A TV por assinatura preenche uma importante lacuna de lazer em famílias das classes B2, C1 e C2, uma classe média que vive, em sua maioria, em bairros periféricos ou cidades médias. Segundo Maurício de Almeida Prado (foto), da consultoria Plano CDE, que apresentou na ABTA 2016 a pesquisa "A importância da TV por assinatura", nesta áreas há poucos equipamentos culturais ou programas de lazer e a locomoção em busca de entretenimento custa caro. "Para uma família ir ao shopping, sem consumir nada, já é um custo alto. Se aproxima do valor de uma assinatura de TV", diz. Além disso, a violência urbana também é apontada como um obstáculo.
A pesquisa, que procura fazer um retrato do assinante de TV paga de classe média, mostra que, dentro deste perfil de público, assistir TV é a principal atividade de lazer, apontada por 77%, seguida de navegar em redes sociais (67%), ouvir música (61%), jogar games (26%) e cozinhar (24%).
As primeiras atividades fora de casa aparecem na quinta e sexta posição: sair para caminhar e ir à igreja, ambas apontadas por 23%. As razões para não sair de casa são, em primeiro lugar, falta de dinheiro (com 27%), seguida de violência e segurança (25%). Isso seria uma demonstração de que a TV por assinatura é, portanto, a opção em conta de entretenimento.
Segundo Alberto Pecegueiro, diretor geral da Globosat, está claro que a erosão da base não é opcional, mas resultado da falta de renda. "Quem está saindo é por que não tem opção. É a falta de opção", disse.
Rodrigo Marques, diretor executivo de estratégia e operação da América Móvil Brasil, concorda. "A classe C tem mais dificuldade em pagar as contas. Isso vem aumentando a desconexão por inadimplência", diz. Segundo ele, isso explica a queda na base do DTH, que cresceu muito por causa do crescimento da classe C, enquanto a base de cabo, que ainda cresce, está posta principalmente em domicílios A, B e C1. "Quando o assinante toma a decisão de sair, é por uma questão financeira, mas mantém o desejo de voltar a ter TV por assinatura. O desejo de ter TV paga está em todas as classes sociais", diz.
Programação
A variedade de programação é apontada por 91% como um dos principais benefícios da TV por assinatura. A TV paga é uma opção de cultura para família e opção de entretenimento são afirmações concordadas por 79% e 74%, respectivamente.
O momento de assistir TV é apontado como agregador da família por 74%, atrás apenas do momento das refeições.
Apenas entre as famílias com filhos, a programação infantil se destaca como motivo para a assinatura. Mais opções de canais e opção de entretenimento e lazer infantil são os dois principais motivos apontados por este grupo, com 81% e 66%, respectivamente. Ainda neste grupo, 73% consideram o conteúdo adequado para seus filhos e 72% se sentem mais seguros com as crianças em casa vendo TV. "Muitos pais têm receio do que o filho pode ver na Internet, enquanto na TV por assinatura o ambiente é mais controlado", diz Maurício de Almeida Prado.
Ainda em relação ao conteúdo, o esporte é apontado como ponto chave. Segundo Almeida Prado, há relatos de pessoas que costumavam frequentar estádios e, por conta da violência, migraram para a TV por assinatura. "A assinatura é mais acessível do que a ida ao jogo, além de mais segura e confortável", diz.
Capital cultural
Segundo ele, a TV por assinatura traz um capital cultural a um grupo de pessoas que, até então, não tinha referências de viagens, gastronomia, decoração etc. "Isso dá uma igualdade competitiva a essas pessoas", diz
Há segundo ele, relatos de pessoas que "viajam" através da programação da TV e até de pessoas que se sentiu motivada a realizar viagens após assistir a algum programa: 84% dos entrevistados concordam que conhecem culturas diferentes com a programação da TV e 39% viajou estimulado pela programação da TV.
Também há relatos de pessoas que mudaram a alimentação e adotaram estilos de vida mais saudáveis motivados pela programação da TV.
"A gente viu que falta opções de lazer e como a TV por assinatura preenche essa falha e, mais que isso, como informa, traz referência, é uma janela para o mundo, aumenta o capital cultural, inspira, empodera e gera engajamento e transforma a vida ao gerar ação com novos hábitos e comportamentos", finalizou.
Consequência
Segundo Pecegueiro, da Globosat, essa percepção da classe C sobre a TV por assinatura não é obra do acaso, mas resultado de uma readequação da programação promovida pelo setor para atender o público entrante. "Começamos a olhar esse fenômeno com uma lente um pouco mais focada a partir do começo dessa década, quando a base de assinantes teve essa explosão", diz o executivo. Segundo ele, houve uma mudança de orientação na programação de vários canais para atender o mercado. "Antes, a TV aberta era de massa e a TV paga era classe AB. A gente teve que entender a expectativa desse público e reagir com uma ciência muito grande, sem perder o apelo para a classe AB", disse.
Fonte: Teletime News de 1 de julho de 2016, por Fernando Launterjung
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