Com crescimento em receitas e no lucro, a Telefônica/Vivo fechou um ano difícil na economia brasileira com um respiro. Para tanto, a empresa focou na captura de receita de dados, enquanto focava no segmento de mais valor com a fibra até a residência (FTTH) e a 4G. Segundo o CEO da companhia, Eduardo Navarro, essa será também a tendência para 2017: crescimento de dois dígitos nos dados móveis e nas receitas de ultra banda larga, continuar a melhoria na margem EBTIDA e, com isso, otimizar o Capex, que será de R$ 24 bilhões entre 2017 e 2019 e será mais "seletivo".
A quarta geração ganhará impulso com a nova frequência de 700 MHz no decorrer do ano. Durante teleconferência para analistas nesta quarta-feira, 22, Navarro comentou que espera lançar o LTE em Brasília nos próximos meses (em maio, segundo a Anatel), e pretende logo poder operar em São Paulo, "o que não deve acontecer antes do final do ano". Conforme antecipado por este noticiário, também procurarão disponibilizar a faixa no Nordeste e em cidades pequenas.
No segmento móvel, o foco será na migração da base pré-paga para os planos controle e pós-pago, e não necessariamente na captura de clientes de outras empresas. "Acho que temos sido bem sucedidos em migrar clientes do pré-pago para o híbrido, a estratégia é essa. Meu competidor (a TIM) está indo bem nisso também, vamos focar na nossa própria base em vez de tentar capturar dos competidores", declara. Mesmo o pré-pago tem tido desempenho satisfatório, segundo o chief revenue officer (CRO) da operadora, Christian Gerbara. "Vamos começar a recuperar e impactar muitos clientes pré, vemos uma tendência positiva", diz.
Economias
Mas o foco é mais no cliente de maior receita média (ARPU) com as ofertas de dados. Daí a razão da empresa querer ser mais "seletiva no Capex". Gerbara diz que, até pela melhor taxa de câmbio e pelo recondicionamento de equipamentos de usuários (CPEs), a companhia tem economizado nos investimentos da base instalada. "Recuamos no DTH em São Paulo, mas agora temos foco de vender IPTV, por isso teve aumento nas receitas. E fora de SP, somos mais seletivos com DTH, vendendo sempre banda larga, mas mais seletivos por causa da economia brasileira, não sendo tão obsessivos com isso (crescimento da TV paga)", declara.
Ao final de 2016, a Telefônica contava com 7,296 milhões de acessos de banda larga, dos quais 10% são de FTTH, 47% de FTTc e 43% de xDSL. Em geral, o ARPU da banda larga cresceu de R$ 43,3 para R$ 46,6 em 12 meses, enquanto na ultra banda larga essa receita média subiu de R$ 45,2 para R$ 49,5. Junto com a fibra, o IPTV ganhou impulso, saltando de 171 mil para 253 mil acessos no ano. Já o DTH caiu de 1,671 milhão para 1,460 milhão.
Outro processo de otimização do Capex é na digitalização de processos internos, buscando o atendimento digital para reduzir o churn e trazer mais possibilidade de economias. A companhia também capturou sinergias com a fusão da GVT ao longo ano, gerando impacto no fluxo de caixa livre de R$ 1,4 bilhão. Em sinergias indiretas, com alavancagem de ativos, a companhia registrou R$ 129 milhões no Capex de backbone, R$ 75 milhões no backhaul, 122 mil homes-passed com fibra e R$ 139 milhões em Opex evitado. A companhia afirma que as ações executadas representam 71% do VPL do melhor cenário.
Novo modelo
Eduardo Navarro afirmou que ainda é muito cedo para estimar impacto de uma eventual sanção do PLC 79/2016, que altera o modelo de concessões para autorizações. Ainda assim, o CEO da Telefônica afirma que a nova legislação não deverá mudar muito o Capex da operadora, já que há maior atenção à fibra, à TV e aos serviços móveis. "Acho que o impacto deverá ser no Opex, por conta de obrigações, como manutenção. Mas é muito cedo para falar em impactos", argumenta.
Fonte: Teletime News de 22 de fevereiro de 2017, por Bruno do Amaral.
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