terça-feira, 26 de abril de 2016

Enxurrada de críticas leva o debate da franquia da banda larga fixa ao Conselho Diretor da Anatel

O conselheiro Otávio Luiz Rodrigues vai relatar a análise do uso da franquia de dados na banda larga fixa no Conselho Diretor da Anatel. O processo chegou ao órgão máximo deliberativo da agência por proposta de iniciativa do presidente João Rezende, depois da enxurrada de críticas e pedidos de esclarecimentos pelo reconhecimento da legalidade da medida, por parte da Anatel, ainda que tenha estabelecido condições para que a franquia seja adotada.
Ofícios enviados à agência, ações civis impetradas e representações partiram não só dos órgãos de defesa do consumidor, mas de parlamentares, partidos políticos, entidades da sociedade civil organizada, como a OAB, e até o Ministério Público Federal questionam a medida e apontam ataques à lei vigentes, como o Marco Civil da Internet e mesmo o Código de Defesa do Consumidor. Até o Ministério das Comunicações mostrou não ver a franquia com bons olhos.
No circuito deliberativo julgado na Anatel na última sexta-feira, 22, além de trazer o debate para o Conselho Diretor, Rezende suspendeu a adoção da aplicação das franquias por tempo indeterminado, e não mais pelos 90 dias estabelecidos na cautelar anterior editada pela área técnica. Com a decisão, a discussão do tema deixa a Superintendência de Relações com o Consumidor e passa para o colegiado da agência, que deve analisar diretamente as manifestações recebidas.
Apesar do novo encaminhamento, há poucas chances da agência proibir definitivamente a adoção de franquia na banda larga fixa. O entendimento é de que o serviço é prestado em regime privado e não cabe à Anatel impor regras comerciais ao mercado, como aconteceu com a banda larga móvel. Mas há divergências entre os conselheiros.

Fonte: Teletime News de 25 de abril de 2016, por Lucia Berbert.

MPF estranha "concordância rápida da Anatel" para que teles adotem franquia na banda larga fixa

O Ministério Público Federal se reuniu, ma última sexta-feira, 22, com representantes da Superintendência de Relações com o Consumidor da Anatel para esclarecer as medidas adotadas pela agência em relação à adoção, pelas operadoras, de franquia para a banda larga fixa. Em ofício, a Câmara de Consumidor e Ordem Econômica do MPF demonstrou preocupação com a postura "amplamente favorável da Anatel às empresas prestadoras de serviço de banda larga fixa, no sentido de permitir-lhes livremente o estabelecimento de franquia de dados e da adoção de medidas que implicarão a redução da velocidade e/ou suspensão de serviço de internet".
O MPF disse que estranhou o fato de a Anatel ter concordado tão rapidamente com as pretensões das empresas do setor, quando essa medida afeta milhões de consumidores de serviços de internet, "que deles se utilizam não somente para lazer, mas especialmente como ferramenta de trabalho e estudo". Na verdade, a Anatel em nenhum momento manifestou concordância com o setor. Inicialmente foi editada uma cautelar determinando que as empresas não aplicassem por pelo menos 90 dias as restrições de franquias, até que os mecanismos de divulgação e transparência e acompanhamento estivessem implantados. Esta primeira ação foi interpretada pelos órgãos de defesa do consumidor como uma anuência prévia, sendo que não cabe anuência da Anatel nesse tipo de questão (planos comerciais). O que a agência pode fazer é agir contra práticas abusivas. Após a reunião com o MPF, a Anatel suspendeu definitivamente a aplicação das franquias até que a Anatel avalie a questão.
O MPF sustenta que o Marco Civil da Internet, em seu artigo 7º, inciso IV, reconhece que o acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, sendo assegurado ao usuário ao direito de não suspensão da conexão, salvo por débito diretamente decorrente de sua utilização. O MPF vê ainda mais riscos com a adoção da franquia.
O primeiro deles, diz respeito a maior facilidade das operadoras em impor limites que atentam contra a neutralidade da rede, prevista no Marco Civil da Internet, "considerando os nítidos efeitos aos serviços OTTs". O outro efeito negativo se refere a adoção de prática anticompetitivas pelas operadoras com poder de mercado, apoiadas pela adoção da franquia, já que "Oi, Telefônica e NET controlam 90% desse mercado".
Para o MPF, com a medida, é grande o potencial de criação de barreiras à entrada de serviços alternativos "que ofereçam concorrência em outros mercados também operados pelos mesmos grupos econômicos, como os de voz e de vídeo, o que claramente atentaria contra a ordem econômica".
Diante desse quadro, o MPF solicitou estudos técnicos realizados pela Anatel para avaliar os impactos econômicos e concorrencial da venda de internet de banda larga fixa por franquia. Além de informações sobre a adequação do novo modelo de fornecimento do serviço ao  Marco Civil da Internet, e ao Código de Defesa do Consumidor, além do Regulamento Geral dos Direitos dos Consumidores.
Inquérito
Para fortalecer a atuação do Ministério Público Brasileiro na cobrança pelos direitos do consumidor quanto à venda de internet de banda larga fixa por franquia, a Procuradoria da República no Distrito Federal (PRDF) – unidade do Ministério Publico Federal que atua na primeira instância – decidiu instaurar inquérito civil para cobrar explicações da Anatel a limitação de acesso à internet fixa. Para a PRDF, a medida mostra indícios de que a agência tenha adotado posicionamento favorável à proposta das empresas, sem a segurança de que o consumidor será beneficiado.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) também instaurou procedimento para investigar os serviços de acesso à internet comercializados pelas companhias telefônicas por franquia. Os órgãos definiram que devem atuar em conjunto, permitindo o intercâmbio de informações entre as unidades.

