quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Oi enfrenta impedimento de acesso em 105 comunidades do Rio de Janeiro

A Oi está enfrentando impedimento de acesso para atuação de técnicos em 105 comunidades da região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro (Grande Rio) e em municípios como Angra dos Reis, Búzios, Cabo Frio e Itaguaí.

Referentes ao dia 1° de setembro, os dados foram apresentados pelo gerente de relações institucionais da empresa, Alexander Castro, durante o último dia do Painel Telebrasil 2021. "Em um período de um ano, a gente teve crescimento de áreas impedidas de 70%, um número significativamente alto", afirmou Castro.

Quadrilhas, milícias e traficantes são os responsáveis pela disparada, acentuada em 2021. Em fevereiro, eram 81 as comunidades com impedimento de acesso para profissionais mapeadas no Rio de Janeiro, sendo 69 na região metropolitana da capital. Já em agosto de 2019, o número era bem menor: 25 comunidades, sendo 24 na Grande Rio e uma em Cabo Frio.

O cenário é considerado preocupante por operadoras e entidades do setor de telecom, como a Feninfra. No caso da Oi, a empresa acredita que a Anatel poderia ajudar no reconhecimento das áreas "sequestradas", além de defender um tratamento regulatório mais flexível para indicadores (como reclamações) afetados pelo impedimento.

Furtos

Segundo Castro, 12 correspondências foram enviadas à Anatel no último ano com detalhes sobre ocorrências relacionadas à segurança e integridade de redes da Oi.

Além do impedimento de acesso, também se destacam situações de roubo, furto e vandalismo de equipamentos. Neste último caso, a avaliação de Castro aponta um "vandalismo intencional" visando a interrupção de serviços como a fibra óptica. A Baixada Fluminense, por exemplo, sofreu com ações do gênero nos últimos dias.

Os problemas, contudo, não ficam restritos ao Rio de Janeiro. A própria Oi relata alto nível de furtos em estados como São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Pernambuco. Por isso, a empresa tem buscado sensibilizar Executivo e Legislativo sobre o tema, além de propor a caducidade de licenças para empresas flagradas utilizando equipamentos roubados.

Durante o debate no Painel Telebrasil, a presidente da Feninfra, Vivien Suruagy, estimou que os crescentes furtos de equipamentos representem um prejuízo de R$ 1 bilhão para as empresas de telecom. O cenário também aumentaria a vulnerabilidade das redes brasileiras, visto a reutilização dos elementos em operações clandestinas. Por isso, a entidade cobra postura mais ativa da Anatel.

Fonte: Teletime News de 28 de setembro de 2021, por Henrique Julião.

Estudo alerta sobre impacto da reforma tributária no investimento em telecom

Em keynote durante o terceiro e último dia do Painel Telebrasil 2021, o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Márcio Couto apresentou os resultados do "Estudo de Cenários de Tributação sobre os Investimentos de Infraestrutura em Telecomunicações", elaborado sob encomenda para a Abrintel (associação que congrega as empresas de torres e infraestrutura). Ao tratar dos itens que compõem essa infraestrutura, Couto revelou que, apesar do investimento de mais de R$ 15 bilhões realizado nos últimos anos pelas empresas do setor, a proporção de usuários por estação rádio base (ERB) no Brasil está próxima de 2.000 usuários/ERB, enquanto na média em países desenvolvidos está em 1.000/ERB. "O desafio do setor é garantir a continuidade dos investimentos para que a cobertura no 5G se aproxime dos padrões internacionais", afirmou Couto.

No estudo apresentado aos participantes do Painel, Couto fez simulações sobre os efeitos de algumas propostas de tributação para o setor de telecomunicações que tramitam no Congresso. Tanto no caso do PL 2337/2021, que prevê queda de 34% para 29% na alíquota do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e taxação de 20% de Imposto de Renda nos lucros e dividendos, quanto em relação ao PL 3887/2020, que propõe aumento do PIS/Cofins de 9,25% para 12%, o trabalho de Couto mostra que haveria impacto direto na capacidade de geração de caixa das empresas e nos investimentos do setor. Neste caso, o impacto é estimado em R$ 1,17 bilhão entre 2022 e 2029, o equivalente a 34% do investimento estimado para a implantação de rede de infraestrutura do 5G no país no período.

Couto, que já foi Superintendente Executivo da Anatel, citou também um estudo da IHS Markit, que mostrou que a cadeia de valor do 5G deve impulsionar a economia global em US$ 3,6 trilhões, gerando cerca de 22,3 milhões de empregos até 2035. No Brasil, a estimativa é de investimentos totais de R$ 345 bilhões até 2029, sendo R$ 6 bilhões só em infraestrutura, como postes, torres e dutos.

"O Brasil é um dos países de maior tributação sobre o setor de telecomunicações do mundo e a entrada em operação do 5G vai exigir investimentos vultosos para a expansão da infraestrutura de redes. O país necessita, de fato, de uma reforma tributária ampla e abrangente, mas precisa cuidar de características específicas de determinados setores e do momento em que esses setores se encontram, especialmente o momento de investimento em novas tecnologias", concluiu Couto.

Fonte: Teletime News de 28 de setembro de 2021, pela Redação Teletime

Especialistas afirmam: Open RAN não está maduro para o 5G

[Publicado originalmente no Mobile Time] Os especialistas de Claro, TIM, Qualcomm e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) endossaram durante o Painel Telebrasil 2021 nesta terça-feira, 28, o recente discurso do CEO da Ericsson, Björne Ekholm, que o Open RAN é uma tecnologia que ainda não está madura para a quinta geração de rede móvel.

Atila Xavier, diretor de arquitetura, inovação e tecnologia da TIM, afirmou que é pouco provável ter Open RAN para o ano que vem no 5G e ressalta que as operadoras não dependem do padrão de rede aberta para serem competitivos no 5G. Contudo, o executivo acredita que a tecnologia permite potencializar modelos inovadoras no 5G com o OpenRAN, como o uso de soluções Open Source.

"Isso traz modelos de negócios diferentes. Ou seja, OpenRAN não é um pré-requisito do 5G, mas pode potencializar pelas beiradas", explicou Xavier. Nesse sentido, ele endossa a visão do CTO da Claro, André de Sarcinelli, que defende uma introdução do OpenRAN por áreas como empresas e agrobusiness.

"Não acredito que o Open RAN esteja maduro o suficiente para cumprir metas regulatórias em dois anos", disse André Sarcinelli. "Acredito que estará maduro para enterprise, rurais e área com baixo volume de tráfego. Tem uma jornada longa para evoluir e que leva tempo para fazer qualidade. Provavelmente o Open RAN será maduro no 6G. Mas para o 5G de amanhã, ainda está cedo", completou.

