O cenário de crise não tirou o potencial de crescimento para a TV paga no mercado brasileiro, conforme aponta levantamento da LCA Consultoria apresentado nesta sexta-feira, 1º, pela consultora Cláudia Viegas no último dia da ABTA 2016. Mesmo com o cenário macroeconômico negativo (ainda que a tendência agora seja de recuperação lenta), há potencial para aumentar a presença do produto ao se comparar com o de outros países com PIB semelhante. "Se alcançar penetração igual à do Chile (51%, enquanto no Brasil é de pouco mais de 30%), o mercado brasileiro pode crescer o equivalente à soma dos mercados da Argentina e da Colômbia", diz.
Viegas aponta ainda para a possibilidade de não apenas crescer ao ritmo que tinha antes, mas também de conseguir melhores condições de políticas públicas, como a carga tributária, taxas e o preso da regulação. "É mais difícil falar para o regulador que está sofrendo quando tudo cresce", declara. Assim, espera que possa haver novas regras mais amigáveis ao setor, sobretudo para permitir o crescimento e torná-lo mais duradouro.
O diretor de inteligência de mercado da América Móvil Brasil, André Guerreiro, avalia que há diferenças entre a crise atual e as anteriores. Ressalta que o grupo mexicano dobrou a rede de cabo no Brasil nos últimos cinco anos, enquanto lançou novo satélite e modernizou serviço – ou seja, melhorou a infraestrutura disponível. Outro ponto é que houve uma melhora significativa no nível de formação do brasileiro, que no período avançou em qualificação e escolaridade. "As condições básicas para enfrentar a crise estão melhores do que em outras crises, porque (antes) não tinha demanda, e hoje estamos numa condição completamente diferente, nosso produto é desejado."
Na pesquisa, Cláudia Viegas mostra ainda que há uma queda mais acentuada no DTH, mas com crescimento em cabo e, "mais expressivo ainda", de fibra até a residência (FTTH), impulsionados pela banda larga. "Não são só os pequenos provedores surfando essa onda, são os grandes também. A Oi caminha nessa de FTTH, de FTTc e de FTTb", alega o diretor de produtos residenciais e convergência da Oi, Ermindo Cecchetto, chamando atenção ainda para tecnologias que dão sobrevida ao cobre, como VDSL. Ele reconhece que a operadora passou a sentir a concorrência dos pequenos provedores que estão instalando fibra em muitas das cidades onde a Oi operava sozinha. Como resposta, a operadora "aboliu a segmentação" e passou a considerar todos os seus mercados competitivos na banda larga fixa, comercializando as mesmas ofertas no País inteiro.
OTTs sem relevância
Cecchetto aponta que os números da Anatel mostram uma retomada do crescimento da base de TV e de banda larga. "A gente acredita que o pior já passou", declara. Mas o vislumbre do aquecimento da Internet não significa necessariamente que haveria um cenário certo de fuga da TV por assinatura para as plataformas over-the-top (OTT), contudo. De acordo com André Guerreiro, da América Móvil Brasil, o percentual de usuários que saem da TV para ir ao OTT é "pouco, muito pouco". Para ele, esse tipo de plataforma é complementar no Brasil. "Não é competidor direto, tudo que a gente vê mostra isso", declara.
Cecchetto afirma que na Oi também há poucos casos do tipo. "Nossa operação de retenção temos (discriminada a opção de) motivo claro de conteúdo on-demand. O dado é sigiloso, mas a gente monitora isso em tempo real e está em linha com o que André (Guerreiro) falou, não é significativo e não é um dos motivos mais relevantes", alega. Para ele, um motivo mais significativo é a saída da TV paga para alternativas piratas. "Isso hoje para mim é mais relevante que Netflix", diz, citando sistemas piratas e também o compartilhamento de pontos-extras de operadoras regulares, ou "TV condomínio".
Fonte: Teletime de 1 de julho de 2016, por Bruno do Amaral.
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