Fonte: Teletime News de 25 de abril de 2016, pela Redação da Converge.
A polêmica sobre a imposição de franquias para o uso da banda larga fixa não é nova nem exclusiva do Brasil, mas a dimensão que o problema ganhou impressiona. Além dos órgãos e entidades de defesa do consumidor, as críticas estão vindo do Congresso, do PSDB, da OAB, do Ministério Público Federal, da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, do senador e ex-ministro das Comunicações Eunício de Oliveira (PMDB/CE), das redes sociais, das inúmeras petições online… Até o Ministério das Comunicações ficou contra a Anatel. Viu-se de tudo no debate, menos uma análise técnica, econômica e jurídica consistente. Talvez porque ainda não haja dados para esse tipo de debate.
A Anatel, por exemplo, achava que esse debate não seria sequer necessário, porque julgava que o problema não existia. Até hoje, é posição pacífica dentro da agência (há muito tempo aliás), que não cabe à Anatel regular condições comerciais de um serviço privado, conforme preconiza a Lei Geral de Telecomunicações. Para a Anatel, havia pleno respaldo regulatório para os modelos baseados em franquia, como aliás acontece com vários dos serviços de telecomunicações (da banda larga móvel aos serviços de voz). Ao editar a cautelar suspendendo por 90 dias a aplicação das franquias, a agência não buscava "legalizar" a prática, porque isso nunca esteve em discussão. A agência queria apenas impedir que, ao serem aplicadas, as franquias não gerassem surpresa aos consumidores. Mas esta não foi a leitura da imprensa, dos movimentos militantes de Internet nem dos órgão de defesa do consumidor.
Com a polêmica gerada, o conselho da agência avocou a discussão para si, ampliando o escopo e saindo de um debate que ficaria restrito às relações de consumo, enquanto o tema era apenas a cautelar da superintendência de relações com o consumidor. Agora a Anatel poderá, e provavelmente irá, discutir o enquadramento regulatório da banda larga, dos modelos de comercialização e dos impactos concorrenciais dos planos baseados em franquia. Um abacaxi gigantesco terá que ser descascado.
As teles, evidentemente, saíram como vilãs frente à opinião pública, como em geral sempre acontece quando o assunto é Internet.
Mas afinal, as teles estão erradas ao imporem as franquias? Do ponto de vista técnico, regulatório (com as regras de hoje) e dentro da lógica econômica empresarial, não. Sob a ótica do consumidor, a medida é polêmica, para dizer o mínimo. Indiscutivelmente haverá uma dificuldade gigante de mostrar e provar aos consumidores que qualquer alternativa é mais vantajosa do que o acesso ilimitado.
No aspecto técnico, a questão a ser feita é: a rede de dados fixa tem limite? A resposta de qualquer engenheiro de telecomunicações será sim, a rede é limitada. As redes podem até funcionar indefinidamente ao longo do tempo sem se "esgotarem", como aconteceria com uma rede de água, gás ou energia (que cobram por volume, aliás). Mas existe, nas redes de telecomunicações, um limite à quantidade de informação (dados) que ela pode transportar e processar ao mesmo tempo. Esta limitação se dá pelos inúmeros pontos de gargalo numa rede de dados. É o que explica o fato de as pessoas contratarem um acesso de 60 Mbps, por exemplo, mas ao buscarem informações na Internet navegarem a velocidades bem menores, por exemplo. A ampliação da capacidade da rede requer mais investimentos, seja em equipamentos, seja na contratação de conectividade com outras redes. O tráfego que vai ou vem de servidores fora do Brasil, por exemplo, depende de contratos de troca de tráfego internacionais, que têm custos. Há limites nos equipamentos de acesso à rede instalados nas residências, nos roteadores que distribuem o tráfego, nas redes de acesso, no espectro usado (inclusive nas redes de cobre e cabo) e mesmo numa rede de fibra ótica, onde a capacidade é gigante, existem limites dados pela física e pela eletrônica instalada. As questões que a Anatel terá que fazer são: 1) Há gargalos na rede hoje e em função do tráfego de dados projetado? 2) a equação de investimentos fecha com os planos ilimitados? 3) As franquias mudariam significativamente o padrão de gastos e a necessidade de investimentos na rede? 4) Caso as redes ainda tenham capacidade ociosa, é razoável que se imponham franquias de uso para evitar gargalos futuros?
No aspecto regulatório, o debate é mais complexo, pois passa pelo modelo sustentado pela Lei Geral de Telecomunicações, que é o que baliza o setor de telecom, mas não só por ele. Há três aspectos: o primeiro é o enquadramento do Serviço de Comunicação Multimídia (nome técnico da banda larga fixa) como serviço privado, e o que isso significa. Pela legislação de telecomunicações, nos serviços privados "a liberdade é a regra", ou seja, não têm preços nem planos comerciais regulados. A Anatel pretende mudar esse entendimento? Como isso pode ser feito? O segundo aspecto é a necessária conciliação entre a Lei Geral de Telecomunicações e o Marco Civil da Internet. O Marco Civil é uma lei que não se sobrepôs à LGT, mas inovou ao classificar a Internet como um serviço "essencial" e criar um dispositivo que proíbe a suspensão do serviço, a não ser em caso de inadimplência. Estourar a franquia seria uma forma de inadimplência? Isso justificaria uma degradação no acesso? Essa é outra questão que fará parte do abacaxi que a Anatel terá que descascar. Lembrando que, paralelamente, discute-se a questão da regulamentação do Marco Civil da Internet em relação ao aspecto da neutralidade, e pela proposta feita até aqui pelo Ministério da Justiça a Anatel terá um papel preponderante no acompanhamento da relação entre empresas de Internet e empresas de telecomunicações.
E há, por fim, a questão da legislação de direitos do consumidor, que tem como base o respeito aos contratos e à transparência sobre qualquer mudança nos termos de serviço. Impor condições abusivas pode e será questionado sob essa ótica.
Mas a discussão mais complexa a ser enfrentada pela agência é em relação ao modelo econômico da Internet, sob a ótica do usuário e sob a ótica das empresas (que obedecem a duas lógicas distintas). O usuário, naturalmente, quer ter o melhor serviço, pagando o valor justo e tendo seus direitos respeitados, inclusive aquilo que ele entende como direitos adquiridos.
A lógica econômica por trás da prestação de serviços pelas empresas, contudo, é outra, ainda que igualmente simples: ninguém dá de graça (ou ilimitadamente) aquilo que faz para vender. Algumas empresas podem cobrar mais, outras menos. Algumas podem ter uma proposta de valor mais interessante ao consumidor, outras menos. Podem ser mais simpáticas aos olhos do cliente, ou mais antipáticas. Mas todas cobram e todas cobrarão pelo serviço de acesso à Internet. Ao longo do tempo, ao contrário do que se fala, esses modelos variaram muito.