Positivistas

Discordando em parte com os colegas de painel, Francisco Soares, vice-presidente de relações institucionais da Qualcomm, afirmou que o Open RAN tem uma oportunidade de desenvolvimento a partir do 5G, embora concorde que o padrão aberto não é prerrogativa para as novas redes.

"É uma oportunidade para se pensar em fazer o 5G. Acho que estamos no momento certo para pensarmos nisso, não acho que seja prematuro. O modelo de negócios já poderia endereçar o Open RAN", disse Soares. "Não precisa ser de maneira massiva, mas 'ilhas de oportunidades'. O próprio 5G não vai entrar de uma vez só, mas a tecnologia já estará disponível no ano que vem. Por que não pensar em disponibilizar o 5G com Open RAN em ilhas (escolhidas)?", questiona.

Por sua vez, Rubens Souza, tecnologista em C&T do MCTI, prevê que o Open RAN pode começar a entrar no 5G a partir de julho de 2023: "Temos ações estruturantes para o Brasil todo. O desafio é convergir para que o País evolua o mais rapidamente dentro do Open RAN. Quando mais rápido somar, mais rápido poderemos implementar para os clientes", disse.

Fonte: Teletime News de 28 de stembro de 2021, por Henrique Medeiros.

Autorregulação ainda engatinha e precisa de proatividade, diz superintendente da Anatel

O conceito de autorregulação no setor de telecomunicações precisa de mais maturidade. Para a superintendente executiva da Anatel, Karla Crosara, é preciso uma mudança de cultura, algo que teria de ser feito de modo gradual. Na opinião da superintendente, a autorregulação "ainda é um movimento pioneiro, que está engatinhando", e a primeira barreira é a questão cultural, na qual há uma relação de confiança entre regulador, regulados, Ministério Público, órgãos de controle da União e da sociedade.

"Na autorregulação, a proatividade tem que existir. O sonho dourado é que, antes de o problema venha à tona, as empresas já possam vir com a autorregulação com solução quase pronta", colocou a superintendente durante o Painel Telebrasil 2021 nesta terça, 28. Ela diz não haver discurso dissonante com a Anatel, mas que é necessário que o setor comunique de forma mais efetiva e transparente essas medidas.

Na visão da diretora de relações institucional da Ericsson para o Cone Sul da América Latina, Jacqueline Lopes, a autorregulação tem espaço, a comparar com a demanda de outros países. Mas alerta: "os frameworks podem ser observados de outros países, mas precisam ser ajustados para a realidade local, considerando os atores envolvidos, o contexto do momento e o que já foi feito [em termos regulatórios] no Brasil", destaca.

Diretor de regulação e autorregulação da Conexis, José Bicalho acredita nos caminhos já tomados pelo setor. A plataforma do Não Me Perturbe, do Sistema de Autorregulação das Telecomunicações (SART), e que inclui também instituições financeiras, já acumula atualmente 8,6 bilhões de bloqueios (cerca de metade são do sistema semelhante do Procon). Ele afirma que têm havido resultados: em 2019, 48% das ligações de telemarketing eram de empresas de telecomunicações. Em 2020, o percentual caiu para 6%.

Outras iniciativas

Karla Crosara listou ainda outras iniciativas da Anatel, a partir de uma "anamnese regulatória" (uma espécie de apuração de diagnóstico), na qual se chegaram a mecanismos como a simplificação e mesmo a guilhotina regulatória. O processo de sandbox regulatório, no entanto, ainda está em fase de elaboração de matéria para submissão ao conselho diretor. As propostas da consulta pública foram analisadas pela Procuradoria Federal Especializada da agência e serão consideradas no parecer.

Outro ponto levantado pela superintendente é a aprovação da Resolução nº 746 de 22 de junho de 2021, o Regulamento de Fiscalização Regulatória (RFR). Ela diz que isso traz segurança jurídica para a fiscalização, mas também por permitir otimizar esforços na priorização das temáticas. "Entendo que, em um segundo momento, talvez já com o auxílio das regtechs, pretendemos e vislumbramos possibilidade de trabalhar com questões metodológicas muito fundamentadas com gestão de riscos e alarmes", declara Croasara. O desejo é de que a regulação responsiva possa ser tratada pelo setor de forma rápida e eficiente.

Fonte: Teletime News de 28 de setembro de 2021, por Bruno do Amaral.

Regtechs têm oportunidades no mercado brasileiro de telecom, diz KPGM

Startups voltadas para regulação, as regtechs têm um cenário promissor no País. Pesquisa da KPMG mostra que essas empresas receberam investimento de US$ 100 milhões no Brasil nos últimos cinco anos. O levantamento, feito com 500 startups, mostra que do total, apenas 13 (ou 4,2%) eram de telecom e mídia.

A maior parte (71,5%) das empresas têm faturamento, com faixa inicial de R$ 5 milhões por ano. O Sudeste concentra 66,4% das regtechs, em grande parte por conta de São Paulo, estado que é responsável sozinho por quase a metade (49,3%) de todas essas startups no País.

Os dados foram apresentados nesta terça-feira, 28, durante o Painel Telebrasil 2021. O sócio diretor e head de regulatory TMT da KPMG, Marcelo Ribeiro, entende que essas startups podem dar rapidez no atendimento das demandas utilizando inteligência artificial, por exemplo. "O ecossistema das regtechs exerce papel fundamental para dar base de sustentação a esse transformação e gerar novas alavancas de valor", declara.

Ribeiro avalia que, no País, algumas agências reguladoras e empresas estão se preparando para esse "caminho sem volta" das regtechs. Mas não é uma transformação simples, nem fácil. "Por isso que eu vejo como uma grande oportunidade, porque entendo que, nos próximos anos, poderemos ter, sim, um unicórnio brasileiro para regtechs e govtechs", analisa.

Superintendente executiva da Anatel, Karla Crosara prevê que essas startups voltadas ao regulatório possam ajudar também os pequenos provedores, sendo "catalisadoras de comunicação mais transparente" dessas empresas com a Anatel.

Para o diretor de regulação e autorregulação da Conexis, José Bicalho, este é o futuro. "As regtechs vão ser a solução para empresas que não têm estrutura suficiente para compliance", declarou ele. Na visão do ex-dirigente da Anatel, o processo de regulação do setor de telecomunicações é bastante complexo, e a agência ainda conta com grande quantidade de resoluções.

Fonte: Teletime News de 28 de setembro de 2021, por Bruno do Amaral.

