Em pouco mais de três meses, o sinal analógico de TV deverá ser desligado na cidade de Rio Verde, em Goiás, dando início a um processo que, segundo planejamento do governo, deve ser concluído em 2018 com o desligamento dos sinais analógicos de TV no País, o aguardado switch-off. Entre fornecedores do mercado broadcast, no entanto, o prazo estipulado é visto com desconfiança. Ao longo da edição deste ano do Set Expo 2015, este noticiário conversou com representantes das principais marcas que atendem os radiodifusores. Os problemas mais apontados para justificar o ceticismo foram a falta de recursos das emissoras pequenas, a dificuldade em garantir a recepção do sinal em 93% dos lares e a falta de um planejamento consistente que permita à industria investir e expandir sua produção.
A esta reportagem, o diretor geral de uma das principais fornecedoras de transmissores do País afirmou achar "muito difícil" garantir a recepção do sinal digital em 93% das residências, condição prevista em decreto para o desligamento do sinal analógico nas cidades. Ele disse estimar que mais da metade dos televisores do País não esteja pronta para receber o sinal digital. "O televisor não é mais prioridade de compra em grande parte dos lares brasileiros e não tem mais um ciclo de substituição tão ágil. Muitas vezes as pessoas optam por continuar utilizando o aparelho enquanto ele funcionar", avaliou. Para ele, a distribuição de set-top boxes digitais populares para famílias de baixa renda amenizará o problema, mas não será suficiente para resolvê-lo. "Há muitas residências recebendo o sinal analógico fora dos critérios para distribuição dos aparelhos. Muitas delas com orçamentos apertados, com outras prioridades. É uma questão complexa", disse.
Além disso, o diretor lembrou que há muitas emissoras pequenas, inclusive públicas, com recursos humanos e financeiros insuficientes para conduzir o processo de digitalização. "Nesse caso o problema atinge principalmente emissoras públicas e redes religiosas", afirmou. A mesma questão foi apontada pelo diretor comercial de uma das principais fabricantes de câmeras que atuam no mercado brasileiro. "Há emissoras até mesmo de porte médio, afiliadas de redes importantes, que simplesmente não sabem onde vão encontrar dinheiro e não possuem nenhum planejamento", disse. O problema, nesse caso, seria maior em cidades pequenas do interior do País, principalmente nas regiões Norte e Nordeste.
Fonte: teletime News de 28 de agosto de 2015, por Leandro Sanfelice
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