O desempenho negativo na bolsa de provedores de Internet que abriram capital em 2021 e a desistência de players que planejavam uma oferta inicial de ações não devem afastar interessados no IPO assim que uma nova janela de oportunidades surgir – inclusive entre redes neutras.
A avaliação é do diretor da assessoria financeira Brasa Capital, Rodrigo Leite. "As empresas de capital aberto têm perdido valor, o que não significa que a tese de FTTH tenha perdido valor. O influxo de dinheiro é mais vigoroso do que nunca, mas isso não necessariamente reflete no investidor de bolsa", afirmou o profissional, em conversa com TELETIME.
No caso da B3, foi o fluxo de retirada de dinheiro a partir do segundo semestre de 2021 que afetou especialmente small caps e empresas com menor liquidez, como Brisanet (queda de 68% desde a estreia), Unifique (-20%) e Desktop (-27%). Segundo Leite, em caso de retomada da bolsa (como já ensaiado em janeiro), a tendência é que os fundamentos dos ISPs listados sejam reconhecidos.
"Uma recuperação média da bolsa vai ser uma recuperação acima da média para elas", afirmou o diretor da Brasa, considerando a alta volatilidade dos papéis das provedoras.
O cenário poderia representar a abertura de janela para demais interessados. Entre as potenciais candidatas surgem velhas conhecidas do mercado de capitais, como Vero, Conexão e Alloha (antiga EB Fibra). Destaque também para a Copel Telecom, que conta com a figura do investidor Nelson Tanure, e para a V.tal, cuja sócia Oi já manifestou interesse neste sentido.
Eleições
Além do fluxo de capital estrangeiro para a bolsa e do valuation dos players já listados, o momento eleitoral também deve influenciar no apetite dos bancos em voltar a vender o IPO das empresas de fibra.
Leite, contudo, não descarta a abertura de uma janela ainda em 2022 – isso caso "prognósticos eleitorais mais firmes" possam ser formados. "Hoje, o cenário deixa todo mundo um pouco nervoso porque ainda não se ouviu o Lula direito", alegou o profissional. Caso o mercado responda bem às propostas para a área econômica do líder de pesquisas, a volta ainda neste ano dos IPOs se tornaria mais provável.
Alternativas
Fora a abertura de capital, a capitalização via fundos de private equity continua sendo uma opção na mesa para os provedores. "Têm fundos que ainda não alocaram na tese ou que não alocaram tudo o que queriam", explicou Leite – não sem apontar o pouco interesse de players do gênero em atuarem como sócios minoritários. "Normalmente o equity privado vai querer tomar o controle".
Outra fonte disponível, a emissão de dívida via debêntures também está em alta no segmento, mas teria um "limite", segundo o diretor da Brasa. "Tem gente que já está flertando com 3x o Ebitda em dívida. Quando chega em um limite, a emissão passa a não ser mais recomendável", afirmou.
Os recursos disponíveis, contudo, têm sustentado a efervescência do mercado de fusões e aquisições (M&A) entre provedores regionais. A própria Brasa (que assessorou o IPO da Unifique) atuou em quase duas dezenas de operações desde sua fundação, em 2020. Nos últimos anos, a estimativa é que pelo menos 500 operações envolvendo provedores de Internet tenham sido celebradas em todo o mercado brasileiro.
Fonte: Teletime News de 4 de fevereiro de 2022, por Henrique Julião.
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