segunda-feira, 31 de outubro de 2016

AT&T, com Sky, terá centro de pesquisa em vídeo streaming no Brasil

Antes de concretizar a aquisição da Time Warner, a maior operadora de telecom do planeta, a americana AT&T, anunciou no Futurecom 2016, que vai inaugurar no Brasil, no começo de 2017, seu mais novo centro de transmissão para a Sky, de quem é dona, e que será também um centro de desenvolvimento de serviços e aplicações focadas na distribuição de vídeo pelas redes de telecomunicações. 
“É a menina-dos-olhos, o núcleo, de uma operadora de tv paga. É o mais novo, mais avançado, centro de transmissão em toda a família AT&T e está sendo construída a apenas 120 km de São Paulo”, anunciou o vice-presidente da tele americana, Jeff McElfresh, que lidera a Directv na América Latina. 
“Essa unidade será um centro de inovação para a AT&T e nossa empresa Sky Brasil desenvolverem novas aplicações e serviços para a entrega de conteúdo de vídeo, não apenas no Brasil como em toda a AL. É um investimento de 137 milhões de dólares e do qual nos orgulhamos muito pelo que ele será capaz de fazer.”
A AT&T, que segundo McElfresh, já era o maior provedor mundial de TV paga com a Directv, acaba de anunciar que vai pagar US$ 85 bilhões pela Time Warner, em si uma gigante mundial de conteúdo – dona da HBO, CNN, Warner Brothers. Vídeo é a chave, afirmou. “60% de todo o tráfego nas redes globais da AT&T é vídeo. E segundo a cisco, 39% de todo o tráfego da internet na América Latina vai passar por redes de entrega de conteúdo em 2020, redes desenhadas para o transporte de vídeo. O consumo de vídeo por redes de telecom já chegou.” Assistam a apresentação de Jeff McElfresh.

Fonte: Convergência Digital de 27 de outubro de 2016, por Luiz Oswaldo Grossmann e Carlos Afonso.

TV digital: faltam informações e critérios comuns

O próximo coordenador do Gired (grupo de digitalização da TV digital), que assume a partir do dia 4 no lugar do conselheiro da Anatel Rodrigo Zerbone, terá pelo menos uma tarefa urgente a resolver: recuperar a confiança, de parte a parte, para a tomada das decisões necessárias. O processo de desligamento do sinal da TV analógica em Brasília, que deveria ter ocorrido esta semana mas ficou para o dia 17 de novembro, evidenciou um problema grave do esforço de desligamento, contudo. Não é um dificuldade logística, ou falta de recursos, ou problemas de interferência. O maior problema é a falta de dados sobre a situação real da radiodifusão no Brasil. E se o problema persistir, o desligamento em São Paulo tende a se tornar muito mais crítico.
Ao longo de décadas, por irresponsabilidade, conveniência ou falta de urgência, o Poder Público abdicou de levantar, com precisão, como está o funcionamento do sistema de radiodifusão no Brasil. Existe um levantamento geral feito pelo IBGE sobre o número de domicílios com TVs, mas qualquer coisa além disso depende de informações que chegam do mercado e que são imprecisas ou discrepantes por conta das metodologias utilizadas. Pouco se sabe sobre o grau de atualização tecnológica dos televisores instalados (se são ou não capazes de receber sinais digitais), dos transmissores, sobre a quantidade de pessoas que recebem os sinais exclusivamente via satélite, sobre as pessoas que recebem os sinais por alternativas de TV por assinatura, por pirataria ou simplesmente que não recebem sinal nenhum. Não existe nenhum levantamento efetivo por parte do governo sobre a qualidade dos sinais analógicos e digitais de radiodifusão, se eles estão chegando de fato à população dos municípios, se chegam com qualidade ruim (com chuviscos, fantasmas) ou sobre as áreas de sombra. É fato que ter esse nível de precisão em um país das dimensões do Brasil é complicado mesmo para serviços que têm obrigações de cobertura estabelecidos em contrato ou regulamento, como a telefonia móvel, mas partindo-se do princípio de que a radiodifusão é um serviço de imenso interesse público, seria fundamental ter esses dados (para não falar em dados econômicos ou societários do setor, que simplesmente não existem de forma sistematizada e atualizada).
No processo de liberação da faixa de 700 MHz, vendida pelo governo às teles por mais de R$ 9 bilhões em 2014, foi necessário estabelecer uma política de realocação dos sinais de TV que estavam operando nessa parcela do espectro. E em muitos casos essa realocação passa pelo desligamento do sinal analógico, induzindo a população a passar para a TV digital. Como parte dessa política, as empresas de telecomunicações estão distribuindo milhões de kits de recepção digital às famílias do Cadastro Único por meio de uma empresa por elas administrada, a EAD (Seja Digital). Também é a EAD que se tornou responsável pela coleta de informações básicas que permitissem aferir o grau de aptidão dos domicílios em relação à capacidade de receber o sinal de TV digital. E é ai que começa a confusão. Radiodifusores e EAD partem de premissas diferentes, citam números diferentes e usam critérios diferentes para defender suas posições, e o governo, sem ter qualquer outro dado, precisa arbitrar sofrendo pressões de ambos os lados. Os radiodifusores alegam, por exemplo, que o mesmo instituto contratado pela EAD (Ibope) para aferir o grau de digitalização tem uma pesquisa semelhante vendida há muito tempo aos radiodifusores (antes mesmo do processo de desligamento começar) e que dá sete pontos percentuais a menos em termos de domicílios capazes de receber o sinal digital. As teles, ao irem a campo para saber por que as pessoas não estão buscando os kits de recepção, constata que o sinal de TV digital simplesmente não chega a muito domicílios, pois há falhas de cobertura expressivas em muitas redes de TV, e sem o sinal ninguém se motiva a mudar para a TV digital.
O próprio número estabelecido para o desligamento (93%) é arbitrário, estabelecido sem nenhum critério, tanto que aceitou-se que 90% seria razoável, pela margem de erro, e em Rio Verde desligou-se com 85%. Se não bastasse esse problema, os critérios de análise dos dados, ora contando televisores do tipo tela fina como digitais, ora contando como analógicos, ora incluindo domicílios com TV por assinatura como aptos, ora considerando apenas os domicílios com TV a cabo, também levam a dados divergentes. O impasse em Brasília se deveu a isso. Em São Paulo, se não houver cuidado, o problema será muito pior.
É evidente que a disputa pelas informações é apenas um pretexto para que cada lado defenda o seu negócio. As emissoras de TV temem perder audiência com a digitalização, porque hoje elas mesmas admitem que a cobertura digital é pelo menos 20% inferior à cobertura analógica. O processo de digitalização também é custoso para as emissoras, que precisam atualizar seus equipamentos de captação de imagens e transmissão.
Já as teles, que gastaram R$ 9 bilhões comprando o espectro, querem garantir que a casa estará desocupada a tempo de iniciarem os seus projetos de implantação da rede 4G na faixa de 700 MHz.
Entre os dois está o Gired, que tem desempenhado um papel importante na mediação desses conflitos. Até aqui, com todas as dificuldades, o Gired está garantindo, juntamente com o trabalho operacional da EAD e com o esforço de divulgação dos radiodifusores, um processo de desligamento da TV analógica mais ou menos dentro do cronograma. Mas os problemas tendem a aumentar em 2017. E a fluidez do processo depende, sobretudo, de informações e critérios em que todos confiem.

Fonte: Teletime News de 28 de outubro de 2016, por Samuel Possebon.

