A União Europeia (UE) apresentou esta semana um plano para construção de um novo sistema de satélites para conectividade no continente. O projeto para comunicações críticas deve exigir pelo menos 6 bilhões de euros em recursos.
Segundo a Comissão Europeia, 2,4 bilhões de euros devem ser fornecidos pela própria UE entre 2022 e 2027. Diferentes fontes do setor público (como estados-membros e a Agência Espacial Europeia, ou ESA) devem completar o financiamento, bem como investimentos do setor privado.
"Esta iniciativa reforçará ainda mais a competitividade do ecossistema espacial da UE, uma vez que o desenvolvimento de uma nova infraestrutura proporcionaria um valor acrescentado bruto (VAB) de 17 a 24 bilhões de euros e criaria mais postos de trabalho na indústria espacial do bloco", afirmou a Comissão Europeia, em comunicado.
Na ocasião, a conectividade a partir do espaço foi classificada como peça fundamental na manutenção do "poder econômico, liderança digital, soberania tecnológica e competitividade do bloco". Os usos do sistema passariam por áreas críticas como defesa, vigilância e setor financeiro.
A frota também deve atender zonas de sombra do continente, bem como locais estratégicos da África e do Ártico. Especificações técnicas do novo sistema não foram reveladas, mas podem envolver "tecnologias inovadoras e disruptivas, a mobilização do ecossistema do Novo Espaço" e inovações em comunicação quântica que garantam uma cifragem segura.
Resultados mais concretos sobre a modelagem estão previstos para junho de 2022, depois de dois contratos para a etapa terem sido adjudicados no final de 2021.
Gestão de tráfego
Em paralelo, a Comissão Europeia também anunciou a proposta de uma nova abordagem no bloco para gestão de tráfego espacial, dada a evolução recente em termos de lançadores reutilizáveis, pequenos satélites e iniciativas privadas no espaço – especialmente na baixa órbita.
O cenário teria capacidade de colocar em risco a segurança dos meios espaciais de estados-membros, de acordo com o bloco. Por isso, a UE cobrou iniciativas concretas, incluindo operacionais e de legislação, que promovam a "utilização segura e sustentável do espaço". As medidas exigiriam uma abordagem multissetorial para atingir escala global, o que deve ensejar parcerias internacionais.
Desde 2016 que a UE dispõe de uma capacidade de vigilância e rastreio de objetos no espaço (o sistema SST), executada pelo Consórcio SST. Até hoje, mais de 130 organizações europeias de 23 estados-membros inscreveram-se nos serviços de prevenção de colisões, análise de fragmentações e análise de reentradas. Atualmente, mais de 260 satélites da UE, incluindo as frotas Galileo e Copernicus, se beneficiam da estrutura.
Em 2021, os parceiros da SST da UE compartilharam 100 milhões de medições através da sua plataforma de partilha e dados. Mais recentemente, o serviço de análise de fragmentações SST da UE confirmou a deteção e o seguimento de detritos espaciais resultantes da destruição de um satélite em órbita baixa (Cosmos 1408) na sequência de um ensaio antissatélite realizado pela Rússia em novembro do ano passado.
Fonte: Teletime News de 16 de fevereiro de 2022, por Henrique Julião.
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