ativos de telecom móvel nos próximos 12 meses", diz a companhia. No momento, ela diz estar analisando diferentes opções de monetização, enquanto retém o máximo de flexibilidade operacional e estratégica. "Uma alternativa poderia ser aumentar a Telxius ao incorporar sites adicionais das unidades da Telefónica, com o apoio de nossos parceiros minoritários existentes", diz no comunicado. "Outras alternativas poderiam também ser contempladas." 

Ao todo, a Telefónica opera cerca de 130 mil sites globalmente, e detém, diretamente ou por meio de subsidiárias em 12 mercados, por volta de 68 mil sites (com os da Telxius). Isso inclui a operação no Brasil com a Vivo, além da sede espanhola e das subsidiárias na Alemanha, Reino Unido, Argentina, Equador, Colômbia, Uruguai, Chile, Peru, México e Venezuela. Do total de 50 mil sites, 60% (cerca de 30 mil) estão nos quatro maiores mercados do grupo: o brasileiro, o espanhol, o alemão e o britânico. 

Somente no Reino Unido, a empresa detém 7 mil sites por meio de sua participação de 50% na Cornerstone Telecommunications Infrastructure, joint-venture criada em 2012 em conjunto com a Vodafone para operar a infraestrutura das empresas e apoiar os acordos de compartilhamento ativo. As duas operadoras assinaram acordo para incluir a rede 5G e "explorar potenciais opções de monetização" da Cornerstone. Na Alemanha, a Telefónica Deutschland detém 19 mil sites.

"A Telefónica continua a expandir seu portfólio global e espera implantar novos macrosites pelos próximos anos por seus mercados e continuar a crescer seu alcance existente de small cells para apoiar sua estratégia de rede", declara a empresa. Pela parte da Telxius, com seus 18 mil sites e 87 mil km de rede ótica na Europa e na América Latina, a companhia afirma estar de vento em popa. No ano passado, a divisão obteve receitas de 792 milhões de euros (8,4% acima do do registrado em 2017) e OIBDA de 370 milhões de euros (avanço de 7,1%). A empresa diz que a subsidiária tem "forte crescimento e geração de fluxo de caixa". 

Recapacitação e suspensão voluntária

A Telefónica também anunciou na terça-feira um plano para reposicionar funcionários na Espanha com custo de aproximadamente 1,6 bilhão de euros sem impostos, com a taxa de economia em gastos diretos esperada em aproximadamente 220 milhões de euros a partir de 2021. O plano inclui uma proposta de negociação com sindicatos na Espanha, com programas de requalificação e um plano de "suspensão voluntária individual" para funcionários acima de 53 anos, enquanto "novos perfis serão contratados de acordo com as necessidades atuais". A unidade espanhola também pretende "simplificar o framework de trabalho, implantando um programa extenso para proporcionar aos funcionários novas capacitações e progredir ainda mais no processo de digitalização". Além disso, propõe endereçar questões de igualdade, diversidade e "desconexão digital" como prioridade para os próximos anos. 

O plano em geral envolve mais de 6 mil empregados em programas de recapacitação, com foco no desenvolvimento de habilidades nas áreas de segurança, robotização, analytics, desenvolvimento Web, consultoria de negócios, TI e metodologia ágil. Para tanto, o orçamento para os treinamentos será mais do que dobrado, enquanto a quantidade de horas de treino por funcionário será aumentada em até 40%.

Fonte: Teletime News de 11 de setembro de 2019, por Bruno do Amaral.

Com foco no 5G, Ministério da Economia defende aprovação do PLC 79 sem alterações

Em nota técnica produzida pelo Ministério da Economia no final de julho, o PLC 79/2016, que muda o modelo de telecomunicações e que pode ser votado no Senado esta semana, é apontado como um importante indutor do mercado de 5G no Brasil. São dois os aspectos que sustentam este entendimento da área econômica: o fato de que criar o mercado secundário de espectro daria maior atratividade para eventuais compradores das faixas de frequência destinadas à próxima geração de serviços móveis. Além disso, a possibilidade de renovação das autorizações indefinidamente daria mais segurança jurídica aos atuais operadores, impactando positivamente no leilão, na análise do Ministério da Economia. A íntegra da nota pode ser lida aqui.