Com alta de 20% na receita, Google mantém domínio no mercado de publicidade móvel

O Google superou todas as expectativas ao divulgar na quinta-feira, 27, um aumento de 20,2% na receita do terceiro trimestre deste ano, impulsionada por fortes vendas de publicidade em dispositivos móveis e no YouTube. A receita com anúncios subiu 18,1%, para US$ 19,8 bilhões, representando 89,1% da receita total da companhia, que totalizou US$ 22,4 bilhões no período.
Os cliques pagos aumentaram 33% no terceiro trimestre, na comparação com um aumento de 29% no período imediatamente anterior — cliques pagos são aqueles anúncios em que um anunciante paga apenas quando um usuário clica sobre eles.
O custo por clique, ou o valor médio que os anunciantes pagam ao Google, caiu 11% no último período depois de cair de 7% no segundo trimestre. O custo por clique registrou queda porque os usuários migram de desktops para dispositivos móveis. Devido ao espaço limitado, a publicidade em dispositivos móveis é geralmente mais barata.
A empresa de pesquisa eMarketer estima que o Google irá capturar US$ 52,8 bilhões em receita com publicidade em resultados de buscas neste ano, o que corresponde a 56,9% do mercado global.
A receita consolidada da companhia no terceiro trimestre aumentou 20%, de US$ 18,6 bilhões um ano antes para US$ 22,4 bilhões. O lucro líquido cresceu 28%, para US$ 5 bilhões contra US$ 3,9 bilhões registrados em igual período de 2015. As ações da Alphabet, holding do Google, subiram 5,1% desde o início do ano.
A receita obtida com os sites próprios da companhia foi de US$ 16,8 bilhões, alta de 23% na comparação trimestral anual. Já a receita gerada por sites parceiros do Google foi de US$ 3,7 bilhões, cifra 1% maior na comparação ano sobre ano. Outras receitas da empresa totalizaram US$ 2,4 bilhões, alta de 39% que o do terceiro trimestre de 2015.

Fonte: Teletime News de 28 de outubro de 2016, pela Redação da Converge.

Conselheiros da Anatel fazem defesa política dos TACs

A decisão dobre o TAC da Telefônica no conselho diretor da Anatel nesta quinta, 27, teve uma dimensão que transcendeu a discussão normalmente técnica e jurídica da agência. Ao final da da análise do conselheiro Igor de Freitas, os conselheiros da agência passaram a defender o significado do Termo de Ajustamento de Conduta para o desenvolvimento do setor de telecomunicações. Eles também deixaram claro que o TAC é uma decisão de risco, já que a empresa que assume o compromisso precisa ter condições de sustentar o acordo, inclusive financeiramente. O presidente Juarez Quadros foi o primeiro a enveredar por essa análise. Depois de ponderar que a Telefônica é uma empresa que se destaca pela capacidade de inovação e investimentos, ele classificou o TAC como um "voto de confiança" na empresa.
O conselheiro Aníbal Diniz foi mais longe. Disse que em um país "carente de investimentos", é preciso que a Anatel tenha "ousadia" sob o risco de contribuir para a paralisia econômica. Segundo o conselheiro, se for mantida a lógica de multas e sancionamento, até que esses recursos venham para o orçamento da União, "se vierem", não haverá nenhuma garantia de que serão reveridos para o setor e melhoria de qualidade dos serviços. "Dada a responsabilidade que a agência tem de melhorar os serviços e a infraestrutura, não vejo outra luz no fim do túnel que não seja o TAC, para transformar esse ativo, que pertence à Anatel e ao Estado e que não conseguimos materializar, em investimentos para o setor".  O conselheiro reconheceu que uma decisão de trocar um montante de R$ 2,2 bilhões em multas por investimentos traz um risco. "Só saberemos que o acrodado será cumprido se o fizermos. Tenho medo, mas não quero ficar paralisado. Quero ter atitude. Esse é nosso dever", disse Diniz.
Para o relator, Igor de Freitas, em um momento de crise política e crise econômica grave e o Estado é questionado, é necessária grande determinação de ver os problemas resolvidos. "O impacto, positivo ou negativo, e espero que seja positivo, só saberemos se tomarmos a decisão", disse.
Para Rodrigo Zerbone, que se despedia do conselho e deixa a agência no próximo dia 4, quando termina o seu mandato, disse que o TAC, como instrumento de regulação, é fundamental "porque muda a lógica de atuação da agência de uma lógica pontual para uma lógica global. Da lógica de sancionamento, sem que sequer tocássemos na causa raiz dos problemas, para uma nova lógica, em que o ponto fundamental é o ajustamento de conduta e o benefício para o usuário". Para Zerbone, em meio à crise econômica atual, "ver o compromisso de investimentos dessa magnitude é muito relevante, ainda mais por uma multinacional". Segundo ele, isso mostra todo o potencial do instrumento de TAC para regularizar conduta e trazer novos investimentos.
O conselheiro Otávio Rodrigues foi o único voto divergente à proposta de TAC da Telefônica, mas segundo ele, não pelo instrumento, mas por ter muitas divergências, que foram apresentadas em voto em separado de mis de 50 páginas. Rodrigues, que havia votado contra o TAC da Oi, disse que no caso da Telefônica o TAC era um instrumento admissível pois "a condição financeira permite assumir os compromissos assumidos". Ele ressaltou ainda "uma postura cooperativa da empresa e leal no trato, que são reconfortantes em uma negociação desta natureza". Segundo ele, a autarquia tenta "desesperadamente" sair do modelo sancionatório.
TCU
O conselho aprovou que o TAC seja remetido imediatamente ao Tribunal de Contas da União. A defesa enfática que os conselheiros da Anatel fizeram do instrumento de TAC, mesmo no voto divergente de Otávio Rodrigues, mostra claramente uma preocupação da agência de enfrentar, com o argumento da relvância dos investimentos do setor, eventuais questionamentos do TCU, que determinou a suspensão do TAC da Oi, fechado no primeiro semestre.

Fonte: Teletime News de 27 de outubro de 2016, por Samuel Possebon.

FCC aprova novas regras de privacidade para provedores nos EUA

A agência reguladora norte-americana, a Federal Communications Commission (FCC), aprovou nesta quinta-feira, 27, a proposta do chairman Tom Wheeler de impor regras aos provedores de Internet (ISPs) visando a privacidade dos usuários a transparência da coleta de informações. Assim, os usuários deverão ser informados sobre como os dados são usados e compartilhados e podem optar por não ceder as informações, sem prejuízo ao serviço de conectividade e ao preço ofertado. As novas regras serão incorporadas no artigo 222 da Lei de Comunicações dos Estados Unidos. A FCC afirma que a abordagem é consistente com outras agendas de privacidade, incluindo a do departamento de comércio, a Federal Trade Commission (FTC), a Lei de Direitos de Privacidade do Consumidor.
documento da FCC deixa claro que as novas regras são somente ao provimento de banda larga para ISPs, e não para conteúdo. Mas é interessante notar que as novas regras excluem, entre outras coisas, "pontos como monitoramento do governo, criptografia e aplicação da Lei".
As novas regras separam o uso e compartilhamento de informações em três categorias:
– Opt-in: quando os ISPs precisam do consentimento ativo do consumidor para começar a usar e compartilhar as informações sensíveis. São consideradas assim os dados referentes a geolocalização precisa, financeiro, de saúde, de crianças, números de identidade, histórico de navegação na Internet, histórico de uso de aplicativos e conteúdo de comunicações;
– Opt-out: informações não sensíveis podem também não ser usadas e compartilhadas, mas, para tanto, é necessário que o usuário desautorize expressamente. São considerados dados não sensíveis os que não trazem informação identificável do consumidor, além de endereços de email e plano utilizado;
– Exceções aos requerimentos de consentimento: o consentimento está implícito em certos propósitos do contrato com o ISP, como a manutenção do serviço ou a coleta de dados para billing.
Além dessas novas categorias, a FCC adotou regras de transparência, de práticas de segurança e notificações de "vazamento de dados de senso comum", visando proteger a privacidade dos dados, avisando quando houver falhas nessa proteção.