Na época da Internet discada, que vigorou até o começo dos anos 2000, as pessoas pagavam, na prática, pelo tempo que permaneciam com a linha telefônica ocupada para acessar a Internet. Havia uma distinção entre o que se pagava ao provedor para ter acesso (em geral um valor fixo único) e o que se pagava pela rede que dava o acesso (a linha telefônica). Quanto mais se usava a Internet, mais salgada ficava a conta de telefone no final do mês, a ponto de os picos de acesso acontecerem de madrugada, quando a ligação era mais barata.
Com o advento da banda larga e dos acessos por tecnologias como xDSL ou cable modem, esse modelo ruiu, e prevaleceu o modelo do "use o quanto quiser", com um preço fixo. A única distinção entre os planos estava nos descontos decorrentes de combos e na velocidade contratada. Algumas empresas, como a Net (e outras), já têm há quase 10 anos uma previsão contratual segundo a qual podem limitar a velocidade em caso de esgotamento da franquia, ainda que raramente tenham aplicado esse dispositivo. Era um fato conhecido, que nunca foi um problema nem gerou uma fração da comoção causada depois que a Vivo anunciou a adoção do modelo de franquias a partir de janeiro de 2017. A Anatel terá agora que analisar o histórico de esgotamento dessas franquias já existentes para entender se esse é um fato corriqueiro, ou não, e se os limites impostos por contrato estão dentro do padrão de uso da média dos consumidores. Sem isso, não será possível sustentar o argumento das teles de que a maioria dos consumidores está subsidiando uma minoria que demanda um grande volume de tráfego, mas tampouco será possível refutar esse argumento.
Ainda que toda essa polêmica tenha sido provocada por um movimento da Vivo, existe, de fato, uma discussão mundial sobre o modelo da Internet ilimitada. Não é uma discussão nova, mas tem se intensificado na mesma medida em que as operadoras veem as receitas de seus serviços tradicionais (como longa distância, voz, mensagens e vídeos) serem erodidas por competidores que operam por cima das redes de banda larga (os chamados OTT). Estes serviços competitivos, em muitos casos, ganharam a preferência dos consumidores, que passaram a utilizá-los de maneira intensiva, e isso tem ampliado o tráfego na rede de dados muito além de um mero crescimento vegetativo. Existem inúmeras estatísticas sobre o quanto o tráfego de dados, sobretudo o gerado pelos serviços de vídeo, vai impactar as redes de telecomunicações, e quanto isso demandará de investimentos. Esse assunto é discutido há anos nos fóruns de telecomunicações no Brasil e no mundo. Chegou a hora de a Anatel fazer um mapeamento efetivo do caso brasileiro, inclusive respondendo às perguntas: 1) as receitas e a sustentabilidade das empresas de telecomunicações estão sendo ameaçadas por novos serviços 2) que outros modelos de negócio são aceitáveis nesse ambiente 3) os investimentos a serem feitos são sustentáveis diante da perda de receitas nos demais serviços? 4) se não forem sustentáveis, quem deveria pagar a conta?
O que está muito claro é que, sob a ótica das empresas de telecomunicações, o modelo do acesso ilimitado, se for compulsório, tira uma alternativa comercial. O Marco Civil da Internet impede estas operadoras de telecomunicações de diferenciarem o serviço de acesso banda larga pela qualidade (a não ser em algo que minuta de regulamentação proposta pelo Ministério da Justiça chama de "serviços especializados", que ainda não se sabe exatamente o que será). De qualquer maneira, sobra então às teles duas maneiras de cobrar pela banda larga: por velocidade (o que é a prática atual) e por volume (que depende do modelo de franquias). A Anatel terá agora que decidir quais as limitações destas opções.
Outra preocupação que surge no horizonte da agência é com a possibilidade de que, no futuro, alguns serviços ofertados gozem de "isenção" de franquia, ou zero-rating, o que pode gerar distorções competitivas a depender da forma como forem implementadas. Este é um tema de esfera concorrencial, mas possivelmente será o grande ponto de atrito e atuação regulatória no futuro.
Até um veredito da agência, algumas operadoras podem e irão usar a franquia ilimitada para se diferenciar. A TIM, por exemplo, está fazendo isso com seu serviço fixo, que é restrito a regiões das cidades de São Paulo e Rio. O único problema é que isso não é uma opção a todos os consumidores.
Uma rede de telecomunicações depende de uma infraestrutura cara e complexa de ser construída e operada, e as barreiras de entrada a esse mercado são muitas. Por isso cidades com mercados menos rentáveis têm menos opções competitivas, em alguns casos com apenas um operador de banda larga fixa, quando muito. E mesmo nas cidades mais atraentes do ponto de vista econômico, as opções são limitadas e muitas vezes restritas a algumas regiões. Isso explica porque a última PNAD/IBGE já mostra o celular como o principal meio de acesso à Internet. A solução para isso são políticas públicas de universalização do acesso, o que também depende de recursos e investimentos. A Anatel, que já está debruçada sobre a questão do novo modelo de telecomunicações e do papel da banda larga nesse ambiente, pode, portanto, adicionar as diferentes políticas comerciais em relação às franquias em suas variáveis de análise.
Por fim, durante o período em que o assunto "franquias" amadurecerá dentro da agência, caberá às operadoras fazerem sua lição de casa. Primeiro, entenderem onde erraram na comunicação. Depois, levantar e compartilhar com a agência e com a sociedade dados que sustentem seus argumentos, inclusive em relação ao dimensionamento das redes, investimentos necessários para suportar a demanda e impactos econômicos do modelo atual e de novos modelos comerciais.
Cabe às empresas avaliarem, por fim, se não erraram na mão ao dimensionarem suas franquias. Levantamento feito pela TELETIME mostra que as franquias são cada vez mais comuns em outros mercados desenvolvidos de banda larga (onde, aliás, a polêmica e as discussões têm sido muito parecidas com a que se tem aqui). Mas em geral os patamares estabelecidos pelas empresas como limite de uso são maiores, mais adequados a uma realidade em que consumo de vídeo, jogos online e compartilhamento do wifi doméstico com vários dispositivos seja a regra, e não a exceção. Há muitos anos, a Ofcom, órgão regulador do Reino Unido, e a própria FCC, dos EUA, elaboram estudos sobre o comportamento de uso dos consumidores em seus respectivos países. Estudos como esses para o Brasil são raros. Se a Anatel quiser fazer uma análise correta do mercado de banda larga, precisará desse tipo de informação também.
Em resumo: ao trazer para si uma decisão para a questão das franquias, o conselho diretor da Anatel fez a única coisa possível diante da polêmica gerada. Mas, ao mesmo tempo, criou um problema, pois vai entrar em um terreno que ainda não havia explorado, e para o qual tem pouca ou nenhuma informação para chegar a uma solução. E, por mais que se resista, começa a ficar claro que alguém terá que ter um papel de regulador do ambiente da Internet.

