O memorando de entendimento (MoU) da Vivo com a TIM no Brasil poderia ser extendido, tanto para outras empresas quanto em outras regiões onde o grupo controlador Telefónica atua. Segundo executivos da companhia espanhola durante teleconferência dos resultados trimestrais nesta quinta, 25, a questão é melhorar o retorno sobre capital investido com a otimização da infraestrutura, inclusive no compartilhamento de ativos que não sejam considerados diferenciais competitivos.
Ao ser perguntado se o MoU com a TIM poderia ser replicado em outros lugares, o COO da Telefónica, Ángel Vilá, afirmou que o grupo está "aberto para outras partes que tenham como objetivo melhorar o retorno sobre capital investido com a alocação inteligente de Capex nas duas formas". Essas opções são justamente o acordo para compartilhar frequência em 4G em uma seleção de localidades; e para construir uma rede 2G nacional em modelo single grid, "com o objetivo de desligar uma ou duas redes ou (se outras partes quiserem participar), redes adicionais em cada uma das regiões". O objetivo, ele afirma, é tirar prioridade de tecnologias legadas.
Conforme apurou este noticiário, mesmo que indique o refarming, a Vivo ainda não acertou os detalhes técnicos com a TIM a respeito desse acordo. A operadora do grupo Telefónica conta com espectro em 1.800 MHz e em 900 MHz com a tecnologia 2G, mas informou que esses aspectos não foram finalizados – o plano deverá ser entregue às autoridades (Anatel e Cade) para aprovação daqui a cerca de 90 dias.
A depender dessa análise inicial com a TIM, Vilá afirmou que é possível incluir mais cidades do que previa o MoU original. "Também contemplamos oportunidades de compartilhar em outras frequências e tecnologias" – ou seja, além do 700 MHz em 4G e do 2G. "Mas aqui, vamos sempre estar de olho para não disponibilizar [o acordo] onde temos vantagem tecnológica. E também podemos incluir oportunidades de redução sobre operações e manutenção por entre redes de players diferentes", destaca. Ángel Vilá confirmou ainda que esse tipo de acordo de compartilhamento poderia ser extendido para outros países onde a companhia tem operações.
O chairman e CEO da Telefónica, José Maria Álvarez-Pallete, reiterou que o compartilhamento de rede é uma oportunidade para o grupo melhorar o retorno sobre capital investido, e que está trabalhando neste momento em "vários outros projetos" do mesmo tipo, considerando não apenas redes móveis, mas também de fibra. Isso porque o desligamento da rede de cobre na Espanha representa oportunidade significativa para o grupo. Vale lembrar que a Vivo também conta com uma ampla rede ADSL ainda no Brasil, sobretudo no Estado de São Paulo.
Álvarez-Pallete diz que a infraestrutura de rede ainda é um fator diferenciador, mas que ao mesmo tempo, ter quatro ou cinco antenas dividindo um mesmo teto não faz sentido, uma vez que a redundância onde não há diferencial competitivo é o problema. Para ele seja backbone ou backhaul, o que não tiver diferencial é um "candidato a desinvestimento".
"Tanto o compartilhamento ativo quanto o passivo estão sendo considerados, dependendo dos mercados e da fatia de mercado que temos", declarou. "Não faz sentido estarmos prontos para dar acesso à nossa novíssima rede de fibra, porque isso representa uma oportunidade de acelerar retorno, e ao mesmo tempo preservamos quatro ou cinco redes 2G ou 3G por cada país. Não faz sentido começar a implantar 5G sem radicalmente simplificar tecnologias legadas por meio de compartilhamento de rede."
O executivo considera inclusive o compartilhamento em 5G na parte da virtualização, onde não considera que isso represente vantagem comercial. Na rede de acesso, a prática com acordos dependerá da evolução da tecnologia. Ele diz que há oportunidades de retorno, mas que o compartilhamento em tecnologias legadas e o desligamento de redes não sustentáveis é que podem ser feitos "sem nem pensar". O CEO afirmou que o grupo inteiro conta com cerca de 130 mil sites no mundo, dos quais 90 mil em LTE.
Fonte: Teletime News de 25 de julho de 2019, por Bruno do Amaral.
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