O tempo em que as operadoras cobravam por minuto de chamada de voz em ligações nacionais não terá volta, disse o CEO da Claro, Paulo Cesar Teixeira. No seu entender, a oferta de voz ilimitada chegou para ficar, ou seja, não será algo temporário. Aliás, o pioneirismo da operadora nesse sentido rendeu um salto importante de ganhos de clientes dos concorrentes, através de portabilidade, disse o executivo, o que foi sentido principalmente durante a Black Friday, considerada pela empresa uma data que sinalizou um reaquecimento do mercado. Perguntado de quem a Claro está trazendo mais assinantes, ele preferiu não citar nomes, mas deu uma dica: "É natural vir de quem tem mais usuários".
"A principal barreira de saída de um assinante era a tarifa de chamadas on-net, que era muito mais barata. Essa barreira deixou de existir com a queda da tarifa de interconexão", comentou Teixeira em almoço de fim de ano com jornalistas nesta quinta-feira, 14, em São Paulo. "Nossa maior coragem foi levar a voz ilimitada para o pré-pago, o que ninguém acreditava que seria possível. Em prol do cliente, não ficamos restritos à ilha do pós-pago", acrescentou. Segundo o executivo, a voz ilimitada gerou aumento do volume de minutos falados por mês por usuário (MOU), mas nada que prejudicasse o funcionamento da rede da operadora. Ele admite uma queda de receita no curto prazo mas que se compensa no aumento de base no médio e longo prazo.
A evolução da rede móvel da Claro está andando mais rápido que aquela dos smartphones. A constatação parte do CEO da operadora, por conta do investimento em sua modernização, agora no padrão LTE Advanced, ou 4,5G, com pelo menos 30 + 30 MHz de espectro, modulação QAM 256 e Mimo 4×4. Como ainda há poucos handsets disponíveis no mercado capazes de aproveitar esses novos avanços em infraestrutura, o executivo entende que a rede da Claro está à frente dos handsets. Ele citou o caso do iPhone X, novo top de linha da Apple, que não trabalha com Mimo 4×4, por exemplo. Apenas o Galaxy S8 e o Note8, da Samsung, além de alguns modelos da Motorola, estão preparados.
Como acabou de realizar um investimento pesado em LTE Advanced, o momento agora é de procurar rentabilizar em cima da nova rede, mais do que falar de 5G. "Passamos por um ciclo de investimento alto. Agora temos que capturar os benefícios do 4,5G", comentou. Teixeira evitou dizer se o investimento da Claro em 2018 será menor, igual ou maior que o realizado este ano.
A operadora planeja ainda ter 11 cidades com a tecnologia de LTE Advanced (chamada de 4,5G na estratégia da empresa) em janeiro, e informa que renovou metade de suas ERBs com uma tecnologia eletrônica mais avançada, que traz 40% de ganho no consumo de energia. Foram 9 mil sites renovados, explica. A empresa diz que 95% de seus sites têm hoje backhaul de alta capacidade.
Unificação do 2G
Teixeira não acredita que a rede de segunda geração (2G) será desligada tão cedo no Brasil por causa da grande base de máquinas de POS conectadas a ela. O ideal, na sua opinião, seria conseguir unificar as redes de todas as operadoras, construindo uma rede única nacional 2G para atender a esse mercado de comunicação entre máquinas com um custo menor de operação e manutenção. Ele revelou que já houve muitas conversas sobre isso entre as teles, mas nunca se conseguiu chegar a um acordo. As donas das maiores bases de linhas M2M são Claro e Vivo.
Ele lembrou também que hoje as redes de adquirência trabalham com vários chips dentro da mesma máquina, justamente para trocar de uma rede para a outra conforme a disponibilidade de sinal. Ou seja, é possível que haja resistência por parte dessas empresas, que são os maiores clientes 2G, para com uma unificação das redes de segunda geração.
VoLTE
A Claro pretende lançar voz sobre 4G (VoLTE) no futuro, mas somente quando a experiência estiver melhor para o usuário. Os testes realizados pela América Móvil, grupo que controla a Claro, revelaram um índice relativamente alto de queda de chamadas no VoLTE, comentou o CEO da operadora brasileira. (Colaborou Samuel Possebon)
Fonte: Teletime News de 14 de dezembro de 2017, por Fernando Paiva.
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