Em meio a uma situação financeira delicada, a Sercomtel passa por um momento de turbulência. Recentemente precisou trocar de comando devido à necessidade de conformidade com a Lei das Estatais (Lei 13.303/2016). Em agosto, a Anatel instaurou processo contra a tele, publicando em setembro um acórdão que pode resultar em extinção das outorgas da tele. E em outubro, a agência reguladora rejeitou a proposta de termo de ajustamento de conduta (TAC) da operadora, que sugeria um valor de referência de R$ 14,9 milhões a partir de multas aplicadas ou estimadas, enquanto a reparação exigia investimentos de R$ 34,3 milhões.
Porém, o novo presidente da operadora de Londrina (PR), Hans Muller, destacou a este noticiário que esses e outros desafios da companhia e da nova gestão estão recebendo a devida atenção. Demonstrou, no entanto, preocupação com o cenário. A operadora paranaense enfrenta o processo de caducidade na Anatel, assim como a Oi – guardadas as devidas proporções. Muller acredita que a crise da companhia foi uma tragédia anunciada. "Será lastimável se houver o encerramento das atividades da Oi em meio a uma crise totalmente previsível, causada pela ausência de atualização da regulamentação do setor e da falta de retorno dos fundos compulsórios arrecadados pelas operadoras", avaliou, referindo-se ao Fust. "A Sercomtel enfrenta esse mesmo cenário."
Mesmo assim, segundo Muller, em termos operacionais não há problemas com a Sercomtel, que está "em seu curso normal, com oportunidades de melhorias em todas as áreas da empresa". Destacou ainda que nos índices da Anatel, a empresa se mantém com bom desempenho.
Naturalmente, ele garante que a troca de presidente (ele entrou no lugar de Luiz Carlos Adati, que teve de deixar o cargo após recomendação do Ministério Público do Paraná) não trouxe impacto negativo na operação. Explica que a diretoria é colegiada e não houve mudança nos demais cargos, dando continuidade ao processo de recuperação iniciada pela gestão anterior.
Quando se trata dos problemas com a Anatel, por outro lado, há mais preocupação. Muller reconhece que o cenário "muito preocupa os sócios e a administração da empresa", e que a situação vem sendo acompanhada em reuniões de follow up de ações realizadas junto à agência, além de demandas internas com áreas envolvidas. "Também aguardamos uma resposta dos sócios quanto ao pedido de aporte financeiro encaminhado em setembro", lembra ele.
Há ainda o impacto da macroeconomia na empresa, que o executivo diz ser agravado pela necessidade de constantes investimentos em inovação tecnológica "de uma forma muito rápida e impositiva, sem que possamos, por nossa natureza jurídica, captar recursos acessíveis às outras operadoras, como os do BNDES". A companhia investiu uma média anual de R$ 24 milhões nos "últimos anos". Porém, a operadora não está contando com alterações no marco legal. Segundo disse Hans Muller, a tele aguarda uma eventual aprovação do PLC 79/2016 para decidir se adere ou não à mudança de concessão para autorização.
Fonte: Teletime News de 6 de novembro de 2017, por Bruno do Amaral.
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