Conexis prepara código de boas práticas de proteção de dados para telecom

A Conexis Brasil Digital, entidade que reúne as grandes operadoras, está preparando um código de boas práticas de proteção de dados para o setor de telecomunicações. A coordenação dos trabalhos está com a diretora jurídica da entidade, Natasha Nunes. A informação foi dada em webinar do Painel Telebrasil, que discutiu o tema de proteção de dados e que aconteceu nesta terça-feira, 28.

Nunes, que representa a Confederação Nacional da Tecnologia da Informação e Comunicação (ConTIC) no Conselho Nacional de Proteção de Dados (CNPD), órgão consultivo da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), disse que a iniciativa conta com a colaboração técnica das empresas associadas da Conexis e com o apoio e organização da professora da Universidade de Brasília, dra. Laura Schertel, e sua equipe.

"Os trabalhos estão avançados e o setor espera, em breve, divulgar à sociedade e às autoridades esta primeira etapa da consolidação de boas práticas e de iniciativas de boa governança para a proteção dos dados dos usuários dos serviços de conectividade providos pelas empresas", disse Natasha Nunes ao TELETIME.

A advogada entende que a proposta do Código de Conduta se alinha com a previsão do art. 50 da LGPD, que incentiva a organização setorial para o tema, e com o art. 51 da mesma lei, que propõe a interação com a ANPD numa missão de incentivar a corregulação. "É mais um avanço do setor em cumprir com responsabilidade seu papel de viabilizar a conexão e a participação das pessoas num mundo digital, facilitando a vida de milhões de brasileiros", declarou.

"Como a LGPD incentiva que setores criem formas de atuar que atendam a Lei, e que a ANPD consiga entender aquele regramento, estamos aí amadurecendo este código, Em breve, estaremos divulgando o fruto desse trabalho", conclui Nunes no debate do Painel Telebrasil.

Fonte: Teletime News de 28 de setembro de 2021, por Marcos Urupá.

terça-feira, 28 de setembro de 2021

Anatel publica edital para o leilão de 5G

O edital com as regras para o leilão de 5G foi publicado pela Anatel na tarde desta segunda-feira, 27, após aprovação dos termos finais pelo Conselho Diretor da agência no último dia 24.

O aviso de licitação foi publicado no Diário Oficial da União de hoje, ao passo que a íntegra do documento (com 310 páginas) foi disponibilizado no portal da Anatel e pode ser acessada aqui.

O edital confirma para 4 de novembro a primeira sessão de abertura, análise e julgamento das propostas de preço pelas radiofrequências que serão disponibilizadas. Já o envio das propostas deve ocorrer até o dia 27 de outubro.

Maior oferta de espectro da história da Anatel, o leilão envolve autorizações de uso para as faixas de 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz. O preço total estimado das frequências é de R$ 49,7 bilhões, sendo que a maior parte dos valores será paga na forma de obrigações e compromissos.

Fonte: Teletime News de 27 de setembro de 2021, por Henrique Julião.

Anatel cria Comissão Especial de Licitação para leilão de 5G

Junto à publicação do edital para o leilão de 5G, a Anatel também constitui uma Comissão Especial de Licitação (CEL) que será responsável por conduzir os procedimentos relativos ao certame, marcado para 4 de novembro. A comissão começa a trabalhar imediatamente já no processo de esclarecimentos, dúvidas, habilitação e avaliação das propostas. Esta semana será publicado ainda o manual de garantias.

A comissão é composta por sete membros definidos em portaria:
Presidente: Abraão Balbino e Silva (Superintendente de Competição);
Vice-presidente: Vinicius Oliveira Caram Guimarães (Superintendente de Outorga e Recursos à Prestação);
Secretário: Tawfic Awwad Júnior – (Assessor da Superintendência de Outorga e Recursos à Prestação)
Nilo Pasquali (Superintendente de Planejamento e Regulamentação)
Renato Sales Bizerra Aguiar (Gerente de Outorga e Licenciamento de Estações)
Felipe Roberto de Lima (Gerente de Regulamentação)
Priscila Honório Evangelista (Gerente de Acompanhamento Econômico da Prestação).

Caberá à CEL decidir sobre casos omissos referentes ao edital de licitação e, quando necessário, criar comissões de assessoramento técnico para auxiliar o recebimento de propostas e análise dos documentos de identificação e conformidade.

Programado para ser o maior da história da agência, o leilão de 5G receberá propostas por meio da CEL no dia 27 de outubro. O certame trará capacidade em quatro faixas diferentes: 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz. O valor mínimo total estimado é de R$ 49,7 bilhões.

Fonte: Teletime News de 27 de setembro de 2021, por Henrique Julião.

Iniciativa 5G critica versão final do edital e fala em 'inconsistências técnicas'

Em nota divulgada nesta segunda-feira, 27, a Iniciativa 5G Brasil, consórcio de provedores regionais de internet, lamenta a versão final do edital do leilão do 5G, aprovado pela Anatel na última sexta-feira, 24.

Segundo os provedores, a versão do edital com as regras do maior processo licitatório de faixas de frequência do Brasil estaria "repleta de inconsistências técnicas" e sem os ajustes significativos e necessários para a democratização da implantação da rede em todo o país e a participação de empresas provedoras de internet brasileiras.

"A iniciativa entende que o texto aprovado acaba, em suas entrelinhas técnicas, por colocar em vantagem as operadoras de grande porte – pois estas já têm operação em pleno funcionamento -, abrindo assim um horizonte de equívocos semelhantes aos já vistos no Brasil quando da chegada das redes 3G e 4G, às quais o interior do país teve acesso tardiamente (ou ainda não teve) em comparação com as capitais", afirmam os provedores da Iniciativa 5G em comunicado.

Os provedores afirmam haver estudos encomendados pela Iniciativa junto a empresas e especialistas do setor de telecomunicações e apresentados aos técnicos, conselheiros, e ministros envolvidos no processo. Esses dados, afirmam, colocam que a opção por não ajustar o texto de forma a viabilizar a participação justa de novos entrantes comprometeria não apenas os provedores regionais, mas também o agronegócio e moradores de mais de 5,5 mil municípios brasileiros – 95% do total.

"Lamentavelmente, podemos afirmar que o Governo Federal está, de fato, trazendo um 5G 'para inglês ver'", afirmam os pequenos provedores, citando palavras do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Aroldo Cedraz.

Equívocos

A Iniciativa 5G diz que desde o início das discussões sobre a implementação do 5G no país, os provedores regionais alertam para supostos equívocos no edital. "O primeiro pleito da Iniciativa diz respeito à aglutinação das faixas de 700 MHz e de 3,5 GHz, garantindo assim tanto largura de banda quanto alcance aos possíveis vencedores novos entrantes – pré-requisito para a viabilidade comercial do negócio. O apelo, infelizmente, sequer foi colocado em pauta pelo Conselho Diretor na reunião desta sexta", lamentam os provedores coligados na Iniciativa 5G.

