Prestadora de serviços de call center que atende os principais grupos de telecom do País, em especial a Oi, a Liq (antiga Contax) confirmou a realização de um aumento de capital de R$ 250 milhões nesta última segunda-feira, 6. O movimento ocorre uma semana após a empresa homologar um pedido de recuperação judicial na Comarca da Capital do Estado de São Paulo.
O aumento de capital em questão foi realizado com a subscrição particular de 20.644.095 novas ações ordinárias (ao preço de emissão de R$12,11 cada) pelo Fundo de Investimento em Participações Nilai (FIP Nilai), mediante o aporte da totalidade das ações de emissão da ETS Participações e Investimentos detidas pelo FIP Nilai. Dessa forma, os negócios do ETS e da Liq serão integrados, em operação que já tem anuência do Cade.
Com o aumento de capital e a recuperação judicial, a Liq espera reestruturar seu passivo, cuja dívida financeira é estimada em aproximadamente R$ 1,27 bilhão. No geral, a Liq possui hoje 86 diferentes credores, dentre os quais se destaca o BNDES, detentor de R$ 221,9 milhões da dívida.
Segundo a companhia, que emprega cerca de 21 mil funcionários (ante 100 mil em 2015), a situação operacional se tornou especialmente complexa após redução de 58% no faturamento entre 2015 e 2018, passando assim de R$ 3,2 bilhões para R$ 1,4 bilhão.
Em documento da homologação do pedido de recuperação, a Liq citou a crise enfrentada pela Oi como fator preponderante na deterioração dos indicadores. Com cerca de 50% do faturamento vinculado à operadora de telecomunicações, a empresa de call center classificou a recuperação judicial de sua principal cliente (em andamento desde 2016) como um "importante evento que impactou negativamente o caixa".
Após empreender um programa de diversificação de receitas, a Liq reporta hoje 40 clientes, incluindo os quatro principais grupos de telecom e três dos grandes players do setor financeiro, além de empresas de médio porte.
"Mesmo com sua expertise […], a Liq obtém grande parte de sua receita num segmento da
economia em que a tecnologia promove muitas mudanças", pontuou a companhia, por outro lado. "Fatores como comunicação em diversas plataformas, novos produtos e serviços, integração por meio de chats, redes sociais e o avanço da Inteligência Artificial, têm mudado permanentemente a experiência do relacionamento entre os prestadores de bens e serviços e seus consumidores", argumentou a empresa.
"Em meio à evolução da tecnologia na comunicação entre fornecedores e consumidores, estes últimos vêm demonstrando a preferência pela automatização do atendimento, com maior conectividade e menor interação humana nesse processo", completou. O pedido de recuperação judicial da empresa ainda deve ser avaliado pela Justiça.
Fonte: Teletime News de 7 de janeiro de 2020, por Henrique Julião.
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