O conselho da Anatel vive um momento delicado, em que as relações entre o conselheiro Vicente Aquino e o presidente Leonardo Euler mostram-se bastante desgastadas. Esse conflito ficou claro na reunião do conselho diretor desta quinta, 3. O conselheiro Vicente Aquino comentava a manifestação de Aníbal Diniz sobre o acórdão do TCU que tratou de bens reversíveis, em que se queixou publicamente da forma como o presidente conduziu a matéria com a equipe técnica e junto ao TCU.
Aquino, ao pedir a palavra, foi mais duro em seus comentários e subiu o tom das críticas feitas por Aníbal Diniz. "Vossa excelência é um jovem servidor público brilhante. Inteligente, preparado, estudioso, tem berço. Mas excelência não está conseguindo é liderar, é dialogar. Já lhe disse isso. Eu pedi diálogo várias vezes", afirmou, qualificando em diversos momentos a postura de Euler como "autoritária". Aquino afirmou que inclusive havia "desistido" de dialogar com o gabinete da presidência, preferindo fazê-lo por meio do gabinete de Emmanoel Campelo (vice-presidente). Esta não foi a primeira manifestação pública de crítica de Aquino.
"Nunca abri mão de diálogo", retrucou o presidente da Anatel. "Tentei falar sobre 5G, sobre uma outra pauta que significa empoderamento com os consumidores, e sequer tive resposta. Se não posso fazer troca de funções, não é por maldade, mas é porque não acho que estejamos mais nesse momento no Brasil", disse o presidente da Anatel, deixando no ar o desentendimento por não ter atendido a uma troca de superintendências supostamente solicitada por Aquino.
O conselheiro Moisés Moreira buscou colocar panos quentes na discussão: "As dificuldades existem para serem resolvidas. Temos que trabalhar com serenidade. Sem tirar as razões dos conselheiros, se essas manifestações ocorreram aqui, devem ter havido razões. Divergências se resolvem no vestiário".
Campelo também pediu a palavra: "Eu esperava que isso não se repetisse, mas lamentavelmente isso aconteceu no item extra-pauta, que hoje está virando um circo de estupidez. Diálogo é o que se constrói. Se há falta dele, que se construa em âmbito privado. O resto é para receber holofotes".
A tensão entre os conselheiros voltou a se manifestar quando Aquino tentou retificar a ata da última reunião, em que se sentiu criticado por uma fala de Leonardo Euler que foi registrada no documento. O presidente da agência pediu então para que a questão fosse tratada na reunião administrativa. Posteriormente, ao votar sobre o pedido de prorrogação de Aquino no edital de 5G, Euler disse que a argumentação usada por Vicente era "inapta".
Fonte: Teletime News de 3 de outubro de 2019, por Samuel Possebon.
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