sábado, 2 de julho de 2022

Presidente da Claro confirma início de sobreposição do cabo com fibra

A Claro defende que a tecnologia HFC na banda larga fixa continua competitiva e basta para as necessidades dos clientes mais exigentes. Mas o fato é que a fibra tem ficado cada vez mais barata, incluindo para equipamentos, e há algum tempo a estratégia da operadora já tem sido de ir direto para o FTTH nas novas praças. Mas agora, pelo menos em alguns lugares como a zona sul de São Paulo, a solução do GPON está sobrepondo a rede HFC da operadora. Só que não se trata de uma substituição integral.

Em entrevista exclusiva ao TELETIME, o presidente da Claro, José Félix, confirmou que isso de fato está acontecendo, mas não porque a rede atual precisa de atualização. "O que você está vendo é uma decisão nossa do ponto de vista de engenharia e financeiro", declarou. Este noticiário apurou que essa substituição pela fibra até a residência está em plena fase de implantação, ainda que a oferta ao consumidor não tenha chegado necessariamente.

Félix explica que a rede HFC é totalmente competitiva, entregando até 1 Gbps atualmente por meio da tecnologia DOCSIS 3.1. "Eu asseguro que foi uma escolha acertada." Mas para aliviar a capacidade dos nós de rede, a engenharia manda os técnicos de campo cortarem o coaxial cada vez mais próximo da casa do cliente. E nesse processo basicamente de gestão da infraestrutura, o FTTH se tornou viável.

"Por incrível que pareça, ao longo dos anos, colocar a fibra se tornou mais barato do que fazer esse tipo de rede coaxial. Por isso que eu não a coloco mais em rede nova, faço tudo GPON [fibra] quando é green field", coloca o executivo, citando novas praças. Mas também a quebra dos nós no HFC está mais custosa do que quebrar direto com fibra.

"Agora, prefiro fazer a quebra dos nodes não mais em HFC, mas em GPON. Eu escolho esse braço onde tem alta densidade de pessoas servidas (…) e com isso aliviamos todos os assinantes do node. Quem quer passar para GPON passa, quem não quer, não precisa. Mas é aí que aparece a sobreposição de GPON ao HFC." Ou seja, o assinante que quiser migrar para o FTTH nesses lugares onde já houve a sobreposição pode fazê-lo. Para a Claro, isso seria indiferente.

José Félix insiste que não se trata de procurar atualizar a rede em regiões com maior ticket médio. "Eu estou satisfeito com a rede HFC. Faço isso onde tem saturação do node, é uma decisão de engenharia". Por não ser uma decisão mercadológica, a adoção da fibra óptica não vem com nenhuma mudança de planos para o consumidor de banda larga fixa.

Há outra variável: a rede HFC serve ao serviço de TV a cabo. Caso o cliente passe para a rede GPON e fosse cliente do serviço de TV, ele teria que passar para a solução do Claro TV+, que é o serviço de TV da Claro via rede banda larga.
Piloto

Há ainda uma outra possibilidade na Zona Sul paulistana: um piloto que está sendo feito com engenheiros e técnicos da Claro que moram nas imediações do bairro de Moema. A intenção é fazer análises de comparações, performance, custo, velocidade e manutenção, por exemplo. "E aí sobrepusemos a rede mesmo."
Futuro

O fato é que, nas palavras do próprio presidente da operadora, com o tempo acontecerá de o FTTH se sobrepor à rede HFC. "Naturalmente, tudo vai virar GPON, porque vai picoteando muito a rede", declarou Félix a este noticiário, ressaltando também que os equipamentos para a infraestrutura de fibra estão ficando cada vez mais baratos.

Maior operadora de banda larga no Brasil, a Claro é disparada a maior a utilizadora de cabo e a única com base relevante, já que dos 9,08 milhões de acessos HFC no Brasil a empresa detém 8,96 milhões. Os demais 134 mil acessos são de pequenos provedores como a Cabo, MHNet e mesmo a Unifique. Somando o HFC com os 599 mil acessos em FTTH, a tele do grupo América Móvil conta com 9,561 milhões de acessos banda larga fixa no total.

Fonte: Teletime News de 1 de julho de 2022, por Bruno do Amaral.

Nenhum comentário:

Postar um comentário