Um dos fatos que estão levantando mais dúvidas do novo plano da Oi é a venda do controle da unidade de infraestrutura, a InfraCo, que terá ainda toda a infraestrutura de dutos da operadora. Rodrigo Abreu, CEO da empresa, justifica a decisão com alguns argumentos. O primeiro dele é financeiro e contábil: sem o controle da Oi, a InfraCo fica livre para montar a sua estrutura de capital como for melhor, podendo buscar recursos em dívida ou mesmo abrir o capital, o que não seria possível se a Oi permanecesse como controladora, já que a operadora tem limitações de endividamento por conta do plano de recuperação judicial.
O outro argumento é poder garantir autonomia da InfraCo inclusive para ser utilizada por concorrentes da Oi na oferta de serviços por meio da rede neutra. "A gente fica fora de decisões de preços, estratégia e outros aspecto que poderiam gerar conflitos com eventuais clientes". Em compensação, a Oi definiu que a InfraCo não poderá ser comprada por nenhum de seus concorrentes nacionais, justamente porque ela, Oi, será uma grande usuária desta infraestrutura.
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Mas fechar a porta a eventuais compradores parece não ser um problema. Segundo Abreu, há fundos investidores em infraestrutura interessados e apesar das primeiras etapas das negociações terem apenas começado, a Oi tem convicção de que será uma venda com vários potenciais compradores. Mas não existe chance, diz Abreu, de a InfraCo ser vendida em blocos menores. "Um dos principais atributos é justamente o fato de ser uma rede nacional", diz. Trata-se da maior rede de fibra do país, com cerca de 388 mil km de extensão e 43 mil km de dutos.
Abreu lembra, contudo, que a Oi manterá direitos de acionista importantes na nova companhia, incluindo a maioria das ações totais, o que não só deve gerar bons dividendos como assegurará que a InfraCo cumpra metas de investimentos e expansão de infraestruturas necessárias para a oferta de serviços da Oi S/A, metas que estavam desenhadas no plano estratégico apresentado aos credores no processo de recuperação judicial.
"Se antes a gente tinha uma meta de ter 16 milhões de homes-passed, nessa nova estrutura é possível que a InfraCo chegue a 30 milhões de lares atendidos pela rede de fibra", diz Abreu. Isso porque, diz ele, por ser um tipo de operação com margem muito elevada, em alguns benchmarks internacionais na casa de 70%, a InfraCo terá grande facilidade de acesso a capital para expansão
Fonte: Teletime News de 16 de junho de 2020, por Samuel Possebon.
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