Ao completar 15 anos, a pesquisa TIC Domicílios 2019, feita pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), evidencia a desigualdade digital no Brasil. Se nas classes A e B, o acesso à Internet acontece por TV, PCs e celular, nas classes D e E, o único meio usado é o celular.
O estudo, divulgado nesta terça-feira, 26/05, constata que vinte milhões de domicílios brasileiros seguem sem qualquer conexão à Internet, ou 28% dos domicílios do País. Ao mesmo tempo, a TIC Domicílios 2019 mostra que o Brasil soma 134 milhões de usuários de Internet, o que representa 74% da população com 10 anos ou mais, o que é um avanço em relação a anos anteriores. Mas ainda assim há 47 milhões de brasileiros, ou um quarto dos indíviduos, desconectados.
"A desigualdade é evidenciada no estudo de 2019, feito entre outubro e março, antes do impacto da pandemia de Covid-19. As políticas públicas precisam perseguir não apenas a questão da infraestrutura de Internet, mas a capacitação para as habilidades digitais. No caso, das classes C, D e E, muitos tem o acesso à Internet no celular, mas não têm habilidade para acessar a um aplicativo do governo, como aconteceu, agora, com o auxílio emergencial. Temos que pensar em ações para capacitar as habilidades digitais", afirma Alexandre Barbosa, gerente do CETIC.br.
De acordo com os dados apurados, mais da metade da população vivendo em áreas rurais declarou ser usuária de Internet chegando a 53%, proporção inferior à verificada nas áreas urbanas (77%). No recorte por classe socioeconômica, também houve avanço no percentual de usuários das classes D eE, que passou de 30% em 2015 para 57% em 2019, a maioria prioritariamente usando o celular. Só que um contingente importante de indivíduos segue desconectado: 35 milhões de pessoas em áreas urbanas (23%) e 12 milhões em áreas rurais (47%). Entre a população da classe DE, há quase 26 milhões (43%) de não-usuários.
Em relação ao tipo de conexão presente nos domicílios, a pesquisa revela que nos últimos quatro anos houve uma inversão nas posições de conexão por cabo ou fibra óptica, e via linha telefônica (DSL). O acesso via cabo ou fibra ótica passou de 24% (2015) para 44% (2019), mesma diferença da conexão DSL, que caiu de 26% para 6% nesse período.
Atividades na Internet
As atividades de comunicação são as mais comuns no uso da rede, sendo o envio de mensagens instantâneas realizado por 92% dos usuários de Internet, seguido pelo uso de redes sociais (76%) e chamadas por voz ou vídeo (73%), em crescimento nos últimos anos.
A busca por informações também está entre as principais atividades realizadas na Internet, sobretudo a busca por produtos e serviços (59%), seguida por assuntos relacionados a saúde ou a serviços de saúde (47%). Essa última apresenta uma proporção menor entre pessoas de 60 anos ou mais (39%) e nas classes DE (31%).
Ainda, 41% dos usuários de Internet afirmam efetuar atividades ou pesquisas escolares na rede, sendo que 40% estudam por conta própria e 12% realizam cursos à distância. Apenas um terço dos usuários (33%) fazem trabalho pela Internet, sendo que essa proporção representa menos da metade da força de trabalho (45%).
Em 2019, 39% dos usuários de Internet compraram produtos e serviços pela Internet nos doze meses anteriores à pesquisa. A proporção chega a 79% na classe A e 16% nas classes DE. Percebe-se também diferenças regionais: 45% dos usuários de Internet da região Sudeste e 26% da região Norte realizaram alguma atividade de comércio eletrônico nesse período.
Fonte: Convergência Digital de 26 de maio de 2020, por Ana Paula Lobo.
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