O segundo pedido, afirmam os PPPs na nota, foi a garantia do roll out (permissão para implementação da rede também no sentido do interior para as capitais, e não somente o oposto) também foi vetado sem unanimidade, por 3 votos a 2.

"A alegação dos ministros que votaram contra o roll out, contraditoriamente, foi de que a alteração prejudicaria o acesso dos provedores e provocaria licitação deserta nos lotes regionais. Os estudos da Iniciativa 5G Brasil, no entanto, indicam que – ao contrário do que pensam os conselheiros desfavoráveis à medida – a decisão praticamente exclui essas empresas do certame, já que não existe possibilidade de que eles consigam iniciar a implantação a partir das capitais, visto que suas redes estão instaladas justamente no interior do país", explicam.

O terceiro e último pleito diz respeito ao roaming nacional obrigatório, ou exploração comercial das redes. "O tema, que também ficou de fora das discussões entre os ministros, poderá, segundo a Anatel, ser regulado por medidas posteriores", afirma a Iniciativa 5G na nota.

Os três pontos são essenciais e inegociáveis para a competição justa das empresas brasileiras frente às multinacionais e para a garantia de acessibilidade nos quatro cantos do país, finalizam os PPPs no documento. A Iniciativa diz estar verificando quais medidas podem ser tomadas após a publicação do edital.

Fonte: Teletime News de 27 de setembro de 2021, por Marcos Urupá.

PT pede explicações sobre propaganda do governo no Wi-Fi Brasil; MCom nega irregularidades

O líder do PT na Câmara dos Deputado, Bohn Gass (PT-RS), enviou nesta segunda-feira, 27, pedido de Informações para o ministro das Comunicações, Fabio Faria, a respeito da veiculação obrigatória de publicidade do governo Bolsonaro nos pontos do programa Wi-Fi Brasil. O governo nega haver irregularidades.

O parlamentar questiona Fabio Faria sobre a informação publicada no jornal Estado de S. Paulo. Segundo a apuração do periódico, para se ter acesso à conexão de Internet fornecida pelo Programa Wi-Fi Brasil, os usuários devem assistir um uma propaganda de 30 segundos sobre programas sociais do governo Bolsonaro a cada pedido de conexão à rede.

"Consideramos extremamente preocupante o conteúdo da matéria, razão pela qual apresentamos o presente requerimento. A manutenção da obrigatoriedade mencionada na reportagem exigiria apresentação de sólidos argumentos jurídicos, por parte do governo. Os vídeos, cujo conteúdo requeremos, podem significar não "utilidade pública" e, sim, propaganda eleitoral irregular e antecipada, realizada com recursos públicos, entre outras "impropriedades" administrativas", conforme explica Gass no requerimento.

O parlamentar requer informações ao MCom sobre:

O Ministério das Comunicações (MCOM) confirma os termos de matéria publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, segundo a qual "estudantes, professores e moradores precisam assistir a uma propaganda de 30 segundos sobre programas sociais do governo Bolsonaro a cada vez que acessam a rede [via programa Wifi-Brasil]"?
Se sim, qual a base jurídica do Ministério para conferir tal obrigatoriedade aos acessos dos cidadãos e cidadãs nos pontos de internet do programa? Solicitamos cópia do parecer da Consultoria Jurídica do Gabinete do Ministro, bem como do conjunto de posicionamentos das áreas técnicas do Ministério, a respeito do assunto.
Solicitamos cópia da íntegra do vídeo institucional, ou dos vídeos institucionais, aos quais os beneficiários são obrigados a assistir. O Ministério sustenta que tais peças se configuram apenas como "utilidade pública"? Em quais sentidos? Sob quais justificativas? Alternativamente, por quais razões os vídeos não poderiam ser qualificados como propaganda eleitoral irregular e antecipada, realizada com recursos públicos?
O sr. Ministro entende que esse tipo de obrigatoriedade e os vídeos aos quais beneficiários devem assistir constituem o que ele chamou de "fonte alternativa de informações, em oposição a notícias contra o presidente", conforme afirmou no último dia 20 de maio, em ato oficial em Santa Filomena (PI)?
No mesmo evento oficial, estava presente – e subiu ao palco – o vereador do RJ, sr. Carlos Bolsonaro. O vereador viajou e estava presente em que qualidade? O MCOM arcou com os custos de seu deslocamento? Pagou passagens? Diárias? O vereador viajou em avião da FAB?
Qual o custo de produção dos vídeos obrigatórios? Foram realizados com recursos de qual unidade orçamentária e sob qual contrato de publicidade do governo?
Segundo nota enviada pelo MCOM ao jornal, "a veiculação de vídeos institucionais está prevista no projeto básico da implantação de pontos de acesso gratuito à internet em localidades públicas, pelo programa Wi-Fi Brasil (…)". Solicitamos cópia integral do texto do referido projeto básico, bem como de todos os documentos técnicos e jurídicos relacionados à formulação e celebração do instrumento.
A divulgação de publicidade de Bolsonaro está prevista no contrato celebrado entre o governo Federal e a Telebras, para implementação do programa Wi-fi Brasil? Solicitamos cópia do referido contrato
A divulgação de publicidade de Bolsonaro está prevista nos acordos celebrados entre o governo Federal e parceiros do programa Wi-fi Brasil, como o Sebrae e o Banco do Brasil? Solicitamos cópia de todos os acordos celebrados.
A divulgação de publicidade de Bolsonaro será também obrigatória no âmbito do programa Norte Conectado? Se sim, quais fundamentos técnicos e jurídicos sustentam tal obrigatoriedade?

Amparo

Em resposta divulgada na noite desta segunda-feira, o Ministério das Comunicações disse que a veiculação de vídeos institucionais do governo federal está prevista no projeto básico da implantação de pontos de acesso gratuito à internet em localidades públicas, pelo programa Wi-Fi Brasil, do Ministério das Comunicações (MCom). Segundo a pasta, a medida está em conformidade com o que diz a Constituição Federal.

"Trata-se da modalidade Livre do programa, que inclui roteador Wi-Fi, instalado normalmente em praças públicas com acesso livre e gratuito ao público em geral. Sua veiculação está prevista em todos os pontos de acesso à internet do programa, que hoje são 101 pontos instalados em todo o país", explica o MCom na nota.

Segundo a pasta, o vídeo atualmente veiculado foi selecionado como mensagem teste para implantação do piloto do programa, em 2019, e será atualizado, conforme previsto no contrato firmado entre o MCom e a Telebras em julho deste ano.

"A medida é legítima e atende ao parágrafo primeiro do artigo 37 da Constituição Federal, que determina que a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos", alega o Ministério das Comunicações.

