Empresa que adquiriu as licenças regionais de 3,5 GHz em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, a Unifique está negociando com grandes operadoras parcerias para o 5G – começando pela oferta do backbone óptico no modelo de atacado.
Durante call sobre os resultados da provedora no quarto trimestre e no acumulado de 2021, o CEO da Unifique, Fabiano Busnardo, mostrou expectativa que negócios do gênero com os grandes grupos saiam do papel. "Isso faz todo sentido e estamos absolutamente empenhados nas conversas, que estão em fase inicial", apontou o executivo, nesta quinta-feira, 24.
"Temos uma infraestrutura de rede de altíssima qualidade em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, e colocamos ela à disposição para processo de parceria, até porque também temos investimentos para fazer na parte do rádio. Na nossa cabeça, quanto mais compartilhar [melhor], seja monetizando um pouco mais o que já temos ou nos novos investimentos de 5G".
Neste sentido, Busnardo apontou que a própria aquisição da Sygo Internet, anunciada há uma semana, faz parte da estratégia de oferecer redes ópticas em atacado para operadoras 5G nacionais. "A Sygo tem projeto de rede DWDM no Rio Grande do Sul com 40 sites e capacidade de suportar 40 canais de 100 MHz. Dá para passar 8 terabytes de tráfego e isso pesou muito na decisão pela aquisição, pois é uma infra que definitivamente atende as necessidade da Unifique e das big telcos".
Ainda segundo o CEO, o relacionamento com as grandes teles foi estreitado durante o Mobile World Congress (MWC) deste ano, promovido no início de março em Barcelona (Espanha). "Estivemos em uma comitiva lá e foi ótimo porque encontramos os principais executivos das principais empresas. O sentimento, apesar de não ter nada fechado, é de que tem que se aproveitar o investimento da melhor forma possível, porque ninguém tem dinheiro sobrando".
Além de presença consolidada em Santa Catarina, a Unifique está no Rio Grande do Sul desde maio de 2021, onde soma 150 mil acessos se considerados os 80 mil da recente aquisição da Sygo (que ainda depende de aprovações para fechamento). Além do mercado de atacado, a expectativa é que o estado comece a contribuir com crescimento orgânico de base de clientes de banda larga a partir do segundo semestre do ano.
Ao longo de 2022, R$ 370 milhões em investimentos estão previstos pela provedora catarinense. "Queremos crescer mais neste ano do que no ano passado", resumiu Busnardo, durante a call de resultados. Em 2021, a empresa ampliou receita e lucro em 60%.
Apetite
Como apontado por TELETIME, após fechar dez aquisições no ano passado e mais duas em 2022, a Unifique deve ser mais criteriosa e ter menos apetite para novas compras ao longo deste ano.
Ainda que acima dos 50%, a margem Ebitda da companhia revelada no último balanço refletiu problemas de rentabilidade com algumas das operações absorvidas. Pagamentos de earn out associados à parte das transações e multas pela interrupção de links antes detidos pelas novas empresas foram fatores de pressão nas margens, que encerraram o quarto trimestre de 2021 em 50,1% frente 56,4% um ano atrás.
Outro indicador que trouxe preocupação foi o churn. Segundo Busnardo, a passagem de 1,40% para 1,67% em um ano foi motivada não apenas por clientes que mudaram de operadora, mas também por desconexões por inadimplência que partiram da própria empresa. Nos próximos meses, um novo sistema de score de crédito está nos planos para reverter a tendência.
O CEO também não descarta um reajuste no preço de pacotes de banda larga, principalmente após maio, quando a empresa deve ser impactada pelo pagamento de dissídio aos funcionários. Por outro lado, a queda no valor do dólar e a redução de alíquotas de ICMS em Santa Catarina e Rio Grande do Sul ajudaram a refrear a pressão inflacionária nas operações da empresa.
Fonte: Teletime News de 24 de março de 2022, por Henrique Julião.
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