Fonte: Teletime News de 27 de outubro de 2016, por Bruno do Amaral.

Vivo espera poder vender ativos após aprovação do PL 3.453

Após anunciar lucro de quase R$ 1 bilhão no terceiro trimestre, a Vivo observou crescimento nas receitas de dados móveis, e agora tem objetivo de avançar na cobertura. Na parte fixa, além de conseguir aumento na fibra, a companhia antecipa um cenário mais favorável no futuro próximo, vendo com bons olhos a tendência de aprovação do PL 3453/2015, que transforma os contratos de concessão em autorização e valoriza os bens reversíveis. "Sem dúvida é na direção certa permitir vender ativos não produtivos para gerar fluxo de caixa e colocar em negócios como banda larga", disse o presidente da empresa, Amos Genish.
Pelo lado móvel, o executivo espera que o Projeto de Lei (após o substitutivo aprovado em agosto) permita a alteração do prazo de vigência do espectro de 15 para 20 anos – ou seja, poderá valer por 40 anos. "Vai ao menos garantir que o espectro continue com você e continuar sua operação de rede", declarou.
Em relação à Oi, Genish disse não ver deterioração operacional. "Acho que tem que separar entre posses legais e operação. A Oi é um competidor muito valioso, especialmente no lado móvel, e não acho que vai mudar muita coisa no cenário competitivo", disse.
Foi a última conferência de resultados trimestrais de Amos Genish. A próxima, ainda que referente à sua gestão no quarto trimestre e no acumulado de 2016, já será comandada pelo próximo CEO, Eduardo Navarro, no início de 2017. O futuro presidente da Vivo disse estar se encontrando com o time executivo da operadora, bem como em conversas com Anatel e governo. Declarou também estar familiarizado com o plano de sinergia com a GVT e a estratégia centrada em dados. "Acho que é muito sólida e vai continuar a permitir entregar resultados sólidos", diz.
Estratégia móvel
A empresa afirma ter 36% de market share no 4G, com 49% da população coberta com a tecnologia. Mas o objetivo da Vivo é aumentar isso e ter cem cidades cobertas com LTE até o final do ano. Ao longo do terceiro trimestre, a venda de aparelhos avançou 139%, e o tráfego 4G 189%. Isso resultou em um aumento de 35% na receita média por usuário (ARPU) em dados, enquanto em voz caiu 5,3%. No total, o ARPU do usuário móvel encerrou o trimestre em R$ 27,8, aumento de 14,9% no trimestre. Ao contrário do registrado em 2015, quando metade do ARPU era para cada segmento, agora os dados representam 59% desse índice.
O diretor-executivo de recursos, Rodrigo Diesntmann, confirma que o foco de investimentos da companhia será na cobertura 4G e 3G. "Estamos monitorando a qualidade de rede", disse. "A posição competitiva (no mercado móvel) também ajuda, é uma mistura, mas o requisito número 1 para Capex é ter a melhor qualidade de serviço para ter maior valor de mercado", declara.
O diretor-executivo de receitas, Christian Gebara, lembra que a abordagem também será no "cruzamento de benefícios", aproveitando que as sinergias no acesso fixo após a fusão com a GVT. "Nos próximos meses continuaremos com isso, ainda não estamos em bundle agressivo de convergência", declara, sem revelar quando passará a fazer isso. "Estamos fazendo de maneira gradual, esperando o momento certo."

Fonte: Teletime News de 26 de outubro de 2016, por Bruno do Amaral.

Vivo quer dobrar metas para FTTx em 2017

O caminho estratégico da Telefônica/Vivo para o acesso fixo passa por infraestrutura ótica. A empresa quer poder contar com mais acessos via fibra até a residência (FTTH): atualmente a empresa conta com sete cidades fora de São Paulo com a tecnologia, pretendendo mais que dobrar desse número. "Talvez cheguemos em 15 cidades no ano que vem, depende", disse o diretor-executivo de receitas (CRO) da empresa, Christian Gebara, durante conferência para analistas nesta quarta, 26. Antes do final do ano, a cidade de Cachoeira do Sul (RS) passará a ter FTTH também.
A companhia quer também avançar na infraestrutura de fibra até o armário (FTTc) adquirida com a fusão da GVT, que também permite velocidades maiores do que o acesso comum por cobre. Gebara afirma que a empresa tem atualmente 300 mil acessos FTTc, com meta de chegar a 600 mil ao final de 2017.
Gebara destaca que a oferta de IPTV deverá crescer no futuro próximo com a implantação de headends baseados na nuvem para ofertar o serviço em maior escala, inclusive em FTTc. "Estamos vendo em cloud para ter menos headends (locais), então vamos gradualmente ter maior movimento para IPTV em vez de DTH", disse.
Com a incorporação da GVT, neste ano a maior base de banda larga fixa da Vivo passou a ser o FTTc, responsável ao final de setembro por 46% dos 7,311 mil acessos, um aumento de 4% em relação ao terceiro trimestre de 2015. Já a base FTTH cresceu 34% e agora é responsável por 10% dos acessos. A tecnologia de cobre (xDSL) ainda é 44%, mas a base caiu 6% no ano.
Considerando as duas tecnologias de fibra (FTTx), a receita média por usuário (ARPU) aumentou 10% no comparativo anual, totalizando R$ 47,5. Já a ARPU da xDSL totalizou R$ 41,2, ainda apresentando avanço de 4% mesmo tendo reduzido a base. No total, a banda larga fixa na operadora tem ARPU de R$ 44,8, avanço de 8%.
Ao mesmo tempo, a companhia obteve crescimento de 2 pontos percentuais na participação do FTTx na receita líquida fixa (19,6%). As receitas em FTTx mostraram avanço de 19,3% e totalizaram R$ 585 milhões no terceiro trimestre. Já a xDSL teve queda de 1,5% e totalizou R$ 393 milhões.

Fonte: Teletime News de 26 de outubro de 2016, por Bruno do Amaral

Presidente da Vivo diz não precisar da Sky

A Vivo já não olha para a Sky com o mesmo interesse de antes. Durante teleconferência para analistas nesta quarta-feira, 26, o presidente da operadora, Amos Genish, até reconheceu que poderia analisar uma eventual compra do ativo da DirecTV no Brasil, operação que estaria condicionada à aprovação da fusão da AT&T com a Time Warner nos Estados Unidos. Mas destacou que, no momento atual do mercado de TV paga e considerando a proposta de valor da infraestrutura ótica da empresa, adquirir uma operação de satélite talvez não seja o melhor caminho. Ele considera que investir em crescimento orgânico "é o certo" em vez de partir para aquisição em qualquer negócio de TV paga. "Temos todos os ativos que precisamos", declara.
O presidente da Vivo reforça que ainda não tem conhecimento se a Sky será, de fato, colocada a venda, mas lembra que a estratégia dependeria da disponibilidade econômica e que ainda é cedo para avaliar essa opção. Como esperado quando o assunto é consolidação, contudo, Genish deixou no ar a possibilidade. "Nunca diga nunca", disparou.
Genish lembra que a incorporação da GVT teve como um dos objetivos a redução de custos de programação para a operação de TV paga, uma vez que conseguiu maior volume e permitiu "ter uma redução final em custo na operação de TV. Estamos finalmente confirmando que acontece", declarou. Mas o executivo entende que a tendência é esse mercado cair em receita e base com o avanço das ofertas digitais. "Temos que ver aquisições focando em streaming: IPTV e OTT são a direção que gostaríamos de ir, e não DTH só pela escala", diz, referindo-se à negociação de programação.
O foco na entrega de TV por fibra tem uma razão: a receita líquida desse negócio aumentou 63,3% no terceiro trimestre comparado ao mesmo período de 2015. A base de IPTV aumentou 39% e totalizou em setembro 212 mil acessos. A receita média por usuário (ARPU) é de R$ 113,5, mostrando crescimento também: 12%, comparado a 2015.
Já com DTH a base caiu 8% e totalizou 1,550 milhão de acessos. Em termos de ARPU, a empresa obteve crescimento de 11%, totalizado R$ 89. No total, a base de TV paga da Vivo caiu 4% e fechou setembro com 1,762 milhão de linhas, com ARPU de R$ 92,6 (aumento de 12%).