Fonte: Teletime News de 25 de abril de 2015, por Samuel Possebon.

Minicom e Ericsson assinam acordo para laboratório e pesquisas em IoT

O Ministério das Comunicações e a Ericsson assinaram acordo de cooperação mútua para desenvolver projetos e testes em Internet das Coisas , segundo informou a fornecedora sueca nesta segunda-feira, 25, em comunicado. A parceria público-privada (PPP) inclui a criação do Laboratório da Sociedade Conectada (Networked Society Lab) da empresa, que será inaugurado em Indaiatuba, interior paulista, na próxima sexta-feira, 29, com a presença do ministro André Figueiredo. O projeto visa incluir tecnologias para agricultura, proteção à mata atlântica, prevenção de desastres, "água inteligente" e aplicações de monitoramento.
Em comunicado, Figueiredo afirma que a cooperação permitirá ao País "entender melhor e estar no expoente de como podemos melhorar de forma sustentável a agricultura, cidades inteligentes, energia e produção industrial, entre outras áreas ". Já o secretário das telecomunicações do Minicom, Maximiliano Martinhão, destaca que a cooperação com empresas da União Europeia é "um componente importante da estratégia brasileira para desenvolvimento em IoT e 5G", destacando já ter frutos da iniciativa de parceria com a Comissão Europeia para a Economia e Sociedade Digital.
Vale lembrar que o governo deverá lançar até o início de maio uma consulta pública de uma minuta de política para IoT. A proposta terá metas e sugestões de ações para alcançar objetivos ligados ao tema, além de listar setores verticais que poderão ser priorizados. A julgar pela recente declaração do ministro no comunicado da Ericsson, imagina-se que sejam justamente a agricultura e a indústria. O BNDES ainda pretende fazer um estudo profundo sobre a Internet das Coisas para subsidiar políticas públicas.
Outros projetos do Laboratório endereçarão ainda metas de Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (SDGs) da ONU como Fome Zero, proteção sanitária e água limpa, cidades e comunidades sustentáveis, ações climáticas e outras parcerias.  O centro de Inovações da empresa na América Latina tem 460 funcionários e já deu entrada em 80 patentes, sendo 42 no Brasil.
A PPP é parte do centro de inovações da Ericsson que trabalha com universidades, clientes, fornecedores e agências de desenvolvimento para fomentar o ecossistema de IoT no Brasil e na América Latina. A fornecedora destaca recentes parcerias com a Telefónica e a Inatel, além de pesquisas em parceria com as Universidades de São Paulo (USP), Campinas (Unicamp), Pontifícia Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e as federais do Pará (UFPA), Pernambuco (UFPE) e Ceará (UFC).

Fonte: Teletime News de 25 de abril de 2016, por Bruno do Amaral.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Banda larga em outros países oferece franquias maiores, mas há limites

