Com reduções recordes a cada ano, o mercado de TV por assinatura tem enfrentado desafios para manter a margem em período de crise econômica. Na avaliação do presidente da Claro Brasil (Claro, Embratel e Net), José Félix, o que acontece atualmente é uma reorganização para um desligamento "natural" da base, correspondendo com a perda da renda do brasileiro.
"Com o fato de ter rede e se prestar atendimento ao assinante, infelizmente acaba sendo um produto que não é para todos", diz Félix. "Por isso nossa busca incessante por achar modelo ou tipo de negociação com programadores que façam a TV por assinatura acessível para parte maior da população. Mas a TV 'top' não é barata, é um produto caro."
Ele explica a razão: "A TV por assinatura do jeito que a gente conhece, tradicional, é um negócio muito caro de se fazer". As contas são de que metade do valor do boleto pago pelos usuários já vai para tributos, e, do que sobra de receita para operadora, 51% é destinado ao pagamento pelo conteúdo. Por conta disso, e do caráter da operação de precisar lidar com "níveis de exigência elevados", alto custo de operação e de atendimento, o preço acaba sendo uma barreira.
O executivo explica que o custo de uma "caixinha" (set-top box) já custa quase R$ 650, e que o serviço com uma margem de R$ 30 acaba levando 20 meses apenas para pagar esse equipamento. Considerando também as despesas com programação, atendimento e manutenção, acaba que o produto se torna um desafio para a operação.
Por isso, José Félix enxerga que há um ajuste em relação à base. O próprio DTH da Claro é um dos responsáveis pela queda de assinantes presenciada nos últimos meses. "Era um serviço que estava claramente inchado, então estamos fazendo ajustes. Em tempos de vacas gordas, conseguimos manter ali um certo número de clientes no limiar do prejuízo. Mas quando aperta, a gente vai administrar. E eu avisei que iria fazer isso", destaca. Segundo ele, o "piso ideal" da base é uma conta difícil de se estabelecer.
Sem impacto no churn
Houve impacto da pandemia no setor de TV por assinatura, mas há um equilíbrio entre a necessidades econômicas e a de entretenimento do público, na avaliação do CEO da Sky, Estanislau Bassols. No período, a companhia acabou precisando também passar por uma aceleração do projeto de transformação, promovendo a digitalização do core e com foco em atendimento online, chegando a registrar 400 mil conversas por WhatsApp apenas em julho – no começo da pandemia, esse canal praticamente não era utilizado. A plataforma de TV everywhere, o Sky Play, alcançou uma base de 2 milhões de usuários.
Com isso tudo, o churn "não aumentou e não foi uma variável importante". Mas os desafios do setor ficaram mais dramáticos no período de pandemia com problemas de pirataria, afirma.
Os executivos participaram do PAY-TV Forum 2020 na manhã desta terça-feira, 18. O evento segue nesta tarde e na próxima quarta-feira, 19. Confira aqui a programação.
Fonte: Teletime News de 18 de agosto de 2020, por Bruno do Amaral.
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