Nunca antes na história da indústria de TV por assinatura dos EUA houve um sentimento de tanta animosidade entre os operadores e o órgão regulador FCC. As ações do regulador norte-americano têm sido duras em relação às empresas de telecomunicações desde que o órgão passou a levantar a bandeira dos provedores de conteúdos pela Internet e fomentar a competição entre serviços OTT e serviços tradicionais. Mas no segmento de TV paga essas atitudes foram especialmente mais agressivas, com a proibição de algumas fusões (como a compra da Time Warner Cable pela Comcast), condições duras para a fusão entre a TWC e a Charter ou, mais recentemente, um movimento de regulação sobre as plataformas de vídeo tradicionais, estabelecendo a obrigatoriedade de que as operadoras aceitem set-tops de terceiros para a distribuição de conteúdos.
"Somos alvo de um ataque regulatório incansável. Enquanto a FCC prega 'competição, competição, competição', mas para nós isso só tem significado 'regulação, regulação, regulação", disse Michael Powell, presidente da NCTA (associação das operadoras de TV paga dos EUA) e ex-presidente da FCC, durante a abertura da INTX 2016, principal evento de TV por assinatura dos EUA, que acontece esta semana em Boston. "Não são apenas ajustes regulatórios. São movimentos tectônicos que movem décadas de políticas e regulamentação já assentadas". Segundo o presidente da NCTA, são movimentos que chegam sem nenhuma provocação, por iniciativa do próprio regulador. "Somos surpreendidos por regras cada vez mais pesadas sem que haja nenhuma evidência de ameaça ao consumidor".
"Nossa propriedade tem sido confiscada e passada gratuitamente para novos competidores para que eles tenham vantagem, apesar de um mercado robusto e competitivo. Querem que desempacotemos conteúdos para que isso seja dado a empresas que não pagaram por isso ou se comprometam com a propriedade intelectual desses conteúdos", diz Powell, sobre a proposta de "abertura" das redes a set-tops de terceiros.
Para Powell, existe uma visão do regulador de que as empresas de Internet devem ser tratadas livremente, sem nenhuma regulação, enquanto as empresas de telecomunicações são qualificadas de "gatekeepers" e recebem uma pesada carga regulatória. "As redes precisam continuar a experimentar, progredir e ter sucesso. É um erro ver as redes (de telecomunicações) como um problema para o crescimento da Internet e não como parte desse processo", disse.
Fonte: Teletime News de 16 de maio de 2016, por Samuel Possebon.
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