"Os principais impactos na aprovação do PLC 79 dizem respeito à implantação da tecnologia 5G no Brasil", diz a nota. "Eventuais demoras na aprovação deste projeto revertem-se em valores menores para os leilões de faixas de radiofrequência dedicadas ao 5G, traduzindo-se em arrecadação e/ou menos investimentos no setor de telecomunicações. A ausência da possibilidade de prorrogações sucessivas da autorização de radiofrequência deve promover menos interessados em investir no setor no Brasil, e como já demonstrado acima, os investimentos estrangeiros vêm sendo cada vez mais escassos. A criação do mercado secundário de espectro além de elevar o valor das faixas, tem o condão de promover a competição e a inovação, o que por fim resulta em melhores serviços a preços menores para o consumidor final. Entende-se que a reavaliação do marco legal para as radiofrequências viabiliza um ambiente com segurança quanto ao retorno do investimento e promove melhores condições para a implantação das redes 5G no Brasil", aponta a análise, que é assinada por diversos técnicos do ministério, incluindo o Secretário de Desenvolvimento da Infraestrutura, Diogo Mac Cord.

No entendimento do Ministério da Economia, haveria um impacto de R$ 249 bilhões até 2035, "decorrentes do aumento direto de produtividade com a implantação do 5G", e ainda um efeito de R$ 1,12 trilhão até 2050, "decorrentes dos efeitos gerais no aumento do PIB per capita caso haja adesão rápida do 5G".

A análise inclusive traz um estudo de como diferentes setores da economia seriam afetados com o 5G. Em valores percentuais, os maiores beneficiados seriam informática/comunicação (11,5%), administração pública (6,5%), agronegócio (6,4%) e transporte (5,6%), mas em praticamente todos os setores da economia haveria ganhos significativos com a chegada do 5G, segundo a análise do Ministério da Economia. Confira na tabela abaixo os números de cada setor:
Fonte: Ministério da Economia

Para o Ministério da Economia, "uma implantação rápida da infraestrutura (de 5G) contra a lenta é capaz de gerar um efeito de mais de R$ 107 bilhões de diferença. Isto significa que são necessários montantes significativos de investimentos para uma implantação rápida da tecnologia 5G para que o Brasil possa desfrutar dos benefícios em produtividade de forma plena. Neste sentido, faz-se mister garantir investimentos para o setor, o que obrigatoriamente requer mudanças estruturantes quanto ao marco regulatório do setor", diz a nota técnica. 

A análise lembra que o "o valor mínimo do leilão a ser calculado pela Anatel para a exploração das faixas é diretamente influenciado pelas alterações previstas no PLC nº 79 quanto a radiofrequências. Portanto, é urgente a aprovação do PLC nº 79 para que os valores associados ao mercado secundário de espectro e à possibilidade de prorrogações sucessivas da autorização associada à RF sejam calculados tempestivamente, sem impactar o prazo previsto para efetivação dos leilões". Segundo o Ministério da Economia, atrasos no leilão de 5G podem minar a disponibilidade de recursos para os investimentos no Brasil. "Globalmente os leilões de 5G vem ocorrendo e os fundos voltados a este tipo de investimento vão sendo utilizados de acordo com as circunstâncias apresentadas pela economia, confiança e perspectivas para o mercado".

É importante destacar, contudo, que o Ministério da Economia tem sim uma expectativa arrecadatória sobre o leilão, tanto que pondera na Nota Técnica: "O mercado secundário de espectro eleva o valor das faixas de radiofrequência a serem licitados para o 5G. A não aprovação deste item do PLC 79 sujeita a valores menores associados ao leilão do 5G". 

Satélites

As mudanças trazidas para o mercado de satélites no PLC 79, com a possibilidade de renovação dos termos de autorização de posição orbital, também são elogiadas pelo Ministério da Economia, e também em função dos potenciais benefícios para a próxima geração de serviços móveis. Uma regra alinhada às práticas internacionais, aponta o Ministério, atrairia novos competidores, criando maior cobertura de satélite, o que "facilita a implementação do 5G que requer uma complementariedade entre as diversas formas de transmissão e escoamento de dados em alta capacidade", segundo o estudo. Para a pasta, "o satélite tem importância crucial no ecossistema do 5G, tanto para proporcionar acesso em regiões remotas, como para servir de backhaul em regiões menos habitadas considerando a extensão e as diferenças geográficas do território brasileiro. Uma adequação do arcabouço legal às melhores práticas internacionais, tal como proposto no projeto de lei, tem o condão de viabilizar a transformação digital do país e ajudar na implementação de políticas públicas de provimento de banda larga".