Fonte: Teletime News de 26 de outubro de 2016, por Bruno do Amaral.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

PL 3.453 não é política de banda larga, diz deputado Daniel Vilela

O deputado federal Daniel Vilela (PSDB/GO), autor do PL 3.453/2015, afirmou nesta terça, 25, durante audiência que discutiu o projeto na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que o texto não pode ser confundido com uma política de banda larga. Vilela respondia a críticas de que o projeto não daria a devida atenção à universalização da banda larga no país e só estaria beneficiando as operadoras de telefonia tradicionais. "Não existe concessão para banda larga, TV por assinatura e serviços móveis. O único serviço prestado sob o regime público é a telefonia fixa. E é do que se trata esse projeto", disse o deputado. Segundo ele,  o os recursos gerados com o fim da concessão, com o cálculo dos bens reversíveis e do pagamento das taxas bianuais poderão ser transformados em investimento em banda larga a depender da política implementada. "Ninguém vai terminar com a concessão (de telefonia fixa)", disse o deputado.
A discussão na CCJ seria, em tese, sobre a questão da legalidade e constitucionalidade das mudanças propostas no PL 3.453/2015, já que a CCJ não é comissão de mérito. Para o procurador José Rocha Júnior, o grande problema do projeto é acabar com o mecanismo da licitação, seja para a renovação de espectro, seja pela troca das concessões em autorizações e respectivo ajuste do valor dos bens reversíveis. "É um grande negócio que poderia ser oferecido a outros grupos porque você está dando o bem para depois se cobrar o investimento", disse ele.
Para André Borges, secretário de telecomunicações do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), reiterou que o foco das políticas é e deverá ser a banda larga, mas que o projeto resolve o problema do serviço de telefonia que está em declínio no Brasil.
Na mesma linha foi Juarez Quadros, presidente da Anatel, que comparou o serviço a uma montanha de gelo que está derretendo. "Ao final (da concessão) será uma pedra de gelo. E teremos pouco interesse na prestação desse serviço quando se fizer um novo leilão".
Para o secretário de assuntos econômicos e investimentos do Ministério do Planejamento, Marcos Ferrari, há um  descasamento regulatório entre telefonia fixa e banda larga e entre autorizações e concessões, e a mudança no modelo pode diminuir a assimetria competitiva e viabilizar expansão da banda larga. A fala do secretário foi alinhada com o do diretor presidente do Sinditelebrasil, para quem a simplificação regulatória e a flexibilização da prestação dos serviços tem potencial de atrair investimentos e ampliar o acesso.
Políticas públicas
Para entidades de defesa do consumidor e movimentos de democratização das comunicações, o principal problema trazido pelo projeto é o fato de, ao reduzir a importância do serviço público, estar limitando o poder do Estado de fazer políticas. Em lugar de transformar a concessão em autorização, dizem, o estado deveria levar a banda larga ao status de serviço público.
A advogada da Proteste Flávia Lefèvre voltou a criticar a valoração dos bens reversíveis que está sendo feita pelo governo, lembrando uma discrepância muito grande entre valores já declarados pelas teles, da ordem de R$ 108 bilhões, e os valores que se fala hoje (de R$ 17 bilhões). Ela disse ainda que mesmo que os serviços passem a gozar de maior liberdade, é preciso haver maior controle do Estado sobre a infraestrutura. Na mesma linha foi Jonas Valente, do coletivo Intervozes. "O Congresso não pode pegar o princípio de telecom como serviço público e esvaziar essa condição", disse. O modelo do regime público, diz Valente, assegura a continuidade dos serviços e o controle tarifários.

Fonte: Teletime News de 26 de outubro de 2016, por Samuel Possebon.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Fusão AT&T/Time Warner pode reabrir as portas à Dish no país?

Em um dia de intensas especulações sobre o futuro da Sky no Brasil com a fusão entre AT&T e Time Warner por conta das questões regulatórias específicas do país, uma das análises mais originais colhidas por este noticiário envolve a Dish, operadora de TV por assinatura do bilionário Charles Ergen. A Dish é a segunda maior operadora de DTH nos EUA, com cerca de 13,5 milhões de assinantes, e é a concorrente direta da DirecTV naquele país. A operadora está sofrendo agressivamente com a perda de assinantes nos EUA, e apesar de ter uma aposta agressiva num modelo de TV paga OTT, em que seus conteúdos são comercializados para assinantes de banda larga sem passar pela infraestrutura de satélites, o principal business de TV paga de Ergen ainda é o modelo tradicional, via satélite. Para mantê-lo saudável e impulsioná-lo, precisa ir além do mercado norte-americano, onde a concorrência (inclusive agora com a AT&T adquirindo a Time Warner) tende a se acirrar. A empresa tentou se expandir no México e analisou o mercado da América Latina, mas até agora sem efetividade.
Pois Charles Ergen, por meio da Hughes, é dono de uma importante posição orbital no Brasil, pela qual investiu quase US$ 100 milhões, adquirida em 2011 depois de uma disputa justamente com a Sky. O principal uso desta posição é para DTH em banda Ku. A empresa chegou a negociar com a Telefônica/Vivo uma parceria para operar no Brasil, e  depois com a GVT, com quem celebrou um memorando de intensões para a formação de uma joint-venture, que acabou não se concretizando. Depois disso, a operadora, que chegou a contatar programadores e possíveis distribuidores, sumiu do mapa. A última informação que se tem sobre os possíveis planos de Ergen para o Brasil são de que, conforme previsto na licitação de posição orbital e frequências de operação, um satélite está sendo construído e deve ser lançado até o começo de 2017. A se confirmar esse plano, significa que, depois do que foi investido na posição e no equipamento (a construção e lançamento de um satélite deste porte não custa menos de US$ 400 milhões), Ergen terá uma imensa capacidade para banda Ku no país. A Sky (hoje AT&T) também deve receber um novo satélite em breve, ampliando significativamente sua capacidade. A especulação é se a Dish não poderia se tornar candidata a adquirir as operações da DirecTV Latin America da AT&T, incluindo a Sky. Lembrando que a Echostar (antigo nome da operadora Dish) e DirecTV já tentaram se fundir nos EUA e, 2001, mas não conseguiram a aprovação regulatória necessária. 
Em junho deste anos, a HughesNet, outra empresa do grupo de Charles Ergen, iniciou sua operação de banda larga via satélite no Brasil, usando a tecnologia de banda Ka contratada junto à Eutelsat. Nos EUA, o grupo tem 600 mil clientes de banda larga via satélite.
Telefônica/Vivo
Para a Telefônica/Vivo, conforme analisou este noticiário, a compra da Sky também poderia fazer sentido, mas alguns observadores atentos chamam a atenção para o fato de que, para a empresa espanhola, talvez seja mais interessante colocar o  volume de dinheiro de uma eventual compra de uma operação de DTH em investimentos na sua própria rede de fibra, fortalecendo a sua presença no mercado de banda larga. Afinal, o que a recente recessão brasileira mostrou é que se existe um produto de telecomunicações que o brasileiro não abriu mão durante a crise foi a banda larga fixa, que não perdeu base em nenhum trimestre ao longo da longa retração do mercado, quando o segmento de TV e, sobretudo, celular pré-pago sofreram em maior medida.
IPO
Um terceiro caminho possível para resolver o problema regulatório da AT&T com a Sky no país é uma pulverização em bolsa do controle da empresa.  Este caminho está se desenhando há algum tempo, desde que a DirecTV Latin America se tornou uma unidade de negócios independente da DirecTV norte-americana. Um IPO da empresa, com uma capitalização em bolsa e possível diluição do acionista controlador, a AT&T, poderia mudar o quadro societário. Esta seria uma possibilidade para a que a operadora norte-americana ficasse com um percentual que não caracterizasse controle da operação de DTH, uma vez que não se considera viável que a Time Warner deixe de atuar como programadora no mercado de TV paga brasileiro (hoje com os canais HBO, TNT, CNN, Esporte Interativo, Cartoon entre outros).