Além do amparo na Constituição, a medida encontra respaldo no Decreto 6.555/2008 e na Instrução Normativa Secom 02/2018. "O serviço é mais um dos canais de comunicação institucional do governo federal com o cidadão, sendo um importante instrumento de divulgação das políticas públicas de governo e de informações de utilidade pública, sem fins de qualquer natureza que não seja informar a população, conforme assegura a Constituição", declara o ministério na nota.

Fonte: Teletime News de 27 de setembro de 2021, por Marcos Urupá.

domingo, 26 de setembro de 2021

Anatel aprova edital de 5G e prevê leilão para 4 de novembro

O Conselho Diretor da Anatel aprovou nesta sexta-feira, 24, a versão final do edital que norteará o leilão de espectro para a tecnologia 5G. A previsão é que o certame ocorra em 4 de novembro, data de aniversário da agência.

A aprovação ocorreu em sessão extraordinária onde foi apresentado o voto de vista do conselheiro Moisés Moreira. Apesar de divergências do relator Emmanoel Campelo, em parte acompanhadas pelo presidente Leonardo Euler, a versão revisada por Moreira foi acatada pelo colegiado.

No leilão, serão disponibilizadas lotes em quatro frequências: 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz, que somados são avaliados em R$ 49,7 bilhões. Os valores para exploração serão pagos sobretudo a partir de obrigações de cobertura e compromissos até 2029, com preço mínimo de todos os lotes estimado em R$ 10,6 bilhões em outorgas.

Após a aprovação no Conselho Diretor, a indicação da Anatel é de publicação do edital "no máximo" até segunda-feira, 27, segundo o presidente, Leonardo Euler. Entre o ato e a realização do leilão, ainda ocorrerá uma etapa de perguntas e respostas para interessados.

Últimos ajustes

Nesta sexta-feira, pontos finais sobre o modelo do edital foram definidos. Entre eles, a criação de entidade exclusiva para viabilização das obrigações de conectividade nas escolas, conforme sugestão de Moisés Moreira adiantada por TELETIME. Batizada como EACE, ela terá atividades norteadas por um grupo (o GAPE) com participação do Ministério da Educação.

Outro ponto aprovado foi a quebra dos lotes de 26 GHz, de onde virão recursos para os compromissos no ensino. Eles serão leiloados em blocos de 200 MHz, e não de 400 MHz, como dispostos até então. Caso não haja proposta pelos ativos em primeira rodada, os blocos irão para segunda rodada com metade do preço e do prazo de exploração (10 anos, e não 20).

A possibilidade de antecipar a liberação da faixa do 3,5 GHz em determinadas localidades (e, consequentemente, o lançamento de serviços 5G) também foi absorvida no voto de Moreira – que, contudo, condicionou a prerrogativa à sinal verde do grupo (o Gaispi) que coordenará a limpeza do espectro e a EAF.

O edital também irá manter o percentual de 20% adicionais aos recursos para a EAF efetuar a migração da TVRO da banda C para a banda Ku – caso houver sobras, serão automaticamente absorvidas ao Tesouro. O próprio prazo para constituição da EAF também foi reduzido, de 90 para 70 dias.

Já a proposta que permitia a um entrante "inverter" a ordem de cidades onde instalará o 5G foi rechaçada, apesar de votos favoráveis do relator Campelo e do presidente Leonardo Euler.

Em paralelo, outra novidade serão especificidades dos projetos de rede privativa e na Amazônia como anexo do edital de 5G. Um detalhamento sobre estes compromissos foi fornecido ao longo das últimas semanas pelo MCom.
Maior leilão

"Com os ajustes finais no instrumento convocatório aprovados agora pelo Conselho Diretor, damos o passo final para possibilitar a realização do maior certame licitatório da história da Anatel, tanto em termos de quantidade quanto em diversidade de espectro", afirmou o presidente Leonardo Euler, durante a sessão.

Veja detalhes sobre os lotes que serão disponibilizados:

Faixa de 700 MHz

1ª rodada
Bloco de 10 + 10 nacional
Compromissos: rodovias federais e localidades sem 4G

2ª rodada
2 blocos de 5 + 5 regionais
Compromissos: localidades sem 4G e rodovias federais.
Spectrum cap: aquele estabelecido no artigo 1º, inciso I, da Resolução nº 703/2018, não se admitindo a participação de proponente, suas controladas, controladoras ou coligadas que, na mesma área geográfica, já detenham autorização de uso de radiofrequências em caráter primário na faixa de 698 MHz a 806 MHz.
Prazo da autorização: disciplinados pelo Anexo à Resolução nº 625/2013, pelo prazo de 20 anos, prorrogável a título oneroso, na forma da regulamentação vigente à época do vencimento, sendo a primeira prorrogação até 8 de dezembro de 2044.

Faixa de 3,5 GHz

1ª rodada
4 Blocos Nacionais de 80 MHz
8 Blocos Regionais de 80 MHz

Compromissos: Instalação de rede de transporte (backhaul de fibra ótica) em municípios indicados no Anexo XV.
Instalar Estações Rádio Base (ERBs) que permitam a oferta do Serviço Móvel Pessoal (SMP, a telefonia móvel) por meio de padrão tecnológico igual ou superior ao 5G NR release 16 do 3GPP, na proporção mínima de uma estação para cada dez mil habitantes.

Ressarcir as soluções para os problemas de interferência prejudicial na recepção do sinal de televisão aberta e gratuita, transmitidos na Banda C, à população efetivamente afetada, nos termos da Portaria nº 1.924/SEI-MCOM/2021, do Ministério das Comunicações.
Implantação do Programa Amazônia Integrada e Sustentável (PAIS) e do projeto Rede Privativa de Comunicação da Administração Pública Federal.

2ª rodada (caso de algum bloco da 1ª rodada fique deserto)
Blocos de 20 MHz
Spectrum cap: 100 MHz para o conjunto compreendendo os Lotes da faixa de 3,5 GHz.
Limitação de arrematação de mais de dois blocos regionais.
Prazo da autorização: 20 anos

Faixa de 2,3 GHz

1ª rodada
Bloco de 50 MHz e bloco de 40 MHz regionais
Compromissos: cobrir com 95% da área urbana dos municípios sem 4G.
Spectrum cap: 50 MHz para o conjunto compreendendo os Lotes da faixa de 2,3 GHz, respeitado o estabelecido no artigo 1º, inciso II, da Resolução nº 703/2018.
Prazo da autorização: 20 anos.

