(Matéria originalmente publicada no Mobile Time) A Oi é a primeira operadora celular no Brasil a adotar uma plataforma de RCS (Rich Communication Services), que consiste na evolução do SMS e do MMS. A empresa escolheu a solução do Google, que é provida através de servidores na nuvem. Do lado do usuário final, é preciso ter um smartphone compatível e o aplicativo Mensagens, desenvolvido pelo Google, como o app oficial de gerenciamento de mensagens de texto. Atualmente, cerca de 20% da base de handsets da Oi está habilitada a usar RCS.
A operadora pretende usar o RCS como mais um canal de comunicação com seus assinantes e vai integrar seus bots à nova plataforma ao longo deste primeiro trimestre de 2019 (leia mais detalhes nesta entrevista concedida por Rogério Takayanagi, diretor de marketing da Oi, ao Mobile Time sobre o tema).
O roll-out do RCS na Oi está acontecendo aos poucos. No fim do ano passado, assinantes da operadora que têm o referido app instalado em seus smartphones receberam uma mensagem automática ao abri-lo, com o seguinte texto: "Novo recurso! Veja quando os amigos estão digitando. Além disso, converse por Wi-Fi e rede de dados, compartilhe fotos de alta resolução e muito mais com quem fez o upgrade". Ao fim, havia a opção de aceitar ou não os novos termos do serviço. Depois, outra mensagem foi enviada, confirmando a alteração e o seguinte texto: "Agora o chip 1 tem recurso de bate-papo. Use o cartão "Oi" (SIM 1) para enviar mensagens por Wi-Fi, ver quando seus amigos estão digitando e muito mais".
Com a tecnologia RCS, o app de mensagens de texto passa a operar de maneira similar a outros aplicativos de mensageria over the top. A proposta é que a conversa se torne um bate-papo dinâmico e multimídia, em vez de uma troca de mensagens curtas e pontuais. É possível enviar fotos de alta resolução, gravar áudios, compartilhar contatos, mandar sua localização, trocar GIFs animados, ver quando a outra pessoa está digitando etc. A comunicação passa a trafegar como dados, em vez de contar cada mensagem como um SMS ou MMS. Mas se a outra pessoa não usar o app Mensagens do Google ou estiver em uma operadora sem RCS, a comunicação acontece no sistema antigo, ou seja, por meio de SMS e MMS.
No futuro, outros apps de SMS também serão compatíveis com RCS, não apenas o Mensagens, do Google. A Apple ainda não informou se vai adaptar o iMessage para o RCS.
A2P
É sabido que o serviço de mensageria móvel entre usuários finais hoje em dia é dominado por apps de comunicação instantânea over the top, como WhatsApp e Facebook Messenger. De acordo com a mais recente pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre mensageria no Brasil, 97% dos internautas brasileiros com smartphone possuem WhatsApp instalado e 98% deles acessam o app todo dia ou quase todo dia. Enquanto isso, apenas 25% enviam SMS todo dia ou quase todo dia.
Por outro lado, 54% dos brasileiros afirmam que recebem SMS quase que diariamente. O desequilíbrio entre envio e recebimento se deve ao fato de que muitas empresas utilizam o SMS como canal para envio de notificações a seus consumidores, por se tratar de um meio de comunicação universal e que funciona mesmo quando o usuário estiver em uma rede 2G ou sem plano de dados.
O advento do RCS representa, portanto, a abertura de uma oportunidade de negócios para as operadoras e seus parceiros integradores de SMS, pois permite transformar o atual mercado de comunicação A2P (Application To Peer), como é chamado o envio automático de notificações por SMS. Em vez de serem mensagens curtas de texto, essas notificações poderão conter elementos multimídia, como imagens, vídeos e áudios. Uma companhia aérea, por exemplo, poderia enviar o cartão de embarque diretamente para o celular do passageiro.
Interoperabilidade
O uso do RCS só vai deslanchar no Brasil quando todas as operadoras adotarem a tecnologia. O grupo América Móvil é um dos que está comprometido com a tecnologia, tendo adotado a plataforma do Google no México, com sua subsidiária Telcel. No Brasil, a América Móvil é a controladora da Claro. O presidente da Nextel, Roberto Rittes, em entrevista para Mobile Time, declarou interesse em adotar o RCS também.
Vale lembrar que o RCS é um padrão global, criado pela GSMA. O Google não é o único fornecedor desse tipo de plataforma. Há vários outros, como a Mavenir. Na troca de mensagens entre usuários finais, todas as plataformas de RCS conversam entre si, independentemente do fornecedor. Mas para o envio de mensagens de negócios (A2P), são necessários acordos comerciais entre as empresas.
Fonte: Teletime News de 9 de janeiro de 2019, por Samuel Possebon.
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