A área econômica, contudo, vê na possibilidade de renovação das autorizações de satélite uma chance de colocar obrigações ao mercado. "A possibilidade de uso do ônus da prorrogação para compromissos em investimentos tem o condão de viabilizar iniciativas públicas de inclusão digital como o GESAC, Programa Governo Eletrônico de Serviço de Atendimento do Cidadão, para provimento de banda larga a escolas e localidades por meio de atendimento satelital. O contrato do MCTIC com a Telebras para atendimento do GESAC para os próximos 5 anos é da ordem de R$ 663 milhões. Um desembolso anual em torno de R$141 milhões que poderia ser, ainda que parcialmente, atribuído a compromissos de investimento", diz a Nota Técnica. 

Fim das concessões

Curiosamente, o aspecto mais central do PLC 79/2016, que é a possibilidade de migração das concessões em autorizações com respectiva aplicação dos saldos em investimentos em banda larga, não é objeto de uma análise de impacto econômico por esta Nota Técnica do Ministério da Economia. A área econômica prefere chamar a atenção para o risco financeiro de ter que assumir a concessão a partir de 2025. 

"A não aprovação do PLC nº 79/2016 pode gerar um impacto orçamentário e financeiro à União da ordem de R$ 43 bilhões ao ano (…) pelos cálculos realizados pela Anatel", analisa o documento. "O valor corresponde ao montante que seria necessário para manter as despesas operacionais do sistema de prestação do serviço de telefonia fixa comutada (STFC), elaborado a partir de informações extraídas do modelo de custos da Anatel. Em se tratando de serviços essenciais operados em regime público, cabe ao poder concedente – a União, garantir a continuidade do serviço. A baixa atratividade do serviço de telefonia fixa, associado a um grande volume de obrigações de universalização, no entanto, tornam alto o risco de não haver interessados privados para assumir a prestação desta concessão", diz o Ministério da Economia. 

A análise lembra que o STFC continuará a gerar receitas, mas em ritmo decrescente. Segundo a nota, mesmo que estes valores de custo operacional estejam superestimados, "é quase que certa a assunção de uma operação deficitária de telefonia fixa para a União. Isso se revela ainda mais preocupante diante do cenário de que a operação de uma empresa pelo Estado é mais ineficiente, do ponto de vista econômico, do que aquela operada em sistema privado", pondera. A nota então conclui: "entende-se, portanto, que no tocante aos possíveis impactos financeiros e orçamentários de uma eventual devolução da concessão de STFC, é oportuna a aprovação do Projeto de Lei para que se possa prevenir eventuais impactos orçamentários e financeiros advindas da obrigatoriedade de assunção de prestação de serviços obsoletos do ponto de vista do consumidor". 

Em relação aos benefícios da migração para investimentos em banda larga, não é feita nenhuma quantificação. O Ministério da Economia lembra que a adaptação do instrumento de concessão prevê o cálculo do valor econômico, "dado pela diferença entre o valor esperado da operação nos regimes privado e público, e a assunção de compromissos de investimento em valor equivalente". Lembra ainda que os compromissos de investimento "devem priorizar a implantação de infraestrutura de rede de alta capacidade de dados em áreas sem competição adequada e a redução das desigualdades e oferta de serviços para pessoas com deficiência, direcionando as diretrizes de priorização à regulamentação infra legal". 

Para o Ministério da Economia, dado o cenário atual de declínio do STFC e com o aumento da participação das autorizações no mercado de telefonia fixa, "não existe mais razão para a manutenção das concessões sob regime público, visto que o STFC perdeu o seu caráter de monopólio e que não se configura mais em um serviço essencial". Para os técnicos do ministério, o projeto permite, "dentro de um marco legal seguro e com contrapartidas das prestadoras", a conversão das concessões de serviços de telecomunicações em autorizações, beneficiando a população de forma concreta, ao transferir para a banda larga recursos que seriam investidos na telefonia fixa. "Neste sentido, faz-se mister aprovar o PLC nº 79/2016 o mais breve possível para que o valor econômico a ser revertido em compromissos de investimento não se dissipe no tempo".

Fonte: Teletime News de 10 de setembro de 2019, por Samuel Possebon.