Enquanto o debate sobre a adoção de franquias limitadas na Internet fixa começa no Brasil, nos Estados Unidos em outros países há algum tempo as operadoras oferecem essa modalidade de cobrança. Em comum com outras empresas em mercados internacionais, as operadoras brasileiras têm as velocidades oferecidas (que variam de acessos de menos de 2 Mbps a velocidades superiores a 100 Mbps), a tecnologia (xDSL, fibra e cabo) e o empacotamento de serviços de dados com voz, vídeo e celular. Mas há uma diferença crucial entre o que acontece no Brasil e o que acontece fora, pelo menos nos mercados mais desenvolvidos: o tamanho das franquias. Fora do Brasil, muitas operadoras oferecem franquias, mas raramente elas são inferiores a 100 GB por mês. Em comparação, as franquias no Brasil começam em 30 GB (Net), 50 GB (Vivo) e 60 GB (Oi). Nos EUA, o plano de entrada da AT&T, com uma velocidade de apenas 3 Mbps e uma tecnologia defasada (ADSL), a franquia começa em 150 GB. A concorrente Verizon oferece planos sem franquia. A Comcast, que é a maior operadora de cabo nos EUA, começa com franquias a 300 GB.
No Canadá, os planos da Bell Canada começam a 75 GB de franquia com 15 Mbps de velocidade. Outras operadoras locais, como a Novus, partem de 250 GB. Na Austrália, a franquia mais baixa da Telstra (maior operadora daquele país) é de 100 GB, podendo ir a mais de 1 TB dependendo da velocidade contratada. No Chile, a Movistar, da mesma controladora da Vivo, pratica franquias de 500 GB e na Alemanha a Vodafone começa em 300 GB de franquia.
No caso das teles brasileiras, algumas informações não são achadas de forma fácil, mas estão lá. Todas as quatro maiores (Net, Oi, TIM e Vivo) fornecem inclusive as taxas de velocidade de download e upload, enquanto no caso das norte-americanas a informação nem sempre é disponibilizada, como no caso da AT&T e Comcast. Por outro lado, nenhuma das operadoras brasileiras pesquisadas exibia de maneira clara algum tipo de calculadora de consumo de dados, tanto para previsão de que plano escolher quanto para o já consumido, caso seja cliente.
No cerne da polêmica, a Vivo, agora com a GVT totalmente incorporada, oferece na suarecém implantada modalidade de franquia  até 300 GB. É interessante comparar que as velocidades mais baixas, a partir de 2 Mbps, são ofertadas com 50 GB, passando para 100 GB com 8 Mbps.
Na Oi, a franquia inicial é de 60 GB mensais para conexões de 2 Mbps. Por outro lado, é a que oferece menor franquia no plano mais caro: para 35 Mbps, a franquia é de 130 GB mensais. A i é predominantemente uma operadora de banda larga em xDSL, o que tem maiores limitações do que a fibra. A Oi divulga em contrato que a redução de velocidade, quando atingida a capacidade máxima contratada, é para 300 kbps, sem possibilidade de adicionar gigabytes até que a fatura "vire".  A companhia destaca que a franquia será ilimitada até o dia 30 deste mês, mas a cautelar da Anatel nesta semana a proíbe de cortar o acesso até pelo menos junho.
A Net, por outro lado, sempre trabalhou com franquias. Seus planos oferecem a menor franquia inicial entre as operadoras (30 GB para o acesso de 2 Mbps) e a maior (500 GB para o acesso de 500 Mbps) entre todas as que utilizam esse modelo. A Live TIM é a única das grandes a não implantar limite mensal de consumo de dados.
Plano de ServiçoTecnologiaFranquia DownloadUpload
Vivo Internet 4 MbpsxDSL50 GB4 Mbps600 Kbps
Vivo Internet 8 MbpsxDSL100 GB8 Mbps600 Kbps
Vivo Internet 10 MbpsxDSL100 GB10 Mbps600 Kbps
Vivo Fibra 15 MbpsFTTx120 GB15 Mbps1 Mbps
Vivo Fibra 25 MbpsFTTx130 GB25 Mbps1 Mbps
Vivo Fibra 50 MbpsFTTx170 GB50 Mbps5 Mbps
Vivo Fibra 100 MbpsFTTx220 GB100 Mbps50 Mbps
Vivo Fibra 200 MbpsFTTx270 GB200 Mbps100 Mbps
Vivo Fibra 300 MbpsFTTx300 GB300 Mbps150 Mbps
Oi 2 MbpsxDSL60 GB2 Mbps512 kbps
Oi 5 MbpsxDSL70 GB5 Mbps512 kbps
Oi 10 MbpsxDSL90 GB10 Mbps512 kbps
Oi 15 MbpsxDSL110 GB15 Mbps1 Mbps
Oi 20 MbpsxDSL110 GB20 Mbps3 Mbps
Oi 25 MbpsxDSL130 GB25 Mbps3 Mbps
Oi 35 MbpsxDSL130 GB35 Mbps3 Mbps
Net 2 MegaHFC30 GB2 Mbps500 kbps
Net 15 MegaHFC80 GB15 Mbps2 Mbps
Net 30 MegaHFC100 GB30 Mbps2 Mbps
Net 60 MegaHFC150 GB60 Mbps3 Mbps
Net 120 MegaHFC200 GB120 Mbps4 Mbps
Net 500 MegaFTTH500 GB500 Mbps100 Mbps
Live TIM 35 MegaFTTcIlimitado35 Mbps20 Mbps
Live TIM 50 MegaFTTcIlimitado50 Mbps30 Mbps
Live TIM 70 MegaFTTcIlimitado70 Mbps30 Mbps
Live TIM 90 MegaFTTcIlimitado90 Mbps30 Mbps
Live TIM ExtremeFTTXIlimitado1 Gbps500 Mbps
Internacional
Os dados da AT&T se referem à tabela atualizada com novas franquias a partir de 23 de maio. De acordo com a operadora, os planos "oferecem mais dados do que a maioria dos consumidores usa". Na página da empresa há vídeo instrutivo, calculadora de dados, ferramenta para checar o uso (o que também pode ser feito por meio do aplicativo myAT&T) e "dicas para gerenciar o uso dos dados", que inclui explicações sobre como utilizar a suíte de segurança oferecida (em parceria com a McAfee) e monitorar o tempo de uso e atividade de cada membro da família. A tecnologia utilizada depende da localidade: o U-verse atende com fibra até o gabinete (FTTN) ou fibra até a residência (FTTH), oferecendo ainda telefone por IP e TV paga por meio de IPTV. A empresa oferece ainda o adicional de 50 GB por US$ 10.
Verizon oferece Internet ilimitada com o Fios. Toda a publicidade da conexão é baseada no fato de utilizar FTTH em vez de cabo – por isso mesmo, a operadora oferece taxas simétricas de downlink e uplink. Assim como no caso da AT&T, a Verizon oferece IPTV e TV por IP. Os contratos são de dois anos.
Comcast utiliza tanto a tecnologia FTTx quanto a HFC, inclusive prometendo para este ano o uso do DOCSIS 3.1 para "alcançar velocidades em gigabit". A operadora utiliza franquias, mas a informação é difícil de ser encontrada no site. A empresa afirma estar testando novas quantidades de dados por mês, com 300 GB/mês em toda a área de cobertura menos em Tucson, no Arizona, onde também oferece planos com 350 GB, 450 GB e 600 GB, de acordo com a velocidade escolhida. Em todos os lugares, oferece possibilidade de banda adicional: 50 GB por US$ 10. Para quem quiser consumo ilimitado, há o Unlimited Data Option (não válido para planos com franquia de 300 GB), no qual é cobrada uma taxa adicional de US$ 30 a US$ 35. A operadora informa, no entanto, que o Unlimited Data Option é um teste e que "pode ser descontinuado a qualquer momento". Há ainda uma modalidade chamada "Flexible Data Option" para usuários que consomem menos de 5 GB por mês.
A Time Warner Cable oferece franquia de dados de acordo com a localidade. Não há indicação no site em momento algum que a operadora adota essa prática, mas apenas ao se buscar no contrato de assinatura. "Se você não tem certeza se o seu serviço HSD (dados de alta velocidade, a banda larga em si) tem um limite de uso ou como monitorar seu uso de dados, contate seu escritório local da TWC". Mesmo procedendo para o contrato de um plano, o consumidor não recebe nenhuma informação a respeito de uma eventual franquia. Há a opção de franquia ilimitada, pelo menos de acordo com a sessão de perguntas frequentes (FAQ) da empresa.
EUA
Plano de ServiçoTecnologiaFranquia DownloadUpload
Verizon FiosFTTHIlimitado50 Mbps – 500 Mbps50 Mbps – 500 Mbps
AT&T  DSLxDSL150 GBN.D.N.D.
AT&T U-verseFTTx300 GB768 Kbps – 6 MbpsN.D.
AT&T U-verseFTTx600 GB12 Mbps – 75 MbpsN.D.
AT&T U-VerseFTTx1 TB100 Mbps – 1 GbpsN.D.
Comcast XfinityFTTx300 GB – Ilimitado10 Mbps – 150 MbpsN.D.
TWC Everyday Low PriceHFCN.D.2 Mbps1 Mbps
TWC BasicHFCN.D.6 Mbps1 Mbps
TWC StandardHFCN.D.15 Mbps1 Mbps
TWC TurboHFCN.D.20 Mbps2 Mbps
TWC ExtremeHFCN.D.30 Mbps5 Mbps
TWC UltimateHFCN.D.50 Mbps5 Mbps
TWCHFCN.D.300 MbpsN.D.
Outros países
PaísOperadoraPlanoFranquiaVelocidade
CanadaBellFibe 1575 GB15 Mbps
CanadaBellFibe 25125 GB25 Mbps
CanadaBellFibe 50250 GB50 Mbps
CanadaBellFibe 150250 GB150 Mbps
CanadaBellFibe 300750 GB300 Mbps
CanadaBellGigabit FibeIlimitado940 Mbps
CanadaCongeco70 GB
CanadaCongeco140GB
CanadaNovus250 GB
CanadaNovus1 TB
AustráliaTelstraBásicos100 GB
AustráliaTelstraFamília500 GB
AustráliaTelstraHeavy users1 TB
AustráliaOptus200 GB
AlemanhaVodafone300 GB
AlemanhaVodafone1 TB
AndorraAndorra Telecom200 GB100 Mbps
Nova ZelândiaSlingshotIlimitado
Nova ZelândiaSlingshot150 GB
Nova ZelândiaSlingshot100 GB
ChileMovistar500 GB


Fonte: Teletime News de 20 de abril de 2016, por Bruno do Amaral.