Faixa de 26 GHz

1ª rodada
10 blocos nacionais e 6 blocos regionais de 200 MHz
Compromissos: projetos de conectividade de escolas públicas de educação básica, com a qualidade e velocidade necessárias para o uso pedagógico das TICs nas atividades educacionais regulamentadas pela Política de Inovação Educação Conectada.
Spectrum cap: 1 GHz para o conjunto compreendendo os Lotes da faixa de 26 GHz.
Prazo da autorização: 20 anos

2ª rodada
Até 10 blocos nacionais e 6 regionais de 200 MHz (se não forem vendidos na 1ª rodada)
Compromissos: projetos de conectividade de escolas públicas de educação básica, com a qualidade e velocidade necessárias para o uso pedagógico das TICs nas atividades educacionais regulamentadas pela Política de Inovação Educação Conectada.
Spectrum cap: 1 GHz para o conjunto compreendendo os Lotes da faixa de 26 GHz.
Prazo da autorização: 10 anos

Fonte: Teletime News de 24 de setembro de 2021, por Henrique Julião.

Assinatura das autorizações de 5G acontece 45 dias após o resultado do leilão

O edital com as regras do leilão do 5G será publicado na próxima segunda-feira, 27, afirmou o presidente da Anatel, Leonardo Euler de Moraes. A previsão é de que as propostas sejam avaliadas no dia 4 de novembro, data de aniversário da agência e que os termos de autorização sejam assinados entre 30 dias 45 dias após o resultado do leilão.

Segundo Emmanoel Campelo, conselheiro da agência, o edital prevê que a tecnologia seja implementada antes da data prevista no edital, que é 30 de julho para as capitais. "Caso não haja interferência de sinal com a TVRO em determinada capital, a partir dos estudos feitos, é possível já naquela cidade implementar a tecnologia 5G", disse Campelo ao TELETIME.

O conselheiro Moisés Moreira disse que a antecipação da implementação da tecnologia será possível a partir da análise dos critérios que serão avaliados após a criação do Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência (GAISPI). "Os estudos de viabilidade para a antecipação serão realizados pela EAF, que será criada pelas proponentes vencedoras e não pela área técnica da Anatel. Estamos mantendo a liberdade de atuação do GAISPI no caso concreto e a EAF seguirá diretrizes do GAISPI', disse o conselheiro.

5G antes do prazo

Leonardo Euler afirmou que a antecipação será possível se não gerar prejuízo à TV aberta e gratuita, em determinadas áreas que não tem dependências de parabólicas. "Neste caso, a rede terrestre digital é consolidada. Então nessa área delimitada o 5G poderia começar logo. Essa entidade que vai ser criada poderá apresentar esses estudos, no GAISPI onde a Anatel e técnicos estão presentes e apontar áreas delimitadas onde a ativação do 5G não teria condição de gera qualquer tipo de prejuízo a TV aberta e gratuita", disse o presidente da agência na coletiva.

"Isso possibilitará não ter que esperar toda migração das parabólicas, essa possibilidade de migração se coloca na mesa para que possamos acelerar implantação", completou.

Artur Coimbra, secretário de telecomunicações do Ministério das Comunicações (MCom), disse que esse é um ponto importante que a agência olhou, já que existem locais em que não há dependência de parabólica, e exatamente por isso já seria tecnicamente viável o atendimento com 5G sem nenhum tipo de interferência. "Essa possibilidade foi garantida por meio do edital. Portanto, outorgada a faixa e havendo viabilidade técnica, será aferido pelo GAISPI, isso (o serviço de 5G) poderá ser ativado", disse o representante do MCom, que também participou da coletiva.

Fonte: Teletime News de 24 de setembro de 2021, por Marcos Urupá.

Leilão do 5G é avaliado no total em R$ 49,7 bilhões

Com a aprovação do edital do 5G nesta sexta-feira, 24, a Anatel divulgou os preços oficiais de cada faixa que estará no leilão, marcado para o dia 4 de novembro. No total, o leilão ficou com valor econômico de R$ 49,7 bilhões, de acordo com a agência durante coletiva de imprensa realizada em seguida à reunião do conselho diretor.

Esse valor total, informado pelo superintendente de competição Abraão Balbino, representa um aumento do valor econômico de 12 a 13% comparado à valorização calculada pela área técnica da Anatel na minuta enviada ao Tribunal de Contas da União (TCU).

De acordo com o superintendente, o preço mínimo ficou quase inalterado, mas houve aumento no valor final por conta de obrigações com valor presente líquido negativo (ou seja, sem atratividade econômica). "O VPL da soma não é igual à soma de VPLs", coloca Balbino, citando compensações.

No total, no pior dos cenários, no caso de não haver ágio em nenhum dos lotes de cada outorga de frequência, o leilão do 5G poderia ser totalizado em R$ 10,6 bilhões, considerando os preços mínimos. Segundo informou o superintendente ao TELETIME, o valor ao erário seria de R$ 3,057 bilhões. Balbino lembrou que ainda deve ser considerado a destinação de 90% da faixa de 26 GHz para os projetos de escolas conectadas.

Entenda a composição de cada bloco neste gráfico:

Boa parte desses valores já era conhecido, conforme análise do Tribunal de Contas da União e no relatório do conselheiro da Anatel Emmanoel Campelo. Mas agora o valor da faixa de 26 GHz ficou estabelecido também: o bloco com licença de 20 anos terá preço mínimo de R$ 528,240 milhões, enquanto o de licença de 10 anos, que aconteceria em uma segunda rodada, terá justamente a metade desse total (R$ 264,120 bilhões). Lembrando que a divisão agora é de 16 blocos de 200 MHz, em vez dos originais oito blocos de 400 MHz.

Faixas700 MHz2.3 GHz lote 50 MHz2,3 GHz lote 40 MHz
Valor FaixaR$ 2.300.737.539R$ 4.875.336.549R$ 3.900.269.239
CompromissosR$ 2.837.440.315R$ 5.883.937.065R$ 4.707.149.652
Preço Mínimo totalR$ 157.628.411R$ 409.145.284R$ 327.316.227
Faixas3,5 GHz Nacional3,5 GHz Regional26 GHz 20 anos26 GHz 10 anos
Valor FaixaR$ 30.201.862.340R$ 6.040.372.468R$ 8.451.841.215R$ 5.282.400.759
CompromissosR$ 5.219.862.732R$ 7.505.719.272R$ 7.606.657.094– 
Preço Mínimo totalR$ 1.285.403.527R$ 265.373.330R$ 8.451.841.215R$ 264.120.038
Faixas TOTAL
Valor Faixa R$ 49.730.046.883
Compromissos R$ 33.760.766.130
Preço Mínimo total R$ 10.631.334.665

Investimento e discrepância

O Capex total esperado, contudo, tem outro valor. Segundo Abraão Balbino, "em termos de investimento em infraestrutura de rede, se vender todos os lotes, a expectativa é de R$ 163 bilhões", coloca.

