Anunciada nesta semana como uma provedora de banda larga 100% digital operando a partir da infraestrutura da V.tal, a Obvious Fibra está projetando investimentos de até R$ 3 bilhões no Brasil nos próximos cinco anos.
Em conversa com TELETIME, o presidente da nova empresa, Gonzalo Fernández Castro, revelou que os recursos serão alocados sobretudo no desenvolvimento de sistemas, em estratégias de captação de clientes e no capex para ativação de usuários. No intervalo quinquenal, a operadora de banda larga tem meta ambiciosa de atingir 4 milhões de clientes na banda larga fixa.
Na última terça-feira, 5, o "soft launch" da Obvious Fibra ocorreu na cidade de Serra (ES). A expansão da disponibilidade para 23 cidades em oito estados e o Distrito Federal já foi anunciada, mas, segundo Fernández, a marca pode estar presente em 50 municípios até o final do ano. O uso de outras opções de redes neutras também não está descartado.
"No começo, vamos focar em atender o cliente e em crescimento, utilizando a solução white label da V.tal de ponta a ponta. Futuramente até pode fazer sentido ter alguma camada de tecnologia física, mas nunca vamos entrar na fibra diretamente", afirmou Fernández, destacando a abordagem "asset light" como um diferencial competitivo.
"Isso não significa que teremos apenas robôs trabalhando", alertou o executivo. A Obvious começa a operação com uma equipe de 35 pessoas que já vinha estruturando a entrada no mercado brasileiro ao longo do período em que o projeto foi mantido em segredo.
Os demais investidores da Obvious Fibra também são mantidos em sigilo pelo presidente da empresa – que se limitou a apontar fundos da Europa, do Silicon Valley (Estados Unidos) e de ex-executivos do mercado de telecom brasileiro como sócios na empreitada de R$ 3 bilhões.
O próprio Fernández teve longa passagem como head de private equity para América Latina na gestora Partners Group e se considera um dos precursores do conceito de rede neutra. No antigo posto, o executivo chegou a abordar a Oi com uma proposta de separação da infraestrutura de fibra óptica em uma FiberCo apartada. Estratégia similar foi seguida pela operadora quatro anos depois (ao lado de outros parceiros), refletindo na criação da V.tal.
Comercial
Em um primeiro momento, a contratação dos planos da Obvious Fibra poderá ocorrer a partir do site da empresa e por meio do WhatsApp. O lançamento de um app está naturalmente nos planos, mas o recurso ainda deve ser finalizado. Em paralelo, táticas "offline" para captação de clientes também devem ser aplicadas.
Fernández avalia que a proposta de uma "tel-tech" tem forte potencial de causar disrupção no mercado de telecom brasileiro. "Há muita insatisfação entre os clientes. A indústria está no topo da lista de reclamações do Procon. Vamos oferecer um produto a preço justo e transparente, com serviço que funciona como deveria funcionar, de forma ágil e que dê para o cliente entender". Do ponto de vista comercial, Fernández reconheceu que a Obvious deve praticar preços "melhores" que a concorrência durante a entrada no mercado brasileiro.
Pelo lado da V.tal, a avaliação do CCO da empresa, Pedro Arakawa, é que a chegada de players como a Obvious Fibra "cristalizam" o objetivo de rede neutra compartilhada proposta pela operadora de infraestrutura.
"Acredito que possam ter outros players operando só com rede neutra, mas a Obvious tem a vantagem de ter saído na frente", sinalizou o executivo da V.tal. Para Arakawa, o momento é positivo até porque o brasileiro já está se acostumando com a abordagem "asset light" presente em outros segmentos genuinamente digitais, como as fintechs. "Outras indústrias já estão avançando e educando o consumidor que uma empresa moderna não precisa de infraestrutura física".
Fonte: Teletime News de 8 de abril de 2022, por Henrique Julião.
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