Fonte: Teletime News de 24 de outubro de 2016, por Samuel Possebon.

AT&T compra grupo de mídia Time Warner

AT&T confirmou na noite deste sábado, dia 22, a compra da gigante de mídia Time Warner. O valor do negócio, metade em dinheiro e metade em ações da AT&T, é de aproximadamente US$ 85,4 bilhões, mas somando a dívida da Time Warner é uma operação de US$ 108,7 bilhões, o que a coloca entre as maiores operações de compra já realizadas no mundo, e uma das mais relevantes em termos estratégicos. A expectativa é que a operação seja concluída até o final de 2017, passando pela avaliação do Departamento de Justiça dos EUA e possivelmente da FCC.
A Time Warner é um gigante de mídia, controladora da HBO, dos estúdios Warner Bros. e da programadora Turner (que tem os canais CNN, TNT, Cartoon entre outros). Além disso, a Time Warner é acionista do segundo maior serviço de vídeo OTT nos EUA, o Hulu. Além do Hulu, a HBO também tem nos EUA o HBO Go, que é um serviço de distribuição OTT dos conteúdos HBO.
Já a AT&T é a maior operadora de telecomunicações dos EUA, uma das maiores operadoras de celular do mundo, é dona da DirecTV (que no Brasil é controladora da Sky) e, por tabela, é a maior operadora de TV por assinatura das américas. A DirecTV anunciou recentemente nos EUA o DirecTV Now, que será um serviço de distribuição da DirecTV por meio de Internet, sem a necessidade de uso da infraestrutura de satélites.
A operação tem como objetivo, segundo o press release oficial, é dar à rede de distribuição da AT&T o "melhor conteúdo premium do mundo", sobretudo para o ambiente móvel. "O futuro do vídeo é mobile e o futuro do mobile é o vídeo", diz, de maneira contundente, o comunicado. A estratégia é criar novas formas de distribuir os conteúdos da Time Warner, inovar em publicidade com a capacidade de endereçar o conteúdo, criar serviços patrocinados e fazer serviços OTT e de TV everywhere mais personalizados. "Esse é o casamento perfeito de duas companhias com forças complementares que podem trazer uma nova abordagem à forma como as indústrias de mídia e comunicação funcionam para os consumidores, criadores de conteúdos, distribuidores e anunciantes", disse Randall Stephenson, CEO e presidente do conselho da AT&T no comunicado oficial sobre a operação. "Com um grande conteúdo, pode-se construir serviços de vídeo realmente diferenciados, seja na forma de TV tradicional, OTT ou mobile. Nossa distribuição de TV, móvel ou banda larga e nossa relação direta com os consumidores assegura uma perspectiva única de onde podemos oferecer publicidade direcionada e melhor conteúdo customizado", disse.
Brasil
A nota oficial não menciona a situação do Brasil, onde a AT&T é controladora da Sky. Pela Lei 12.485/2011 (Lei do SeAC), que estabelece as regras para o mercado de TV por assinatura no país, uma empresa que atue no país no mercado de programação não pode ser controladora de uma empresa de telecomunicações e vice-versa. Ou seja, seria preciso que a AT&T optasse ou por vender a Sky ou que retirasse todos os conteúdos da Time Warner das operadoras de TV paga brasileiras (HBO, CNN, TNT, Esporte Interativo, Cartoon entre outros). Uma análise completa sobre a situação brasileira pode ser encontrada aqui.
Por outro lado, a nota oficial faz referência por duas ocasiões sobre o mercado da América Latina tanto na distribuição dos conteúdos Time Warner quanto sobre a presença da AT&T como operadora de TV paga em 11 países na região.
Análise
Com um período de aprovação de pelo menos 12 meses, a AT&T terá tempo para buscar compradores para a Sky. A Telefônica/Vivo é a principal candidata, uma vez que a Oi está em processo de recuperação e a TIM não tem uma rede de acesso fixo relevante como a Vivo.
Segundo apurou este noticiário, já houve conversas nesse sentido entre os norte-americanos e o grupo espanhol, mas a Telefônica, ao não conseguir vender a O2 no Reino Unido, teve dificuldades de se capitalizar para avançar com novas aquisições sem comprometer seu processo de redução do endividamento.
Outra alternativa que chegou a ser estudada, segundo apurou este noticiário, foi uma troca entre os ativos da Telefônica no México e Caribe pelas operações da DirecTV Latin America. Assim, a AT&T se concentraria no mercado mexicano (onde fez investimentos relevantes em operações móveis no ano passado) e a Telefônica expandiria sua base de clientes de TV paga no restante da América Latina, rivalizando com a América Móvil fora do México.
Outra alternativa é que a AT&T busque uma alteração da Lei do SeAC no Brasil para que possa manter a posição de programador e operadora de telecomunicações simultaneamente, até porque, a se manter a restrição, as operações de telecomunicações corporativas da AT&T no Brasil também teriam que ser negociadas.

Fonte: Teletime News de 22 de outubro de 2016, por Samuel Possebon.

Propostas do Brasil em conferência na Tunísia incluem uso indevido de numeração e mudança em indicadores de qualidade