O superintendente também rebateu questionamentos levados pelo ministro do Tribunal de Contas, Aroldo Cedraz, de que o leilão teria "erros grosseiros" e prejuízo de R$ 101 bilhões. "Se fosse mais de R$ 100 bilhões, seria o leilão mais caro do mundo. E eu falo com certeza – não é hipótese – que resultaria em um certame completamente deserto", afirmou Balbino, comparando ainda o valor econômico total do edital do 5G com outros editais de frequência.

Fonte: Teletime News de 24 de setembro de 2021, por Bruno do Amaral.

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Votação do 5G deve trazer nova entidade para gerenciar projetos para educação

Os debates finais dentro da Anatel para a conclusão do edital de 5G, que deverá ser votado nesta sexta, 24, foram intensos e tudo indica que a questão mais polêmica, relacionada à flexibilização de prazos para que as operações de 5G sejam iniciadas na faixa de 3,5 GHz, será decidida no voto, com divergências de posição. O pano de fundo é o dilema entre garantir que os usuários de TV via satélite (e por tabela os interesses das emissoras de TV) não sejam prejudicados e, de outro, dar celeridade à implementação do 5G, como quer o ministro Fábio Faria.

O voto vista do conselheiro Moisés Moreira foi distribuído na quarta, e trouxe pelo menos três novidades que não se mostraram consensuais num primeiro momento, de modo que as arestas precisaram ser aparadas nesta quinta, 23. Uma das preocupações colocadas por Moreira era passar o acompanhamento dos compromissos da faixa de 26 GHz (investimentos em projetos de conexão em escolas) para uma nova entidade. Esse ponto foi ajustado entre os conselheiros e essa deve ser uma novidade em relação ao voto do conselheiro Emmanoel Campelo: os compromissos para escolas terão um grupo próprio de acompanhamento e execução, independente da EAF, que cuidará dos compromissos para a faixa de 3,5 GHz.

Mas a questão mais crítica trazida pelo conselheiro Moisés Moreira foi em relação à flexibilização do prazo para a liberação da faixa de 3,5 GHz. Moreira, inicialmente, queria assegurar o prazo de 300 dias previsto inicialmente, enquanto o presidente da Anatel, Leonardo Euler, e o relator Emmanoel Campelo, defendem uma flexibilização por perímetros onde não houvesse riscos de interferências das transmissões de 5G nos serviços de TVRO e onde haja transmissões de TV digital terrestre robustas. Também defendem um prazo fixo de 31 de julho para a liberação da faixa para o 5G.

Até a noite desta terça, TELETIME apurou não haver consenso e Moisés Moreira ainda trabalhava em uma redação que contemplasse o problema da radiodifusão (ou seja, garantir a migração para a banda Ku) com a pressa do ministério na implantação do 5G nas capitais. Mas nada indicava que haveria uma solução simples, e possivelmente esta divergência será levada à votação. Com isso, são grandes as chances de que a liberação da faixa fique condicionada a uma manifestação do GAISPI (Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência) e uma análise da EAF, o que impedirá a ativação imediata do 5G nas faixas de 3,5 GHz. Isso porque o GAISPI precisará ser constituído e passar a se estruturar para funcionar, e a EAF será uma associação com diversos associados, que também levará um tempo para se estruturar.

Outro ponto de divergência é a garantia de orçamento para a EAF. Moreira tem a preocupação de atender à recomendação do TCU de assegurar que haverá aportes adicionais caso haja necessidade de mais recursos para a limpeza da faixa de 3,5 GHz, o que significa que os vencedores do leilão da faixa poderão ter mais gastos no futuro. Mas há grande pressão das operadoras de telecomunicações para evitar que esse mecanismo se torne um "cheque em branco". Uma possibilidade seria assegurar uma margem de erro maior para o orçamento estimado para a EAF, mas isso esbarra na análise do TCU, que julgou a margem de 20% exagerada por parte da Anatel e pediu garantias.

Fonte: Teletime News de 23 de setembro de 2021, por Samuel Possebon.

Com debêntures e sênior notes, caixa da Oi cresce R$ 2,3 bilhões em julho

O relatório mensal de atividades das empresas do grupo Oi em recuperação judicial apontou um aumento de R$ 2,346 bilhões no caixa da companhia em julho (para R$ 3,613 bilhões), refletindo a captação de debêntures e de sênior notes no mercado internacional.

As operações somaram R$ 2 bilhões e R$ 4,4 bilhões (US$ 880 milhões) em recursos, respectivamente. Com amortização de R$ 3,9 bilhões para pagamento de compromissos (incluindo o pré-pagamento de debêntures emitidas em 2019), R$ 2,506 bilhões oriundos das duas operações financeiras entraram no caixa da Oi.

A cifra compensou a geração de caixa operacional líquida negativa de R$ 168 milhões registrada pela operadora em julho. Este foi o resultado das receitas da empresa menos os pagamentos e investimentos realizados durante o primeiro mês do terceiro trimestre.

No caso dos recebimentos, R$ 2,254 bilhões foram registrados, em montante R$ 150 milhões menor frente junho. Apesar da queda, a receita de clientes da Oi cresceu R$ 31 milhões, para R$ 1,410 bilhão, enquanto fatores como uso de serviços de rede, parceiros de revenda e recebimentos "intercompany" de interconexão puxaram a conta para baixo.

As recuperandas também reportaram pagamentos estáveis em R$ 2,184 bilhão (alta de R$ 1 milhão). As maiores linhas de custos em julho foram fornecedores de materiais e serviços (R$ 1,7 bilhão), tributos (R$ 354 milhões) e pessoal (R$ 119 milhões).

Já os investimentos ficaram em R$ 239 milhões durante o sétimo mês de 2021, em redução de 50% frente junho: a Oi Móvel S.A. aportou R$ 51 milhões e a Oi, S.A., R$ 188 milhões, principalmente em fibra óptica.
Entenda as captações

Concluída em julho, a subscrição e integralização das sênior notes no valor de US$ 880 milhões (R$ 4,4 bilhões) ocorreu sob juros remuneratórios semestrais de 8,750% ao ano e vencimento em 2026.

As note units no mercado internacional possibilitaram o pagamento integral da 1ª emissão de debêntures da Oi Móvel, avaliada em R$ 2,5 bilhões e que venceriam em janeiro de 2022. Já a 2ª emissão de debêntures da subsidiária foi anunciada em junho, envolvendo R$ 2 bilhões que ajudaram a engrossar as operações financeiras e o caixa de julho da companhia.

Fonte: Teletime News de 23 de setembro de 2021, por Henrique Julião.

