Ao debater os “desafios e oportunidades no uso compartilhado de infraestruturas”, durante workshop online realizado nesta quarta, 21/10, o tema do uso dos postes do setor elétrico foi ressaltado como de importância capital para a instalação da infraestrutura associada ao 5G. E como sustentaram participantes, essa discussão bizantina exige alterações nas regras do setor elétrico que incentivem a exploração comercial dos postes.
“Há 10 anos discutimos o que fazer com postes. E cheguei à conclusão que não existe solução que não passe por uma revisão das regras de reversão de receitas para a modicidade tarifaria. No desenho regulatório do setor elétrico, e a Aneel tem se mostrada aberta a debater o assunto, tem que prever que o compartilhamento de postes seja visto também como negócio e não como encargo a ser suportado pela distribuidora”, afirmou o diretor de Aprimoramento do Ambiente de Investimentos em Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Artur Coimbra.
Ele destacou que “o setor elétrico, a distribuição de energia, é tarifada, diferente dos serviços de telecomunicações que em geral não são tarifados. Portanto é preciso trabalhar com modelo de tarifação. E por isso é preciso manejar todas as variáveis para fazer com que seja economicamente interessante para uma distribuidora de energia compartilhar seu poste”.
Para Luciene Pandolfo, vice presidente executiva da Phoenix Tower, empresa que explora infraestruturas passivas, a iminência do 5G torna o assunto premente, em que pese os muitos anos sem avanços significativos nessa questão que entrelaça os setores de energia e telecomunicações.
“Não tem como falar em otimização se não tiver atratividade e previsibilidade quanto ao retorno de investimentos que precisam ser feito. E não estamos falando de um montante baixo. Temos desafios principalmente nos grandes centros, que vão ser grandes demandantes da infraestrutura para o 5G. A modicidade tarifária precisa mudar. Ela não é eficiente nem para a própria distribuidora e nem é percebida pelo consumidor final como um benefício”, afirmou.
“Fizemos vários modelos, vários estudos de ordenamento de rede, de enterramento. Mas os valores, como está hoje, com o arcabouço regulatório, não se sustentam. E tem questões de ordem prática. A gente fala de rede desordenada, mas não necessariamente irregular. Existem contratos, há clientes estratégicos. Então não podemos simplesmente colocar abaixo a rede que está hoje. Então ou paramos e discutimos o ordenamento dos postes ou teremos um entrave enorme para o 5G. E esse debate é urgente.”
Fonte: Convergência Digital de 21 de outubro de 2020, por Luis Osvaldo Grossman.
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