A Anatel divulgou nesta segunda, 24, as Propostas Interamericanas (IAP) apoiadas pelo Brasil para a Assembleia Mundial de Normatização de Telecomunicações (WTSA-16, na sigla em inglês), da divisão de padronização da União Internacional de Telecomunicações (UIT-T) e que se inicia na Tunísia na terça-feira, 25, e segue até o dia 3 de novembro. A agência destaca as propostas de redução de preços para roaming internacional e de elaborar indicadores de qualidade "que representem melhor a percepção dos usuários", com defesa do próprio presidente do órgão regulador, Juarez Quadros. Mas há também propostas apoiadas pela Anatel em relação aos serviços over-the-top (OTT), afirmando que a delegação brasileira, chefiada pela agência, "se manifestará sobre a necessidade de ampliar as discussões sobre OTTs para todos os agentes envolvidos".
Dentre as 20 propostas apoiadas pelo Brasil, em conjunto com pelo menos seis países das regiões das Américas, há sugestões de grupos de revisão da estrutura da UIT-T, da inclusão de mulheres na entidade, em estudos de exposição de campos eletromagnéticos, na participação na academia e elaboração de um desenho de planejamento e regulamentos técnicos harmonizados e coordenados para o desenvolvimento da Internet das Coisas (IoT). O País apoia também modificação na resolução 70 para aumentar a acessibilidade das TICs para pessoas com necessidades específicas.
Também dentro desse conjunto de propostas está a do uso da numeração de telefones. Trata-se da IAP 17, que modifica a Resolução 61 da UIT, aprovada na WTSA de Dubai, em 2012, para o "enfrentamento e combate à apropriação e uso indevidos de recursos internacionais de numeração de telecomunicações". Ela foi originalmente pensada de forma a evitar o mau uso da numeração internacional (UIT-T E.164), como o código de países, para bloqueio de chamadas. A delegação brasileira convida os estados-membros a garantir que o uso seja exclusivamente pelos participantes "para o único propósito para o qual foram designados, e que não se utilizarão recursos não designados". A proposta original de 2012 também convoca um grupo de estudo para colaborar em definições de atividades inapropriadas, incluindo os que causem "perda de receitas".
O contexto pode ser outro de quatro anos atrás. Uma das queixas recorrentes das teles em relação à concorrência com as over-the-top (OTTs) é o uso da numeração de celulares para vínculo e autenticação de serviços, como faz o WhatsApp. Durante o congresso ABTA 2015, o presidente da Vivo, Amos Genish, chamou o serviço de "operadora pirata" justamente porque aproveita o número para oferecer mensagens e chamadas de voz OTT, mas sem pagar o Fistel. Na época, Genish reclamou: "É pirataria no pior sentido, é um operador na Califórnia, usando nossos números e clientes e sem obrigações regulatórias, jurídicas e fiscais".
Autoria brasileira
O Brasil traz também oito IAP próprias. A proposta de qualidade de serviço pede "sensibilização sobre as melhores práticas e políticas relacionadas", baseando-se em "qualidade de experiência", e prover referências para reguladores sobre indicadores-chave de satisfação mínima em serviços, incluindo banda larga. Vale lembrar que as teles brasileiras reclamam que indicadores técnicos atuais não serviriam para a real aferição da qualidade da prestação de serviço. Elas defendem a substituição por indicadores baseados na experiência do usuário – como por exemplo, o acesso ao Facebook.
A Anatel destaca ainda a defesa de estudos para a utilização do Digital Object Architecture (DOA), considerada importante para aplicações máquina-a-máquina (M2M) e Internet das Coisas (IoT). O assunto será especialmente importante na WTSA-16 por acontecer menos de uma semana após o ataque massivo de negação de serviço (DDoS) que derrubou servidores DNS na Costa Leste dos Estados Unidos, tirando do ar, inclusive no Brasil, serviços como Twitter e Spotify. O DDoS, que cria artificialmente uma inundação de requisitos de acesso para forçar a derrubada do site, utilizou uma rede de dispositivos de IoT infectados, como gravadores digitais (DVRs), impressoras e eletrodomésticos.
A agência também defende estudos sobre efeitos econômicos das taxas de roaming internacional para celulares. Assim, convida a "colaborar nos esforços de redução das tarifas", tomando medidas regulamentares "quando aplicável".
A delegação ainda mostra em proposta conjunta (IAP 9) com a Colômbia o combate ao roubo de telefones celulares. Ela sugere estudar soluções para tanto, como tecnologias que possam ser usadas; trocar "listas de dispositivos relatados como perdidos/roubados" entre países para bloquea-los fora da região de origem também; e ações para prevenir ou descobrir e controlar a adulteração de identificadores de dispositivos (como o IMEI). A IAP 11, por outro lado, pretende criar uma nova resolução para combate a dispositivos de TIC falsificados e adulterados.
Indicações
A delegação brasileira também indicará quatro candidatos para os cargos de vice-presidentes de grupos de estudos da UIT-T que serão eleitos durante a conferência. Os nomes são:
– o gerente de monitoramento das relações entre prestadoras e Anatel, Abraão Balbino, como vice-presidente do grupo de estudos de aspectos econômicos e regulatórios;
– os engenheiros da gerência da regulamentação da agência, João Alexandre Zanon e Tiago Sousa Prado, para a vice-presidência dos grupos de estudos de conformidade e interoperabilidade e de qualidade, respectivamente;
– e o especialista em redes e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marcelo Moreno, para a vaga no grupo de estudos de interatividade em TV digital.

Fonte: Teletime News de 24 de outubro de 2016, por Bruno do Amaral.

Consolidações entre setores de mídia e telecom não podem acontecer no Brasil

A Lei 12.485/2011, que estabelece o marco legal da TV por assinatura, tende a tornar mais complexa a posição do Brasil na geopolítica internacional das fusões e aquisições envolvendo o mercado de mídia e de telecomunicações. A razão para isso é a limitação que a lei estabelece para o controle cruzado entre empresas de telecomunicações e empresas de conteúdo atuantes no Brasil. Uma primeira consequência poderá ser vista caso se concretize o acordo para que a AT&T adquira, nos EUA, o controle do grupo Time Warner, numa fusão estimada em US$ 85 bilhões. A Time Warner é controladora da programadora Turner e de canais como a HBO, a CNN, o TNT, o Esporte Interativo, Cartoon Networks entre muitos outros presentes há mais de 20 anos na TV paga brasileira. A AT&T é controladora da Sky, a segunda maior operadora de TV paga do país com cerca de 5,3 milhões de assinantes. Se a fusão de fato ocorrer, a AT&T muito provavelmente terá que vender a Sky e deixar de atuar no mercado corporativo no país, e ficará definitivamente fora de uma eventual disputa pela Oi ou pela TIM. Ou então, a Time Warner retira suas programadoras de TV paga do Brasil.
A separação de mercados estabelecida na lei brasileira surgiu em decorrência de um acordo. As teles, logo no início da tramitação da Lei do SeAC, ainda em meados de 2007, queriam a liberação do mercado de TV a cabo ao capital estrangeiro. Os radiodifusores, sobretudo a Globo, queriam a proteção contra uma possível competição das teles no mercado de conteúdos, especialmente na disputa por direitos esportivos. O legislador aceitou criar a segregação para diminuir a resistência à tramitação do projeto de lei. A vedação ficou consubstanciada nos artigos 5 e 6 da Lei do SeAC. Pela lei, nenhuma empresa de radiodifusão ou que seja produtora e programadora com sede no Brasil pode deter mais de 50% do capital social e votante de empresas de telecomunicações. E na outra via, empresas de telecomunicações não podem deter mais do que 30% do capital social e votante de empresas de radiodifusão, produtoras ou programadoras com sede no Brasil. E um detalhe: para ser programador de TV paga, é preciso necessariamente ter sede no país.
Além disso, empresas de telecomunicações não podem, pela Lei do SeAC, adquirir direitos de imagem de eventos de interesse nacional nem contratar talentos, a não ser para fins publicitários. É verdade que esses dispositivos da lei são parcialmente cumpridos. Ainda há grupos radiodifusores que controlam operações de TV paga e SCM, por exemplo, mas são casos que não chamam a atenção (ainda que igualmente à margem da lei). Bem diferente de uma AT&T se tornar controladora indireta de uma HBO ou da CNN.
Nos EUA, a tendência de consolidação entre empresas de conteúdo e empresas de distribuição é crescente, sobretudo para enfrentar as empresas de Internet. A Comcast, maior operadora de cabo dos EUA, é controladora da NBC Universal e de vários canais de TV por assinatura. A Liberty Media é acionista da Discovery Communications e da Liberty Global, uma das maiores operadoras de cabo da Europa. A Verizon adquiriu recentemente a AOL, cuja presença maior é no mercado de Internet mas não deixa de ser uma produtora de conteúdo, com canais como o Vice. E a própria AT&T, quando pagou quase US$ 50 bilhões pela DirecTV, estava de olho inclusive nos direitos exclusivos de conteúdo esportivo da operadora de DTH. Há quem aposte que, em pouco tempo, movimentos de consolidação semelhante começarão a acontecer com empresas europeias.
Por lá, o grupo de mídia francês Vivendi tem presença no mercado de telecom. No Brasil, já foi acionista controladora da GVT, depois vendida para a Telefônica, e hoje é a principal acionista da Telecom Italia, controladora da TIM. Como a Vivendi não tem atuação no mercado de programação brasileiro, não há conflito. Na semana passada a Vivendi lançou, em parceria com a Vivo, um serviço de conteúdo on-demand chamado Studio+, inicialmente para celulares. O serviço só não entra na sombra da Lei do SeAC por ser sob demanda e porque a Vivendi não tem mais relação com a Telefônica.
A America Móvil, logo após a aprovação da Lei 12.485/2011, precisou se desfazer de algumas participações que tinha em empresas de conteúdo atuantes Brasil.
É possível que as teles brasileiras demorem a sentir uma efetiva necessidade de produzir conteúdos no Brasil ou se consolidarem com empresas de mídia, mas mesmo se isso acontecer, a porta estará fechada pela lei. O problema será conciliar essa limitação da lei às eventuais alianças internacionais que possam acontecer.

