No dia 8 de dezembro de 1997, há 20 anos, portanto, o Brasil ganhava a sua primeira operação residencial de banda larga em caráter comercial. Não parece, mais exatamente há duas décadas o primeiro serviço de acesso em alta velocidade à Internet começava a ser vendido. A pioneira era uma operadora de TV por assinatura de Brasília, a TV Filme, que operava o serviço de TV paga pela tecnologia de MMDS, uma das primeiras tecnologias utilizadas no Brasil para a distribuição de múltiplos canais de televisão, na faixa de 2,5 GHz (espectro hoje utilizado para a banda larga móvel em 4G).
O serviço da TV Filme chamava-se Link Express, utilizava a tecnologia DOCSIS desenvolvida para os cable modems e oferecia velocidades de até 2,4 Mbps de download. Era uma enormidade em uma época em que o máximo disponível pela Internet discada eram velocidades de 56 kbps. O serviço foi lançado de forma híbrida: download pela rede de MMDS, em banda larga, mas o upload era pelo telefone, usando a tecnologia de acesso discado. A razão é que o MMDS ainda não tinha frequência suficiente para o canal de retorno, o que atrapalhou muito os planos da empresa de expandir os serviços de maneira mais agressiva.
Antes da TV Filme algumas operadoras de cabo já haviam pedido autorização para o Ministério das Comunicações para oferecer o serviço, mas havia uma dívida se aquilo seria possível, já que a TV a cabo era definida como um serviço de áudio e vídeo, enquanto o MMDS era claramente um serviço de telecom. A regulamentação que permitiu às redes de cabo a oferta de banda larga só sairia em 1999, depois de muita pressão das operadoras. Os serviços de ADSL (banda larga pelas redes de telefonia) só apareceriam no Brasil em caráter comercial no começo dos anos 2000.
A TV Filme, fundada pelos irmãos Carlos André e Hermano Lins de Albuquerque, foi uma das pioneiras na oferta de serviços de TV paga no Brasil. Nos anos 90, chegou a ter ações negociadas em Nova York, foi sócia do grupo Abril, entre outros parceiros internacionais. Mas o MMDS logo se tornou uma tecnologia limitada para a competição com o cabo e, endividada, a empresa não sobreviveu ao estouro da bolha de tecnologia no começo dos anos 2000. Ao final, acabou sendo vendida para a Sky. As frequências de 2,5 GHz que durante anos serviu ao MMDS foram leiloadas em 2012 para as operadoras de celular.
Fonte: Teletime News de 8 de dezembro de 2017, por Samuel Possebon.
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