Em cinco anos o brasileiro mais que dobrou o tempo que gasta vendo vídeos em dispositivos móveis (smartphones e tablets). Em 2012, eram 2,9 horas por semana, o que representava 10% do total de tempo com essa atividade somando todas as mídias (TV, desktop, laptop e outras). Agora, em 2016, são 6,3 horas por semana, ou 26% do total, informa relatório global da Ericsson Consumer Lab, que entrevistou 30 mil pessoas de 16 a 69 anos em 24 mercados para medir o comportamento das pessoas em relação ao consumo de conteúdo audiovisual.
A participação dos smartphones, que era de 6% em 2012, agora chegou a 19%, superando desktops (18%) e laptops (18%). Os tablets, por sua vez, tiveram um crescimento mais modesto nesse período, passando de 4% para 7%. Outras telas respondem por 5%. A campeã continua sendo a televisão, que responde por 32% do tempo do brasileiro vendo vídeos. Mas seu share vem caindo continuamente: era de 43% em 2012.
Os resultados da pesquisa podem ser explicados pela popularização dos smartphones ao longo desse período no País. Atualmente, mais de 80% das vendas de aparelhos celulares no Brasil são smartphones. Estima-se que cerca de metade da base nacional de telefones móveis seja composta de smartphones. O consumo de vídeo nos dispositivos móveis, por sua vez, está atrelado ao sucesso de plataformas digitais de distribuição de vídeos, como YouTube e Netflix. Ao longo dos últimos anos, alguns dos maiores sucessos do mercado brasileiro de audiovisual surgiram dentro do YouTube, como o grupo Porta dos Fundos. Por sinal, de acordo com o relatório, 57% dos brasileiros afirmam que assistem a vídeos no YouTube diariamente. E 20% veem mais de três horas de vídeos no YouTube por dia. Paralelamente, o Netflix vem ganhando mais e mais assinantes no País, como revelam as pesquisas Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre uso de apps no Brasil: entre dezembro de 2015 e maio de 2016, subiu de 45% para 60% a proporção de internautas brasileiros com smartphone que acessam o Netflix dentro do grupo de 18,8% que declaram assinar algum serviço de entretenimento móvel com pagamento de assinatura mensal.
Enquanto o consumo de vídeo em dispositivos móveis cresce no Brasil, o tempo total que o consumidor nacional gasta com essa atividade está diminuindo. Eram 29,3 horas por semana em 2012 e agora são 24,2, de acordo com o estudo. Provavelmente os vídeos estão perdendo espaço para redes sociais e plataformas de mensageria.
Mundo
Na média mundial, ao longo dos últimos cinco anos, de acordo com a pesquisa, as pessoas aumentaram em quatro horas o seu consumo semanal de vídeos em smartphones, tablets e laptops, e reduziram em 2,5 horas o tempo com telas "fixas", como desktops e televisões. Ou seja, na média mundial, ao contrário do Brasil, está crescendo o tempo gasto com vídeo, graças principalmente ao sucesso do conteúdo audiovisual móvel.
A Ericsson classificou o comportamento dos consumidores de vídeo em seis grupos (os nomes foram traduzidos livremente do inglês para o português por este noticiário): 1) TV zero (aqueles que veem pouco vídeo, independentemente do meio); 2) João TV (pessoas que têm um consumo médio de televisão e pouco em outros meios); 3) "movicêntrico"" (quem assiste a vídeos prioritariamente em dispositivos móveis); 4) "computadorcêntrico" (quem assiste prioritariamente no desktop); 5) multitelas (gente que usa vários meios para ver vídeo); 6) tradicionalistas do sofá (quem gosta de ver majoritariamente a programação linear na sua televisão). Entre 2012 e 2016, a proporção de "movicêntricos" aumentou de 9% para 20% e a dos "multitelas", de 16% para 20%. Todos os outros grupos diminuíram seu tamanho, com destaque para os "computadorcêntricos", que baixou de 19% para 14%.
Mas o que as pessoas estão vendo no smartphone? A Ericsson mediu isso no mercado norte-americano especificamente: 77% do tempo gasto com vídeos nos smartphones nos EUA é dedicado a serviços de vídeo sob demanda bancados por publicidade, cujo maior expoente é o YouTube. E 20% é dedicado a serviços de vídeo sob demanda pagos, ou seja, basicamente, Netflix. Os 3% restantes se dividem entre serviços de vídeo transacional (exemplo: aluguel no iTunes), TV everywhere (serviços dos canais de TV por assinatura, mas nos dispositivos móveis) e outros serviços gratuitos de vídeo sob demanda.
Fonte: Teletime News de 4 de novembro de 2016, por Fernando Paiva.