sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Sky cobra segurança jurídica para destravar investimentos

Para Estanislau Bassols, CEO da Sky, o momento do setor de TV por assinatura no país permite uma leitura mais positiva do que a análise apenas pela base de assinantes. Segundo o executivo, que falou durante a Futurecom 2019 nesta terça, 29, embora a base do setor esteja em queda, a penetração do serviço cresce em 48% dos municípios brasileiros. Além disso, os serviços de vídeo por assinatura como um todo, incluindo, portanto, TV paga e OTTs, apresentam crescimento significativo. Na estimativa da Sky, o mercado de conteúdos por assinatura (incluindo OTT) no Brasil é de 32,6 milhões de clientes, sendo 51% no mercado de TV paga tradicional e o restante em plataformas OTT. Em 2018 a proporção de pay TV tradicional era de 57%, para uma base total de 30,7 milhões de clientes. Em 2016, na estimativa da Sky, havia 26 milhões de clientes de assinantes de conteúdos, sendo 72% com a TV paga tradicional. A Sky defende que os operadores evoluam seus serviços de TV para para todas as plataformas e em todos os modelos, inclusive os modelos OTT.

Para o executivo, o maior entrave hoje é uma insegurança jurídica no setor. Ele criticou a manutenção das regras do SeAC no cenário atual. Segundo Bassols, a Lei do Seac foi concebida corretamente no momento em que foi criada. Havia, diz, a ambição de democratizar o acesso ao conteúdo nacional, mas em um momento em o Youtube não tinha a mesma relevância. "Saltando para 2019, cria-se essa dificuldade em definir o que é linear", disse. "O que é linear?", questionou. Segundo ele, um conteúdo pode ser disponibilizado em VOD um mês antes da estreia no linear, mesmo assim, a plataforma VOD não será tão regulada quanto a linear. "Os novos modelos rompem com os modelos anteriores, mas ao mesmo tempo trazem benefícios para toda a cadeia", disse.

A Lei do SeAC (Lei 12.485/2011) é um obstáculo à controladora da Sky, a AT&T, que está impedida de concluir a compra da Warner Media (Time Warner, controladora dos canais Turner e acionista da HBO no Brasil) por conta das restrições à propriedade cruzada. Esta semana, a AT&T anunciou a consolidação da Ole Communications, acionista minoritária da HBO na América Latina, mas o Brasil ficou de fora.

O presidente da Sky disse que a insegurança jurídica inibe o investimento e, "o setor de entretenimento brasileiro merece mais investimentos".

Para a Sky, as três prioridades para destravar o setor são:
manter o foco no cliente, que quer diversidade de meios e formatos;
simplificar a regulamentação para que seja, de fato, aplicada – "para que o regulador não tenha medo de aplicá-la por que ficou tão antiga que é de difícil interpretação";
democratizar o entretenimento – "ter todos os formatos em todos os devices talvez seja a melhor forma".

Pirataria

Outro entrave no setor, apontou o executivo, é a pirataria, que já é o terceiro maior player do mercado, com 4,5 milhões de usuários, de acordo com dados da ABTA. O setor perde cerca de R$ 9 bilhões por ano. "Precisamos ser mais sérios com a pirataria: regular menos, mas regular bem", disse.

Fonte: Teletime News de 29 de outubro de 2019, por Fernando Launterjung

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