Termina nesta sexta-feira, 31, o prazo para as operadoras regularizarem a situação de cabos de telecomunicações em 2.100 postes da distribuidora de energia Eletropaulo na Grande São Paulo. Após a data, estabelecida em abril pela Comissão de Resolução de Conflitos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Anatel, a empresa de energia promete cortas os cabos que não estiverem etiquetados e reordenados.
Os 2.100 postes estão distribuídos em 19 ruas nos bairros Vila Olímpia, Lapa e Liberdade, todos na capital paulista. A Eletropaulo afirma que a ação será tomada também nos municípios de Osasco e Barueri, na região metropolitana de São Paulo.
A decisão da Comissão, tomada em primeira instância em abril e com base nos termos da Resolução Normativa Aneel nº 797/2017, ordenava a regularização de 2.129 postes da AES Eletropaulo. Foi dado o prazo de 90 dias às empresas Claro, Oi, TIM e Vivo para a retirada dos cabos e equipamentos. O processo teve origem ainda em 2016, quando a distribuidora buscou as agências para resolver o impasse com as teles para a execução de ações de regularização.
Segundo o presidente da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (Telcomp), João Moura, cada uma das quatro grande operadoras está cuidando da regularização de suas próprias redes. Ele afirma que as empresas o informaram que o prazo será cumprido. "Logo em seguida, começamos a regularização das redes das operadoras competitivas, o que será feito em conjunto e com a nossa coordenação", declarou Moura a este noticiário.
Pane gigantesca
O presidente da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), Basílio Perez, disse que a medida pode afetar também as empresas menores na região, embora as reuniões entre as grandes teles e a AES Eletropaulo não as tenha incluído. "Isso preocupa muito porque podem começar a querer cortar cabos em uma região muito delicada, que é sobrecarregada justamente por ter muito tráfego. Existe risco de pane gigantesca", afirma.
Perez espera "haver bom senso" da distribuidora na hora de executar esses desligamentos de cabos, chamando as operadoras para ao menos acompanharem o processo. Ele lembra que metade das fibras do País são de pequenos provedores, e que a possibilidade de acabarem afetando a infraestrutura dos ISPs é grande.
O presidente da Abrint chama atenção em especial para o caso de Barueri, onde há grande presença de data centers. "Lá tem muito problema com cabos porque tem muito data center. Se cortar um único cabo que desligue um data center, pode desligar metade da Internet. É uma coisa muito complexa", afirma. Alerta ainda para a possibilidade de interromperem a conexão em hospitais e delegacias, uma vez que apenas as teles sabem para quais localidades os equipamentos levam a conexão.
Basílio Perez entende que o processo pode durar dias se precisar ser executado, mas reclama da falta de divulgação de um cronograma para a retirada dos equipamentos dos postes. Ele diz que associação está acompanhando o caso, mas afirma não ter tido contato com a Eletropaulo, mas apenas com outras distribuidoras como a CPFL e a Cemig. "Isso é preocupante", reitera.
Mais postes
Em maio, a Eletropaulo já havia comunicado a intenção de desligar outros 2.597 postes em oito bairros após uma regulamentação editada pela Aneel em dezembro. A ação realizada em conjunto com a Prefeitura de São Paulo tinha cronograma de três fases (identificação dos cabos em cada poste pelas empresas de telecomunicações; retirada dos fios clandestinos e reordenamento dos cabos nos postes) e com início previsto para maio nos três bairros atualmente listados nesse novo desligamento anunciado nesta quinta-feira, 30. O plano original também previa os bairros de Perdizes e Consolação em junho, Vila Mariana em agosto, Tatuapé em outubro e Pinheiros em dezembro.
Fonte: Teletime News de 30 de agosto de 2018, por Bruno do Amaral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário