A falta de fôlego financeiro derrubou mais uma das festejadas novas entrantes no mercado de telecomunicações brasileiro a partir do 5G. A Neko, criada pela Surf Telecom para competir no leilão do ano passado, avisou à Anatel que não vai mais ficar com a fatia de 26 GHz, pelo qual ofereceu R$ 8,49 milhões.
A empresa comprou a faixa com cobertura no estado de São Paulo e sinalizou que investiria em uma rede neutra de FWA – conexões fixas de alta capacidade que podem substituir fibras óticas. Mas a exemplo da Fly Link, que também desistiu da faixa de 26 GHz, logo depois do leilão, parece que faltou o parceiro capitalista internacional para a empreitada.
A nova renúncia, revelada primeiro pelo portal Teletime, é mais significativa porque a Neko investiu forte e ofereceu ágio de R$ 2,83 milhões no lote em que saiu vencedora – o preço mínimo era R$ 5,66 milhões, enquanto a Fly Link renunciou de naco de R$ 900 mil. O impacto maior é no montante que seria destinado à conexão das escolas públicas, compromisso que, pelo edital do 5G, ficou associado à faixa de 26 GHz.
No caso, a Neko teria que pagar nove vezes o valor do preço mínimo do lote, portanto mais de R$ 50 milhões, em cinco parcelas semestrais, sendo que os primeiros 20% já deveriam ter sido pagos – mas não foram, apesar de a empresa ter assinado o termo de criação da Entidade Administradora da Conectividade de Escolas, EACE.
Ao apresentar a renúncia, a Neko pediu resgate das garantias dos compromissos e o cancelamento do valor a ser pago. Em princípio, existe uma multa de 10% do preço público ofertado pelo lote adquirido. Mas na Anatel o que se diz é que os detalhes do que efetivamente será cobrado da Neko serão definidos pelo Conselho Diretor da agência. Como a renúncia veio depois da assinatura do termo de autorização, ao contrário da Fly Link, ela deverá custar mais que apenas a mencionada multa.
Fonte: Convergência Digital de 10 de maio de 2022, por Luis Osvaldo Grossmann.
Nenhum comentário:
Postar um comentário