Eduardo Navarro, presidente da Telefônica, adotou um tom pouco usual em sua fala durante a Futurecom 2018, que aconteceu esta semana em São Paulo. O executivo optou por mandar uma mensagem ao futuro presidente da República. O discurso foi em linha com o que o setor, publicamente, tem manifestado em seus espaços de fala institucional, com o o Painel TELEBRASIL ou a Carta de Brasília. Mas o que chamou a atenção foi a contundência da mensagem e o fato dela praticamente não trazer referências à própria empresa, mas ao setor como um todo. Com o título de "Por um Brasil mais Digital", a mensagem de Navarro chamou a atenção para o papel do setor de telecomunicações no processo de transformação digital da sociedade e da economia, destacando os enormes investimentos feitos desde a privatização (quase R$ 900 bilhões), que colocaram o setor no terceiro lugar entre os maiores investimentos feitos no período, atrás apenas de petróleo e energia, onde existem pesados investimentos públicos ou de empresas estatais, ao contrário de telecomunicações. "Mantivemos um percentual em torno de 19% da receita em investimentos praticamente constante, mesmo em períodos de recessão ou crise", disse.
"Não queremos um país líder em homicídios, com os piores rankings de educação, com fila de espera no SUS e altos índices de mortalidade. O salto que queremos passa pelo emprego massivo das tecnologias da informação, o que mudará todas as áreas, transporte, educação, saúde, agricultura, logística…", disse o executivo, em brincadeira com a campanha da TV Globo "O Brasil que Queremos".
Navarro lembrou que um bom exemplo do que esta transformação pode trazer é a forma como a atual campanha eleitoral se deu, por redes sociais e aplicativos como o WhatsApp, e alertou que o futuro presidente, muito possivelmente, concorrerá à reeleição em um ambiente digital completamente diferente.
"O futuro será muito mais inteligente e conectado. Se o futuro presidente tiver a chance de ser reeleito este mundo já estará acontecendo no seu segundo mandato. Para que as possibilidade superem os riscos, as barreiras precisam ser removidas", disse.
Para Navarro, as obrigações regulatórias que levaram parte do investimento estão completamente ultrapassadas, priorizando o "telefone fixo que ninguém mais usa, em TUPs que estão em 75% ociosos. E a nossa tributação é, com diferença gritante para o segundo, a mais elevada do mundo", declarou o executivo da Telefônica.
Ele lembrou que há muitas oportunidades, mas muitos riscos, neste processo de transformação. Muitos empregos serão extintos, muitos empregos novos exigirão novas qualificações, muitas funções feitas por humanos serão automatizadas. "Segurança e privacidade são questões cada vez mais complexas.", disse.
Ele reiterou o que a empresa já havia proposto há duas semanas: que se estabeleça um novo pacto digital. "Não é um novo problema, mas uma nova oportunidade para resolver problemas, e se não for enfrentado dessa forma, as chances de sucesso serão muito reduzidas". O pacto que a empresa propõe deve passar pelos seguintes pontos: 1) Conectar mais pessoas; 2) Construir sociedades digitais, com capacitação; 3) Gerar confiança nos dados; 4) Desenvolver plataformas e algorítimos responsáveis e; 5) Modernizar a política e a regulamentação.
Fonte: Teletime News de 17 de outubro de 2018, por Samuel Possebon.
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