Sem assimetria entre as operadoras de telecomunicações e as big techs, leia-se Google, Facebook e Amazon, há um sério risco de a economia digital travar. Esse alerta faz parte do relatório GSMA 2022 Internet Value Chain, produzido pela entidade que reúne operadoras e fornecedoras de telecomunicações. O tema volta à mesa com força diante da expansão do 5G.
No levantamento, a GSMA é taxativa: os modelos de negócios estão sendo espremidos para os provedores de infraestrutura enquanto os OTTs e os big techs prosperam e cobra uma solução urgente. O estudo apurou que a receita em toda a cadeia de valor da Internet dobrou em cinco anos, de US$ 3,3 trilhões, em 2015, para US$ 6,7 trilhões, em 2020, com grande parte desse crescimento vindo dos serviços online, cuja receita aumentou, em média, 19% ao ano em 2020. Por sua vez, o retorno de investimento em infraestrutura para os operadores de telecomunicações ficou bem abaixo, entre 6% e 11%.
O tráfego da rede cresceu 34,4% ao ano desde 2015. Em 2020, chegou a 181.131 petabytes. A maior parte, 78%, vem das categorias de vídeo e streaming de música. O consumo de vídeo se tornou comum, impulsionado pelo crescimento do número de assinantes e dispositivos de maior qualidade (smartphones, tablets e smart TVs) com redes de alta velocidade que permitem que esses usuários consumam maiores quantidades de conteúdo em taxas de fluxo de bits mais altas.
O relatório mostra ainda concentração do tráfego mundial, com Alphabet (Google) representando 21% do que circula na internet. A Meta (Facebook, Instagram e Whatsapp) é responsável por 15%. Netflix, por 9%. Apple e Amazon, 4%. E Microsoft, 3%. Ou seja, as big techs norte-americanas são responsáveis por 57% do tráfego mundial de internet.
"Estamos vendo a preocupação dos reguladores com essa assimetria, mas precisamos de ações rápidas à medida que a economia baseada na Internet se expande em todos os setores", destacou José Maria Alvarez-Pallete, CEO da Telefônica e presidente da GSMA. Ainda de acordo com a GSMA, as operadoras de telecomunicações recebem menos de 10% de retorno sobre o capital devido à pressão para investir até 20% da receita em infraestrutura.
*Fonte: Mobile Live World
Publicado por Convergência Digital em 16 de maio de 2022, por Ana Paula Lobo.
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