A aprovação de novas regras para concessão e o desenrolar do pedido de recuperação judicial da Oi podem levar o setor de telecomunicações para um novo período de consolidação, já aguardado pelo mercado há bastante tempo. Enquanto isso, as recomendações de compras de ações das empresas do setor continuam em baixa, afirma o analista da Guide Investimentos, Rafael Ohmachi.
Segundo o analista, o setor já passou por períodos mais prósperos, quando investia apenas na manutenção das redes, mas agora está pressionado pelo avanço avassalador das tecnologias, substituição de serviços, concorrência com as empresas Over-the-Top e redução dos gastos com serviços pela população, em decorrência da crise econômica. "Como resultado desses fatores, os lucros despencaram e o pagamento de dividendos encolheu", avalia Ohmachi.
Em 2016, todas essas questões se refletiram nos papéis das empresas de telecomunicações na bolsa, diz o analista da Guide. Os papéis da Oi, por exemplo, sofreram uma desvalorização de 43% e os da TIM caíram 4%. A exceção é da Telefônica/Vivo, cujas ações se valorizaram 18,8% este ano. Por esta razão, a empresa espanhola continua na lista de indicações de investimentos da corretora, embora os dividendos pagos pela Telefônica também venham encolhendo ano a ano. "Os lucros dessas empresas despencaram", comenta.
Para o analista, a revisão dos contratos de concessão é urgente e dará novo ânimo ao mercado. "Não é possível mais que essas operadoras invistam em orelhões por obrigações regulamentares, se esse ativo não traz retorno e nem tem relevância mais para a sociedade", afirma Rafael Ohmachi. Ele ressalta que esse modelo já tem praticamente 30 anos e precisa ser revisitado.
Com um novo marco regulatório, Ohmachi vê solução até para os problemas da Oi, que está negociando dívidas de R$ 65 bilhões com os credores. "A operadora tem ativos importantes e participação relevante no mercado e ainda está no radar de investidores internos e externos, como os fundos egípcio e russo", disse.
Enquanto a consolidação do mercado de telecomunicações não avança, a Guide recomenda investimentos em empresas de energia, fundos imobiliários e empresas de fidelidade, que continuam pagando bons dividendos. As ações da Telefônica/Vivo continuam entre as recomendações da corretora, embora com menor ênfase.
Fonte: Teletime News de 27 de junho de 2016, por Lucia Berbert.
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