A assessoria empresarial Ernst & Young (EY) aprovou o plano de recuperação judicial da Oi, segundo laudo econômico-financeiro divulgado ao mercado nesta segunda-feira, 5, e que acompanhou o documento entregue à Justiça do Rio de Janeiro e à CVM. Segundo a entidade, tanto a aprovação quanto a consolidação das premissas previstas "possibilitará a superação da atual crise financeira, viabilizando a continuidade de suas operações, considerando as premissas existentes no cenário econômico". Mas além de aprovar o projeto da operadora, a EY também detalhou projeções da tele para os próximos anos, incluindo desempenho de receitas e de pagamento a credores, ao mesmo tempo em que leva em consideração o ambiente macroeconômico.
O programa de recuperação da Oi busca maior geração de caixa e venda de ativos para poder honrar pagamento de dívidas, mas contemplando investimentos para elevar qualidade de serviço e proporcionar competitividade. Assim, a companhia pretende equalizar passivo, voltando a apresentar sanidade financeira. Segundo a Ernst & Young, o laudo leva em consideração "eventos futuros que representam a expectativa da Oi e de seus administradores". Apesar de ser um ativo considerado no plano de recuperação judicial, há apenas uma breve menção ao PL 3.453/2015, que propõe alteração do regime de concessão para autorização e novas regras para a reversibilidade de bens.
Resultados e amortizações
O laudo considera a necessidade de capital de giro projetada pela Oi, incluindo variações nas projeções de prazos de recebimentos e pagamentos médios. A companhia manterá recursos de aproximadamente R$ 5,5 bilhões anuais, média de 18,5% da receita líquida ao longo da projeção.
A companhia prevê custos com licenças móveis de R$ 653 milhões neste ano, reduzindo para R$ 3 milhões no ano seguinte e R$ 4 milhões em 2018. Daí em diante, não há previsão de investimentos em licenças.
O lucro deve voltar a aparecer no balanço da empresa a partir de 2020, segundo as projeções da EY. A companhia deverá registrar prejuízo de R$ 2,697 bilhões neste ano, diminuindo progressivamente até a geração de lucro em 2020, com R$ 1,044 bilhão. Ao final de 2026, é estimado que a empresa registre lucro de R$ 3,649 bilhões. O fluxo de pagamento aos credores das diferentes classes vai até 2035 depois do Plano de Recuperação, e totaliza ao longo desse período R$ 50,5 bilhões. Até 2026 o investimento previsto é de R$ 60,9 bilhões (incluindo esse ano) e a geração de caixa (EBITDA) até lá será de R$ 103,6 bilhões, segundo as projeções da EY baseadas no Plano de Recuperação da Oi.
A estimativa é de recuperação de R$ 14 bilhões retidos em depósitos judiciais que estariam afetando a liquidez financeira da empresa. Além disso, estima em mais de R$ 10 bilhões as multas administrativas impostas pela Anatel.
A projeção do plano de credores é de que haverá aumento no fluxo de pagamento aos credores, durante os próximos dez anos, começando com R$ 185 milhões em 2017, chegando a R$ 2,149 bilhões em 2025. Chegará ao máximo de R$ 6,223 bilhões em 2033, reduzindo em seguida e ficando em R$ 87 milhões em 2035.
Receita
A previsão de receita bruta é de queda ou estabilização até 2018, restabelecendo o crescimento então em 2019 até 2026, ultrapassando os R$ 40 bilhões em 2026. Mas não pela telefonia fixa: a curva, tanto de receita quanto de base de usuários, mostra uma clara queda nos próximos anos, estabilizando por volta de 2020 até o final do período.
Já a receita móvel deverá crescer a partir de 2018, com crescimento médio anual (CAGR) de 4,17%. Além disso, projeta leve tendência de aumento da base, embora ainda não recuperando o nível de 2015 e antes (início do declínio do efeito da comunidade). A EY cita que a Oi deverá trabalhar para desligar linhas inativas ao final de 2016 para diminuir ineficiências de resultado – atividade normal promovida por todas as teles móveis.
Na receita de banda larga fixa, a Oi pretende atingir um patamar de aproximadamente R$ 6,1 bilhões em receita em 2026, mostrando crescimento mesmo em 2016. Ressalta-se participação cada vez maior da receita empresarial/corporativa no período. Também se espera crescimento de base. A companhia também acredita em aumento de transmissão de dados, incluindo EILD, linhas dedicadas e serviços IP.
TV por assinatura continuará a mostrar evolução, superando R$ 3 bilhões de receita anual de R$ 3,5 bilhões ao final de 2026. E a base deverá crescer em ritmo mais acelerado a partir de 2020.
A EY consolidou a receita de serviços de valor adicionado (SVA) e de terminais de uso público (TUP) em uma coisa só que apresentaria queda até 2020, para depois retomar crescimento até o final do período, embora sem conseguir voltar a patamares de 2015.
Contextualização
O laudo econômico-financeiro da Ernst & Young ressalta em 2015 a companhia perdeu a segunda posição em termos de receita operacional para a Claro devido ao processo de fusão da América Móvil Brasil. Observa que houve redução no ARPU móvel (pré e pós) nos últimos cinco anos entre todas as operadoras, menos a Vivo. No Caso da Oi, reduziu de R$ 22 em 2011 para R$ 17 (embora a Claro tenha reduzido R$ 17 para R$ 13 e a TIM, R$ 21 para R$ 17). Da mesma forma, ressalta que a margem operacional reduziu de 34,49% para 25,41%. Por outro lado, a necessidade de investimentos para modernização causou impacto: o Capex em relação à receita líquida subiu de 9,6% para 13,5%.
Mais surpreendente é lembrar a evolução da dívida da Oi perante o restante do mercado. Enquanto as demais não passaram dos R$ 5 bilhões em 2015, a Oi já em 2012 tinha passado de R$ 1,017 bilhão para R$ 26,512 bilhões, finalmente chegando aos R$ 43,158 bilhões ao final de 2015.
A projeção macroeconômica espera que o IPCA atinja 7,32% ao final deste ano, caindo para 5,20%, 4,70%, 4,55% e 4,51% até 2020, respectivamente. O dólar, na média do ano, sairia de R$ 3,75 para R$ 3,80 ao final do período (flutuando para abaixo dos R$ 3,50 no interim).
Fonte: Teletime News de 5 de setembro de 2016, por Bruno do Amaral.
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