Fonte: Teletime News de 21 de outubro de 2016, por Samuel Possebon.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Gired vai considerar critérios das teles e das emissoras de TV para medir percentual de digitalização

O Grupo de Implantação da TV Digital (Gired) decidiu nesta quinta, 20, que considerará os critérios colocados por radiodifusores e teles na análise dos resultados das últimas pesquisas de campo para aferir o percentual de domicílios aptos para a TV digital em Brasília. Esse número é crítico para que seja autorizado o desligamento a partir do final do mês, como previsto. Segundo o conselheiro Rodrigo Zerbone, presidente do Gired, caso a pesquisa mostre, pelos dois critérios, um percentual acima de 90%, não haverá  dúvida e certamente o Gired recomendará o desligamento. Essa análise por dois critérios simultâneos será feita excepcionalmente apenas em Brasília e não será regra geral, diz o conselheiro.
A divergência de critérios é, sobretudo, em relação a como são contabilizados os televisores com tela fina. Em Rio Verde, esses televisores foram contados como digitais, e esse é o critério defendido pelas teles. Os radiodifusores alegam que muitos destes televisores não são digitais, e recebem apenas o sinal analógico. As emissoras querem, portanto, que esse indicador não seja indicativo de digitalização, e que se use outros critérios.
Na hipótese do percentual, pelo critério das teles, ficar acima de 90%, mas pelo critério da radiodifusão ficar abaixo dos 90%, ou se ambos os índices ficarem abaixo de 90%, o Gired terá que ponderar outros fatores para decidir se adia ou não o desligamento. O Ibope, responsável pela pesquisa, indicará uma projeção sobre o aumento no percentual de domicílios preparados na última semana de distribuição dos kits antes do desligamento. Essa última semana não é medida na pesquisa final por uma questão cronológica, mas em Rio Verde a variação nesses dias foi de 8 pontos percentuais, explica o conselheiro. A pesquisa do Ibope foi a campo esta semana e foi encerrada nesta quinta, 20. Os resultados serão apurados no final de semana.
Zerbone está otimista de que os percentuais serão alcançados. "Chegamos nos mesmos números de Rio Verde com 60 dias de antecedência, e na nossa experiência anterior houve um salto percentual na última semana. A não ser que aconteça um fato muito atípico, o percentual de 90% deve ser atingido nos dois critérios", diz o presidente do Gired.
Existe uma preocupação, contudo: caso o percentual não seja atingido, o Gired considera que as opções de ações para intensificar o índice de digitalização estariam limitados. "Em Rio Verde, quando vimos que estávamos longe, ampliamos a distribuição para o Cadastro único, mas isso já foi feito em Brasília", disse Zerbone. "Tudo leva a crer que não teremos razão para adiar. A manutenção da data em Brasília é essencial pois essa é o nosso primeiro teste em grande escala. Um adiamento compromete a credibilidade de todo o processo daqui para frente".

Fonte: Teletime News de 20 de outubro de 2016, por Samuel Possebon.

Conferência de padronização da UIT na Tunísia deve discutir endereçamento, tributação e regulação de Internet

Começa na próxima semana, na Tunísia, a WTSA 16  (World Telecommunication Standardization Assembly), principal encontro da divisão de  padronização da UIT, que acontece a cada quatro anos. Na pauta, há pelo menos três questões relevantes que devem ser discutidas. A primeira delas é uma proposta feita pelos países africanos que trata de questões tributárias e regulatórias para serviços over-the-top. A proposta, que conta com alguma simpatia do Brasil e de países europeus, é considerada excessivamente dura e a posição brasileira deve ser no sentido de que qualquer encaminhamento traga termos mais suaves do que a proposta original.
Outro tema importante é uma discussão sobre a padronização do DOA/DONA (Data-Oriented Network Architecture) como evolução do DNS, arquitetura de endereçamento usada pela Internet. A mudança é considerada importante porque permite maior confiabilidade dos conteúdos, portabilidade de endereços em caso de mudanças de servidor e por permitir maior disponibilidade dos serviços. Há resistência dos EUA, que ainda se adaptam ao processo de transição para a comunidade global das funções da IANA, responsável por protocolos e endereçamentos de Internet.
Por fim, o Brasil deve levar uma proposta em linha com uma discussão que já existe sobre uma ampliação do escopo do grupo de padronização 3 (SG3), que hoje se dedica a tarifas, para que ele passe a tratar de políticas regulatórias e setoriais, sobretudo para que algumas discussões sobre regulação no ambiente da Internet, por exemplo, possam ter um local de referência para acontecerem no âmbito da UIT.

Fonte: Teletime News de 20 de outubro de 2016, por Samuel Possebon.

Governo autoriza aumento de capital da Telebras

A Telebras recebeu autorização do Governo Federal para aumentar o capital social em R$ 846,7 milhões. Segundo informou a empresa em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários nesta quinta, 20, a autorização veio por meio de decreto publicado no Diário Oficial desta quinta-feira. Para a transação, a Telebras emitirá novas ações, mediante créditos da União, por sua vez derivados de adiantamentos para futuro aumento de capital (FFAC) entre 2011 e 2015. Esse valor será acrescido às capitalizações anteriores, que totalizaram R$ 7,757 milhões, acrescidos de juros devidos sobre o principal, calculados com base na Selic.

Fonte: Teletime News de 20 de outubro de 2016, por Bruno do Amaral.

Para presidente da Anatel, setor vive crise de rentabilidade

O presidente da Anatel, Juarez Quadros, avalia que o setor de telecomunicações está passando por um momento delicado de perda de atratividade. Segundo ele, o retorno que já foi de 9,5% está hoje na casa dos 4,5%, o que afasta investimentos. Também segundo Quadros, os serviços de voz estão sendo cada vez menos utilizados. Segundo ele, uma das medidas importantes para estimular o setor seria a redução da carga tributária, mas dado o custo político de um ajuste desta natureza na atual conjuntura fiscal, no curto prazo seria mais simples reduzir custos regulatórios, como valor das licenças e do uso do espectro. Ele afirmou que as operadoras não podem ser meras provedoras de conectividade e que precisam participar do provimento de soluções. "A Internet das Coisas oferecerá as mais variadas soluções".
Em seu discurso na abertura da Futurecom, Quadros voltou a falar da possibilidade de intervenção na Oi. Ele lembrou que existe um precedente no setor, quando foi feita, no começo dos anos 2000, uma intervenção da Anatel na operadora gaúcha CRT. Na ocasião, disse Quadros, uma intervenção que deveria ter durado 12 meses se resolveu em três meses. "Já há uma experiência e a nossa expectativa é de que não haja a necessidade, mas temos que estar preparados para uma eventualizadade", disse o presidente da Anatel.
Sobre o nível de concorrência no mercado, Quadros disse que o nível de competição, a depender do serviço, varia. "Em celular, nenhuma (das operadoras) tem mais de 30% de share e o nível de competição é adequado. Mas em algumas localidades os indicadores mostram localidades com apenas uma empresa operando. O mesmo na telefonia fixa, onde há competição em muitas localidades mas em alguns casos há uma operadora apenas, e isso, por falta de competição, gera problemas de qualidade", disse Quadros. Segundo ele, há uma forte demanda, "até mesmo uma grita", por serviços em muitas localidades fora dos centros municipais. Segundo ele, isso se deve aos editais de venda das frequências que, por orientação do governo, tiveram um viés de arrecadação. "A Anatel colocou o interesse econômico (do governo) acima do social. É importante que haja, na elaboração dos editas, o interesse social".

