A proposta de utilizar a TV por assinatura pré-paga não é exatamente nova – a Sky Brasil já oferece o serviço desde pelo menos julho de 2008 -, mas o modelo de negócios parece ser uma nova tendência nesse período de crise, conforme foi observado durante painel com operadoras no último dia da ABTA 2016 nesta sexta, 1º. A Oi anunciou durante o evento o lançamento do seu produto, e outras empresas, como a Algar Telecom, mostram interesse nesse tipo de oferta. Para outras, como a América Móvil, maior empresa em número de clientes, contudo, é apenas uma alternativa, como o vídeo on-demand, mas não uma estratégia prioritária.
Pode-se tentar ambos. A Algar Telecom pretende lançar até o final do ano uma oferta de TV pré-paga e um novo produto digital de vídeo on-demand. "A gente está estudando há um bom tempo", disse o diretor de digital da Algar Telecom, Rodrigo Wegmann. A operadora mineira espera poder não apenas dar uma porta de entrada para a TV paga ao usuário, mas também que o produto ajude na aquisição de novos clientes, algo que para uma empresa pequena é mais crítico. "O pré-pago é, sem sombra de dúvida, uma grande solução para a gente reduzir o impacto no custo de aquisição de cliente", declara.
Wegmann explica que a Algar está se estruturando, olhando os modelos de negócio e conversando com parceiras e provedores de conteúdo para finalizar os acordos e preparar o lançamento. "Não é simples, a correlação de custos para gente que é pequeno é muito traumática", justifica. De toda a forma, ele diz que a oferta deverá ser apresentada no final deste ano.
Também ainda em 2016 a empresa pretende lançar uma solução digital, ainda não finalizada. O executivo explica que é uma solução de acordo com o mercado. Wegmann acredita que serviços over-the-top (OTTs) podem ser "aceleradores da TV", e não substitutos. Por isso mesmo, a empresa estuda oferecer a alternativa. "Estamos vendo alternativas interessantes com valores diferentes para fazer escada da adoção e, dentro dela na TV por assinatura como conhecemos hoje, ter posicionados produtos pré-pagos e OTT", disse ele durante debate na ABTA 2016. Seria um produto inicialmente de VOD, mas com possibilidade de, com o tempo, oferecer também canais lineares.
Outro caminho que a Algar poderia trilhar por conta de sua recente expansão de rede ótica e ofertas de banda larga é o do IPTV, assunto pouco falado durante o congresso deste ano. Para Rodrigo Wegmann, o IPTV e o OTT são produtos que podem se confundir em algum momento, mas ainda não há planos específicos. "Hoje a Algar está com uma rede muito bem estruturada, temos base significativa de clientes que já consomem banda larga de alta velocidade, então a gente entende que, se vai ser em IPTV ou serviço linear com garantia de rede que a gente pode dar, é indiferente do ponto de vista tecnológico", conclui.
Visões antagônicas
O diretor de inovação digital da Oi, Ariel Dascal, declarou durante o debate que acredita no modelo pré-pago da TV como uma oportunidade, uma vez que a classe C "não está disposta a se comprometer com custo recorrente, e quando tem dinheiro, ela gasta". Ele ressalta que a indústria ainda não tem um modelo de negócios preparado para isso, inclusive nas negociações com programadores. Além disso, há o ônus para o cliente, que precisa pagar a instalação e o aparelho, o que é uma "mega barreira de entrada". Dascal explica que a Oi estuda acertar formas de financiar o decoder para o assinante. "Mas é oportunidade mais periférica, não é estrutural", adiciona.
Nem todo mundo concorda, porém. "A gente entende que pré-pago é um modelo diferente, não acho que vai resolver o problema da população que não tem como pagar e nem a equação econômica de outras operadoras", opina o diretor executivo de estratégia e operação da América Móvil Brasil, Rodrigo Marques. Cita que negociações com fornecedores permanecem as mesmas, e que, mesmo com acordo com programadores, o modelo de negócios atingiria apenas um pedaço da operação. A companhia conta com um produto de TV pré-paga, mas Marques afirma que a empresa não foca na solução pois a considera como "complemento de oferta".
Fonte: Teletime News de 1 de julho de 2016, por Bruno do Amaral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário