As margens de retorno apresentadas pela principal plataforma global de VOD, a Netflix, não são aceitáveis para os grupos de mídia tradicionais. "Netflix é um elefante com uma margem de rato", disse Alberto Pecegueiro, diretor geral da Globosat, na ABTA 2016. Segundo ele, as programadoras devem focar no que o cliente deseja, incluindo o não-linear, mas com uma razoabilidade financeira. "É nossa obrigação desenvolver esses produtos, desde que haja viabilidade econômica. Só porque o Vale do Silício produziu alguns produtos com valuation não justificável, a gente não tem que fazer o mesmo", disse.
Para ele, o modelo tradicional de empacotamento de canais também tem suas vantagens em relação ao OTT. "O linear tem a vantagem da conexão direta com o consumidor, pela rede, pelo billing system e a identificação do consumidor. Dá um 'sem número' de possibilidade de oferta de produtos", diz.
Justamente por isso, Pecegueiro diz que a Globosat sempre focará em proteger o modelo da TV por assinatura nas suas ofertas de serviços. "Qualquer coisa que possa haver no Brasil de não-linear não será excludente do serviço de TV paga", diz.
Mesmo assim, o executivo não descarta o lançamento de soluções OTT, em parceria com as operadoras. "Não podemos eliminar a opção do não-linear, porque haverá um espaço de reservado para isso. Resta saber se é para um consumidor de vídeo em banda larga que vai buscar um serviço que tem preço adequado, ou simplesmente que não se interessa por esportes ou notícias ao vivo. O tempo vai dizer", disse.
Ariel Dascal, diretor de inovação digital da Oi, concorda que ainda não há uma resposta. "Estamos numa fase exploratória. Há muitas iniciativas do lado das programadoras, mas hoje é quase só um complemento de portfólio", disse. Segundo ele, para os donos das redes, encontrar um formato é estratégico. "Temos que buscar formas de agregar valor à rede, para não virar o departamento de rede do Google em dez ou 15 anos", disse.
Fonte: Teletime News de 1 de julho de 2016, por Fernando Launterjung.
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