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No conselho de administração, Ricotta quer ajudar Highline na estratégia do 5G

A chegada do ex-presidente da Ericsson Brasil, Eduardo Ricotta, ao conselho de administração da Highline, anunciada nesta quinta-feira, 23, procura demonstrar o interesse da companhia em participar do leilão do 5G. Afinal, não é por acaso que a empresa de infraestrutura confirmou a presença de um executivo de experiência de décadas em telecomunicações justamente quando o edital está prestes a ser aprovado na Anatel – se tudo der certo na sexta-feira, 24.

Em conversa com TELETIME, Ricotta contou que levou algum tempo para se sentir à vontade para voltar ao mundo de telecomunicações. Atualmente presidente da empresa de energia renovável Vestas, o executivo chegou a recusar outros convites, mas entendeu que a chegada do leilão do 5G seria uma boa deixa para atuar no conselho de administração da Highline. Isso foi inclusive acordado com a Vestas, onde permanece na liderança para a América Latina.

A ideia é que ele ajude o plano estratégico da companhia de infraestrutura. "Vou colocar todo o conhecimento que tive para ajudar a desenvolver e trabalhar em escala", declarou. "Acho que esse é o papel como conselheiro e estou bem feliz de poder participar do momento que tanto trabalhei para ajudar a criar com modelo correto, obrigações em vez de cobrar o preço [cheio] das frequências."

Para Ricotta, na escolha da Highline pesou também o foco em infraestrutura digital da companhia, que conta com o suporte – inclusive financeiro – da controladora DigitalBridge (antes chamada Digital Colony). "Estou chegando para ajudar no 5G, mas vai depender das condições do leilão. O time da Highline está trabalhando há mais de um ano nisso", afirma, mencionando que ainda aguarda a decisão da Anatel a respeito das condições finais.

5G

Ainda na Ericsson, Eduardo Ricotta falava que o País tinha necessidade de ter um "plano nacional de 5G". O executivo continua com essa crença, afirmando que o acesso à frequência e as questões relativas à segurança cibernética poderiam compor um arcabouço para que as empresas possam acelerar a adoção da tecnologia com maior estabilidade e previsibilidade.

"Há uma demanda gigantesca por infraestrutura digital em geral, e eu acho que o 5G vai contribuir demais para a universalização dos serviços, seja nos grandes centros ou na zona rural", coloca. "O propósito da Highline é ter uma proposta similar ao que se vê na fibra, com compartilhamento", pontua.

Fonte: Teletime News de 23 de setembro de 2021, por Bruno do Amaral.

STF: Conexis se opõe a aumento do carregamento obrigatório de canais na TV paga

Representante das principais operadoras de telecom do País, a Conexis pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) o ingresso como amicus curiae em ação que questiona a ampliação do carregamento obrigatório de canais entre empresas de TV por assinatura.

O mecanismo foi aprovado junto à chamada MP do Fistel (MP 1.018/2020) – depois convertida na Lei 14.173 – e obriga operadoras do segmento a incluírem em seus pacotes, gratuitamente, o conteúdo de canais locais retransmissores de TV.

No STF, a mudança foi questionada via ação direta de inconstitucionalidade (ADI) pela ABTA (que representa as operadoras de TV por assinatura) e também pelo PDT. Na última semana, foi a vez da Conexis se manifestar sobre o tema.

Argumentos

No documento enviado ao tribunal, a entidade apontou inconstitucionalidade formal (pela utilização de medida provisória para dispor sobre telecom) e material na ampliação do carregamento obrigatório de canais (também conhecido como must carry).

"O que era, por designação legal, um remédio regulatório, uma fórmula compensatória dirigida à distribuição de TV por satélite, tornou-se um modo sub-reptício de ampliar indevida e desproporcionalmente o dever de carregamento obrigatório na distribuição de TV a cabo", alegou a Conexis, indicando o que considerou uma "violação frontal ao princípio da livre iniciativa".

Em paralelo, a entidade das teles também alegou prejuízo ao princípio da proporcionalidade, apontando a regra em debate como desnecessária. Segundo a Conexis, a obrigação atual de must carry cumpre o papel de garantir a distribuição gratuita de conteúdos locais, sem que tenha havido qualquer alegação de descumprimento da norma, segundo a manifestação.

Dessa forma, a associação das teles projetou uma "severa interferência na gestão das distribuidoras de TV por assinatura" com a mudança – "notadamente na gestão do bem de capacidade limitada que é o espectro do cabo, pois as empresas se veem obrigadas a utilizar parcela dessa infraestrutura para o carregamento de conteúdos de geração local para outras praças".

Relatada pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, a ADI em questão tem atraído atenção de diversos players, que também solicitaram participação nos autos. Além de entidades do setor de telecom, radiodifusoras potencialmente beneficiadas com o aumento do escopo do must carry também acompanham a pauta.

Fonte: Teletime News de 23 de setembro de 2021, por Henrique Julião.

Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara discutirá venda da Oi Móvel para Claro, TIM e Vivo

O deputado Elias Vaz (PSB-GO) apresentou o Requerimento 219/2021, que propõe a realização de audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Câmara dos Deputados para tratar da venda da Oi Móvel para a operadoras Claro, TIM e Vivo. O requerimento foi aprovado nesta em sessão da Comissão nesta quarta-feira, 22.

Segundo o parlamentar, a movimentação de Claro, TIM e Vivo, ao ofertarem R$ 16,5 bilhões pela unidade de telefonia móvel da Oi revelaria um movimento coordenado da empresas com o objetivo de ampliar suas participações e concentrar o mercado. "O resultado dessa negociação poderá ser altamente prejudicial aos consumidores brasileiros, que já não contam com muitas opções neste segmento", diz o parlamentar no Requerimento.

Foram convidados para a audiência pública:

Alex Jucius, presidente da Associação Neo;
representante do Ministério das Comunicações;
representante da Anatel;
representante do Cade;
representante do Idec;
representante da Oi Móvel;
representante da Claro;
representante da TIM; e
representante da Vivo.

Concentração

O deputado Elias Vaz (PSB-GO) já havia manifestado que a venda da unidade móvel da Oi pode acentuar a concentração do mercado de telecomunicações. Ele acredita que tal operação pode afetar a concorrência e trazer prejuízos ao consumidor.

"É importante que o consumidor fique atento a essa fusão, porque isso pode trazer sérias consequências no futuro para os consumidores dos serviços de telecomunicações. Nós temos um mercado já concentrado, com apenas quatro grandes empresas. E a aquisição de parte de uma empresa pelas outras três restantes, pode afetar o mercado de telecomunicações no Brasil", explicou o parlamentar ao TELETIME na ocasião.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Anatel estão analisando a operação.

Fonte: Teletime News de 23 de setembro de 2021, por Marcos Urupá.