Fonte: Teletime News de 20 de outubro de 2016, por Samuel Possebon.

Para governo, Oi assegura equilíbrio competitivo

O governo considera importante que a Oi consiga passar pelo processo de recuperação judicial, entre outras coisas, para que se mantenha o patamar de competição no mercado, disse o secretario de telecomunicações do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), André Borges, durante debate na Futurecom, em São Paulo. "Entendemos que a Oi tem papel fundamental e que é importante que chegue a bom termo e recupere a capacidade de competir, continue no mercado e que a competição gere o benefício para o consumidor. Com essa preocupação é que o ministro Gilberto Kassab tomou a liderança de formar esse grupo de trabalho", disse ele, se referindo ao grupo que congrega os diferentes órgãos do governo que têm interesse na operadora, como Anatel, AGU, BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica.
"Existe um entendimento no grupo de trabalho que a Oi supere essas dificuldades, mas há algumas orientações, como não envolver aportes de recursos, e em relação aos créditos da Anatel há restrições sobre as formas de negociar a quitação dos débitos, que passa pela Justiça", disse Igor de Freitas, conselheiro da agência que participa do grupo. "Há uma proposta, um plano colocado, todos os credores públicos e privados estão ratificando ou retificando o que foi colocado pela empresa, e o processo segue para a sua próxima fase, e temos a convicção de que a saída de mercado deve ser encontrada", disse. "Da nossa parte, como credores e reguladores, é ver o desenrolar da recuperação judicial, no tempo das coisas, e achar uma forma dentro da lei de fazer com que os créditos da Anatel sejam negociados de uma forma sustentável pela empresa", disse Freitas.
Segundo André Borges, "não existe nenhuma intenção da Telebras assumir a Oi ou ser uma pretendente". Sobre a estatal, ele disse que "ela está revendo sua função, com foco em redes neutras, alternativas, estrategicamente relevante, e que seja sustentável". Segundo o secretário, que é presidente do conselho da Telebrás, a razão e o modo de ser da empresa estão sendo revistos. "Ela tem investimentos relevantes em satélite e cabo submarino e acredito que vamos conseguir alcançar um papel".

Fonte: Teletime News de 20 de outubro de 2016, por Samuel Possebon.

"Não existe obrigação de dar WhatsApp grátis", diz presidente da TIM

Para a TIM, a estratégia de parceria do setor com serviços over-the-top (OTT) não foi acertada. O presidente da operadora, Stefano de Angelis, declarou durante painel na Futurecom nesta quarta, 19, que, diante do cenário de reduções de margens, seria hora de as teles "fazerem autocrítica" na política de marketing e monetização de dados. "Não acho que existe no País uma obrigação de dar WhatsApp grátis", declarou. "Os equilíbrios entre uso de dados e OTTs é uma alavanca que nós operadores precisamos provavelmente melhorar na formulação de tarifas." A tele não oferece mais em seu portfólio o zero-rating com o serviço de mensagens.
O discurso é que a relação com as over-the-top precisa passar pela máxima de "mesmo jogo, mesmas regras". Mas o executivo reconhece: "não tem legislação que obriga a dar o WhatsApp de graça, foi uma decisão das operadoras, não só no Brasil, mas em todo o mundo, e depois (as empresas) vão chorar com as autoridades que tem um problema nos OTT".
De Angelis acredita que esse tipo de parceria aconteceu porque dados eram apenas uma parte pequena da receita total das teles na época, algo que naturalmente se reverteu nos últimos anos. Além disso, tem a própria concorrência com as OTTs em serviços análogos aos tradicionais, como a chamada de voz no WhatsApp – ferramenta que, de certa forma, desencadeou a reação mais contundente das teles no Brasil desde que foi lançada no ano passado. "Não dá para alavancar as ofertas de um serviço que come a receita tradicional da empresa", disse em conversa com jornalistas.
Não significa que a TIM esteja se opondo a parcerias de zero-rating ou de tráfego patrocinado com outros serviços. Por outro lado, não parecem ser bem recebidos. "Se a gente vai dar interconexão de graça nas nossas redes, depois não vão chorar."
Economia
O executivo usa como contexto o argumento de que entre 2012 e 2015 o setor observou uma queda no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBTIDA) anual de R$ 21 bilhões para R$ 18 bilhões, enquanto o Capex aumentou de R$ 12 bilhões para R$ 16 bilhões. "É importante ressaltar que a geração de caixa caiu", declara.
Ainda assim, ele assegurou que a trajetória de resultados financeiros no terceiro trimestre da TIM é "consistente e vem acompanhando os resultados". De Angelis se mostrou otimista com as perspectivas macroeconômicas e oportunidades de voltar a crescer, mas ressaltou: "O problema da indústria começou quando a macroeconomia do Brasil estava muito bem, não começou no ano passado. A canibalização da receita tradicional não tem nada a ver."

Fonte: Teletime News de 19 de outubro de 2016, por Bruno do Amaral.

Proposta para Anatel atuar também na Internet será encaminhada no início de 2017

Dentro da proposta de reformulação da agência, a Anatel estuda uma atuação mais ativa na Internet, formulando uma proposta que deve ser encaminhada ao Conselho Diretor "agora, na virada do ano", de acordo com o conselheiro Igor de Freitas. "Não há como regular setor de comunicações digitais nos próximos 10 anos sem entrar na Internet", declarou ele a este noticiário. A ideia é seguir recentes movimentos de entidades reguladoras nos Estados Unidos (FCC) e na Europa, que passaram a atuar mais sobre Internet. "No primeiro trimestre de 2017 precisa ter algum encaminhamento para essa questão, faz parte do planejamento e da agenda regulatória para ano que vem e do redesenho de processo da forma como a agência funciona, e ela se prepara para dar resposta para isso", contou ele, após debate na Futurecom nesta quarta-feira, 19.
Freitas acredita que a Anatel escolheu, baseada na interpretação da legislação e "talvez da falta de necessidade", afastar-se do sistema de governança e do entendimento da camada over-the-top (OTT) . "Não estou aqui defendendo a regulamentação de serviços OTT, é muito mais do que isso, é captar, coletar informações e ter processos internos capazes de gerir essa informação e saber como se posicionar", diz, explicando que o objetivo é poder se ajustar às condições de mercado de forma mais dinâmica. "Os EUA e Europa já desenvolveram, embora com caminhos diferentes, suas próprias abordagens do que tem que ser regulado em OTT e o que não tem, e a Anatel não tem essa posição ainda". O conselheiro não soube dizer qual dos dois modelos é mais compatível com a realidade brasileira, ressaltando que tanto o europeu quanto o norte-americano tem prós e contras.
Na opinião do conselheiro, essa atuação da agência mais presente na Internet não interfere na norma 4/95, do antigo Ministério das Comunicações, do ponto de vista jurídico. Mas "talvez" poderia ser preciso alterar a LGT, seguindo os passos da revisão das concessões com discussão no Congresso. "Talvez essa gestão mais ampliada das funções da Anatel, algo que não se discute e questiona nos EUA e Europa, precise acontecer aqui para que ela atue de maneira apropriada", compara, ressaltando que isso não traria prejuízo no sistema de governança que o Brasil instituiu. "Não tem como um órgão regulador de telecom ser eficiente, efetivo na proposta de intervenção, se tiver afastado do mundo da Internet", reforça.

Fonte: Teletime News de 19 de outubro de 2016, por Bruno do Amaral.