Minicom negocia termo de compromisso com operadoras para evitar excessos nas franquias

As operadoras devem apresentar, na próxima semana, um compromisso público garantindo a possibilidade de oferta de planos sem franquia. A informação foi dada nesta quarta-feira, 20, pelo ministro das Comunicações, André Figueiredo, diante da polêmica causada pela iniciativa da Vivo, que informou aos seus clientes que os novos planos de banda larga fixa teriam franquia e que seriam cortados quando os limites contratados fossem atingidos, a partir de 2017. Provocada pelo Ministério das Comunicações, a Anatel emitiu cautelar suspendendo a aplicação de cortes ou de redução da velocidade por 90 dias. E a atitude acabou fortemente contestada por entidades da sociedade civil, que viram na iniciativa da agência um endosso da estratégia das empresas, apenas impondo condições de transparência. O ponto central da polêmica da agência foi a afirmação do presidente da Anatel de que a era da Internet ilimitada teria chegado ao fim, referindo-se à impossibilidade de manter o modelo que vinha sendo praticado diante dos novos perfis de tráfego e uso da banda larga.
"O presidente da Anatel talvez tenha dado uma declaração descontextualizada, mas foi dada. Cabe a Anatel regular a relação entre o consumidor e as operadoras e vai ter que ter uma atuação muito firme. O Ministério das Comunicações terá uma atuação nesse sentido, de fazer com que o consumidor de forma alguma seja prejudicado", ressaltou Figueiredo. Ele admite que há na regulamentação a possibilidade de franquias e que essa estratégia faz parte do ambiente concorrencial, mas alerta que, de outro modo, existe o Código de Defesa do Consumidor, que impede a possibilidade de imposição de novas condições contratuais que gerem prejuízos ao consumidor de internet sem anuência prévia.
O ministro disse que já iniciou conversas com a Vivo e que continuará trabalhando para que esse compromisso público seja apresentado. Figueiredo adiantou que uma proposta de redação já está em elaboração no ministério, trazendo termos que vão desde o respeito a contratos vigentes, a coexistência de planos com franquias ilimitadas e com franquias definidas e que esses planos ilimitados não tenham preços abusivos, proposta que será acompanhada pela Anatel. Nos planos com limite de dados, o ministério, assim como a Anatel, defende a existência de instrumentos que permitam o usuário acompanhar seu consumo.
O argumento do ministro é de que os usuários intensivos de internet são exceção, seja por conta de uso profissional da rede, seja por uso intenso de serviços peer-to-peer ou por famílias grandes com tráfego intenso. "Na maioria das vezes, os planos que são oferecidos hoje atendem aos usuários com tranquilidade", afirma.
Apesar das ameaças de uma grande quantidade de ações contra a franquia na banda larga fixa – como admitiu ontem a OAB nacional -, Figueiredo não acredita que haverá uma judicialização do tema. Isto porque existe uma regulamentação que permite a adoção de planos desse tipo e porque as operadoras adotarão os compromissos propostos.  Ele disse ainda que não haverá contrapartida para as empresas que aderirem aos termos propostos.
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O ministro André Figueiredo defendeu a internet fixa ilimitada também nas redes sociais. Veja aqui.

Fonte: Teletime News de 20 de abril de 2016, por Lucia Berbert.

CGI.br convoca grupo de trabalho para analisar franquia na banda larga fixa

O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) anunciou nesta quarta, 20, a criação de um grupo de trabalho (GT) para lidar com a questão da franquia na banda larga fixa. A decisão da formação do GT foi tomada em reunião ordinária na última sexta-feira, 15. O grupo apresentará uma proposta de posicionamento para debate e aprovação ao pleno no próximo dia 20 de maio, em reunião na sede, em São Paulo.
O grupo de trabalho é formado por oito membros do CGI.br: Flávia Lefèvre e Carlos Afonso, representantes do terceiro setor; Rodrigo Zerbone, representante pela Anatel (onde também é conselheiro); Maximiliano Martinhão, pelo Ministério das Comunicações (onde é secretário de telecomunicações); Marcos Dantas, representante da Comunidade Científica e Tecnológica; Demi Getschko, representante do "Notório Saber em Assunto da Internet"; Henrique Faulhaber, do setor empresarial da indústria de bens de informática, telecomunicações e software; e Eduardo Parajo, representante de provedores de acesso e conteúdo da Internet.

Fonte: Teletime News de 20 de abril de 2016, por Bruno do Amaral.

Brasil registra mais de um milhão de migrações de operadoras no primeiro trimestre

De janeiro a março deste ano, o Brasil realizou 1,073 milhão de solicitações de migração de operadoras mantendo o número, segundo relatório trimestral da Associação Brasileira de Recursos em Telecomunicações (ABR Telecom), entidade administradora da portabilidade numérica, divulgado nesta quarta-feira, 20. Desse total, 31% (333,09 mil) foram de telefonia fixa, enquanto 69% (740,82 mil) foram para celulares. Para fins de comparação, a quantia total foi um pouco menor do registrado no último trimestre de 2015, quando somou 1,1 milhão de transferências.
Desde que foi autorizada, em setembro de 2008, a portabilidade numérica no Brasil já totalizou 31,47 milhões de migrações entre operadoras. Do total, 38% (11,88 milhões) foram de telefonia fixa e 62% (19,58 milhões) para telefonia móvel.

Fonte: Teletime News de 20 de abril de 2016, por Bruno do Amaral.

Telebras utilizará solução de OSS do CPqD

A Telebras e o CPqD anunciaram nesta quarta-feira, 20, a assinatura em Campinas (SP) de contrato para fornecimento de suporte a operações (OSS). O acordo tem duração de quatro anos, e o CPqD prestará "uma série de serviços associados" durante a implantação do sistema nesse período. A ideia é que a empresa de telecomunicações tenha gestão e monitoramento de sua rede em um sistema integrado com componentes para automatizar processos e consiga aumentar a disponibilidade e a eficiência dos serviços. O CPqD, que venceu o leilão e cumpriu com uma prova de conceito durante cinco dias, fornecerá ainda serviços de conversão de base de dados, implantação, treinamento e operação assistida. O contrato foi assinado na última sexta-feira, 15.

