A Telefônica/Vivo e a Nextel podem anunciar hoje um acordo de compartilhamento de rede de segunda e terceira gerações (2G/3G), válido por cinco anos. Acordo semelhante também será divulgado no México entre a Movistar, empresa de serviços móveis da Telefónica de España, e a unidade da Nextel naquele país.
O acordo, que dá uma trégua à guerra de vários anos entre a Nextel e as grandes operadoras de serviços móveis, foi acertado pela cúpula da NII Holdings, controladora da Nextel, e o grupo espanhol em Madri, segundo fontes a par das negociações.
De acordo com a parceria, a Nextel começará a prestar serviços sobre a infraestrutura da Telefônica e da Movistar ainda neste mês. Tanto no México quanto no Brasil os clientes da Nextel poderão falar por celular em qualquer lugar onde o grupo espanhol tiver cobertura, que é basicamente em todo o Brasil e México.
Poderá ser feito tanto o roaming nacional quanto entre os dois países. Os assinantes só se comunicarão pela rede da Nextel onde essa empresa tiver infraestrutura instalada - no caso do Brasil, só nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. Nas demais localidades, a conexão será pela rede do grupo espanhol.
Segundo fontes a par do assunto, a Nextel não vai interromper o investimento em sua rede 3G; deverá mantê-lo, inclusive para cumprir compromissos regulatórios.
A Nextel tem apenas 255 mil clientes em 3G, tanto com uso de modem quanto de smartphone. Do total, 180 mil estão em São Paulo. Com a tecnologia iDEN, para comunicação por rádio, que requer pressionar apenas um botão para falar ("push to talk), são 4 milhões de usuários. No México, são cerca de 3,7 milhões de clientes.
A iDEN é fornecida pela Motorola e, por muito tempo, representou um diferencial para a Nextel, embora não seja competitiva na transmissão de dados em relação à 3G. Na rede iDEN os clientes podem falar entre si, sem tarifa adicional. Mas quando a Nextel começou a expandir sua atuação, abriu guerra com as grandes operadoras que lançaram um serviço concorrente, colocando as empresas em lados diferentes.
Agora, além de mostrar um sinal de paz, essa aliança poderá dar um fôlego à Nextel em relação ao investimento que precisa fazer em 3G. A companhia vinha patinando na expansão da infraestrutura, lançada com cinco anos de atraso e crescimento lento, enquanto as grandes operadoras estão adiantadas em serviços de quarta geração. Poderá, também, abrir diálogo com as demais companhias.
No ano passado, o lucro da Nextel no Brasil caiu pela metade, para R$ 289 milhões. A receita registrou queda de 1,7%, para R$ 5 bilhões.
As empresas foram procuradas, mas não quiseram comentar.
Por IVONE SANTANA
Fonte: Jornal Valor Econômico de 13 de janeiro de 2014 - pág. B6
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