Apesar da queda nas receitas no ano passado, a América Móvil considera que a economia brasileira e o desempenho da operadora apresentarão melhoras em 2017. Em teleconferência dos resultados financeiros do grupo mexicano nesta sexta-feira, 3, que controla a Claro, Embratel e Net, o CEO da companhia, Daniel Hajj, avaliou que a macroeconomia brasileira "bateu no fundo", mas que melhorará a partir de agora, o que ajudará os negócios. "Podemos tomar vantagem da recuperação", declarou.
Hajj destaca a melhoria no pós-pago da Claro em 2016, mas avalia que a queda nas receitas móveis pode ser em decorrência de precificação agressiva. "Talvez tenhamos ficado um pouco agressivos nas taxas, mas achamos que, em longo prazo, estamos ficando muito melhores do que éramos", diz. A companhia afirma que as receitas de SVA tem se saído "muito bem", mas que 2017 será "muito melhor". "Ainda não vai ter crescimento, mas terá melhoria na receita de dados, onde todo mundo está crescendo, e a gente também. Estamos confortáveis nisso."
O destaque do grupo no Brasil foi para os serviços fixos, que apresentaram crescimento em 2016. Até por isso, o CEO defende que não há interesse em uma eventual compra da Sky Brasil. "Se o mercado consolidar acho que vai ser bom, mas não estamos interessados em ativos de TV da AT&T. Temos bom market share, estamos crescendo no cabo e temos uma rede boa", declara.
Global
Como parte da estratégia global, a América Móvil planeja investir por volta de 10% menos em 2017. "Estamos revisando e pode ser isso, mas não finalizamos. Achamos que vai ser entre US$ 7 e 7,5 bilhões em Capex", estima o CEO. "Não é só redução de coisas importantes no Capex, estamos fazendo (de forma) mais eficiente", diz, explicando que já investiu mais nos anos anteriores, e que agora é hora de colher frutos.
Pretende ainda reduzir os subsídios a dispositivos. Daniel Hajj explica que é complicado retirar completamente esse recurso na América Latina por conta dos diferentes cenários competitivos e pela variação cambial, mas que planeja reduzir os custos com isso nos próximos anos, especialmente no México. Na Colômbia, com fim da assimetria nas tarifas de interconexão, ele não espera grandes mudanças, mas destaca que as receitas representarão "boa recuperação" em 2017. Já na Argentina, a expectativa é de recuperar margem, enquanto mantém cuidado com o aumento de preços.
México
A estratégia da América Móvil em seu mercado interno é, nitidamente, tentar se adequar à regulação mais pesada do Instituto Federal de Telecomunicações (Ifetel), mas conseguir adentrar no mercado de TV paga. "Somos um dos únicos países que não têm convergência", reclama Haaj. "Não acho que tenha algum sentido para os mexicanos, porque os preços da TV paga não estão caindo como do wireless e fixo", diz, ressaltando novamente que cumpre as demandas do Ifetel, incluindo um pedido de anuência com base no cumprimento de regras para outros serviços para poder pedir a licença de TV paga.
Hajj reclama também das regras para empresas com poder de mercado significativo no México. "Os custos de interconexão estão crescendo e não faz nenhum sentido que a gente subsidie a AT&T, a gente paga interconexão e eles não, e também a Telefônica", afirma.
Outro passo importante no mercado doméstico é a ligação da rede LTE em 2,5 GHz. A companhia não espera fazer grandes investimentos na infraestrutura para isso, uma vez que já conta com uma rede implantada de 40 mil torres alugadas. A experiência com esse espectro no Brasil e na Colômbia também assegura que não deverá haver grandes problemas para a América Móvil, que pretende ainda ofertar a agregação de portadora com a nova frequência.
Fonte: Teletime News de 3 de fevereiro de 2017, por Bruno do Amaral.
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