Fonte: Teletime News de 20 de abril de 2016, por Bruno do Amaral.

Anatel publica adjudicação de lotes do leilão de sobras

A Comissão Especial da licitação das sobras de frequências de 1,8 GHz, 1,9 GHz e 2,5 GHz publicou, nesta terça-feira, 19, a adjudicação de todos os lotes tipos A, B e C que não tiveram vícios formais ou que não foram objetos de recursos. A relação traz as aquisições das grandes operadoras Algar, Claro, Nextel, Sercomtel, Telefônica e TIM.
Ao todo, 90 empresas das 357 que participaram do leilão foram contempladas. E do total de lotes do tipo C, foram adjudicados 1.464 em 876 municípios. A lista segue agora para a procuradoria especializada da Anatel para parecer. Depois, será enviada ao Conselho Diretor da agência para homologação.
A Anatel arrecadou R$ 762,6 milhões com a venda do direito de exploração de 41 de um total de 89 lotes dos tipos A e B (FDD) no leilão de sobras das faixas de 1,8 GHz, 1,9 GHz e 2,5 GHz, realizado em dezembro do ano passado e R$ 89,9 milhões com os lotes tipo C. No total, a agência levou R$ 852,6 milhões. A Nextel  pagou mais caro na licitação, mas ficou com o "filé", o lote de 10+10 MHz da faixa de 1,8 GHz em São Paulo, a frequência que pertencia a Unicel. O objetivo da empresa é a oferta de 4G no estado.
Notificação
A Comissão Espacial de licitação também publicou, nesta terça-feira, uma relação com cerca de 150 provedores, que tiveram lances vencedores no leilão das sobras em lotes tipo C (banda larga fixa em 4G), mas que estão com a documentação incompleta. A agência já tentou convocar essas pequenas empresas por ofícios, que acabaram retornando.
Com essa nova notificação, as empresas ganham mais três dias de prazo para apresentar os documentos que faltam sob pena de desclassificação. A entrega deve ser feita na sede da Anatel em Brasília.

Fonte: Teletime News de 19 de abril de 2016, por Lucia Berbert.

Senado pode proibir por lei corte da banda larga fixa após consumo da franquia

As operadoras de banda larga poderão ser proibidas, por lei, de cortar ou diminuir a velocidade de acesso à internet dos usuários residenciais que atingirem o limite de sua franquia de dados. É o que pleiteia uma ideia legislativa apresentada por meio do Portal e-Cidadania do Senado Federal, que recebeu 20 mil manifestações de apoio em seis dias, batendo recorde no site da Casa. Agora a proposta será examinada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) na forma de Sugestão Legislativa.
Na opinião dos internautas, o corte do acesso dos usuários que atingirem o limite de sua franquia de dados afeta principalmente os usuários de serviços de vídeo como Youtube e Netflix. Para o senador Walter Pinheiro (sem partido-BA), a limitação por volume de tráfego representa uma violação dissimulada do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014), que proíbe a discriminação de conteúdo na rede.
Justamente para impedir isso, a sugestão solicita que se proíba "expressamente, o corte ou a diminuição da velocidade por consumo de dados nos serviços de internet de banda larga fixa, tanto nos novos quanto nos antigos contratos" e que se fixe multa, em benefício do consumidor lesado, quando houver o descumprimento da proibição.
Além da CDH, a Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado também deverá debater o assunto, conforme adiantou seu presidente, o senador Lasier Martins (PDT-RS).

Fonte: Teletime News de 19 de abril de 2016, pela Redação Converge e Agencia Senado.

Aplicativo da Fox exibe jogos da Libertadores e permite assinatura independente

A Fox Sports publicou um aplicativo para celular que permite assistir ao vivo aos jogos da Libertadores da América, mediante pagamento de R$ 140 em uma única parcela, ainda assim um valor elevado em comparação com outros serviços similares, como o oferecido pelo Esporte Interativo para quem quiser assistir à Champions League (R$ 14,90 por mês). A cobrança é feita pelo próprio aplicativo e é independente de o usuário ser ou não assinante dos canais Fox Sports em operadoras de TV paga tradicionais.
Até então, os jogos só estavam disponíveis para assinantes dos canais que transmitem as partidas pela TV por assinatura, além dos jogos transmitidos pela Globo em TV aberta.
Operadores reclamaram com a programadora, mas a exibição dos jogos por aplicativo móvel seria uma exigência contratual da Conmebol. A Fox não divulga o serviço e o valor alto da assinatura faz com que o app não concorra diretamente com os canais lineares. De qualquer maneira, o aplicativo está todo traduzido para o português, apresenta estatísticas atualizadas e permite o agendamento dos jogos, o que mostra uma plataforma já bastante desenvolvida.

Fonte: Teletime News de 19 de abril de 2016, por André Mermelstein.

Operadoras querem contra-atacar OTTs com NFV, diz pesquisa

Pesquisa da empresa de análise de mercado Heavy Reading solicitada pela fornecedora de soluções de entrega de aplicações F5 Networks mostrou que 90% dos executivos de 73 das maiores operadoras móveis no mundo pretendem investir em virtualização de funções de rede (NFV). Essa é uma das soluções para ganhar mais competitividade frente às over-the-top (OTTs), segundo a companhia. Além disso, 72% vêm o modelo NFV como o melhor caminho para construir uma tele "virtualizada, escalável e elástica". Para 70%, essa tecnologia agilizará o desenvolvimento e entrega de apps e serviços móveis.
No entanto, isso não significa que todos estejam abertos a investir nessa tecnologia: apenas 28% das companhias pesquisadas tinham infraestrutura NFV, enquanto 30% disseram estar implantando nos próximos 12 meses. Outros 30% afirmaram que planejam usar a virtualização em um prazo de um ano e meio.
Apesar de reconhecer a importância dessa tecnologia, 65% dos entrevistados acham que a NFV pode ser insegura. Outro problema é a desinformação: 41% dos entrevistados disseram não saberem o suficiente sobre a virtualização das funções de rede.
O levantamento afirma que 57% das empresas dizem que o time to market é o maior desafio em relação às aplicações móveis. Além disso, diz que 55% desejam "avançar na visão" de gerenciamento de experiência do consumidor (CEM) para fidelizar usuários. A F5 diz ainda que 54% estão preocupados com gastos para atualizar a infraestrutura interna; 53% buscam conquistar "novos padrões de lucratividade e eficiência"; e 45% abrem o jogo e assumem estar preocupadas com OTTs.
5G e IoT
Para 88% dos entrevistados, o tráfego nas operadoras aumentará nos próximos dois anos por conta da explosão de dispositivos IoT. Novamente, a segurança é uma preocupação: 60% enxergam que a conexão entre a IoT e os data centers como "um fator de risco". Por outro lado, a 5G ainda é um futuro distante: 56% disseram estar apenas estudando investimentos em novas tecnologias de capacidade e latência na interface de rede, enquanto outras 47% estão analisando mudanças nas arquiteturas em função da nova tecnologia.

