quarta-feira, 17 de junho de 2020

Oi espera R$ 3 bi em receitas em 2021 com uso de rede neutra de fibra por terceiros

Principal novidade da nova proposta do plano de recuperação judicial da Oi, a criação pela empresa de uma subsidiária de infraestrutura neutra, independente e focada em fibra ótica (batizada como Infra Co) poderá gerar R$ 3 bilhões em receitas oriundas de terceiros para a operadora já em 2021.

Em teleconferência com analistas realizada nesta terça-feira, 16, o CEO da Oi, Rodrigo Abreu, notou que, no médio prazo, a própria empresa deve ser o principal cliente da InfraCo a partir da ClientCo, que reunirá as unidades de serviços residenciais e empresariais do grupo. "Só na parte residencial, teremos receita na ClientCo de R$ 7 bilhões a R$ 10 bilhões. Claro que parte disso vai voltar para a InfraCo, para compensar casas passadas e conectadas [com fibra]. Queremos ser o maior player de banda larga do Brasil, então seremos o principal cliente da InfraCo", afirmou.

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Já no curto prazo, a projeção é que o uso da rede neutra por terceiros seja o principal componente da nova subsidiária. "Em 2021, eu espero chegar em R$ 3 bilhões que venham de outros players", projetou Abreu, lembrando que a InfraCo "vai nascer já com uma parte significativa do nosso negócio", ou a área de atacado. De modo geral, a expectativa é que a receita oriunda de terceiros se normalize em 30% com o tempo.

Entidade independente

O CEO destacou que a nova operação será totalmente independente, ainda que a Oi deva contar com membros no conselho. "Não esperamos controlar as vendas da empresa de infraestrutura: ela vai vender para todos os operadores e não será controlada pela Oi. Haverá critério dos novos investidores para atuação no mercado".

Segundo Abreu, há diversos interessados potenciais para parceria estratégica no novo ativo. Por 25% a 51% do capital econômico da Infra Co, a Oi espera uma oferta secundária de no mínimo R$ 6,5 bilhões. A empresa pretende realizar processo competitivo para escolha do parceiro no primeiro trimestre de 2021, com conclusão no terceiro trimestre do mesmo ano.

Diretora de finanças e relações com investidores da Oi, Camille Faria notou que o investidor terá espaço para realizar uma avaliação própria sobre os investimentos que a operação deve exigir, mas lembrou que a Oi quer a "garantia que quem quer que assuma controle da UPI [unidade produtiva isolada] possa fazer os investimentos necessários para o plano de negócios". O valor esperado pela Oi para o aporte adicional é de R$ 5 bilhões.
Organização

A InfraCo deve reunir a rede FTTH da Oi, os contratos de atacado e o gerenciamento e os direitos de uso de backbone e backhaul da companhia, que permanecerão ambos sobre propriedade da ClientCo por uma questão de segurança jurídica, visto que parte deles ainda é usado pelas concessões de telefonia fixa. Com os ativos, a empresa pretende atuar também como uma "habilitadora" do 5G, uma vez que antenas da tecnologia precisão de conexão em fibra.

De acordo com a Oi, o modelo de separação estrutural das áreas de infraestrutura e serviços tem sucesso comprovado em diversos mercados de telecom. Além de permitir um foco maior na área de clientes, o formato também possibilitaria uma alocação de capital mais eficiente na parte de redes. Segundo Abreu, é esperada uma margem Ebitda entre 40% e 50% para a Oi no consolidado da InfraCo e da ClientCo.

Fonte: Teletime News de 16 de junho de 2020, por Henrique Julião.

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