As divisões entre as empresas de telecomunicações em relação ao edital de 5G ficaram evidentes na reunião ao vivo do grupo de trabalho da Câmara dos Deputados que acompanha o tema. No encontro, Vivo, Claro e TIM divergiram sobre a imposição do Release 16 na rede de 5G brasileira, prevista entre as regras da faixa de 3,5 GHz na proposta de edital trazida pelo conselheiro Carlos Baigorri na semana passada. A reunião aconteceu na tarde desta quarta-feira, 10.
Fábio Andrade, VP de Relações Institucionais da Claro, apontou que a obrigatoriedade de implantar redes baseadas no Release 16 ou standalone (AS) vai atrasar o leilão das faixas de frequência do 5G. "Essa rede standalone não é usada em nenhum lugar do mundo e não possui um preço razoável para ser comercializada, no momento, no Brasil", afirmou Andrade. Segundo o executivo, as operadoras terão todas as tecnologias demandadas pelos consumidores no momento certo, quando houver modelos de negócio e preços compatíveis com a realidade brasileira.
"Caso essa obrigação seja mantida, o leilão vai atrasar e colocará para as operadoras um custo 4 vezes maior que os atuais investimentos", estimou o executivo da Claro. No debate, Andrade defendeu uma evolução gradativa da implantação da tecnologia. "Por enquanto, essa rede baseada no Release 16 é muito mais cara. Defendemos uma evolução gradativa da implantação da tecnologia", defendeu Andrade.
Não é caro
Já para Mario Girasole, Vice-Presidente Regulatório, Institucional e Imprensa da TIM, a definição de uma política pública sobre qual tecnologia o Brasil precisa usar deve ser orientada para as necessidades dos brasileiros. Girasole apontou que estudos mostram que Release 16 não sai mais caro e não atrasa o leilão, ao contrário do que foi apontado pela Claro. "O 5G standalone (AS) é o 5G que queremos. Além disso, existe um tema de isonomia. O edital sinaliza que todos começarão a construção da rede no mesmo patamar", defendeu Girasole.
Leonardo Capdeville, CTIO da TIM, que também participou do debate, defendeu que tecnicamente que o 5G nativo, "puro", não é mais caro. "O 5G AS não está impedindo nenhuma empresa de entrar no mercado. São os atributos do Release 16 que é o 5G que a sociedade quer", sustentou o executivo.
"Para o uso da frequência 3,5 GHz leiloada, deverão ser instalados novos rádios para 'acender' a nova frequência. O custo de um rádio 5G nativo (Release 16) é equivalente ao custo dos rádios 5G adaptados (Release 15)", apontou Capdeville.
O Diretor de Planejamento de Redes da Vivo, Átila Araújo Branco, diz que a operadora vai implementar a sua rede 5G baseada no Release 16 em seu tempo. Mas o executivo acredita que a implementação da tecnologia no Brasil deve ser feita de maneira progressiva, com uma migração na forma de como está acontecendo em todo o mundo. "Defendemos um 5G puro, mas implementado de maneira gradual", disse Branco.
Fonte: Teletime News de 10 de fevereiro de 2021, por Marcos Urupá.
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