Fonte: Teletime News de 19 de abril de 2016, Bruno do Amaral.

Anatel suspende franquias na banda larga fixa por 90 dias

A superintendência de relações com o consumidor da Anatel publicou nesta segunda, dia 18, cautelar determinando às operadoras de banda larga fixa (operadoras de SCM) que se abstenham de "práticas de redução de velocidade, suspensão de serviço ou de cobrança de tráfego excedente após o esgotamento da franquia", mesmo quando previstas em contrato, até que determinadas condições sejam atingidas.
A Anatel determinou, como condição, que as operadoras ofereçam aos usuários ferramentas que permitam ao usuário acompanhar o consumo, identificar seu perfil de consumo, possam analisar seu perfil de utilização detalhado, notifiquem adequadamente o consumidor em caso de proximidade de esgotamento das franquias e permitam a comparação de preços. Essas ferramentas devem ser adequadamente informadas ao consumidor por meio do instrumento de cobrança ou outros meios eletrônicos.
A agência também determinou que as franquias sejam informadas com o mesmo destaque dos demais itens da oferta, tais como preço e velocidade. Os funcionários que fazem o atendimento ao consumidor também devem ser orientados a orientar previamente o consumidor sobre os termos e condições de franquia mesmo quando a contratação se der por meio de combos.
Por fim, a Anatel determina que as franquias só passem a ser adotadas num prazo de 90 dias, depois que a agência verificar a correta aplicação das condições impostas na cautelar, sob pena de multa diária de R$ 150 mil. A medida vale para as operadoras Oi, Net/Claro, Vivo/GVT, Sky, TIM, Algar, Sercomtel e Cabo Telecomunicações (operadora de Natal), que são as operadoras com mais de 50 mil clientes.

Fonte: Teletime News de 18 de abril de 2016, por Samuel Possebon.

Rezende afirma que oferta de planos de banda larga fixa ilimitados não é mais possível

A Anatel não vai alterar a regra que permite a utilização de franquia para a banda larga fixa pelas operadoras, mas as empresas falharam mais uma vez na comunicação com seus clientes como aconteceu quando da decisão de corte da banda larga móvel após consumo do volume de dados contratados. A avaliação é do presidente da agência, João Rezende, na coletiva que explicou a edição da medida cautelar, nesta segunda-feira, 18, suspendendo as práticas de redução de velocidade, corte de serviço ou de cobrança de tráfego excedente após o esgotamento da franquia, mesmo quando previstas em contrato, até que determinadas condições sejam atingidas.
Rezende disse que o crescimento do uso de dados não permite mais a oferta de planos ilimitados, sob pena de desestimular investimentos em redes. Ele afirmou que a suspensão vale por 90 dias, quando as operadoras devem apresentar as ferramentas previstas no Regulamento Geral do Consumidor (RGC) para que esses instrumentos sejam aprovados pela a agência.
As exigências impostas são de comprovar, perante a Agência, a colocação ao dispor dos consumidores, de forma efetiva e adequada, de ferramentas que permitam, de modo funcional e adequado ao nível de vulnerabilidade técnica e econômica dos usuários o acompanhamento do consumo do serviço; a identificação do perfil de consumo; a obtenção do histórico detalhado de sua utilização; a notificação quanto à proximidade do esgotamento da franquia; e a possibilidade de se comparar preços.
Além disso, as operadoras precisam informar ao consumidor, por meio de documento de cobrança e outro meio eletrônico de comunicação, sobre a existência e a disponibilidade das ferramentas; explicitar, em sua oferta e nos meios de propaganda e de publicidade, a existência e o volume de eventual franquia nos mesmos termos e com mesmo destaque dado aos demais elementos essenciais da oferta, como a velocidade de conexão e o preço; e emitir instruções a seus empregados e agentes credenciados envolvidos no atendimento em lojas físicas e demais canais de atendimento para que os consumidores sejam previamente informados sobre esses termos e condições antes de contratar ou aditar contratos de prestação de serviço de banda larga fixa, ainda que contratados conjuntamente com outros serviços.
Segundo a superintendente de Relações com o Consumidor, Elisa Leonel, essas exigências já estavam no RGC, mas a aplicação ainda não estava efetivada porque as teles afirmavam que não praticavam a redução da velocidade ou o corte do serviço ao fim da franquia. Diante dessa informação, o grupo de implantação do regulamento decidiu não exigir naquele momento as ferramentas.
A cobrança do Ministério das Comunicações – que enviou ofício à Anatel na semana passada pedindo providências sobre possíveis "abusos" -, a agência decidiu pela cautelar e cobrar as exigências já previstas. Uma inovação feita é a obrigatoriedade de informar o limite de franquia com o mesmo destaque dado à velocidade contratada e o preço do serviço.
Sobre a possibilidade de a franquia ferir, de alguma forma, a neutralidade da rede prevista no Marco Civil da Internet, Elisa disse que essa questão não pode ser examinada antes da publicação do decreto que regulamenta o direito. A superintendente destacou também que hoje o consumidor não consegue identificar se a velocidade da conexão está baixa porque a franquia está esgotada ou se a qualidade do serviço está ruim. "Sem essa informação, não é possível verificar a quantidade de reclamações contra as franquias", disse.
Equilíbrio
Para Rezende, toda a confusão sobre o uso de franquia na banda larga fixa é resultado de erro estratégico das operadoras de não perceber que o dado ilimitado é impossível de ser oferecido. "Hoje, os prédios mais modernos todos os consumos vêm individualizado, se não houver isso quem usa menos pode pagar mais do que devia", disse. Mas reconhece que é preciso ter algum tipo de equilíbrio nos planos das operadoras.
O secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Maximiliano Martinhão, justificou a preocupação do ministro André Figueiredo busca equilíbrio e segurança na prestação do serviço, uma vez que as coisas estavam acontecendo de forma desordenada. "Com a cautelar, as coisas ficarão acertadas", afirmou.

Fonte: Teletime News de 18 de abril de 2016, por Lucia Berbert.